'Esqueci que não era só a mente que era impactada e, quando vi, houve um reflexo físico, com uma hemorragia séria. Foi o que o burnout me proporcionou e eu precisava reconstruir uma nova vida e conviver com uma certa abstinência do trabalho'(foto: Arquivo Pessoal )
IMPACTO
DO BURNOUT
Livro
aborda gestão do tempo e alta performance com foco na saúde mental
Em livro, consultora navega por
temas como transição de carreira, mulher e bem-estar após ter vivido na pele a
imersão da doença e da cura
Em tempos
de coachs vazios e redes sociais tóxicas, nem sempre nos deparamos com
histórias que realmente possuem significado que justifique a atuação do
profissional organizacional e de carreira que seja referência em seu segmento.
Para fugir da regra, o caso da consultora e palestrante Maria Resende mostra
que a imersão profunda em um roteiro real de doença e cura resultou em uma
maneira única de abordar questões como gestão do tempo, produtividade saudável
e saúde mental com um método peculiar.
Após quase vinte anos de Revenda Ambev e um severo
burnout, Maria resolveu ressignificar seu conceito de carreira, tornando,
primeiro, treinadora de si mesmo para, depois, virar referência como treinadora
de outros líderes e equipes. Sem olhar para trás e sem qualquer rancor da
multinacional, com a qual inclusive ainda mantém relações corporativas, a
especialista decidiu virar a chave para, a partir da sua própria história de
desgaste e superação, ajudar aos outros.
A combinação entre a própria experiência e a dor
vivida foram ingredientes que a levaram à produção de um livro próprio, o
“Coragem para ser livre”, e à fundação do Instituto Girassol, com foco em
Desenvolvimento Humano e Educação Corporativa, que fornece ferramentas e
orientações que ajudam as pessoas a encontrarem o equilíbrio entre a vida
pessoal e profissional.
“Esqueci que não era só a mente que era impactada
e, quando vi, houve um reflexo físico, com uma hemorragia séria. Foi o que o
burnout me proporcionou e eu precisava reconstruir uma nova vida e conviver com
uma certa abstinência do trabalho. Era necessário parar e ressignificar. Muitas
vezes, culpamos a empresa e esquecemos da nossa autorresponsabilidade de
colocar limites, rever nossos hábitos, elevando o nosso nível de consciência. E
sim, nossas ações, comportamentos e mentalidade têm total impacto nesse adoecimento”,
afirma.
Maria então aprendeu a ver o tempo de outra forma.
“O meu lugar de fala é ter a gestão do tempo como ferramenta de combate para o
adoecimento mental (ansiedade, burnout, alto nível de estresse, depressão...).
É preciso lembrar que o tempo também é psicológico e a própria abordagem de
transição de carreira deve perpassar pela consciência e noção clara do que
queremos para nosso dia a dia, de como lidaremos com o mito da produtividade
versus estabilidade e sucesso, sem nos prejudicar”, acrescenta.
Mulher
Segundo Maria, o ambiente extremamente masculino
que tomou conta muito tempo do mundo corporativo, e ainda toma de certa forma,
“também era um desafio, e a gente, como mulher, acha que precisa ser forte, que
precisa nivelar”. Depois, com terapia, ela percebeu que o nível de consciência
correto e saudável passa por entender e aceitar que está tudo bem em mulheres
serem mulheres, sentirem de forma diferente e serem brilhantes assim.
Com essa percepção mais humanizada, Maria busca
hoje reforçar a importância de principalmente a mulher entender seu lugar, mas,
mais do que isso. “A gente precisa trabalhar, hoje em dia, principalmente
quando pensamos no protagonismo da mulher, equalizando a nossa energia do
feminino e do masculino, potencializando assim o melhor em nós. Primeiro,
aprendemos a nos liderar, e assim, podemos liderar o outro”.
E, além disso, saber que “uma mulher líder não
precisa se colocar num personagem ‘forte’ para sobreviver ao mundo corporativo.
Assumir sua real identidade, potencializando os seus talentos sem deixar de
lado a sua sensibilidade e a sua intuição que vêm da energia do feminino, mas
ativando também a ação da energia do masculino”, explica.
Pessoa versus profissional
Não é à toa que o livro tem no intertítulo a frase
“de uma história de superação até a criação do método de gestão de tempo”.
Segundo ela, foi com a vivência de um quadro de depressão e burnout, seguido
por reflexos físicos graves, que se deu conta da urgência de comunicar às
empresas e sociedade que não se pode mais separar a pessoa do profissional.
“O meu método fala de integridade. Por um bom
tempo, separei a Maria pessoal do profissional e vejo que isso é um erro. Somos
uma coisa só e temos que nos abordar de forma integral. Os profissionais
precisam se conscientizar e entender que o cuidado sobre o burnout não é só
responsabilidade da empresa, mas dos hábitos das pessoas. Há muito o que se
fazer ainda no mundo corporativo, mas a percepção de uma nova consciência está
mudando aos poucos, e acredito que precisamos estimular essa transformação”, afirma.
Vale lembrar que a Síndrome de Burnout ou Síndrome
do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão
extrema, estresse e esgotamento físico resultantes de situações de trabalho
desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. O Brasil
é, hoje, o segundo país em número de casos, sendo que as mulheres são maioria
entre as pacientes. A doença compõe a Classificação Internacional de Doenças
(CID), pela sua natureza laboral.
Fonte:https://www.em.com.br/app/noticia/emprego/2023/10/30/interna_emprego,1584553/livro-aborda-gestao-do-tempo-e-alta-performance-com-foco-na-saude-mental.shtml
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