BARRAS DE PROTEÍNA FAZEM BEM Á SAÚDE?

 

Variedade de barras de proteína
Variedade de barras de proteína Scott Semler/The New York Times

Barras de proteína fazem bem à saúde?

Especialistas apontam quando é vantajoso consumir o produto que conquistou o mundo fitness

 

Por Dani Blum, The New York Times

20/02/2023 08h10  Atualizado há um dia

 

No final dos anos 1980, dois corredores de longa distância que viviam juntos na baía de São Francisco, nos Estados Unidos, misturaram vitaminas, farelo de aveia, proteína do leite e xarope de milho em sua cozinha, preparando o que se tornaria uma das primeiras barras de proteína.

Hoje, elas estão por toda parte e seu consumo se expandiu muito além dos fanáticos por exercícios. Apresentam-se como snacks para comer enquanto vai de um compromisso a outro ou mesmo como parte de uma rotina de autocuidado. Mercearias, postos de gasolina, academias e farmácias oferecem o produto, comercializados como alimentos saudáveis que fornecem energia.

— Nós saímos completamente dos trilhos com a proteína nos últimos anos — diz Hannah Cutting-Jones, historiadora de alimentos e diretora do programa de estudos de alimentos da Universidade de Oregon.

Os fabricantes desses produtos querem que você acredite que eles podem melhorar sua saúde e seu treino. O site da marca Clif Bar mostra pessoas levantando peso ou correndo na chuva; a Gatorade descreve sua barra de proteína como “cientificamente projetada para atletas”. Outras se colocam sob o guarda-chuva do bem-estar.

Apesar da publicidade, especialistas em nutrição dizem que as barras de proteína não são tão saudáveis.

— Você pode colocar “proteína” em uma barra de chocolate e vendê-la, e as pessoas nem questionam isso — lamenta Janet Chrzan, professora assistente adjunta de antropologia nutricional da Universidade da Pensilvânia.

Não há dúvida de que nossos corpos precisam de proteína para construir, manter e reparar os músculos, afirma Anthony DiMarino, nutricionista no Centro de Nutrição Humana da Cleveland Clinic. A proteína também compõe nosso cabelo, pele, unhas e órgãos; e os aminoácidos nas proteínas ajudam nosso cérebro a funcionar. Talvez por isso, a proteína esteja sozinha no mundo do bem-estar. Nos últimos 40 anos, dietas que difamam açúcares, gorduras e carboidratos entraram e saíram de moda. Mas muitas das mais populares, passadas e atuais, priorizam a proteína, associando-a à perda de peso, explica Chrzan.

— Valorizamos tanto a proteína que é a coisa central em nosso prato — lembra.

As pessoas também associam instintivamente a proteína ao condicionamento físico, pontua Marion Nestle, professora de nutrição, estudos alimentares e saúde pública da Universidade de Nova York.

— Quando comem barras de proteína, as pessoas pensam que estão fazendo algo bom para a saúde.

Em países ricos, é difícil encontrar alguém que realmente precise de mais proteína do que já consome, avalia Eric Rimm, professor de epidemiologia e nutrição da Harvard TH Chan School of Public Health. A maioria das pessoas que comem carne ingere muito mais do que a dose diária recomendada — que é cerca de 0,75 gramas por quilo de peso corporal. E aqueles que não comem carne podem obter proteína suficiente de fontes vegetais como tofu, nozes e legumes.

Açúcar e sal

É provável que a proteína o encha mais do que os carboidratos simples, diz Rimm. Isso ocorre porque a proteína ajuda nosso corpo a liberar hormônios que mantêm a fome sob controle. Mas muitas barras de proteína também estão cheias de açúcar.

— Em geral, elas são altamente processadas, ricas em açúcar e sal — alerta Cutting-Jones.

Rimm concorda:

— Muitas barras de proteína são realmente apenas barras de chocolate com mais proteína.

As barras de proteína podem fazer sentido para alguém que precisa aumentar sua ingestão do nutriente, por exemplo, um vegano que não obtém proteína suficiente de sua dieta ou alguém que acabou de fazer um treino intenso, analisa DiMarino. Mas, para a pessoa comum, adicionar mais proteína à sua dieta — principalmente quando se trata de muito açúcar adicionado — não vai torná-lo mais saudável.

— É um lanche para quando você está em apuros — diz Stephanie Urrutia, diretora de nutrição de desempenho do Departamento de Atletismo Intercolegial da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Ela orienta, porém, que barras de proteína não devem ser um substituto para uma refeição.

Nem todas as barras de proteína são criadas iguais em termos de ingredientes e conteúdo nutricional. Se você deseja comer uma, preste atenção ao rótulo de informações nutricionais. Opte por aquelas com ingredientes que você reconhece, aconselha Nestle.

— Se possuem principalmente nozes e frutas, isso não é ruim.

Se você está comendo uma barra de proteína como lanche ou suplemento pós-treino, escolha uma que tenha cerca de 200 calorias por porção, recomenda DiMarino, com menos de 5 gramas de gordura e 5 gramas de açúcar adicionado. e entre 15 a 20 gramas de proteína.

Você também pode optar por um lanche diferente que seja igualmente portátil e nutritivo, orienta Rimm, como uvas, banana, maçã ou iogurte com frutas. Nestle sugeriu um punhado de nozes e DiMarino recomendou atum ou ovos cozidos, que são ricos em proteínas, mas não são processados.


Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2023/02/barras-de-proteina-fazem-bem-a-saude.ghtml


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