Vacina da Pfizer utiliza a tecnologia de mRNA e atingiu uma taxa de eficácia de 95% nos testes clínicos
Temperatura,
doses e preço: o que se sabe sobre a vacina de Pfizer
Imunizante desenvolvido em conjunto
com BioNTech começou a ser aplicado na população do Reino Unido
Anna Satie e Jéssica Otoboni,
da CNN em
São Paulo
02/12/2020 às 11:58
O Reino Unido começou a vacinar a população nesta terça-feira (8), menos de uma semana após anunciar a aprovação de uso emergencial para o imunizante contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech.
Margaret Keenan, britânica de 90 anos, foi a primeira pessoa no mundo a receber a vacina fora de um ensaio clínico. Ela recebeu a injeção em um hospital em Coventry, no centro da Inglaterra. “Sinto-me muito privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a Covid-19”, disse Keenan.
No Brasil, o governo sinalizou que esse imunizante não estaria dentro do perfil desejado, mas diante do avanço da pandemia e a aprovação do imunizante nos Estados Unidos, o Governo Federal anunciou na quinta-feira (10) que assinou um memorando de entendimento junto ao laboratório farmacêutico Pfizer, que vai garantir ao Brasil 70 milhões de doses da vacina em 2021.
O que se sabe sobre a vacina da Pfizer até o momento?
Eficácia
Uma análise final da fase 3 dos estudos clínicos mostrou que a vacina da Pfizer teve 95% de eficácia em prevenir infecções, inclusive em idosos, e não teve nenhum efeito adverso grave.
“A eficácia foi consistente nos grupos demográficos etários, raciais e étnicos. A eficácia observada em adultos acima de 65 anos foi de mais de 94%”, disseram Pfizer e BioNTech em nota conjunta.
A taxa é ainda maior do que a exposta em um relatório preliminar, que alegava 90% de eficácia e surpreendeu autoridades de saúde e desenvolvedores de vacinas ao redor do mundo.
Método
Ao contrário das vacinas tradicionais, que usam vírus inativados ou enfraquecidos, o imunizante da Pfizer/BioNTech usa RNA mensageiro.
O método, que começou a ser desenvolvido nos anos 1990, não era utilizado em nenhuma vacina para humanos até então.
A técnica usa uma molécula sintética, programada com parte do código genético do vírus, para instruir as células do corpo a reconhecer a ameaça. O procedimento seria mais simples e seguro por não utilizar o vírus real.
Doses e preço
O imunizante requer duas doses para ser eficaz: a segunda é aplicada três semanas após a primeira.
A Pfizer não definiu um preço para o governo brasileiro e afirmou que países mais pobres pagariam menos por dose.
A empresa fechou um acordo nos EUA de 100 milhões de doses, cada uma a US$ 19,50 (aproximadamente R$ 102).
O valor é bem mais alto que os estimados para as vacinas da AstraZeneca/Oxford, de US$ 3,16 (R$ 16,50), e da Coronavac, de US$ 10,30 (R$ 54).
Temperatura de transporte
Além do preço, há outra particularidade que pode dificultar a aplicação da vacina da Pfizer/BioNTech no Brasil.
Isso porque ela deve ser mantida em uma temperatura ultrafria, de -70ºC. As empresas criaram um cooler próprio, monitorado por GPS e preenchido com gelo seco, para distribuí-la.
No Reino Unido
No primeiro grupo da vacinação, cerca de 50 hospitais disponibilizarão o imunizante para pessoas acima de 80 anos, profissionais do sistema de saúde sob maior risco e funcionários de casas de repouso.
Depois, o governo quer montar cerca de mil centros de vacinação em todo o país em consultórios médicos para aplicar a vacina em pacientes vulneráveis.
As autoridades de saúde locais esperam ter mais de 4 milhões de doses do imunizante até o fim de dezembro, de um total de 40 milhões de doses encomendadas. Isso seria suficiente para vacinar 20 milhões de pessoas, ou um terço da população britânica.
Nos Estados Unidos
A Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, em inglês), órgão regulador equivalente à Anvisa no Brasil, aprovou na sexta-feira (11) o uso emergencial da vacina da Pfizer, e na tarde de domingo (13), o diretor do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, Robert Redfield, autorizou a aplicação da vacina em maiores de 16 anos.
As doses devem começar a ser aplicadas na segunda-feira (14), primeiramente em grupos de risco: idosos em casas de repouso e trabalhadores da saúde devem ser imunizados antes. Os Estados Unidos planejam distribuir 14 milhões de doses de vacina até o final de 2020, e um número entre 50 milhões e 80 milhões entre janeiro e fevereiro.
No Brasil
Inicialmente, o Ministério da Saúde havia informado que as vacinas contra Covid-19 deveriam ser “fundamentalmente” termoestáveis e armazenadas em temperaturas de 2ºC a 8ºC para serem incluídas no Plano Nacional de Imunização. Isso tiraria a vacina da Pfizer do planos de vacinação do país.
No entanto, técnicos do governo disseram à CNN que, após ser retirada do freezer de -70°C, a vacina consegue se manter estável por aproximadamente oito dias na temperatura considerada dentro dos parâmetros pelo ministério. Se ela for aprovada pela Anvisa, disseram eles, será comprada.
O plano nacional de imunização divulgado pelo governo federal afirma que já foram gastos R$ 4,4 bilhões para disponibilizar 142 milhões de vacinas da Pfizer e do consórcio Covax-Facility.
A vacina da Pfizer foi a que compartilhou mais dados até o momento com a Anvisa, apurou a CNN. Ela já encaminhou documentos até a fase 2 dos estudos, a frente das vacinas da AstraZeneca/Oxford e da Coronavac.
A busca pela aprovação do uso emergencial da vacina avança: a Pfizer solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um certificado de boas práticas pela fabricação da vacina. Essa é uma das etapas que antecedem o pedido de registro e de liberação dos imunizantes para usos emergenciais no Brasil.
(Com informações de Maggie Fox e Amanda Sealy, da CNN, em Atlanta, Laura Smith-Spark, Mia Alberti, Niamh Kennedy e Amy Woodyatt, da CNN, em Londres, e Reuters)
Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/saude/temperatura-doses-e-preco-o-que-se-sabe-sobre-a-vacina-de-pfizer/
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