BALÕES, HACKERS, TECNOLOGIA E INFORMANTES: ENTENDA COMO A CHINA ESPIONA OS EUA E POR QUE O PENTÁGONO NÃO DERRUBOU O BALÃO QUE INVADIU O ESPAÇO AÉREO AMERICANO
Balões,
hackers, tecnologia e informantes: entenda como a China espiona os EUA
Sobrevoo de veículo aéreo chinês em
território americano levanta questões sobre quais métodos o gigante asiático
usa para coletar informações de outros países
Por AFP — Washington
08/02/2023 11h38 Atualizado há 11
meses
O sobrevoo de um balão chinês nos Estados Unidos na semana passada — um dispositivo de espionagem, segundo Washington — levanta questões sobre quais métodos o gigante asiático usa para coletar informações de outros países.
A espionagem de Pequim constitui "a maior ameaça de longo prazo aos dados e propriedade intelectual de nosso país e à nossa vitalidade econômica", alertou o diretor do FBI, Christopher Wray, em 2020.
"As alegações da chamada 'espionagem chinesa' não se baseiam em evidências factuais, mas em desinformação e em objetivos políticos ocultos", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da China à AFP.
Veja, a seguir, as principais queixas dos Estados Unidos contra Pequim em termos de espionagem.
Hackers
Segundo pesquisadores e agentes de inteligência de países ocidentais, a China se tornou especialista em hackear sistemas de computadores de Estados rivais para obter segredos industriais e comerciais.
Os Estados Unidos, seus aliados e a Otan acusaram o governo chinês de um ataque em larga escala à gigante da informática Microsoft em 2021, para acessar e-mails e informações confidenciais de indivíduos e empresas.
Também há suspeitas de ataques chineses nos Estados Unidos contra o Departamento de Energia, serviços públicos, empresas de telecomunicações e universidades, segundo Washington e artigos de jornais.
Novas tecnologias
Os alertas se multiplicam nos Estados Unidos contra o aplicativo TikTok e o suposto perigo para a segurança nacional representado por seu vínculo com a China.
Alguns legisladores temem que a empresa matriz do TikTok, o grupo chinês ByteDance, possa acessar os dados pessoais de usuários americanos e repassá-los às autoridades chinesas.
Os Estados Unidos também colocaram em sua lista o grupo Huawei, conhecido por seus smartphones, mas que também fornece equipamentos de ponta para redes de telecomunicações e 5G.
Embora sem fornecer provas, Washington teme que esses produtos sejam usados para monitorar as comunicações e o tráfego de dados, algo que a empresa nega veementemente.
Informantes
Pequim depende de cidadãos chineses no exterior para espionar e roubar tecnologias sensíveis, afirma Washington.
Um dos casos mais divulgados foi o do engenheiro chinês Ji Chaoqun, que chegou aos Estados Unidos em 2013 com visto de estudante e foi condenado no mês passado a oito anos de prisão.
A Justiça o acusou de fornecer aos serviços de inteligência chineses informações sobre cientistas americanos que poderiam servir como fontes de inteligência.
Em 2020, Wei Sun, um engenheiro chinês naturalizado americano, que trabalhava no departamento de defesa do grupo Raytheon, foi condenado à prisão por levar para a China um computador da empresa com informações confidenciais sobre um sistema de mísseis da potência americana.
Políticos
Para obter informações em primeira mão e promover seus interesses, Pequim também corteja personalidades políticas e econômicas de alto nível.
Em 2020, o site de informações americano Axios afirmou que uma estudante chinesa, Fang Fang, estabeleceu vínculos com várias figuras políticas do país em nome dos serviços de inteligência de Pequim.
Fang Fang supostamente ganhou sua confiança participando de eventos de arrecadação de fundos para campanhas eleitorais e cultivando sua amizade, inclusive por meio de relações sexuais, segundo Axios.
Delegacias clandestinas
Além de ferramentas de inteligência, a China possui "delegacias de polícia" escondidas nos Estados Unidos e em outros países, afirma a organização de direitos humanos Safeguard Defenders.
Essas estruturas não declaradas podem monitorar dissidentes ou pressioná-los, segundo esta organização com sede em Madri.
Pequim nega as acusações.
Em novembro, a Holanda ordenou que a China fechasse duas "delegacias" em seu território. Um mês depois, o gigante asiático também fechou duas dessas estruturas em Praga, segundo as autoridades tchecas.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/02/baloes-hackers-tecnologia-e-informantes-entenda-como-a-china-espiona-os-eua.ghtml
Por que os EUA
não abateram o balão espião da China: saiba essa e outras dúvidas sobre o caso
Incidente ressaltou a suspeita mútua
entre as duas maiores economias do mundo dias antes de os principais diplomatas
se encontrarem em Pequim
Por Bloomberg — Washington
03/02/2023 15h06 Atualizado há 11
meses
O Departamento de Defesa dos EUA disse na quinta-feira que está monitorando um suposto balão de vigilância chinês flutuando sobre o estado de Montana, no oeste do país, ressaltando a suspeita mútua entre as duas maiores economias do mundo enquanto os principais diplomatas se preparavam para se encontrar em Pequim.
O que é um balão de vigilância?
Baratos, silenciosos e difíceis de alcançar, os balões há muito são usados para fins de reconhecimento, inclusive em conflitos como a Guerra Civil americana. A prática se espalhou durante a Primeira Guerra Mundial e foi amplamente utilizada durante a Guerra Fria, quando os EUA lançaram centenas de balões para coletar informações sobre a União Soviética e a China.
Embora seu uso tenha diminuído com o surgimento de drones e satélites não tripulados, muitos países ainda empregam balões espiões. O Pentágono está expandindo o investimento em infláveis de alta altitude, informou o site Politico no ano passado. Balões modernos geralmente não são tripulados, mas geralmente carecem de propulsão e estão sujeitos a correntes de vento.
O que sabemos sobre o balão flutuando sobre os EUA?
O governo Biden divulgou a existência do balão na quinta-feira, dizendo que foi avistado no início da semana e, mais recentemente, visto flutuando a mais de 12 mil metros sobre Montana. A localização é delicada, já que o estado abriga a 341ª ala de mísseis da Força Aérea e seus mísseis balísticos intercontinentais Minuteman III.
Enquanto o Ministério das Relações Exteriores da China disse nesta sexta-feira que o país "não tem intenção de violar a soberania e o espaço aéreo de outros países", um porta-voz do Departamento de Defesa disse previamente que os EUA tinham grande confiança de que pertenciam a Pequim, sem explicar por quê.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse na sexta-feira que o balão era de natureza civil e usado para pesquisas meteorológicas e outras avaliações científicas. O ministério disse que foi um acidente, e responsabilizou os ventos do oeste e a falta de controle do objeto pelo "sério desvio" para os EUA.
O balão é uma ameaça à segurança?
Os detalhes sobre as capacidades exatas desse balão em particular não são claros, com uma autoridade dos EUA recusando-se, nesta quinta-feira, a responder a várias perguntas sobre seu tamanho ou especificações.
As autoridades americanas afirmaram que o balão tem uma capacidade limitada de coletar dados de inteligência significativos, além do que os chineses já podem coletar por meio de sua rede de satélites.
O Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, ou Norad, disse na quinta-feira que "continua a rastreá-lo e monitorá-lo de perto", enquanto o Departamento de Defesa do Canadá disse que rastreava um "segundo incidente em potencial", sem dar detalhes.
Por que a China enviou o balão agora?
Os chineses há décadas reclamam da vigilância dos EUA por navios e aviões de espionagem perto de seu próprio território, levando a confrontos ocasionais ao longo dos anos. E instâncias de atividade de balões chineses perto do território americano foram observadas antes do anúncio de quinta-feira, disseram autoridades dos EUA. Mas não está claro por que o balão está sobrevoando os EUA neste momento.
A revelação fez os EUA cancelarem uma visita programada do secretário de Estado, Antony Blinken, a Pequim, prejudicando os esforços diplomáticos da China para criar um cenário construtivo para a primeira visita de um chefe da diplomacia americana ao país desde a viagem de Michael Pompeo, em 2018.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse nesta sexta-feira que Pequim espera que "as partes relevantes lidem com o assunto de maneira fria".
Por que o Pentágono não derrubou o balão?
O secretário de Defesa, Lloyd Austin, aconselhou o presidente Joe Biden a não derrubar o balão por causa do possível risco de queda de destroços. Enquanto as autoridades consideravam a opção enquanto o balão flutuava sobre áreas pouco povoadas de Montana, avaliou-se que o objeto "considerável" era grande o suficiente para causar danos potenciais.
Ele está flutuando bem acima da altitude usada por aeronaves civis, então é improvável que represente qualquer perigo imediato ao público.
Como os EUA responderam?
O governo Biden decidiu adiar a viagem de Blinken a Pequim depois que as autoridades consideraram que ir agora enviaria o sinal errado, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Anteriormente, o governo Biden também havia transmitido informações sobre o caso à "Gangue dos Oito”, um grupo que inclui os presidentes e membros graduados das comissões de inteligência da Câmara e do Senado, disse outra autoridade.
Os republicanos, enquanto isso, pressionam Biden por uma resposta mais forte, com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, chamando a incursão de "desrespeito descarado pela soberania dos EUA".
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/02/por-que-os-eua-nao-abateram-o-balao-espiao-da-china-saiba-essa-e-outras-duvidas-sobre-o-caso.ghtml
Comentários
Postar um comentário