OPPENHEIMER: A VIDA E OS DILEMAS DO PROMETEU AMERICANO CRIADOR DA BOMBA ATÔMICA QUE MUDOU O MUNDO

 Oppenheimer deve ser o filme mais longo da carreira de Christopher Nolan, saiba provável duração

Cillian Murphy em Oppenheimer (Universal)

Oppenheimer deve ser o filme mais longo da

 carreira de Christopher Nolan, saiba provável duração

Filme sobre o criador da bomba atômica deve superar Interestelar e terminar na casa das 3 horas.

 

Guilherme Jacobs

24 Mar, 2023 • 3 min leitura

Prepare-se pra uma longa explosão. Oppenheimer, próximo filme dirigido por Christopher Nolan, deve ser o mais longo da carreira do diretor. Segundo Matt Belloni do Puck, um dos jornalistas mais conectados em Hollywood, a versão atual do longa-metragem tem três horas de duração.

Belloni diz que mudanças de última hora podem ocorrer, deixando o filme um pouco mais curto, mas a expectativa é que Oppenheimer superará a duração Interestelar (169 minutos), atualmente o mais longo dos lançamentos do cineasta britânico.

Cillian Murphy está no papel principal do filme, focado em J. Robert Oppenheimer, criador da bomba atômicaEmily Blunt interpretará Katherine Oppenheimer Vissering, esposa de Oppenheimer. Robert Downey Jr. é Lewis Strauss, comissário de energia atômica que foi contra os trabalhos de Oppenheimer e Matt Damon será o Tenente General Leslie Groves, diretor do projeto Manhattan que gerou a bomba.

Florence PughBenny SafdieRami MalekDane DeHaanMatthew ModineJack QuaidAlden EhreinrechDavid KrumholtzKenneth BranaghTony GoldwynDavid DastmalchianOlivia ThirlbyDavid RysdahlJosh HarnettJosh PeckMatthias Schweighöfer, Gustaf Skarsgard e Alex Wolff completam o elenco.

Oppenheimer será uma verdadeira cinebiografia, acompanhando 45 anos da vida de do J. Robert Oppenheimer de Murphy, de seu nascimento até sua morte. Oppenheimer nasceu em 1904 em Nova York e morreu, com 62 anos de idade, em 1967, por causa de um câncer na garganta.

O foco, claro, é no desenvolvimento da bomba nuclear graças ao time de cientistas liderado pelo protagonista no laboratório de Los Alamos, no Novo México. O trabalho começou em 1943 com algumas centenas de pessoas na equipe, que chegou a 6 mil membros em 1945, ano no qual a arma foi usada na Segunda Guerra Mundial.

Universal Pictures vai produzir o filme, depois que Nolan negociou com diversos estúdios após deixar a Warner Bros. O orçamento do longa é de US$ 100 milhões e, como parte do acordo do diretor, ele terá uma janela de exclusividade de 90 a 120 dias no cinema antes de ir para outro formato.

Outros colaboradores de Nolan estarão de volta. Hoyte van Hoytema, diretor de fotografia de Dunkirk, TENET e Interestelar, vai filmar Oppenheimer, com Jennifer Lame e Ludwig Göransson, respectivamente montadora e compositor de TENET, também retornam.

Oppenheimer estreia nos cinemas em 20 de julho de 2023. Assista ao trailer: 

Fonte:https://www.chippu.com.br/noticias/oppenheimer-filme-mais-longo-nolan-tres-horas-duracao

Oppenheimer é Christopher Nolan em seu melhor - e mais bizarro

Filme foge das convenções da biopic ao exacerbar obsessões psicossexuais do diretor

 

CAIO COLETTI

19.07.2023, ÀS 13H00

ATUALIZADA EM 19.07.2023, ÀS 14H24

 

A fama de Christopher Nolan o precede - e isso nem sempre é muito bom para os seus filmes. Comercialmente, é claro, Hollywood ama um “diretor de grife”, que não depende de grandes astros para garantir um público cativo nas salas de cinema. Artisticamente, é outra história. Ser um cineasta como Nolan implica fazer parte de um discurso cultural, um pouco construído por ele próprio, um pouco evoluído a partir de trocas semânticas que fogem inteiramente do seu controle - e, quando as expectativas desse discurso se chocam com a realidade de uma obra tão pessoal quanto Oppenheimer, o desastre é quase certo.

Isso porque existe a possibilidade muito real de o filme só ser entendido a partir de parâmetros que não fazem jus a ele. O foco inclemente nas proezas técnicas da vez, na forma como o longa deve ou não ser assistido, em quanto tempo durou as filmagens, nos seus prospectos de Oscar… tudo isso é - nas palavras certeiras de James Mangold sobre Indiana Jones 5 - papo de marketing. Assistir ao filme e absorvê-lo nesses termos seria um triunfo da promoção, de um Discurso™ fabricado e alimentado artificialmente, em oposição a uma realidade muito mais interessante: Oppenheimer é um filme estranho para c*ralho.

Só para início de conversa, esta é uma cinebiografia científica que trata seus diálogos técnicos sobre as complexidades do mundo quântico como mera decoração de vitrine, barulho de fundo para as relações interpessoais carregadas de neuroses que formam o seu verdadeiro interesse narrativo. Nenhum fã - ou espectador casual - dos filmes de Nolan vai se surpreender muito com as preocupações que ele elabora no seu roteiro: o homem e a mulher como portadores pesarosos do fardo um do outro; a amizade masculina como campo minado de tensões sexuais e relações de poder reprimidas; o ego como força que impele o ser humano em direção às suas obsessões, e a necessidade de compartilhá-las com o outro.

De certa maneira, a história de Oppenheimer - um homem genial e insaciável em sua ânsia de ser reconhecido por essa genialidade, empurrado ao isolamento sentimental e político pela forma como essa ânsia o consumiu - encapsula essas obsessões como nenhuma outra que Nolan encontrou até hoje. Conscientemente ou não, o cineasta entende isso e encontra nesse filme a oportunidade de trazer à superfície todas essas preocupações, transformar em cenas de sexo perturbadoras o que antes eram “só” inferências de perturbação, expressar a fixação do seu Oppenheimer por um mundo que só ele enxerga através de inclusões intermitentes de paisagens cósmicas acompanhadas por sintetizadores opressivos.

Nem no filme em que literalmente colocou seus personagens dentro da cabeça de outras pessoas (A Origem), Nolan se permitiu tanto expressionismo quanto em Oppenheimer. É verdade que, naquela oportunidade, ele não tinha ainda uma montadora do calibre de Jennifer Lame à sua disposição - é nas costuras dela que o novo longa toma uma forma poética até então elusiva para o cineasta, conectando imagens e períodos díspares da vida do protagonista para criar rimas temáticas nem sempre exatas, mas invariavelmente eficientes. Oppenheimer é muito mais um filme sentido do que pensado, e ver Nolan tatear pelo caminho escuro das suas fixações dessa forma mais solta é honestamente excitante.

O aspecto da história que fica menos bem servido por essa abordagem é o político, claro. Sempre elusivo em sua filosofia, Nolan busca nas alianças inconsistentes do seu protagonista uma saída para justificar o pensar dúbio que sempre caracterizou os seus filmes “políticos”. Funciona no sentido em que Oppenheimer se engaja com a possibilidade aterrorizante da destruição e da violência muito mais de frente, até pela natureza dos grandes feitos do seu biografado, o que dá mais impacto do que o normal para as platitudes que Nolan estádisposto a assumir (a bomba atômica foi mesmo ruim, pessoal!).

Não funciona, por outro lado, quando o filme dança ao redor de simbolismos para evitar culpabilizar o complexo militar americano pelo uso da bomba, escondendo-se por trás de minúcias humanas (medo, paranoia, sede de poder) que falham em explicar a desumanidade do ato que elas causaram. Cillian Murphy faz um trabalho refletido e visceral que implora que entendamos, mas não simpatizemos, com os erros de Oppenheimer; e Matt Damon está excelente como o lobo em pele de cordeiro que trabalha para minar os interesses genuínos do protagonista enquanto posa como seu aliado, escondendo na fachada do burocrata um exercício quieto de poder concreto, perfeitamente capaz de esmagar o poder simbólico da ciência.

Na forma como constrói essa dinâmica, a dupla de atores manda uma mensagem muito mais clara do que o próprio filme parece disposto a mandar. Oppenheimer é muito mais sólido, enfim, como exercício estético-terapêutico extrapolado em filme do que como cinema-mensagem, cinema-manifesto, ou mesmo cinema-espetáculo. Mas eis a boa notícia: se você veio aqui por Nolan - o Nolan de verdade, não aquele fabricado pelos gatekeepers do prestígio e do dinheiro hollywoodiano - não dá para ficar mais Nolan do que isso.

NOTA DO CRÍTICO

***** ÓTIMO

Fonte: https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/oppenheimer-christopher-nolan

Oppenheimer: o que você precisa saber antes de assistir ao filme

Imagem de: Oppenheimer: o que você precisa saber antes de assistir ao filme

O aguardado Oppenheimer, mais novo filme de Christopher Nolan, chega aos cinemas de todo o mundo na próxima quinta-feira (20) após muita espera dos fãs. Com Cillian Murphy no papel principal, o longa acompanha Robert Oppenheimer, líder do Projeto Manhattan, plano responsável pela criação da primeira bomba atômica.

Enquanto apresenta uma das figuras mais importantes e enigmáticas do século 20, a produção mergulha fundo nos acontecimentos da época em mais uma superprodução do diretor. Com quase três horas de duração, o longa é recheado de detalhes que podem pegar desprevenidos aqueles que não estão por dentro da história do filme.

Mas não se preocupe, preparamos uma lista com os principais pontos que você precisa saber antes de assistir Oppenheimer. Confira abaixo!

oppenheimerOppenheimer é um dos filmes mais esperados de 2023 (Reprodução/Universal Pictures)

Quem foi Oppenheimer?

Julius Robert Oppenheimer foi um renomado físico norte-americano de origem judaica alemã. Interessada por ciência desde criança, Robert se formou em Química em Harvard e, posteriormente, em Física pelas Universidades de Cambridge e Gottingen.

Seu prestígio nas áreas de mecânica quântica e física teórica fez com que ele fosse chamado para liderar o Projeto Manhattan, plano do governo dos Estados Unidos criar a primeira bomba atômica do mundo, durante a Segunda Guerra Mundial.

Na vida pessoal, Oppenheimer era assumidamente simpatizante das causas comunistas, apesar de nunca ter sido membro do Partido Comunista dos EUA. Por isso, mesmo após o desenvolvimento da bomba, o cientista passou a ser perseguido pelo FBI.

Cenas em preto e branco

Durante uma entrevista a Associated Press, Christopher Nolan revelou que uma parte de Oppenheimer é em cores e a outra é em preto e branco. A imagética, segundo ele, ajudaria a construir a narrativa e a separar os acontecimentos subjetivos do personagem principal.

“Eu sabia que tinha duas linhas do tempo correndo no filme”, ele explica. “Uma é em cor, que é a experiência subjetiva do Oppenheimer. Essa é a matriz do filme. E a outra é a linha do tempo em preto e branco. É uma visão mais objetiva da história, da perspectiva de um personagem diferente”. Saber isso antes de ver o filme com certeza vai melhorar sua experiência no cinema.

Efeitos especiais sem CGI

No final do ano passado, durante uma entrevista ao Total Film, Nolan revelou que recriou o efeito da explosão da bomba atômica usado explosivos reais, descartando o uso de computação gráfica.

“Andrew Jackson - meu supervisor de efeitos visuais, eu o contratei desde o início - estava procurando como poderíamos fazer muitos dos elementos visuais do filme de forma prática, desde a representação da dinâmica quântica e da física quântica até o teste Trinity em si, para recriar com minha equipe, Los Alamos em uma mesa no Novo México em um clima extraordinário, muito do qual era necessário para o filme, em termos de condições muito duras lá fora – havia enormes desafios práticos.”

Quem é quem em Oppenheimer?

Com um elenco cheio de estrelas, o filme também traz vários nomes importantes na ciência. Confira abaixo quem é quem em Oppenheimer:

  • Cillian Murphy: J. Robert Oppenheimer, físico considerado o "pai da bomba atômica";
  • Emily Blunt: Katherine "Kitty" Oppenheimer, a esposa de J. Robert Oppenheimer;
  • Matt Damon: Leslie Groves, diretor militar do Projeto Manhattan;
  • Robert Downey Jr.: Lewis Strauss, que serviu na Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos;
  • Florence Pugh: Jean Tatlock, amante de Robert Oppenheimer e membro do Partido Comunista;
  • Josh Hartnett: Ernest Lawrence, físico e amigo de Oppenheimer;
  • Tom Conti: Albert Einsten, físico e colega de trabalho de Robert Oppenheimer;
  • Rami Malek: David Hill, físico;
  • Benny Safdie: Edward Teller, físico que participou do Projeto Manhattan com Oppenheimer;
  • Kenneth Branagh: Niels Bohr, físico e filósofo;
  • Gary Oldman: Presidente Harry S. Truman;
  • Jack Quaid: Richard Feynman, físico que participou do Projeto Manhattan com Oppenheimer;
  • Michael Angarano: Robert Serber, físico que participou do Projeto Manhattan com Oppenheimer;

Não tem cena pós-crédito

Nos últimos dias, rolou pela internet uma suposta cena pós-crédito que mostrava mais um momento de Albert Einsten no longa. Mas, diferente do que se espalhou por aí, Oppenheimer não tem cena pós-crédito.

A cena "vazada" foi, na verdade, a montagem de um fã, que fez uma paródia da Marvel, imaginando como seria o filme de Nolan se estivesse numa espécie de MCU. Então não, não precisa ficar esperando até o fim dos créditos para deixar a sessão.

Quanto tempo dura o filme?

Enquanto o filme não possui cena pós-créditos, a dica é ficar preparado para ficar horas no cinema. O novo longa-metragem de Christopher Nolan tem aproximadamente 180 minutos de duração, cerca de 3 horas.

Oppenheimer chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira (20).

Fonte:https://www.tecmundo.com.br/minha-serie/266479-oppenheimer-voce-precisa-saber-assistir-filme.htm

Reprodução/Universal Pictures
Reprodução/Universal Pictures

Crítica Oppenheimer │ A vida e os dilemas do Prometeu americano

Por André Mello | Editado por Jones Oliveira | 19 de Julho de 2023 às 13h12

Na mitologia grega, Prometeu foi a pessoa responsável por roubar o fogo dos deuses e entregá-lo aos homens, causando a ira de Zeus, que o puniu severamente por toda a eternidade. Se o desejo da figura mitológica era o de ajudar a humanidade, levando os povos a uma nova era, ele acabou sofrendo as consequências de suas ações.

Oppenheimer, cinebiografia dirigida por Christopher Nolan (Interestelar), mostra como o físico americano Julius Robert Oppenheimer teve uma vida similar, sendo responsável por um dos grandes feitos do século 20 e mudando o mundo como o conhecemos, mas tendo que passar o resto dos seus dias com o peso de milhares de mortes na sua consciência.

O filme traz um elenco de peso, com Emily Blunt (O Diabo Veste Prada), Matt Damon (Gênio Indomável) e Robert Downey Jr (Vingadores: Ultimato), além do próprio Cillian Murphy (Peaky Blinders) no papel do físico. Com esses nomes e uma direção magnânima, Nolan entrega uma das produções mais impressionantes do ano, indo muito além do esperado — ainda que dê alguns tropeços no caminho.

O peso da genialidade

Oppenheimer é um filme contado de maneira não linear, mostrando diversos momentos da vida do físico, desde seu início como estudioso de Física Teórica até os embates com o governo americano popr causa de sua ligação com o partido comunista dos EUA.

O trabalho de Cillian Murphy é excelente por conseguir entregar uma representação realista do personagem, sem colocar Oppenheimer (ou Oppie para os amigos) em um pedestal de grande herói incompreendido. Pelo contrário. Oppenheimer, desde o momento em que aparece na tela, é mostrado como um homem cheio de falhas, mulherengo, orgulhoso e muitas vezes arrogante, mas com um senso de integridade para com seus deveres e país.

Cillian Murphy é a estrela do filme de Christopher Nolan (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Cillian Murphy é a estrela do filme de Christopher Nolan (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Apesar de muito se falar sobre o Projeto Manhattan, o maior tema do filme é sobre como a genialidade muitas vezes pode se voltar contra a sua ideia de como o mundo funciona. Desde os primeiros momentos do longa, é mostrado que Oppenheimer é um homem brilhante, ainda que bastante falho, e são esses desvios morais que eventualmente voltam para assombrá-lo.

A criação da bomba atômica, aos olhos do físico, colocaria um fim nas guerras e traria uma nova era para a humanidade. De certa forma, ela acabou com o conflito da época e mudou o mundo, mas ajudou em uma escalada que não era a sua intenção. Sua genialidade abriu portas para outros homens atravessarem e seguirem seus próprios caminhos, deixando o físico e seus ideiais para trás — e tudo isso é muito bem trabalhado no roteiro, que desenvolve bem o impacto dessas questões no protagonista e em suas ações.

O pai da bomba atômica

Ainda que o filme seja um grande estudo sobre a pessoa que foi J. Robert Oppenheimer, ela foca boa parte de suas três horas de duração na criação e desenvolvimento do Projeto Manhattan. A corrida contra os nazistas para saber qual lado da guerra conseguirá criar a bomba atômica primeiro é mais emocionante do que o esperado. Até porque, essencialmente, são cenas de homens de meia idade usando ternoe conversando.

Oppenheimer foi diretor do Projeto Manhattan (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Oppenheimer foi diretor do Projeto Manhattan (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Mesmo com todas as críticas em relação à direção às vezes gelada de Christopher Nolan, aqui ela funciona muito bem, já que o diretor consegue criar um clima de tensão até em cenas corriqueiras. O longa tem uma das cenas mais tensas do ano e, como comentado, consiste em homens de terno conversando.

Desde a criação do time de cientistas, ao lado do Tenente General Leslie Groves, interpretado por Matt Damon, até a detonação da bomba, Oppenheimer mostra o trabalho de vários homens, ainda que o cientista tenha recebido boa parte do crédito por ser o diretor do projeto.

Voltando à participação de Matt Damon, o carisma do ator ajuda muito a humanizar o Oppenheimer de Cillian Murphy, já que a dinÇamica da dupla ajuda a superar boa parte da arrogância demonstrada pelo físico. Existe um senso de respeito e camaradagem entre os dois, sempre tentando alcançar um objetivo em comum, que torna as suas cenas juntos bastante agradáveis de assistir.

E, enquanto as interações entre o cientista e seus colegas de projeto são mais harmoniosas do que se esperava, o papel das mulheres está aquém do ideal.

Emily Blunt faz o que pode com o material que recebe em Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Emily Blunt faz o que pode com o material que recebe em Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)


Florence Pugh (Adoráveis Mulheres) e Emily Blunt interpretam mulheres fortes e decididas, presentes na vida do físico e que marcaram seus dias, mas que não são tão bem construídas como poderiam ser.

Ambas conseguem fazer milagre com o pouco que recebem de Christopher Nolan, principalmente Blunt, que está no centro de umas melhores cenas da obra, quando é interrogada e mostra toda a sua força frente a uma situação adversa. Já Pugh é quase desperdiçada pelo diretor, já que mesmo reconhecendo a importância da sua personagem, ela aparece pouco demais para o talento da atriz.

Esse é um problema de Oppenheimer, que tem um elenco imenso de estrelas em ascensão, além de atores consagrados, mas muitas vezes eles são quase figurantes dentro do filme de Nolan. Fica uma sensação de que isso poderia ter sido mais bem trabalhado.

Entre gênios e políticos

Um elemento que é bastante abordado em Oppenheimer é a forma como o físico, mesmo com toda a sua genialidade, se vê completamente refém de uma teia política de homens mais poderosos que ele. Se, quando a bomba começou a ser criada, sua ideia era a de fazer inimigos se renderem frente ao seu poder, políticos veem nela uma chance de usá-la para subjugar quem quer que seja.

Robert Downey Jr está excelente em Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Robert Downey Jr está excelente em Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Novamente, o longa mostra uma figura que mesmo sendo tão inteligente, ainda consegue ser absolutamente inocente frente ao jogo político que se forma em sua frente. Em trechos que destacam a atuação de Robert Downey Jr, finalmente mostrando por que, por muito tempo, foi considerado um dos mais promissores atores de Hollywood, Oppenheimer se vê perdido frente a tudo o que criou e saiu de seu controle.

Se sua genialidade conseguiu criar um instrumento de destruição em massa, também o deixou cego frente às mãos que sempre estiveram ali para recolhê-lo e utilizá-lo como bem entendem. Assim como Prometeu, que entregou o fogo para a humanidade, apenas para ser punido por causa disso.

Tecnicamente impressionante

Oppenheimer é um filme que, à primeira vista, pode não parecer grandioso o suficiente para ser visto na maior tela de cinema possível. No entanto, bastam alguns minutos para entender que, novamente, o diretor Christopher Nolan reuniu uma equipe capaz de entregar visuais impressionantes e um primor técnico como poucos diretores conseguem hoje em dia.

É possível ainda encontrar algumas das manias do diretor, principalmente quando ele começa a querer ser didático demais, mas isso funciona por conta dos personagens envolvidos. A cinebiografia tem um ritmo que não deixa o espectador conseguir se desligar dele, algo que é impressionante quando você pensa que ele não é sobre a criação de uma bomba, mas sim sobre a vida de um físico.

Nolan estava com a mão cansada nesse momento das filmagens de Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Nolan estava com a mão cansada nesse momento das filmagens de Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

A trilha sonora, do compositor Ludwig Göransson (The Mandalorian), é algo que deve receber uma indicação a prêmios no próximo ano, já que consegue dar tom tenso e grandioso a cenas mundanas. O som do longa também é um dos seus pontos altos, já que, em vários momentos, é ele que dita a experiência no cinema.

Experiência essa que muito se falou que seria ideal nas salas IMAX — o que é verdade, mas de um jeito inesperado. Visualmente, Oppenheimer tem uma ótima fotografia, mas nada que realmente salte aos olhos. Até mesmo a recriação do teste da bomba atômica não é tão visualmente estimulante como esperado.

Em compensação, o som das salas IMAX faz toda a diferença. Em vários momentos, a impressão de tudo estar de fato explodindo, com o chão chegando a tremer por causa das vibrações, joga o espectador para dentro do filme. Novamente, impressionante para uma trama sobre um bando de cientistas de terno debatendo como criar uma bomba e suas consequências.
























































































"Agora, eu me tornei a Morte, a Destruidora de Mundos" (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)







Oppenheimer é certamente um dos melhores filmes de 2023. Ele tem alguns problemas, principalmente na utilização do seu enorme elenco que, muitas vezes, é apresentado de maneira superficial, mas isso parece ter sido uma escolha para não perder o foco da atuação de Cillian Murphy no papel principal, que é incrível.

Ao final de suas 3 horas de duração, o longa nos permite dizer que Christopher Nolan, mesmo às vezes sendo meio irritante por causa de algumas de suas declarações, ainda é um dos melhores diretores em atividade em Hollywood e que esse é possivelmente um de seus melhores trabalhos. Sorte nossa de podermos acompanhar isso enquanto ele ainda está na ativa.

Fonte:https://canaltech.com.br/cinema/critica-oppenheimer-256306/

Oppenheimer, a cinebiografia do físico americano J. Robert Oppenheimer, mostra como o cientista foi responsável pela criação da bomba atômica, mudando o rumo da Segunda Guerra Mundial e do próprio mundo. Dirigido por Christopher Nolan, o filme é um dos mais aguardados de 2023, conseguindo até mesmo criar uma estranha rivalidade com adaptações mais comerciais, como Barbie.

A adaptação da biografia American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer tem um elenco impressionante e, com nomes como Robert Downey Jr (Homem de Ferro), Matt Damon (Interestelar) e Emily Blunt (Um Lugar Silencioso) e vai além da criação da bomba, mostrando a vida do físico no período pós-guerra.

Se você ainda está em dúvida se vale a pena passar as três horas de duração de Oppenheimer nos cinemas, saiba que existem motivos suficientes para investir seu tempo em uma sessão do filme, que merece ser visto na tela grande.

5. Tecnicamente imponente

Desde o anúncio de sua produção, Oppenheimer sempre foi falado como um épico criado pelas mãos de Christopher Nolan. Seja pelo uso de câmeras IMAX para filmar cenas específicas, a fotografia, que ao mesmo tempo que parece grandiosa, ainda é bastante intimista, impressiona até aqueles que estão acostumado com grandes blockbusters.

Outro elemento muito interessante de Oppenheimer é o cuidado com o som do filme, que ajuda imensamente na experiência do cinema, além da recriação da explosão da bomba atômica, feita inteiramente com efeitos práticos, eliminando o uso de computação gráfica no processo.

4. Filme focado na experiência do cinema

Christopher Nolan é um dos diretores que mais expressam a importância que a experiência do cinema tem na indústria, sendo um dos motivos pelo seu rompimento com a Warner Bros, o que levou a produção de Oppenheimer até a Universal Pictures.

pesar de ser um filme que certamente funcionará para entregar a história que quer contar, mesmo em versão de home video, é no cinema que o longa apresenta toda a sua força. Caso seja possível assisti-lo na maior tela possível e com o melhor sistema de som disponível, a experiência de um filme de drama como esse mostra todo o poder que o cinema tem.

3. Direção de Christopher Nolan

Christopher Nolan é um diretor renomado e com vários títulos de peso no currículo, como O Grande TruqueBatman - O Cavaleiro das Trevas e A Origem, que mostram o talento dele atrás das câmeras. Mesmo assim, ele é muitas vezes acusado de dar um passo maior que a perna, parecendo megalomaníaco e sem emoção nos seus filmes.

Christopher Nolan entrega um de seus melhores filmes com Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Christopher Nolan entrega um de seus melhores filmes com Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Apesar dessas reclamações serem válidas e levantarem discussões interessantes sobre o diretor, o seu estilo faz total sentido na hora de contar a história do físico e do período em que ele trabalhou no Projeto Manhattan. Certamente um dos melhores filmes de sua filmografia.

2. Cillian Murphy como Oppenheimer

Cillian Murphy entrega uma de suas melhores atuações em Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Cillian Murphy entrega uma de suas melhores atuações em Oppenheimer (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)


Oppenheimer é um filme que merece ser visto na tela grande (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Oppenheimer é um filme que merece ser visto na tela grande (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Falando na forma como Oppenheimer é retratado no filme, muito do que funciona nele é graças ao trabalho do ator Cillian Murphy (Peaky Blinders). Este já é o sexto projeto do ator com Christopher Nolan e ele mostra força na hora de interpretar o físico como um ser humano de verdade, e não um herói que deveria ser reverenciado pelos seus feitos.

Desde os primeiros momentos, seu Oppenheimer se mostra impulsivo, muitas vezes arrogante e combativo, ainda que também se mostre um gênio e alguém íntegro frente a seus ideais. Tudo isso poderia ir por água abaixo se Cillian Murphy, que está presente em praticamente todas as cenas do filme, não fosse tão bom no papel principal.

1. História sobre a bomba que mudou o mundo

Oppenheimer mostra um momento crítico na história da humanidade (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)
Oppenheimer mostra um momento crítico na história da humanidade (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Mesmo Oppenheimer sendo muito mais um estudo sobre a pessoa que o físico foi, o perigo da Segunda Guerra Mundial, a necessidade da criação da bomba atômica antes da Alemanha nazista e as consequências do seu uso estão bem presentes no filme.

Tentando não glorificar muito o papel dos Estados Unidos no conflito e nem mesmo do físico americano, que teve a ajuda de dezenas de cientistas, locais e estrangeiros no Projeto Manhattan, o longa busca mostrar o desejo de encerrar todas as guerras com a descoberta — apenas para compreender que a criação da bomba mudaria como o mundo se comportaria para sempre.

Essa reflexão é bastante interessante e bem trabalhada no filme, deixando-o suas ideias extremamente relevantes até para os tempos atuais.

Oppenheimer já está em cartaz nos cinemas.

Fonte:https://canaltech.com.br/cinema/oppenheimer-motivos-para-assistir-256870/


Quem foi o físico Julius Robert Oppenheimer, o pai da bomba atômica?

Por Daniele Cavalcante | Editado por Patricia Gnipper | 19 de Julho de 2023 às 12h54

Wikimedia Commons/Gerd Altmann/Daniele Cavalcante
Wikimedia Commons/Gerd Altmann/Daniele Cavalcante

Julius Robert Oppenheimer foi um físico teórico norte-americano que desempenhou papel fundamental no Projeto Manhattan, o qual desenvolveu as primeiras armas nucleares. Conhecido como o “pai da bomba atômica”, também fez contribuições para teorias como a física quântica e a física nuclear.

 

A trajetória de Julius Oppenheimer

Nascido na cidade de Nova York em 22 de abril de 1904, Oppenheimer formou-se em química na Harvard College em 1925 e se dedicou à física experimental após ingressar em um curso de termodinâmica. Em 1925, graduou-se como Bacharel em Artes summa cum laude ("com o maior elogio", nas honrarias em latim).

Estudou com J.J. Thomson, ganhador do Prêmio Nobel pela descoberta do elétron, e com Max Born, um dos maiores contribuidores da teoria quântica. Sob supervisão deste, formou-se Doutor em Filosofia (título usado não necessariamente referente à disciplina da filosofia, mas a vários campos do saber) em março de 1927 aos 23 anos.

Oppenheimer em Oak Ridge, cidade usada para o Projeto Manhattan após o despejo de cerca de mil famílias (Imagem: Reprodução/Ed Westcott/Wikimedia Commons)
Oppenheimer em Oak Ridge, cidade usada para o Projeto Manhattan após o despejo de cerca de mil famílias (Imagem: Reprodução/Ed Westcott/Wikimedia Commons)

Após a formação, Julius Oppenheimer publicou uma série de artigos que contribuíram para o campo da mecânica quântica. Entre eles, estava seu trabalho mais citado: um artigo sobre uma teoria conhecida como aproximação de Born-Oppenheimer, que, essencialmente, separa o movimento nuclear do movimento dos elétrons.

Oppenheimer foi professor associado da Universidade da Califórnia em Berkeley e colaborou com estudos de físicos como o Prêmio Nobel Ernest O. Lawrence, pioneiro do acelerador de partículas cíclotron. Suas pesquisas também incluíram campos como astronomia teórica, relatividade geral, teoria nuclear, física nuclear , espectroscopia e teoria quântica de campos. O físico previu as descobertas do nêutron, do pósitron e da estrela de nêutrons.

Embora não tivesse muito apreço a escrever artigos longos e fazer grandes cálculos (Julius chegou a ser considerado péssimo em aritmética) por impaciência, seu trabalho era descrito por colegas como brilhante, inspirando muitos alunos e colaboradores.

A criação da bomba atômica

Em 9 de outubro de 1941, o presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt aprovou um programa para desenvolver uma bomba atômica, ao qual Oppenheimer foi convidado por James B. Conant, um de seus ex-professores em Harvard para participar. Seu papel seria assumir o trabalho sobre nêutrons rápidos.

A dedicação do físico norte-americano nesse campo incluiu cálculos da propagação da reação em cadeia de nêutrons em uma bomba atômica, que lhe rendeu o título de Coordenador de Ruptura Rápida.

O projeto Manhattan

Em junho de 1942, Oppenheimer foi selecionado para chefiar o laboratório secreto de armas do Manhattan Engineer District, que ficou conhecido simplesmente como Projeto Manhattan.

Sob a pressão de desenvolver uma arma nuclear funcional antes dos alemães atingirem o mesmo objetivo na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), Oppenheimer trabalhou em diferentes conceitos, como uma arma de fissão do tipo canhão usando o plutônio, e outra, do tipo implosão. Em agosto de 1944, ele seguiu com um projeto tipo canhão mais simples, usando urânio-235.

Esse novo projeto acabou culminando na criação da Little Boy — a bomba que explodiu em Hiroshima em 6 de agosto de 1945. Outro projeto do tipo implosão, dessa vez mais complexo, ficou conhecido como Christy Gadget.

A primeira bomba nuclear

A primeira explosão nuclear do mundo ocorreu em 16 de julho de 1945, perto de Alamogordo, Novo México, em um local que Oppenheimer batizou de Trinity. A bomba explodiu com uma energia equivalente a 24,8 quilotons de TNT, aproximadamente. A areia do deserto derreteu, tornando-se um vidro verde radioativo batizado de trinitita, e o local ganhou uma cratera de 80 m de largura e 1,4 de profundidade.

Bombas atômicas e o pós-guerra

Oppenheimer se orgulhou da conquista, mas após a detonação das bombas em Hiroshima e Nagasaki, expressou repulsa às armas nucleares e chegou a declarar que havia "sangue em suas mãos" em uma reunião com o presidente Harry S. Truman realizada em 1945. Apesar de enfurecido com a afirmação, Truman concedeu a Oppenheimer a Medalha de Mérito em 1946.

Oppenheimer realizou uma série de palestras, algumas reunidas em um livro contra a coerção armamentista estadunidense para obter seus objetivos na política externa (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Oppenheimer realizou uma série de palestras, algumas reunidas em um livro contra a coerção armamentista estadunidense para obter seus objetivos na política externa (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)

Em 1947, após se tornar presidente do Comitê Consultivo Geral (GAC) da Comissão de Energia Atômica (AEC), uma agência civil para controle de pesquisa e armas nucleares, as atividades de Oppenheimer incluíram o combate ao desenvolvimento de novas armas nucleares e uma luta contra a corrida armamentista durante o pós-guerra.

Devido a essas atividades, Oppenheimer foi acusado de envolvimento com comunistas e até mesmo de ser um agente da União Soviética (URSS). Seu certificado de segurança, que lhe concedia acesso a informações confidenciais de segurança nacional, foi suspenso. A decisão revogada apenas em 16 de dezembro de 2022, 55 anos depois da morte do físico por câncer na garganta.

Fonte:https://canaltech.com.br/ciencia/quem-foi-o-fisico-julius-robert-oppenheimer-o-pai-da-bomba-atomica/






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