"GUERRA NUCLEAR PREVENTIVA", FÍSICOS EXPLICAM O QUE ACONTECERIA: A BATALHA HISTÓRICA PELA PAZ E PELA DEMOCRACIA. UMA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL AMEAÇA O FUTURO DA HUMANIDADE

 

Guerra nuclear total seria capaz de destruir toda a humanidade | Foto: Shutterstock

Guerra nuclear: Físicos explicam o que aconteceria

Italo Wolff

13 março 2022 às 00h01

Guerra Nuclear: Vaporização de cidades inteiras, chuva radioativa, falta de alimentos e nova era do gelo – entenda as armas modernas

Vaporização de cidades inteiras, chuva radioativa, falta de alimentos e nova era do gelo – entenda os efeitos das armas nucleares modernas

A invasão da Ucrânia pela Rússia aumentou o risco de uma guerra nuclear. O que a maioria das pessoas sabe sobre bombas de reações nucleares vem da experiência de Nagasaki e Hiroshima, cidades japonesas bombardeadas pelos Estados Unidos em 1945. Entretanto, o armamento russo atual é muito diferente daquele inaugurado na Segunda Guerra Mundial. Por isso, o Jornal Opção ouviu físicos para compreender como seria uma detonação de bomba nuclear moderna para aqueles que estão no solo e o que aconteceria depois.

A resposta depende, é claro, de quantas armas seriam lançadas. A Rússia e os Estados Unidos têm 90% das armas nucleares do mundo, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos (FAS). A Rússia possui 1.588 bombas implantadas em mísseis intercontinentais, que têm um alcance de pelo menos 5.500 quilômetros, e em aviões bombardeiros capazes de lançar uma carga nuclear distante de suas bases. Os EUA têm 1.644 armas posicionadas em mísseis e em bases aéreas militares. Existem quase 5 mil outras bombas ativas que são funcionais e aguardam lançadores.

Desde a Guerra Fria, houve um progresso na redução dos arsenais nucleares do mundo, atingido por meio de instrumentos jurídicos como o tratado de não-proliferação de armas nucleares e o inventário geral de armas nucleares. Entretanto, o estoque combinado mundial de ogivas permanece em um nível muito alto e, recentemente, começou a aumentar mais uma vez. Hoje, nove países possuíam cerca de 12.700 ogivas.

Poucas dessas armas precisam ser usadas para desencadear os eventos que levariam a humanidade à extinção e, por isso, é mais provável que exércitos usem armas de alcance e escala limitada, chamadas de armas atômicas táticas. De acordo com o James Martin Center for Nonproliferation Studies, 30% a 40% dos arsenais dos EUA e da Rússia são compostos por essas bombas menores, que têm alcance de menos de 500 quilômetros por terra e menos de 600 km por mar ou ar. Essas armas ainda teriam impactos devastadores perto da zona de explosão, mas não criam o cenário de apocalipse nuclear global.

Quão fortes são as bombas nucleares modernas?

Existem diferentes tipos e tamanhos de armas nucleares. As bombas que destruíram Hiroshima e Nagasaki utilizavam a tecnologia de fissão nuclear, que é a divisão dos núcleos de átomos pesados ​​em átomos mais leves – um processo que libera nêutrons. Esses nêutrons, por sua vez, podem atingir os núcleos de átomos próximos, dividindo-os e desencadeando uma reação em cadeia fora de controle. Foram as bombas de fissão – também conhecidas como bombas atômicas ou “bombas A” – que destruíram Hiroshima e Nagasaki, com a força entre 15 quilotons e 20 quilotons de TNT (um quiloton equivale a 1.000.000.000 de quilos de TNT). 

As armas modernas, de fusão nuclear (também chamadas de bombas termonucleares, de hidrogênio, ou “bombas H”), são muito mais potentes. Na realidade, essas bombas são tão poderosas que utilizam uma a detonação de bombas atômicas por fissão como gatilho para a real detonação. A energia liberada pela reação em cadeia da fissão inicial é usada para fundir átomos de hidrogênio dentro da arma, e essa reação por sua vez liberam ainda mais nêutrons, que criam mais fissão, que criam mais fusão, e assim por diante. O resultado, de acordo com The Union of Concerned Scientists, é uma bola de fogo com temperaturas que alcançam temperaturas equivalentes às do interior do sol. Bombas termonucleares já foram testadas, mas nunca usadas em combate.

Quem explica o potencial do armamento nuclear moderno são Lauriane Gomes Santin, doutora em Física Atômica e Molecular, e Solemar Silva Oliveira, doutor em física e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG). “A Tsar bomb, que foi testada em 1961 no arquipélago de Nova Zembla, quase 20 anos após as explosões das bombas Fat man e Little boy, lançadas, respectivamente, em Nagasaki e Hiroshima, era uma bomba de Hidrogênio (termonuclear) de fabricação soviética. A potência dessa bomba é maior que 50 megatons, ou seja, 50 milhões de toneladas de trinitrotolueno (TNT)”, afirmam os cientistas.

“O experimento, que levou a detonação da Tsar, é o maior da história da humanidade e, a Tsar, a arma mais potente. Os dados de destruição dessa arma foram: uma nuvem em forma de cogumelo com 60 km de altura, 35 km de diâmetro e o deslocamento da massa de ar causou danos em um raio de 1000 km. Nesta explosão, estima-se que queimaduras de terceiro grau podem ser causadas em pessoas localizadas em até 100 km de distância. Para o diâmetro citado, temos uma área de, aproximadamente, 960 km2, ou seja, maior que a área da cidade de Goiânia, ou, praticamente, a área da cidade de Anápolis. Com o deslocamento de ar, a área atingida seria ainda maior. Em seguida, a difusão da radiação poderia matar ou deixar doentes os seres vivos próximos”.

Para comparação, as bombas Fat Man e Little Boy mataram imediatamente cerca de 50% das pessoas em um raio de “apenas” 3,2 km de detonação e a pressão da explosão compactou o ar ao redor em uma onda de choque que destruiu edifícios em um raio de 0,8 km da explosão – nada comparável aos efeitos da Tsar Bomb. Os dados são do relatório do Projeto de Defesa Preventiva, produzido pelo Belfer Center for Science and International Affairs em 2007.

Como funcionam as bombas nucleares

Sobre a produção das armas, Solemar Silva Oliveira e Lauriane Gomes Santin explicam que os processos químicos para a produção de uma bomba atômica e de uma bomba de hidrogênio são bastante distintos. “Falemos primeiro do processo para a construção de uma bomba atômica, a fissão nuclear. Trata-se de uma reação em cadeia. Um dos elementos radioativos mais utilizados para a realização desse processo é o urânio, que é um átomo pesado, com 92 prótons no seu núcleo. O entendimento da fissão nuclear está baseado no equilíbrio entre a atração nuclear e a repulsão elétrica entre os prótons no interior do núcleo.”

“Se um nêutron, arremessado, for absorvido pelo núcleo do urânio isso fornecerá energia para deformá-lo, isso fará com que as forças elétricas sejam maiores que as forças nucleares e o núcleo se partirá produzindo núcleos menores. Isso produzirá mais nêutrons, que serão arremessados causando outros fracionamentos nucleares e assim por diante. Uma reação em cadeia que libera uma quantidade enorme de energia. Por exemplo, a bomba de Nagasaki, tinha uma potência energética de, aproximadamente, 20 quilotons (20 mil toneladas de TNT). Para a construção de uma bomba de hidrogênio o processo é outro, chama-se fusão nuclear. Trata-se de energia produzida quando núcleos leves se combinam. Dois núcleos pequenos, dos átomos de hidrogênio (1 próton), por exemplo, quando sofrem uma fusão, a massa final é menor que a massa que os dois núcleos possuíam antes.”

“A energia liberada é maior quando os núcleos leves se combinam do que quando núcleos grandes se dividem. Para que esse processo aconteça, os núcleos devem colidir, em um reator, com velocidades extremamente altas, para que a repulsão elétrica não separe os produtos dessa colisão. Isto é possível a altas temperaturas, caso de uma fusão termonuclear. Para o sol, onde o processo de fusão ocorre a todo instante, aproximadamente 657 toneladas de hidrogênio sofrem fusão, transformando-se em 653 toneladas de hélio, a cada segundo. Essa diferença na massa transforma-se em energia radiante.”

A ‘chuva’ radioativa 

A radiação é uma consequência secundária, mas muito mais nociva de uma explosão nuclear. As bombas de fissão lançadas no Japão criaram uma precipitação radioativa (fallout): detritos e poeira contaminados pela radioatividade foram jogados na estratosfera e, pelas 48 horas após a detonação, caíram ao solo infectando os sobreviventes. 

Lauriane Gomes Santin e Solemar Silva Oliveira afirmam: “Pouco depois da explosão da bomba nuclear são liberados partículas e ondas tais como nêutrons, raios gama e raios x. Essas radiações são altamente energéticas e penetrantes. São invisíveis e em grande quantidade. Podem alcançar quilômetros de distância, a depender da potência da bomba, atravessando objetos e corpos. Essas radiações destroem as células do corpo humano, devido ao calor liberado, e debilitam fortemente os organismos vivos causando morte rápida em um curto período.”

No entanto, os efeitos da radiação espalhada no ambiente são duradouros. No prazo de semanas, vários tecidos do corpo podem ser afetados e danificados, devido as modificações celulares causadas pela radiação ionizante. Com o passar dos anos, a incidência de câncer é significativamente aumentada. Segundo os pesquisadores, a incidência de vários tipos de leucemia, entre sobreviventes da explosão da bomba em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, atingiu o pico durante um período de 5 a 10 anos após o desastre. E, ainda, o risco aumentado de câncer continuou crescendo por décadas. Dentre os tipos de câncer desenvolvidos pelos sobreviventes da bomba estão o câncer de pulmão, estômago, fígado, leucemia, intestino, pele, dentre outros. 

Segundo o livro “Nuclear Choices for the Twenty-First Century: A Citizen’s Guide”, de Richard Wolfson e Ferenc Dalnoki-Veress (editora MIT Press, 2021), a área da detonação é inicialmente exposta a 1.000 roentgens (uma unidade de radiação ionizante) por hora. Nos próximos dias, sobreviventes experimentarão 10 roentgens por hora de radiação. Cerca de metade das pessoas expostas a 350 roentgens morrem de envenenamento por radiação aguda. Para comparação, uma tomografia computadorizada abdominal típica pode expor as pessoas a menos de 1 roentgen.

Ready.gov, um site do governo dos Estados Unidos, aconselha que, pessoas próximas a uma explosão nuclear corram para porões subterrâneos ou para andares intermediários de grandes edifícios, e permaneçam lá por pelo menos 24 horas para evitar o pior precipitação radioativa.

Catástrofe climática

Em um cenário extremo em que várias bombas poderosas fossem lançadas, as cinzas e fuligem injetadas na atmosfera poderiam ter um efeito dramático de resfriamento no clima. De acordo com uma análise de 2012 publicada no The Bulletin of the Atomic Scientists, embora uma ou duas explosões nucleares não tenham efeitos globais, a detonação de 100 armas do tamanho da lançada em Hiroshima em 1945 reduziria a média da temperatura global para abaixo daquelas da Última Era do Gelo (também chamado de Último Período Glacial ou Último Máximo Glacial, que ocorreu a 20 mil anos). 

A mudança climática repentina levaria a média de temperatura na terra dos atuais 15 graus Célsius para apenas 2 graus. O frio repentino afetaria a agricultura e o abastecimento de alimentos, além de causar a extinção da maior parte dos ecossistemas.

Radiação na guerra Rússia vs. Ucrânia

A usina de Chernobyl, localizada na cidade ucraniana de Pripyat, está desativada desde o maior acidente radiológico da história, em 1986. Ainda hoje, entretanto, a usina precisa de manutenção para resfriar o combustível nuclear armazenado ali. Devido ao ataque russo, Chernobyl está sem energia para resfriar os reatores desde a última quinta-feira, 9. 

“Chernobyl está desativada há anos, mas existem materiais radiativos que foram utilizados na geração de calor e que ainda continuam emitindo radiação, porque o tempo de vida do material radioativo é longo”, afirmam Solemar Silva Oliveira e Lauriane Gomes Santin. “É necessário manter esse material resfriado, até que baixe a emissão de calor, e ele possa ser deslocado para um outro local seco. Nesse sentido, é importante que haja energia para que a água fria seja bombeada até as piscinas de resfriamento, onde se encontram esses materiais, e evite que o aquecimento possa causar danos e contaminar pessoas. No entanto, não há risco de liberação de grandes quantidades de radiação, ou seja, os danos estão restritos à usina nuclear.”

Ainda na última semana, a maior instalação nuclear europeia – Usina de Zaporizhzhya, também na Ucrânia – foi atacada pela artilharia russa. Segundo os físicos, as Usinas modernas são mais seguras do que as da época de Chernobyl, mas os ataques podem expor a população local a riscos, para não mencionar os danos causados pela falta do suprimento da energia da usina, que gera 25% da eletricidade da Ucrânia. 

“Atualmente existem tecnologias capazes de construir reatores nucleares mais eficientes e com uma produção reduzida de resíduos e, ainda, com custos reduzidos”, afirmam Solemar Silva Oliveira e Lauriane Gomes Santin. “Por outro lado, sabemos que os reatores modernos são menores que os reatores convencionais e o processo de resfriamento é feito com sal e não com água”.

“Segundo a Union of Concerned Scientists (UCS) não há garantias de que esses reatores sejam melhores ou mais seguros”, dizem Solemar Silva Oliveira e Lauriane Gomes Santin. “Em seu relatório sobre os reatores avançados, Edwin Lyman, diretor de segurança de energia nuclear da UCS, afirmou: ‘Em muitos casos, eles são piores no que diz respeito à segurança e ao potencial para acidentes graves e potencial proliferação nuclear.’ Portanto, caso esses reatores sejam atingidos, explosões podem destruir o local e grandes doses de radiação podem ser liberadas na região, o que impactaria o meio ambiente por anos. Ou seja, ainda temos muita estrada até conquistarmos uma excelência na manipulação da energia nuclear com risco zero.”

“Guerra nuclear preventiva”: a batalha histórica pela paz e pela democracia. 

Uma Terceira Guerra Mundial Ameaça o Futuro da Humanidade

Todos os artigos da Global Research podem ser lidos em 51 idiomas, ativando o menu suspenso “Traduzir site” no banner superior da nossa página inicial (versão para desktop).

Para receber o Boletim Diário da Global Research (artigos selecionados),  clique aqui .

Visite e siga-nos no Instagram em @ globalresearch_crg .

Este artigo foi publicado pela primeira vez em 9 de março de 2022, revisado e ampliado em 5 de outubro de 2022.

Introdução

Em nenhum momento desde que a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945 , a humanidade esteve mais perto do impensável. Todas as salvaguardas da era da Guerra Fria, que categorizava a bomba nuclear como “uma arma de último recurso”, foram descartadas.

A declaração de Vladimir Putin em 21 de fevereiro de 2022 foi uma resposta às ameaças dos EUA de usar armas nucleares preventivamente contra a Rússia, apesar da “garantia” de Joe Biden de que os EUA não recorreriam a um ataque nuclear de “primeiro ataque” contra um inimigo de América: 

“Deixe-me [Putin] explicar que os documentos de planejamento estratégico dos EUA contêm a possibilidade do chamado ataque preventivo contra sistemas de mísseis inimigos . E quem é o principal inimigo dos EUA e da OTAN? Nós também sabemos disso. É a Rússia. Nos documentos da OTAN, nosso país é oficial e diretamente declarado a principal ameaça à segurança do Atlântico Norte. E a Ucrânia servirá de trampolim para o ataque.” Discurso de Putin , 21 de fevereiro de 2022, ênfase adicionada)

Em julho de 2021, o governo Biden lançou sua Revisão da Postura Nuclear (NPR) de 2021  a ser concluída e anunciada formalmente em 2022. A NPR de 2021 deve incluir o que é descrito como uma “política declaratória nuclear dos Estados Unidos”.

É improvável que a NPR de 2021 revogue as opções nucleares dos governos Obama e Bush, que se baseiam amplamente na noção de guerra nuclear preventiva levantada no discurso do presidente Putin.

A doutrina nuclear norte-americana subjacente consiste em retratar as armas nucleares  como um meio de “autodefesa” e não como uma “arma de destruição em massa”. 

Além disso, existem poderosos interesses financeiros por trás da NPR que estão vinculados ao programa de armas nucleares de $ 1,3 trilhão iniciado pelo presidente Obama. 

Embora o conflito na Ucrânia até agora tenha sido limitado a armas convencionais combinadas com “guerra econômica”, o uso de uma grande variedade de armas de destruição em massa sofisticadas, incluindo armas nucleares, está na prancheta do Pentágono.

Segundo a Federação de Cientistas Americanos, o número total de ogivas nucleares no mundo é da ordem de 13.000. A Rússia e os Estados Unidos “cada um tem cerca de 4.000 ogivas em seus estoques militares”.

Os perigos da guerra nuclear são reais. Movido pelo lucro. Dois trilhões de dólares

Sob Joe Biden , os fundos públicos alocados para armas nucleares devem aumentar para 2 trilhões até 2030  , supostamente como um meio de salvaguardar a paz e a segurança nacional às custas dos contribuintes . (Quantas escolas e hospitais você poderia financiar com 2 trilhões de dólares?):

Os Estados Unidos mantêm um arsenal de cerca de 1.700 ogivas nucleares estratégicas implantadas em mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) e mísseis balísticos lançados de submarinos (SLBMs) ​​e em bases de bombardeiros estratégicos. Estima-se que haja mais 100 armas nucleares não estratégicas ou táticas em bases de bombardeiros em cinco países europeus e cerca de 2.000 ogivas nucleares armazenadas . [veja nossa análise de B61-11 e B61-12 abaixo]

O Congressional Budget Office (CBO) estimou em maio de 2021 que os Estados Unidos gastarão um total de US$ 634 bilhões nos próximos 10 anos para sustentar e modernizar seu arsenal nuclear. controle de armas)

Neste artigo, primeiro focarei na mudança pós-Guerra Fria na Doutrina Nuclear dos EUA, seguida de uma breve revisão da história das armas nucleares desde o Projeto Manhattan iniciado em 1939 com a participação do Canadá e do Reino Unido.  

Análise: Os perigos da guerra nuclear: Michel Chossudovsky

Comentários:  Link para Odysee

Uma nota sobre a história das relações EUA-Rússia. A Guerra Esquecida de 1918

Do ponto de vista histórico , os EUA e seus aliados ameaçam a Rússia há mais de 104 anos, começando durante a Primeira Guerra Mundial com o desdobramento das forças americanas e aliadas contra a Rússia soviética em 12 de janeiro de 1918 (dois meses após a revolução de 7 de novembro de 1917). supostamente em apoio ao Exército Imperial da Rússia).  

A invasão aliada dos Estados Unidos e do Reino Unido na Rússia em 1918 é um marco na história russa, muitas vezes erroneamente retratada como parte de uma Guerra Civil. 

Durou mais de dois anos envolvendo o destacamento de mais de 200.000 soldados, dos quais 11.000 eram dos EUA, 59.000 do Reino Unido. O Japão, que era um aliado da Grã-Bretanha e da América durante a Primeira Guerra Mundial, despachou 70.000 soldados. 

Tropas de ocupação dos EUA em Vladivostok 1918

EUA e tropas aliadas em Vladivostok em 1918

A ameaça da guerra nuclear

A ameaça dos EUA de uma guerra nuclear contra a Rússia foi formulada há mais de 76 anos, em setembro de 1945 , quando os EUA e a União Soviética eram aliados. Consistia em um “ Plano da Terceira Guerra Mundial” da guerra nuclear contra a URSS, visando 66 cidades com mais de 200 bombas atômicas. Este projeto diabólico sob o Projeto Manhattan foi fundamental para desencadear a Guerra Fria e a corrida armamentista nuclear. (Veja análise abaixo).

Cronologia

1918-1920:  As primeiras forças americanas e aliadas lideraram a guerra contra a Rússia soviética com mais de 10 países enviando tropas para lutar ao lado do exército branco imperial russo. Isso aconteceu exatamente dois meses após a Revolução de Outubro, em 12 de janeiro de 1918, e durou até o início da década de 1920.

O Projeto Manhattan foi iniciado em 1939, com a participação do Reino Unido e do Canadá. Desenvolvimento da Bomba Atômica. 

Operação Barbarossa, junho de 1941 . Invasão nazista da União Soviética. A Standard Oil de Nova Jersey estava vendendo petróleo para a Alemanha nazista.

Fevereiro de 1945 : Conferência de Yalta. O encontro de Roosevelt, Churchill e Stalin.

“Operação Impensável”: Um plano de ataque secreto contra a União Soviética formulado por Winston Churchill logo após a conferência de Yalta. Foi desmantelado em junho de 1945.

12 de abril de 1945: Conferência de Potsdam . O presidente Harry Truman  e o primeiro-ministro Winston Churchill aprovam o bombardeio atômico do Japão.

15 de setembro de 1945 : Um cenário da Terceira Guerra Mundial formulado pelo Departamento de Guerra dos EUA: um plano para bombardear 66 cidades da União Soviética com 204 bombas atômicas, quando os EUA e a URSS eram aliados. O plano secreto (desclassificado em 1975) formulado durante a Segunda Guerra Mundial, foi lançado menos de duas semanas após o fim oficial da Segunda Guerra Mundial em 2 de setembro de 1945

1949 : A União Soviética anuncia o teste de sua bomba nuclear.

Doutrina Pós-Guerra Fria: “Guerra Nuclear Preemptiva”

A Doutrina da Destruição Mútua Assegurada (MAD) da Era da Guerra Fria não prevalece mais. Ela foi substituída no início do governo de George W. Bush pela Doutrina da Guerra Nuclear Preemptiva, ou seja , o uso de armas nucleares como meio de “autodefesa” contra estados com e sem armas nucleares.

No início de 2002, o texto da Revisão da Postura Nuclear de George W. Bush já havia vazado, vários meses antes do lançamento da Estratégia de Segurança Nacional (NSS) de setembro de 2002, que definia “Preempção”  como:

“o uso antecipado da força em face de um ataque iminente”. 

Ou seja, como um ato de guerra em razão da legítima defesa

A doutrina MAD foi descartada. A Revisão da Postura Nuclear de 2001 não apenas redefiniu o uso de armas nucleares, as chamadas armas nucleares táticas ou bombas destruidoras de bunker (mini-nucleares) poderiam doravante ser usadas no teatro de guerra convencional sem a autorização do Comandante em Chefe, ou seja, o Presidente dos Estados Unidos..

Sete países foram identificados no NPR de 2001 (adotado em 2002) como alvos potenciais para um ataque nuclear preventivo 

Discutindo “requisitos para capacidades de ataque nuclear”, o relatório lista Irã, Iraque, Líbia, Coréia do Norte e Síria como “entre os países que podem estar envolvidos em contingências imediatas, potenciais ou inesperadas”. 

Três desses países (Iraque, Líbia e Síria) foram, desde então, objeto de guerras lideradas pelos Estados Unidos. A NPR de 2001 também confirmou a continuação dos preparativos para a guerra nuclear contra a China e a Rússia.

“A revisão de Bush também indica que os Estados Unidos devem estar preparados para usar armas nucleares contra a China , citando “a combinação dos objetivos estratégicos ainda em desenvolvimento da China e sua modernização contínua de suas forças nucleares e não nucleares”.

“Finalmente, embora a revisão repita as afirmações do governo Bush de que a Rússia não é mais um inimigo , diz que os Estados Unidos devem estar preparados para contingências nucleares com a Rússia e observa que, se “as relações dos EUA com a Rússia piorarem significativamente no futuro, os EUA podem precisa revisar seus níveis de força nuclear e postura”. Por fim, a revisão conclui que o conflito nuclear com a Rússia é “plausível”, mas “não esperado”. [que. foi em 2002] (  Controle de Armas ) ênfase adicionada.

A Privatização da Guerra Nuclear

Com as tensões crescendo nas principais regiões do mundo, uma nova geração de tecnologia de armas nucleares estava se desenvolvendo, tornando a guerra nuclear uma perspectiva muito real. E com muito pouco alarde, os EUA embarcaram na privatização da guerra nuclear sob uma doutrina “preventiva” de primeiro ataque. Este processo entrou em pleno andamento logo após a Revisão da Postura Nuclear de 2001 (2001 NPR), adotada pelo Senado dos EUA em 2002.

Em 6 de agosto de 2003, no Dia de Hiroshima, comemorando quando a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima (6 de agosto de 1945), uma reunião secreta foi realizada a portas fechadas no Quartel General do Comando Estratégico na Base Aérea de Offutt em Nebraska. Executivos seniores da indústria nuclear e do complexo industrial militar estiveram presentes.

Essa mistura de empreiteiros de defesa, cientistas e formuladores de políticas não pretendia comemorar Hiroshima. A reunião pretendia preparar o terreno para o desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares “menores”, “mais seguras” e “mais utilizáveis”, para serem usadas nas “guerras nucleares no teatro” do século XXI.

“A guerra nuclear tornou-se um empreendimento multibilionário , que enche os bolsos dos empreiteiros de defesa dos EUA. O que está em jogo é a total “privatização da guerra nuclear”. 

Guerra nuclear contra a China e a Rússia é contemplada

A Rússia está marcada como   “Plausível”, mas “Não Esperado” . Isso foi em 2002.

Hoje, no auge da guerra da Ucrânia, um ataque nuclear preventivo contra a Rússia está no desenho do Pentágono. No entanto, isso não significa que será implementado.

Uma guerra nuclear não pode ser vencida?

Recordamos a declaração histórica de Reagan: “ Uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser combatida. O único valor em nossas duas nações possuidoras de armas nucleares é garantir que elas nunca sejam usadas.”

No entanto, existem vozes poderosas e grupos de lobby dentro do establishment dos EUA e do governo Biden que estão convencidos de que “uma guerra nuclear pode ser vencida”.

Flashback do período entre guerras:  Wall Street financia a campanha eleitoral de Hitler 

De acordo com Yuri Robsov , Wall Street e os Rockefellers estavam financiando a máquina de guerra da Alemanha, bem como a campanha eleitoral de Adolf Hitler:

A cooperação americana com o complexo militar-industrial alemão foi tão intensa e difundida que em 1933 os principais setores da indústria alemã e grandes bancos como Deutsche Bank, Dresdner Bank, Danat-Bank (Darmstädter und Nationalbank), etc. capital financeiro americano.

Simultaneamente preparava-se a força política que se pretendia desempenhar um papel crucial nos planos anglo-americanos. Estamos falando sobre o financiamento do partido nazista e de Adolf Hitler pessoalmente.

Em 4 de janeiro de 1932, foi realizada uma reunião entre o financista britânico Montagu Norman ( governador do Banco da Inglaterra) , Adolf Hitler e  Franz Von Papen (que se tornou chanceler alguns meses depois, em maio de 1932). financiamento do  Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (NSDAP ou Partido Nazista) foi alcançado.

Esta reunião também contou com a presença de formuladores de políticas dos EUA e dos irmãos Dulles , algo que seus biógrafos não gostam de mencionar.

Um ano depois, em 14 de janeiro de 1933, ocorreu outra reunião entre Adolf Hitler, o financista barão Kurt von Schroeder da Alemanha, o  chanceler Franz von  Papen e o conselheiro econômico de Hitler, Wilhelm Keppler , onde o programa de Hitler foi totalmente aprovado.

Foi aqui que finalmente resolveram a questão da transferência do poder para os nazistas e, em 30 de janeiro de 1933, Hitler tornou-se chanceler . Inicia-se assim a implementação da quarta etapa da estratégia.

Segunda Guerra Mundial: “Operação Barbarossa”

Há ampla evidência de que tanto os EUA quanto seu aliado britânico pretendiam que a Alemanha nazista vencesse a guerra na Frente Oriental com o objetivo de destruir a União Soviética:  
.

“As crescentes suspeitas de Stalin e sua comitiva, de que as potências anglo-americanas esperavam que a guerra nazista-soviética durasse anos, baseavam-se em preocupações bem fundamentadas.  Esse desejo já havia sido manifestado em parte por Harry S. Truman , futuro presidente dos Estados Unidos, horas depois de a Wehrmacht ter invadido a União Soviética.

Truman, então senador dos Estados Unidos, disse que queria ver os soviéticos e os alemães “matando o maior número possível” entre si, uma atitude que o New York Times mais tarde chamou de “política firme” . O Times já havia publicado os comentários de Truman em 24 de junho de 1941 e, como resultado, suas opiniões provavelmente não teriam escapado à atenção dos soviéticos. Shane Quinn, Pesquisa Global, março de 2022 )

A Operação Barbarossa de Hitler,  iniciada em junho de 1941, teria fracassado desde o início se não fosse pelo apoio da Standard Oil de Nova Jersey (propriedade dos Rockefellers), que rotineiramente fornecia amplos suprimentos de petróleo ao Terceiro Reich. Enquanto a Alemanha conseguiu transformar o carvão em combustível, essa produção sintética foi insuficiente. Além disso, os recursos petrolíferos da Romênia em Ploesti (sob controle nazista até 1944) eram mínimos. A Alemanha nazista dependia em grande parte das remessas de petróleo da US Standard Oil.
.

A legislação de comércio com o inimigo (1917) implementada oficialmente após a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial não impediu a Standard Oil de Nova Jersey de vender petróleo para a Alemanha nazista. Isso apesar da investigação do Senado de 1942 sobre a US Standard Oil.

Embora os embarques diretos de petróleo dos EUA fossem reduzidos, a Standard Oil venderia petróleo dos EUA por meio de terceiros países. O petróleo dos EUA foi enviado para a França ocupada (oficialmente via Suíça, e da França foi enviado para a Alemanha:  “… Os embarques passaram pela Espanha, colônias da França de Vichy nas Índias Ocidentais e Suíça.”

Sem esses embarques de petróleo instrumentados pela Standard Oil e pelos Rockefellers, a Alemanha nazista não teria sido capaz de implementar sua agenda militar. Sem combustível, a frente oriental do Terceiro Reich sob a Operação Barbarossa provavelmente não teria acontecido, salvando milhões de vidas . A frente ocidental, incluindo a ocupação militar da França, Bélgica e Holanda, sem dúvida também teria sido afetada.

A URSS realmente venceu a guerra contra a Alemanha nazista, com 27 milhões de mortes, que em parte resultaram da flagrante violação do Comércio com o Inimigo pela Standard Oil.
.

“Operação impensável”: um cenário da Terceira Guerra Mundial formulado durante a Segunda Guerra Mundial

.
Um cenário de Terceira Guerra Mundial contra a União Soviética já havia sido vislumbrado no início de 1945, sob o que se chamou   de Operação Impensável , a ser lançada antes do fim oficial da Segunda Guerra Mundial em 2 de setembro de 1945.
.
Roosevelt, Churchill e Stalin se encontraram em Yalta no início de fevereiro de 1945, principalmente com o objetivo de negociar a ocupação pós-guerra da Alemanha e do Japão.
 .
 
Vídeo: Conferência de Yalta
.

 .
“ Se você pensou que a Guerra Fria entre o Oriente e o Ocidente atingiu seu pico nas décadas de 1950 e 1960, pense novamente. 1945 foi o ano em que a Europa foi o cadinho para uma Terceira Guerra Mundial.
 .
O plano previa um ataque maciço dos Aliados em 1º de julho de 1945 por forças britânicas, americanas, polonesas e alemãs – sim, alemãs – contra o Exército Vermelho. Eles pretendiam empurrá-los para fora da Alemanha Oriental e da Polônia ocupadas pelos soviéticos, dar a Stalin um nariz sangrando e forçá-lo a reconsiderar seu domínio da Europa Oriental. … Por fim, em junho de 1945, os conselheiros militares de Churchill o advertiram contra a implementação do plano, mas ele ainda permanecia como um projeto para uma Terceira Guerra Mundial.  … Os americanos haviam acabado de testar com sucesso uma bomba atômica, e agora havia a tentação final de obliterar os centros de população soviéticos ”

.

A “Operação Impensável ” de Churchill contra as forças soviéticas na Europa Oriental (veja acima) foi abandonada em junho de 1945.

Durante seu mandato como primeiro-ministro (1940-45), Churchill apoiou o Projeto Manhattan. Foi protagonista da guerra nuclear contra a União Soviética, contemplada no projeto Manhattan já em 1942, quando os EUA e a União Soviética eram aliados contra a Alemanha nazista.

Um Projeto para uma Terceira Guerra Mundial usando armas nucleares contra 66 grandes áreas urbanas da União Soviética foi formulado oficialmente em 15 de setembro de 1945 pelo Departamento de Guerra dos Estados Unidos (veja a seção abaixo).

Conferência de Potsdam

O vice-presidente Harry S. Truman foi empossado como presidente dos Estados Unidos em 12 de abril de 1945 , após a morte de Franklin D. Roosevelt, que morreu inesperadamente de uma hemorragia cerebral.
 .
Nas reuniões de Potsdam , o presidente Truman entrou em discussões (julho de 1945) com Stalin e Churchill: (ver imagem à direita). As discussões foram de natureza diferente das de Yalta, especificamente no que diz respeito a Truman e Churchill, que eram a favor da guerra nuclear:
.

“[British] PM [Churchill] e eu comemos sozinhos. Discutiu Manhattan (é um sucesso). Decidiu contar a Stalin sobre isso . Stalin havia contado ao PM [Churchill] sobre o telegrama do imperador japonês pedindo paz. Stalin também leu sua resposta para mim. Foi satisfatório. Acredite que os japoneses vão desistir antes que a Rússia chegue.  Tenho certeza que sim, quando Manhattan aparecer sobre sua terra natal. Informarei Stalin sobre isso em um momento oportuno. Diário de Truman , 17 de julho de 1945, ênfase adicionada)

O que essa declaração do Diário de Truman confirma é que o Japão “se dobraria” e se renderia aos EUA “antes que a Rússia entrasse” . Em última análise, esse foi o objetivo das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Embora Stalin tenha sido casualmente informado por Truman sobre o Projeto Manhattan em julho de 1945, fontes sugerem que a União Soviética estava ciente do Projeto Manhattan já em 1942. Truman disse a Stalin que a bomba atômica era destinada ao Japão?

“Nos encontramos às 11h. hoje. [Isto é, Stalin, Churchill e o presidente dos Estados Unidos].

Mas eu tive uma sessão muito importante [sem Stalin?] com Lord Mountbatten e o General Marshall [ chefes do estado-maior conjunto dos EUA] antes disso.  [ Esta reunião não fazia parte da agenda oficial ]  Descobrimos a bomba mais terrível da história do mundo.Pode ser a destruição pelo fogo profetizada na era do Vale do Eufrates, depois de Noé e sua arca fabulosa. De qualquer forma, pensamos ter encontrado a maneira de causar a desintegração do átomo. Um experimento no deserto do Novo México foi surpreendente – para dizer o mínimo. Treze libras do explosivo causaram uma cratera de 180 metros de profundidade e 3.200 metros de diâmetro, derrubaram uma torre de aço a 800 metros de distância e derrubaram homens a 10 mil metros de distância. A explosão foi visível por mais de trezentos quilômetros e audível por quarenta quilômetros ou mais.

Esta arma será usada contra o Japão até 10 de agosto. Eu disse ao secretário de guerra, Sr. Stimson, para usá-lo para que objetivos militares e soldados e marinheiros sejam o alvo e não mulheres e crianças. Mesmo que os japoneses sejam selvagens, impiedosos, impiedosos e fanáticos, nós, como líderes mundiais pelo bem-estar comum, não podemos lançar esta terrível bomba na velha capital ou na nova. Ele e eu estamos de acordo. O alvo será puramente militar e emitiremos uma declaração de advertência pedindo aos japoneses que se rendam e salvem vidas. Tenho certeza de que eles não farão isso, mas teremos dado a eles a chance.Certamente é uma coisa boa para o mundo que a turma de Hitler ou de Stalin não tenha descoberto esta bomba atômica. Parece ser a coisa mais terrível já descoberta, mas pode se tornar a mais útil.” ( Diário de Truman, reunião de Potsdam em 18 de julho de 1945 )

A discussão sobre o Projeto Manhattan não consta nas atas oficiais das reuniões.

O infame “Plano da III Guerra Mundial” para realizar um ataque nuclear contra a União Soviética (15 de setembro de 1945)

Apenas duas semanas após o fim oficial da Segunda Guerra Mundial (2 de setembro de 1945), o Departamento de Guerra dos EUA emitiu uma diretiva (15 de setembro de 1945) para “Apagar a União Soviética do Mapa” (66 cidades com 204 bombas atômicas), quando os EUA e a URSS eram aliados, confirmado por documentos desclassificados. (Para mais detalhes ver Chossudovsky, 2017 )

De acordo com um documento secreto (desclassificado) datado de  15 de setembro de 1945, “ o Pentágono pretendia explodir a União Soviética  com um ataque nuclear coordenado contra as principais áreas urbanas.

Todas as principais cidades da União Soviética foram incluídas na lista de 66 alvos “estratégicos”. As tabelas abaixo categorizam cada cidade em termos de área em milhas quadradas e o número correspondente de bombas atômicas necessárias para aniquilar e matar os habitantes de áreas urbanas selecionadas.

Seis bombas atômicas seriam usadas para destruir cada uma das grandes cidades, incluindo Moscou, Leningrado, Tashkent, Kiev, Kharkov, Odessa.

O Pentágono estimou que seriam necessárias 204 bombas atômicas para “varrer a União Soviética do mapa” . Os alvos de um ataque nuclear consistiam em sessenta e seis grandes cidades.

Uma única bomba atômica lançada sobre Hiroshima resultou na morte imediata de 100.000 pessoas nos primeiros sete segundos. Imagine o que teria acontecido se 204 bombas atômicas tivessem sido lançadas nas principais cidades da União Soviética, conforme descrito em um plano secreto dos EUA formulado durante a Segunda Guerra Mundial.

Hiroshima após o ataque com bomba atômica, 6 de agosto de 1945

O documento delineando essa agenda militar diabólica havia sido divulgado em setembro de 1945, apenas um mês após o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki (6 e 9 de agosto de 1945) e dois anos antes do início da Guerra Fria (1947).

O plano secreto datado de 15 de setembro de 1945  (duas semanas após a rendição do Japão em 2 de setembro de 1945 a bordo do USS Missouri, veja imagem abaixo) , no entanto, havia sido formulado em um período anterior, ou seja, no auge da Segunda Guerra Mundial, numa época em que os Estados Unidos e a União Soviética eram aliados próximos.

O projeto Manhattan foi lançado em 1939, dois anos antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial em dezembro de 1941. O Kremlin estava totalmente ciente do projeto secreto de Manhattan desde 1942.

Hiroshima e Nagasaki: ensaio geral para ataque nuclear planejado contra a União Soviética

Os ataques de agosto de 1945 em Hiroshima e Nagasaki foram usados ​​pelo Pentágono para avaliar a viabilidade de um ataque muito maior à União Soviética, consistindo em mais de 204 bombas atômicas? Os principais documentos para bombardear 66 cidades da União Soviética (15 de setembro de 1945) foram finalizados 5-6 semanas após os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki (6, 9 de agosto de 1945):

“Em 15 de setembro de 1945 – pouco menos de duas semanas após a rendição formal do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial – Norstad enviou uma cópia da estimativa ao General Leslie Groves , ainda chefe do Projeto Manhattan, e o cara que, de qualquer maneira, a curto prazo, seria responsável pela produção de quaisquer bombas que a USAAF quisesse. Como você pode imaginar, a classificação neste documento era alta: “TOP SECRET LIMITED”, que era quase tão alta quanto durante a Segunda Guerra Mundial. (Alex Wellerstein,  Os primeiros requisitos de estoque atômico (setembro de 1945)

O Kremlin estava ciente do plano de 1945 para bombardear sessenta e seis cidades soviéticas.

Os documentos confirmam que os EUA estiveram envolvidos no “planejamento do genocídio” contra a União Soviética. 

Vamos direto ao assunto. Quantas bombas a USAAF solicitou ao general atômico, quando havia talvez uma, talvez duas bombas de material físsil em mãos? No mínimo , eles queriam 123. Idealmente , eles gostariam de 466. Isso é pouco mais de um mês após os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.

É claro que, de maneira verdadeiramente burocrática, eles forneceram um gráfico prático e elegante (Alex Wellerstein, op. cit)

http://blog.nuclearsecrecy.com/wp-content/uploads/2012/05/1945-Atomic-Bomb-Production.pdf 

Cidades soviéticas serão alvo de bombas atômicas

 

Mapa de 66 áreas estratégicas urbanas soviéticas a serem bombardeadas com 206 bombas atômicas (desclassificado em setembro de 1945) 

Acesse todos os documentos da Operação 15 de setembro de 1945

A corrida armamentista nuclear

Central para nossa compreensão da Guerra Fria que começou (oficialmente) em 1947, o plano de Washington de setembro de 1945 para bombardear 66 cidades em pedacinhos desempenhou um papel fundamental no desencadeamento da corrida armamentista nuclear.

A União Soviética foi ameaçada e desenvolveu sua própria bomba atômica em 1949 em resposta aos relatórios da inteligência soviética de 1942 sobre o Projeto Manhattan.

Embora o Kremlin soubesse desses planos para “eliminar” a URSS, o público em geral não foi informado porque os documentos de setembro de 1945 eram, é claro, confidenciais. Eles foram desclassificados 30 anos depois, em setembro de 1975

Hoje, nem o plano de setembro de 1945 para explodir a União Soviética nem a causa subjacente da corrida armamentista nuclear são reconhecidos. A mídia ocidental concentrou sua atenção principalmente no confronto EUA-URSS na Guerra Fria. O plano para aniquilar a União Soviética que remonta à Segunda Guerra Mundial e o infame projeto de Manhattan não são mencionados.

Os planos nucleares de Washington para a Guerra Fria são invariavelmente apresentados em resposta às chamadas ameaças soviéticas, quando na verdade foi o plano dos EUA lançado em setembro de 1945 (formulado em um período anterior no auge da Segunda Guerra Mundial) para acabar com os soviéticos que motivou Moscou para desenvolver suas capacidades de armas nucleares.

A avaliação do Bulletin of the Atomic Scientists erroneamente culpou e continua a culpar a União Soviética por ter lançado a corrida armamentista nuclear em 1949, quatro anos após o lançamento do Plano Secreto dos EUA em setembro de 1945 para atingir 66 grandes cidades soviéticas com 204 bombas nucleares :

“1949 : A União Soviética nega, mas no outono, o presidente Harry Truman diz ao público americano que os soviéticos testaram seu primeiro dispositivo nuclear, iniciando oficialmente a corrida armamentista. “Não informamos aos americanos que o dia do juízo final está próximo e que eles podem esperar que as bombas atômicas comecem a cair sobre suas cabeças daqui a um mês ou um ano”, explica o Boletim. “Mas achamos que eles têm motivos para estar profundamente alarmados e preparados para decisões graves.  ( Timeline of the Doomsday Clock , Bulletin of Atomic Scientists, 2017)

IMPORTANTE: Se os EUA tivessem decidido NÃO desenvolver armas nucleares para uso contra a União Soviética, a corrida armamentista nuclear não teria ocorrido. 

Nem a União Soviética nem a República Popular da China teriam desenvolvido capacidades nucleares como meio de “dissuasão” contra os EUA que já haviam formulado planos para aniquilar a União Soviética.

A União Soviética perdeu 26 milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.

A Era da Guerra Fria

A Corrida Armamentista Nuclear foi o resultado direto do plano americano de setembro de 1945 para “explodir a União Soviética”, formulado pelo Departamento de Guerra dos EUA.

A União Soviética testou sua primeira bomba nuclear em 1949. Sem o Projeto Manhattan e o “Projeto da Terceira Guerra Mundial” do Departamento de Guerra de 15 de setembro de 1945, a Corrida Armamentista não teria ocorrido.

O Departamento de Guerra de 15 de setembro de 1945 preparou o terreno para vários planos para travar a Terceira Guerra Mundial contra a Rússia e a China:

A lista da Guerra Fria de 1200 cidades-alvo

Esta lista inicial de 66 cidades de 1945 foi atualizada durante a Guerra Fria (1956) para incluir cerca de 1.200 cidades na URSS e nos países do bloco soviético da Europa Oriental ( ver documentos desclassificados abaixo) . As bombas previstas para uso eram mais poderosas em termos de capacidade explosiva do que as lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Trecho da lista de 1200 cidades soviéticas alvo de ataque nuclear em ordem alfabética. Arquivo de Segurança Nacional, op. cit.

“De acordo com o Plano de 1956, as bombas H deveriam ser usadas contra alvos prioritários do “Poder Aéreo” na União Soviética, China e Europa Oriental. As principais cidades do bloco soviético, incluindo Berlim Oriental, eram altas prioridades na “destruição sistemática” para bombardeios atômicos. (William Burr, lista de alvos de ataque nuclear da Guerra Fria dos EUA de 1200 cidades do bloco soviético “Da Alemanha Oriental à China”,  National Security Archive Electronic Briefing Book No. 538 , dezembro de 2015

Fonte: Arquivo de Segurança Nacional

 

Rand Corporation

Durante a Guerra Fria, prevaleceu a doutrina da Destruição Mútua Assegurada (MAD), ou seja, que o uso de armas nucleares resultaria na “destruição tanto do atacante quanto do defensor”.

Na era pós Guerra Fria, a doutrina nuclear dos EUA foi redefinida. Ações militares “ofensivas” usando ogivas nucleares são agora descritas como atos de “autodefesa”.

Guerra Nuclear Humanitária sob Joe Biden

 Intervenções militares lideradas pelos EUA-NATO (Iugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iêmen) que resultaram em milhões de vítimas civis são anunciadas como Guerras Humanitárias, como um meio de garantir a Paz.

Este também é o discurso subjacente à intervenção dos EUA-NATO na Ucrânia.

“Só quero que saibam que, quando falamos de guerra, na verdade estamos falando de paz”, disse George W. Bush

“Bombas Nucleares Humanitárias”

Esse tipo de fachada de “bombas nucleares humanitárias” não está apenas incorporada à agenda de política externa de Joe Biden, mas constitui o esteio da doutrina militar dos EUA, ou seja, a chamada Revisão da Postura Nuclear, sem mencionar o programa de 1,2 trilhão de armas nucleares iniciado durante o governo Obama.

As mini-nucleares B61 implantadas na Europa Ocidental

A mais recente “mini bomba nuclear” B61-12 está programada para ser implantada na Europa Ocidental, visando a Rússia e o Oriente Médio (substituindo as bombas nucleares B61 existentes).

A B-61-12 é retratada como uma “bomba humanitária” “mais utilizável” “de baixo rendimento” “inofensiva para os civis”. Essa é a ideologia. A realidade é a “Destruição Mútua Assegurada” (MAD).

O B61-12 tem um rendimento máximo de 50 quilotons , que é mais de três vezes o de uma  bomba de Hiroshima (15 quilotons) , que resultou em mais de 100.000 mortes em questão de minutos.

Se um ataque preventivo usando uma chamada mini bomba nuclear fosse bem-sucedido, direcionado contra a Rússia ou o Irã, isso poderia levar a humanidade a um cenário de Terceira Guerra Mundial. É claro que esses detalhes não são destacados nos principais relatórios da mídia.

F-15E Eagle Strike Eagle Fighter para a entrega do B-61-12 

Bombas nucleares de baixo rendimento: a guerra humanitária vai ao ar

E quando as características dessa bomba nuclear “inofensiva” de baixo rendimento são inseridas nos manuais militares, a “guerra humanitária” entra no ar: “É de baixo rendimento e segura para civis, vamos usá-la” [paráfrase].

O arsenal americano de bombas nucleares B61 dirigidas contra o Oriente Médio está atualmente localizado nas bases militares de 5 estados não nucleares (Itália, Alemanha, Holanda, Bélgica, Turquia). A estrutura de comando pertencente ao B61-12 ainda não foi confirmada. A situação em relação à base Incirlik da Turquia não é clara.

Defender armas de destruição em massa como instrumentos de paz é um artifício perigoso

Ao longo da história, os “erros” desempenharam um papel fundamental 

Estamos em uma encruzilhada perigosa. Não há nenhum movimento real anti-guerra à vista.

Porque? Porque a guerra é boa para os negócios!

E os poderes do Big Money que estão por trás das guerras lideradas pelos EUA-OTAN controlam tanto o movimento anti-guerra quanto a cobertura da mídia das guerras lideradas pelos EUA. Isso não é novidade. Ela remonta à chamada Guerra Soviética-Afegã (1979-), liderada pelo Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew Brzezinski. 

Através de suas fundações “filantrópicas” (Ford, Rockefeller, Soros e outros), as elites financeiras canalizaram ao longo dos anos milhões de dólares para financiar os chamados “movimentos progressistas”, incluindo o Fórum Social Mundial (FSM).

Chama-se “dissidência manufaturada”: muito dinheiro também está por trás de vários golpes de estado e revoluções coloridas.

Enquanto isso, setores importantes da esquerda, incluindo ativistas antiguerra comprometidos, endossaram os mandatos da Covid sem verificar ou reconhecer os fatos e a história da chamada pandemia.

Deve-se entender que as políticas de bloqueio, bem como a “vacina assassina” do Covid-19, são parte integrante do “arsenal mais amplo” da elite financeira. Eles são instrumentos de submissão e tirania. 

O Great Reset do Fórum Econômico Mundial é parte integrante do cenário da Terceira Guerra Mundial que consiste em estabelecer por meios militares e não militares um sistema imperial de “governança global”.

Os mesmos interesses financeiros poderosos (Rockefeller, Rothschild, BlackRock, Vanguard, et al) que apóiam a agenda militar EUA-NATO estão firmemente por trás da  “Operação Pandêmica Covid”.

***

A Batalha Histórica pela Paz e pela Democracia. Uma Terceira Guerra Mundial significa o fim da humanidade?

Propaganda de guerra implacável e desinformação da mídia é a força motriz. Deve ser confrontado. 

A “coexistência pacífica” e a diplomacia entre a Rússia e os EUA são uma opção? 

“Guerra é boa para os negócios”: governos corruptos que defendem os interesses de muito dinheiro devem ser desafiados


“ Rumo a um cenário da Terceira Guerra Mundial: os perigos da guerra nuclear ” 

por Michel Chossudovsky

Disponível para encomenda na Global Research! 

Número ISBN: 978-0-9737147-5-3
Ano: 2012
Páginas: 102

Edição PDF : $ 6,50 (enviado diretamente para sua conta de e-mail!)

Michel Chossudovsky  é professor de economia na Universidade de Ottawa e diretor do Centro de Pesquisa sobre Globalização (CRG), que hospeda o site aclamado pela crítica  www.globalresearch.ca  . Ele é um colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos foram traduzidos para mais de 20 idiomas.

Avaliações

“Este livro é um recurso 'obrigatório' - um diagnóstico sistemático e ricamente documentado do planejamento geoestratégico supremamente patológico das guerras dos EUA desde '11 de setembro' contra países não nucleares para se apoderar de seus campos de petróleo e recursos sob o disfarce de 'liberdade e democracia'”.
– John McMurtry , professor de filosofia, Universidade de Guelph

“Em um mundo onde as guerras de agressão planejadas, preventivas ou mais “humanitárias” da moda se tornaram a norma, este livro desafiador pode ser nosso último alerta.”
-Denis Halliday , ex-secretário-geral adjunto das Nações Unidas

Michel Chossudovsky expõe a insanidade de nossa máquina de guerra privatizada. O Irã está sendo alvo de armas nucleares como parte de uma agenda de guerra construída sobre distorções e mentiras para fins de lucro privado. Os objetivos reais são o petróleo, a hegemonia financeira e o controle global. O preço pode ser um holocausto nuclear. Quando as armas se tornam a exportação mais quente da única superpotência do mundo e os diplomatas trabalham como vendedores para a indústria de defesa, o mundo inteiro está em perigo de forma imprudente. Se precisamos de um exército, ele pertence inteiramente ao setor público. Ninguém deve lucrar com a morte e destruição em massa.
– Ellen Brown , autora de 'Web of Debt' e presidente do Public Banking Institute  

Comentários