GERAÇÃO X É A QUE MAIS SOFRE COM VÍCIOS NOCIVOS À SAÚDE: VEJA O MOTIVO E OS ALERTAS


Geração X é a que mais recorre ao álcool e substância químicas em momentos de estresse — Foto: Unsplash

Geração X é a que mais recorre ao álcool e substância químicas em momentos de estresse — Foto: Unsplash

Geração X é a que mais sofre com vícios nocivos à saúde: veja o motivo e os alertas

Relatório aponta que o grupo etário é o que mais recorre ao álcool e substâncias químicas em momentos de estresse

Por Francielly Kodama, gshow — São Paulo

20/04/2023 03h00  Atualizado há um dia

 

Período pós-guerra, instabilidade econômica, mudanças sociais e a necessidade de reestruturar o mercado: os nascidos entre os anos de 1965 e 1980, chamados de geração X, pegaram o bonde andando e foram sentindo os efeitos dessas transformações ao longo da vida... Em todos os sentidos!

E qual foi resultado desse processo acelerado? O grupo etário ganhou o título “geração dos vícios”, segundo um relatório recente da WGSN, empresa que faz previsões de consumo e comportamento. A pesquisa aponta que a quantidade de consumidores com alta ingestão de álcool, entre 45 e 64 anos, aumentou 35% desde 2001, além de serem os mais propensos a cederem a outros vícios, como cafeína e tabaco.

Bruna Ortega, Account Director do bureau de tendências, credita esses dados alarmantes também ao período da pandemia, quando o número de mortes envolvendo álcool sofreu um aumento de 25%, de acordo com os Institutos Nacionais da Saúde, dos Estados Unidos.

Foi durante a quarentena nos Estados Unidos, por exemplo, que as mulheres "relataram um aumento de 41% no número de dias em que beberam muito ou beberam quatro ou mais bebidas em algumas horas", aponta a especialista.


A raiz do problema



Para a psiquiatra Nina Ferreira trata-se de uma geração de profissionais no auge ou no fim da carreira, marcada pela necessidade de trabalhar, ganhar estabilidade financeira e mostrar produtividade, ao mesmo tempo em que foram muito expostos à tecnologia e tiveram de acompanhar esses avanços.

“Então, é óbvio que isso tudo os expôs a muito mais estresse, ansiedade, sobrecarga de responsabilidade. Aí o álcool, o tabaco, a própria cafeína e as substâncias químicas em geral são as formas que, muitas vezes, a sociedade tem de amenizar o sofrimento emocional.”


Esse comportamento, opina a médica, faz com que esse público, desde muito cedo, tenha uma relação mais próxima com as substâncias psicoativas, que têm grandes chances de causar um padrão de dependência mais difícil de ser abandonado na fase adulta.



  • Ganho secundário


Esse é o termo usado pela psicologia para tratar os falsos benefícios que o indivíduo recebe através de comportamentos negativos e nocivos, como é caso do consumo de álcool sob a justificativa de aliviar a tensão ou, então, alguém que alivia o estresse fazendo compras.

“Tanto o álcool, quanto o tabaco, a nicotina e a cafeína funcionam como uma fuga das emoções difíceis, do cansaço e como uma forma de maximizar a sensação de prazer. Muitas vezes, tem uma conotação de premiação depois de se esforçar e de trabalhar tanto pensar : 'eu mereço'", explica a psiquiatra.

 

As consequências destes vícios e os alertas da especialista




De acordo com o relatório da WGSN, no que se refere à saúde mental e física, a geração X está "relatando condições piores do que seus pais e avós tinham em sua idade", tornando-os mais propensos a doenças crônicas devido a "marcadores de saúde, como níveis elevados de pressão arterial, colesterol e obesidade".

O reflexo disso já é percebido em outro dado apresentado pela WGSN. Enquanto apenas 25% da geração Z consome diferentes tipos de vitaminas, 62% da geração X relata já fazer uso de suplementos diários para a saúde geral.

62% da geração X relata que faz uso de suplementos diários para a saúde geral — Foto: Pexels

62% da geração X relata que faz uso de suplementos diários para a saúde geral — Foto: Pexels

Para além do grupo em si, a Dra. Nina também destaca a preocupação com as gerações futuras, principalmente fruto do público afetado por estes vícios nocivos. O abuso de substâncias químicas, por exemplo, pode levar a mutações epigenéticas, ou seja, que não alteram a sequência do DNA, mas a atividade do gene.

Essas alterações, muitas vezes, podem ser transmitidas para os filhos, afetá-los de diversas formas e também influenciar na formação da personalidade durante a infância e adolescência, como detalha a médica:

"E tem a questão da modelação, porque aí essa geração X, com seus comportamentos de vida, acaba sendo uma referência, um modelo para os filhos, para as crianças e adolescentes" e, portanto, aumentando as chances de que "essas crianças e adolescentes também façam uso de substâncias como álcool, nicotina e a cafeína como uma fuga".

Ela também defende que "pais com a saúde mental afetada tendem a ser menos adequados e menos participativos na formação dos filhos" e, por isso, a atenção deve ser redobrada nos hábitos deste grupo etário: "Ela vai influenciar o comportamento das gerações subsequentes", alerta.



Mudanças positivas à vista?



Aparentemente, sim! Pelo menos é o que indica Bruna Ortega ao falar do crescimento do estilo de vida "sóbrio-curioso". Segundo uma reportagem da 'Insider', com pessoas que se identificam com este movimento, ser sóbrio-curioso não significa, necessariamente, cortar o álcool de vez: "Pode ser estender os períodos de abstinência, tomar um tempo para entender a sua relação com o álcool" e o que o faz recorrer à bebida.

Estudo aponta que a vendas de bebidas não alcoólicas aumentaram em 33% em 2021 — Foto: Unsplash

Estudo aponta que a vendas de bebidas não alcoólicas aumentaram em 33% em 2021 — Foto: Unsplash

Se a moda vai pegar por aqui ainda é algo incerto, mas o caso é que as vendas de bebidas não alcoólicas aumentaram em 33% em 2021, gerando um lucro de mais de US$ 330 milhões, segundo a empresa de consultoria Nielsen.

E mais: há uma previsão de 8% no crescimento de bebidas sem ou com baixo teor alcoólico, de acordo com um levantamento da The IWSR Drinks Market Analysis, grupo especializado em pesquisas sobre indústria de bebidas.

Para Ortega, o setor não apenas espera mais crescimento, mas também está introduzindo uma nova cultura que prioriza bebidas funcionais ou, então, os chamados mocktails, versões sem álcool dos coquetéis.

"Enquanto a escolha de se abster de álcool costumava deixar os consumidores com poucas opções, um influxo de novas marcas não alcoólicas, bares e lojas de bebidas estão, finalmente, oferecendo aos indivíduos sóbrios e curiosos as mesmas opções que os bebedores de álcool", observa a diretora.

Na contramão dos maus hábitos

Geração Z tem mostrado uma visão mais holística de saúde e bem-estar — Foto: Unsplash

Geração Z tem mostrado uma visão mais holística de saúde e bem-estar — Foto: Unsplash

Se um dia o fato de não beber álcool foi motivo de "piada" entre amigos, agora a situação está se invertendo: no Reino Unido, 70% dos millennials (nascidos entre 1981 e 1999) disseram que preferem se gabar de não consumir álcool do que estar bêbado, de acordo com a pesquisa da plataforma de eventos Eventbrite.

geração Z (nascidos entre 2000 e 2010) também vem quebrando esse ciclo de vícios nocivos como válvulas de escape para tensões diárias. Apesar de 35% desta comunidade já ter experimentado situações de estresse, a WGSN aponta que ela está se tornando a geração mais sóbria.

"Com uma visão holística de saúde e bem-estar, a geração Z tem tudo a ver com exercícios, saúde mental e boa alimentação, forçando as marcas de bebidas da velha guarda a repensarem seus pilares, como refrigerantes dietéticos e bebidas açucaradas", observa Bruna Ortega.


Fonte: https://gshow.globo.com/moda-e-beleza/noticia/geracao-x-e-a-que-mais-sofre-com-vicios-nocivos-a-saude-veja-o-motivo-e-os-alertas.ghtml


 

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