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O QUE É A SINDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL: SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Muitos pacientes chegam ao consultório acreditando que têm intolerância à lactose, por causa dos sintomas que apresentam, quando na verdade têm Síndrome do Intestino Irritável (SII).

Síndrome do intestino irritável: nutricionista e gastroenterologista explicam o que é o distúrbio e o que se deve comer e fazer para aliviar os sintomas


Por Gabriella Dias, Receitas

27/01/2024 08h00  Atualizado há 13 horas

síndrome do intestino irritável (SII), um distúrbio gastrointestinal funcional (não há danos físicos no intestino) que causa cólicas, dor abdominal, inchaço, constipação ou diarreia. 

 Nutricionista e biomédica, Camila Monteiro explica que o mais recomendado é deixar as leguminosas, leite, alguns chás, alimentos açucarados, gordurosos, ricos em cafeína e a pimenta ficar fora da dieta de quem tem síndrome do intestino irritável. "Esses alimentos vão ajudar a inflamar o intestino e favorecer a síndrome", explica a especialista em alimentação.

A nutricionista ainda faz um alerta para o glúten - substância encontrada no trigo, cevada, malte e centeio. "Tem muitos casos em que o glúten faz essa inflamação e acaba piorando a situação. Glúten é uma proteína inflamatória."

As comidas ricas em oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis - chamadas de FODMAP - também merecem atenção especial. Camila recomenda retirá-los do dia a dia porque são carboidratos não digeridos pelo organismo. Alguns exemplos de FODMAP são feijão, lentilha, alcachofra, brócolis, adoçantes, melancia, maçã, pera, soja, beterraba, lichia, cogumelo, cereja e castanha-de-caju.

Já o consumo de alimentos ricos em fibras deve ser moderado e avaliado. "Como os sintomas podem alternar, tem gente que vai ser mais sensível e gente que vai ser mais resistente. Por exemplo, se a pessoa tem o sintoma de constipação, a gente libera, mas com cuidado para não vir uma diarreia", orienta a especialista.

Vale lembrar que a mudança na alimentação de quem tem SII varia de pessoa para pessoa, já que o que vai ser bom para um pode não ser bom para o outro. Portanto, procure sempre um médico e um nutricionista para ajudá-lo.

O que fazer?

Para aliviar os incômodos, a nutricionista aconselha fracionar as refeições: "É muito melhor fazer várias refeições ao dia e mastigar bem os alimentos." Outro ponto de atenção é não deixar de beber água: "É importante se manter hidratado para evitar o ressecamento das fezes, por conta da constipação, e uma possível desidratação caso haja diarreia."

Outra dica é praticar atividade física para estimular os movimentos peristálticos, os movimentos do intestino.

Como diagnosticar a síndrome do intestino irritável?

Segundo o gastroenterologista Guilherme Berenhauser Leite, os fatores desencadeantes da síndrome do intestino irritável podem incluir estresse, certos alimentos ou alterações na flora intestinal.

Além do mais, a síndrome do intestino irritável afeta mais mulheres que homens, mas pode ocorrer em qualquer pessoa. "A razão pela qual a SII afeta mais mulheres do que homens não é completamente compreendida, mas vários fatores podem contribuir para essa disparidade, como fatores hormonais, sensibilidade visceral (maior percepção das sensações internas do corpo), resposta ao estresse emocional e outros tipos de estresse", esclarece o médico.

De acordo com o gastroenterologista, a síndrome do intestino irritável não tem cura. O tratamento deve focar no controle dos sintomas através de medicação, gerenciamento do estresse e mudanças na dieta:

"O diagnóstico da síndrome do intestino irritável é baseado nos sintomas e na exclusão de outras condições médicas. São necessários exames para descartar problemas mais sérios, como doenças inflamatórias intestinais. Além disso, são considerados critérios diagnósticos, como os critérios de Roma, que incluem a presença de dor abdominal relacionada ao padrão de evacuação. Os critérios de Roma são utilizados para auxiliar no diagnóstico de vários distúrbios gastrointestinais, incluindo a SII. No entanto, é importante ressaltar que o diagnóstico deve ser feito por um médico, que considerará também a exclusão de outras doenças."



Diagnóstico e tratamento da síndrome do intestino irritável

Adérson OMC Damião e Joaquim PP de Moraes-Filho

 

   


Adérson OMC Damião

 

Adérson OMC Damião
Assistente-doutor do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

 

Correspondência
Joaquim Prado P. Moraes-Filho
Rua João Moura, 627 conj. 174
05412-001 São Paulo, SP
E-mail: 
joaquim.prado@uol.com.br

 

Cerca de 50% dos pacientes que procuram atendimento gastroenterológico sofrem de problemas funcionais, ou seja, não apresentam lesão orgânica no aparelho digestivo demonstrável pelos métodos propedêuticos atuais. Entre as doenças funcionais, a síndrome do intestino irritável (SII) é a mais freqüente.1,2

Trata-se de uma alteração da motilidade do tubo digestivo caracterizada clinicamente por anormalidades do hábito intestinal (constipação e/ou diarréia) e dor abdominal, na ausência de patologia orgânica demonstrável.1

Embora a terminologia (SII) sugira alterações limitadas aos intestinos, todo o trato digestivo pode ser afetado do ponto de vista motor.

Recentemente, numa reunião internacional em Roma, estabeleceu-se um consenso para o diagnóstico da SII, conhecido como Critérios de Roma II.1 São eles:

1. presença em pelo menos 12 semanas (não necessariamente consecutivas), durante os últimos 12 meses, de desconforto ou dor abdominal com duas de três características:

      a. alívio com a defecação;

    b. início associado à alteração na freqüência das evacuações (mais de três vezes/dia ou menos de três vezes/semana);

    c. início associado à alteração na forma (aparência) das fezes (fezes endurecidas, fragmentadas, em “cíbalos” ou “caprinas” e fezes pastosas e/ou líquidas).

2. vários sinais e sintomas foram apontados como elementos de reforço ao diagnóstico da SII:

    a. esforço excessivo durante a defecação;

    b. urgência para defecar;

    c. sensação de evacuação incompleta;

    d. eliminação de muco durante a evacuação;

    e. sensação de plenitude ou distensão abdominal.

Os pacientes com SII com predomínio de diarréia apresentam mais de três evacuações/dia, fezes líquidas e/ou pastosas e necessidade urgente de defecar. Já os com SII com predomínio de obstipação (ou constipação) evacuam menos de três vezes/semana, as fezes são duras e fragmentadas (fezes em “cíbalos” ou “caprinas”), e realizam esforço excessivo para evacuar (evacuações laboriosas).1

Fisiopatologia

Baseia-se nos estudos de motilidade e atividade mioelétrica do trato gastrointestinal. Por ser de fácil acesso, o cólon tem sido o mais estudado. Na eletromanometria basal, os pacientes com SII e dor abdominal predominantemente apresentam hiperatividade colônica, enquanto os com diarréia, hipoatividade.2-6

A hipermotilidade pode ser observada na radiografia contrastada dos cólons (principalmente descendente e sigmóide) em que aparecem várias contrações segmentares. Além disso, a hipermotilidade colônica em pacientes com SII pode ser desencadeada por situações conflitantes, de tensão e ansiedade, após alimentação (geralmente 30 minutos a 50 minutos após início da refeição), distensão retossigmoideana e infusão de colecistocinina. Tais achados justificam os freqüentes sintomas pós-prandiais (p. ex.: dor, diarréia) observados em pacientes com SII (reflexo gastrocólico exacerbado).2-6

Admite-se atualmente que pacientes com SII apresentam, de forma congênita ou adquirida, uma susceptibilidade maior para desenvolver alterações motoras frente a vários estímulos fisiológicos e/ou emocionais (hiperalgesia visceral).2-6

Mais recentemente, a tomografia computadorizada cerebral com emissão de pósitrons (PET)7 mostra as disfunções do sistema nervoso central descritas na SII. Em indivíduos normais, a distensão retal aumentou o fluxo sangüíneo no córtex cingulato anterior, enquanto nos com SII houve aumento do fluxo sangüíneo somente na região pré-frontal cortical. Além dos mecanismos acima relacionados, outros são descritos, como história prévia de infecção do trato gastrointestinal, associação com deficiência de lactase, distúrbios autonômicos (disfunção adrenérgica ou colinérgica) e hormonais, além de anormalidades na flora bacteriana intestinal. Na Tabela 1 estão resumidos os principais itens relacionados à fisiopatologia da SII.


Tabela 1 – Fisiopatologia da síndrome do intestino irritável


  1. Anormalidades motoras do trato gastrointestinal na síndrome do intestino irritável
    1. Atividade motora colônica anormal (com e sem estímulo)
    2. Atividade motora do intestino delgado anormal (com e sem estímulo)
    3. Atividade motora alterada em outros sítios (ex., esôfago, estômago, vesícula biliar, esfíncter de Oddi, bexiga e vias aéreas)
  1. Anormalidade na sensibilidade visceral
    1. Sensibilidade aumentada em condições basais
    2. Sensibilidade aumentada sob estímulo
  1. Fatores relacionados ao sistema nervoso central (SNC)
    1. Disfunção do SNC
    2. Aspectos psicológicos
    3. Papel do estresse
  1. Papel das infecções intestinais
  1. Papel da intolerância alimentar (ex., intolerância à lactose)
  1. Atividade neuro-humoral alterada
  1. Características fecais (ex., excesso de sais biliares, de butirato, alterações da flora intestinal)

Quadro clínico

Aspectos psicológicos

Dos pacientes com SII, 85% dizem que os sintomas coincidiram ou foram precedidos por problemas psicológicos como conflitos emocionais, grandes tensões, morte de parente etc.

Também é comum que problemas emocionais exacerbem os sintomas. Os pacientes demonstram, amiúde, sinais de ansiedade e depressão; são “poliqueixosos” e hipocondríacos; muitos já passaram por vários especialistas, pois seus sintomas não melhoram ou, principalmente, por acharem que são portadores de câncer.

Alteração no hábito intestinal

Constipação alternada com períodos de diarréia é a alteração mais comum nos pacientes com SII, com predomínio de uma ou de outra de acordo com cada paciente. O quadro inicia-se geralmente na adolescência ou juventude e adquire um caráter mais ou menos estável para cada paciente.

A obstipação pode durar dias ou semanas e obrigar o paciente a fazer uso de laxantes em quantidades cada vez maiores, o que a agrava ainda mais. As fezes são endurecidas e eliminadas com grande dificuldade (fezes em “cíbalos” ou “caprinas”), com dor anal, e aparecem fissuras e hemorróidas que podem gerar sangramento. Às vezes, o calibre das fezes está diminuído (fezes em “fita”) em virtude do espasmo colônico e retal. Dor abdominal acompanha a gravidade da obstipação e tende a aliviar com eliminação de fezes, porém é freqüente a queixa de uma sensação de evacuação incompleta, o que obriga o paciente a tentar evacuar repetidas vezes.

A diarréia caracteriza-se por ser acompanhada, em geral, de tenesmo e dor abdominal e ocorrer após alimentação; dificilmente são mais de três a cinco evacuações por dia. As fezes são de consistência variável (pastosas e/ou líquidas), e as evacuações não costumam ocorrer à noite, durante o sono, ao contrário das diarréias de causa orgânica. Não há sangue nas fezes (com exceção dos casos de fissura ou hemorróida), mas pode haver muco.

Dor abdominal

Tem localização, característica e intensidade variáveis. O mais comum é localizar-se no abdômen inferior, principalmente na fossa ilíaca esquerda. Pode ser em cólica ou constante, com ou sem irradiação para as costas e o tórax, e é freqüentemente desencadeada pela distensão artificial do cólon. Caracteristicamente, a dor piora após as refeições, alivia com eliminação de gases e fezes e, dificilmente, faz com que o paciente acorde à noite.

Sintomas dispépticos

A maioria dos pacientes com SII comenta sobre distensão abdominal, eructações e flatulência freqüentes e abundantes. São sintomas inespecíficos e são atribuídos ao excesso de gás intestinal. Entretanto, estudos quantitativos do volume gasoso intestinal em pacientes com SII revelam que a maior parte deles tem volumes normais de gás. Porém, mínimas distensões intestinais provocadas geram sintomas dispépticos nesses pacientes, sugerindo uma diminuição (congênita ou adquirida) do limiar de tolerância à distensão.

Outros sintomas

Queimação epigástrica e/ou retroesternal, náuseas, vômitos são relatados por até 50% dos pacientes. Diminuição da pressão do esfíncter esofágico inferior e refluxo biliar para o estômago foram descritos em pacientes com SII e podem justificar tais sintomas.

Não é raro encontrar pacientes com história de cirurgias prévias (p. ex., apendicectomia, colescistectomia, histerectomia etc.). Muitos deles são diagnosticados equivocadamente, e os sintomas da SII persistem após a cirurgia.

Dismenorréia, dispareunia, polaciúra e enxaqueca são comuns entre os pacientes com SII e parecem estar relacionados aos transtornos autonômicos, envolvendo os sistemas genital, urinário e vascular.

Diagnóstico

A grande preocupação do médico diante de um paciente com suspeita de SII deve ser afastar a patologia orgânica. Naturalmente, a necessidade ou a quantidade de exames complementares a ser solicitados dependerá da experiência do médico e de fatores ligados ao paciente (p. ex., intensidade e característica dos sintomas, idade, comprometimento do estado geral etc.). Na Tabela 2 se assinalam os principais dados clínicos que favorecem o diagnóstico de alterações funcionais e orgânicas.


Tabela 2 – Aspectos clínicos favorecendo


  1. Doença funcional
    1. Início dos sintomas na adolescência ou juventude
    2. Dor abdominal que piora com as refeições, alivia com evacuações e não acorda o paciente
    3. Distensão abdominal
    4. Fezes em cíbalos
    5. Padrão estável de sintomatologia em cada paciente
    6. Sintomas relacionados a problemas emocionais
    7. Estado geral e peso mantidos
  1. Doença orgânica
    1. Início dos sintomas após a 4ª década de vida
    2. Sintomas com curso progressivo e aparecimento de novos sintomas com o passar do tempo
    3. Quadro doloroso acorda o paciente
    4. Sangramento vivo retal, excluindo-se patologia orificial (ex., hemorróidas)
    5. Esteatorréia e outras evidências de má absorção, como emagrecimento, desnutrição etc.

O diagnóstico diferencial deve ser realizado com uma grande variedade de doenças orgânicas. As principais estão relacionadas na Tabela 3. Vale lembrar que pacientes com SII, em geral, não têm comprometimento do estado geral, anemia, leucocitose, e as provas de atividade inflamatórias (VHS, Alfa-1-glicoproteina ácida, proteína-C-reativa etc.) são normais.


Tabela 3 – Diagnóstico diferencial da síndrome do intestino irritável


Diagnóstico

Sintomas predominantes

Exames complementares sugeridos

1. Apendicite, colecistite e litíase renal

Dor abdominal e/ou lombar

Hemograma, RX simples de abdômen, exame de urina. ultra-som abdominal

2. Diverticulite

Dor abdominal

Hemograma, ultra-som ou tomografia abdominal,enema opaco, colonoscopia

3. Deficiência de lactase

Diarréia, distensão abdominal

- Teste da dieta sem leite e derivados
- Teste respiratório ou de tolerância à lactose

4. Doença celíaca

Esteatorréia, distensão abdominal

Antiendomísio, biópsia duodenal

5. Retocolite ulcerativa

Diarréia com muco e sangue, dor

Provas de atividade inflamatória alteradas, inespecífica abdominal retossigmoidoscopia, colonoscopia (biópsias), enema opaco

6. Doença de Crohn

Diarréia ou esteatorréia, dor

Idem ao anterior + trânsito intestinal abdominal, distensão

7. Estrongiloidíase, giardíase

Diarréia, distensão e dor abdominal

Parasitológico de fezes, tubagem duodenal

8. Amebíase 

Diarréia com muco e sangue, dor

Parasitológico de fezes, retossigmoidoscopia abdominal


Tratamento8-10

Apoio psicológico

Pacientes com SII são geralmente ansiosos, tensos, deprimidos e às vezes repletos de “fobias”. Um bom relacionamento médico-paciente é fundamental para o êxito do tratamento. É importante que o diagnóstico seja explicado, tanto o caráter funcional e recorrente da doença quanto sua não evolução para o câncer. O ponto central da abordagem psicológica é fazer com que o paciente reconheça a sua disfunção, os fatores que a desencadeiam, e aprenda a lidar com eles. Raramente o psiquiatra precisa ser consultado, mas o encaminhamento a ele não deve ser retardado nos casos indicados.

Sedativos e tranqüilizantes devem ser evitados devido ao risco de dependência. Ao contrário, os agentes antidepressivos tricíclicos (p. ex., amitriptilina, 25 mg, v.o., 6h/6h ou 25 mg a 75 mg ao dormir) podem ser empregados e suspensos assim que o quadro clínico permitir. Os antidepressivos mais recentes que agem inibindo a recaptação de serotonina (p. ex., fluoxetina, sertralina, paroxetina) podem também ser utilizados e são particularmente úteis no controle da dor abdominal. Psicoterapia e técnicas de relaxamento podem ser úteis.2 O mesmo ocorre com a hipnose, particularmente nos pacientes com menos de 50 anos.2

Orientação alimentar

Dieta rica em fibras (p. ex., farelo de trigo, folhas verdes etc.) está indicada nos casos de SII, principalmente naqueles com obstipação. Agentes que aumentam o bolo fecal (plantago, pectina, psyllium) podem ser utilizados comocomplementos da dieta com fibras; sua dose deve ser tomada durante as refeições e adaptada a cada paciente.

Freqüentemente os pacientes passam a ter intolerância a certos alimentos e bebidas, sobretudo legumes, repolho, rabanete, café, refrigerantes e leite. No último caso, a suspeita de deficiência de lactase deve ser levantada. Nesses casos, a dieta precisa ser individualizada, e os alimentos referidos, evitados.

Antidiarréicos

São indicados para pacientes com predomínio de diarréia. Loperamida ou difenoxilato, um comprimido, via oral (v.o.) a cada 6h ou 8h, são os mais indicados.

Antiespasmódicos

Nesse grupo, incluem-se os anticolinérgicos (p. ex., diciclomina, hioscina, camilofina, beladona), os bloqueadores dos canais de cálcio (p. ex., brometo de pinavério, brometo de octilonium), os relaxantes da musculatura intestinal sem ação colinérgica (p. ex., mebeverina) e outros (p. ex., trimebutina) que são úteis nos casos de reflexos gastrocólico exagerados.8-10

Além dessas drogas, várias outras, ainda em estudo, estão sendo testadas com finalidade espasmolítica ou para reduzir a percepção visceral:2 antagonistas seletivos dos receptores muscarínicos M3 (p. ex., zamifenacina, darifenacina), antagonistas do receptor NK2 (p. ex., neuroquinina 2) (ex., MEN10627, SR48968) e drogas que reduzem a percepção visceral (p. ex., fedotozina, octreotide, acetato de leuprolide, loxiglumide).

Pró-cinéticos

Cisaprida (agonista do receptor 5-hidroxitriptamina 4=5-HT4 e antagonista do receptor 5-HT3) ou domperidona (antagonista da dopamina) podem ser empregadas. A cisaprida é mais eficaz, porém, pelo risco de arritmia cardíaca, não deve ser utilizada em pacientes cardiopatas e/ou com eletrocardiograma anormal. É aconselhável, portanto, mesmo em indivíduos sem queixas cardiológicas, que um eletrocardiograma seja solicitado e, se nada anormal for detectado, oferecer a droga. Outros agonistas do receptor 5-HT4 vêm sendo estudados (p. ex., prucaloprida, tegaserode) com resultados iniciais favoráveis em pacientes com predomínio de constipação.2

Na Figura, sugere-se um esquema prático para abordagem do paciente com síndrome do intestino irritável, dependendo do sintoma predominante (obstipação, diarréia ou dor abdominal).

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Figura – Abordagem terapêutica na síndrome do intestino irritável

Referências

  1. Thompson WG, Longstreth GF, Drossman DA, Heaton KW, Irvine EJ, Muller-Lissner SA. Functional bowel disorders and functional abdominal pain. Gut 1999;45(Suppl II):43-7.
  2. De Schryver AMP, Samsom M. New developments in the treatment of irritable bowel syndrome. Scand J Gastroenterol 2000;35(Suppl 232):38-42.
  3. Mayer EA. The neurobiology of stress and gastrointestinal disease. Gut 2000;47:861-9.
  4. Camilleri M, Coulie B. Visceral hypersensitivity: facts, speculations, and challenges. Gut 2001;48:125-31.
  5. Van Ginkel R, Voskuijl WP, Benninga MA, Taminiau JAJM, Boeckxstaens GE. Alterations in rectal sensitivity and motility in childhood irritable bowel syndrome. Gastroenterology 2001;120:31-8.
  6. Milla pj. Irritable bowel syndrome in childhood. Gastroenterology 2001;120:287-90.
  7. Silverman DHS, Munakata JA, Ennes H, Mandelkern MA, Hoh CK, Mayer EA. Regional cerebral activity in normal and pathological perception of visceral pain. Gastroenterology 1997;112:64-72.
  8. Jones J, Boorman J, Cann P, Forbes A, Gomborone J, Heaton k, et al. British Society of Gastroenterology guidelines for management of the irritable bowel syndrome. Gut 2000;47(Suppl II):1-19.
  9. Camilleri m. Novel medications for the irritable bowel syndrome. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2001;32:S35-7.
  10. Akehurst R, Kaltenthaler e. Treatment of irritable bowel syndrome: a review of randomised controlled trials. Gut 2001;48:272-82.

capa

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Volume 34, número 2

Fonte:https://www2.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu2_06.htm

abr ·jun 2001




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