METAVERSO: ENTENDA O CONCEITO E SAIBA O QUE ESPERAR DO FUTURO

 

O designer argentino Andrés Reisinger vendeu dez peças virtuais em um leilão NFT, que poderão ser inseridas em espaços 3D compartilhados ou no metaverso (Foto: Divulgação)

O designer argentino Andrés Reisinger vendeu dez peças virtuais em um leilão NFT, que poderão ser inseridas em espaços 3D compartilhados ou no metaverso (Foto: Divulgação)


  • POR LILIAH ANGELINI
 ATUALIZADO EM 

Muitos de vocês, com certeza, acompanharam as manchetes em torno de Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook, e seu plano de investimento na “metaeconomia”, com milhões de dólares nos últimos meses sendo direcionados para a transformação do Facebook em uma empresa metaverse – uma proposta que vai além do rebranding da marca, que passa agora a se chamar Meta.

Mas o que é o metaverso afinal de contas?

Por aqui, na WGSN, esse é um tema que circula desde 2018, quando destacamos em uma das nossas principais matérias de macroprevisão, intitulada “Previsão do Consumidor 2021”, o terceiro espaço como movimento incipiente desse universo metaverso.

NFT distribuída de graça pela Pantone em parceria com artista francês: Cosmo (Foto: Pantone / Divulgação)

A Pantone distribuiu de graça uma série de NFTs em parceria com artista francês Cosmo (Foto: Pantone / Divulgação)

Em 2019, começamos a acompanhar as evoluções regionais e demográficas do “suposto” metaverso, identificando a geração Z como os primeiros adotantes, justamente pela característica que apresentam de serem uma geração nativa digital e extremamente inserida no contexto de construção de comunidades virtuais, assim como uma das principais fomentadoras da indústria de games globalmente.

De 2020 para cá, com o aumento e a diversificação dos investimentos no metaverso, à medida que ele começa a amadurecer, a pergunta de ouro tornou-se: “Como vencer nesta nova economia digital?”. Temas como NFTs, a própria indústria de games, o movimento de consolidação dos influenciadores digitais e a economia “direct-to-avatar” são algumas das principais oportunidades mapeadas e com alto potencial de crescimento para o futuro.

Com o boom do tema no último ano, recebemos perguntas questionando se as empresas já estavam atrasadas em adotar esse novo universo ou ainda se ele é algo para todos os tipos de segmento. A verdade é que o metaverso se encontra em um nível de tendência emergente, ou seja, no seu primeiro estágio da curva de tendências. E o que isso significa? Indica que apesar de ser tema de muitas manchetes em revistas e jornais, ele ainda é uma tendência em desenvolvimento e voltada para o mercado inovador.

Ther Merge, Park (2021) (Foto: Reprodução / Nifty Gateway)

A obra de arte NFT Ther Merge, Park (2021), foi vendida por R$ 513 milhões para 28 mil pessoas (Foto: Reprodução / Nifty Gateway)

Com esse contexto em vista, não existe ainda uma descrição universalmente aceita do metaverso, mas há algumas características amplamente reconhecidas por diversos especialistas e futuristas, traduzindo-o como um universo que poderá ser experienciado tanto no mundo físico quanto no digital através de ativos que transitam de forma fluida em ambos os mundos, e entre os diversos destinos metaversos, propulsor de um novo formato de economia.

Conforme os consumidores e as marcas passarem a habitar realidades cada vez mais fluidas, movendo-se entre os mundos digital e físico, e entre os destinos no metaverso, essa nova existência circular servirá a todos os aspectos importantes da vida e inspirará uma estética mais “phygital”.

Avançando para o mercado de interiores, começamos a observar cada vez mais designers se movimentando nessa direção, a fim de também experimentarem e promoverem o metaverso. O designer argentino Andrés Reisinger recentemente vendeu dez móveis virtuais em um leilão NFT, e cada peça digital poderá ser inserida em qualquer espaço virtual 3D compartilhado ou “metaverso”. Mas Reisinger foi além: cinco de suas criações foram transformadas em objetos físicos reais e enviadas aos seus compradores fisicamente.

O design de mobiliário não será o único segmento a vivenciar isso daqui para a frente. Na esfera da hospitalidade, observamos que a estética do metaverso aplicada ao design de interiores – e associada à influência da indústria de games – pode se tornar uma estratégia para se conectar com os novos viajantes da geração Z. O primeiro hotel com a marca Atari deve ser inaugurado em 2022 e incluirá quartos com detalhes em néon, galerias de arte digital, além de uma área de e-sports e experiências imersivas construídas por meio da realidade virtual. Incrível, não?

O Atari Hotel deve ser erguido em Las Vegas em alguma altura de 2022 (Foto: Divulgação)

O Atari Hotel deve ser erguido em Las Vegas em 2022 (Foto: Divulgação)

Por fim, devemos seguir atentos às novas oportunidades de serviços e tecnologia, que, inclusive, evoluirão juntas para entregar experiências facilitadoras e digitalmente construídas para mercados diversos, como o imobiliário, por exemplo. O aplicativo Matterport produz réplicas digitais de espaços em 3D, que podem ser usadas em tours imobiliários, gestão de imóveis e projetos de renovação de casas, uma vez que apresentam não só o espaço do projeto, mas camadas de informações relacionadas a produtos, acabamentos e texturas presentes nos ambientes, proporcionando uma visualização mais imersiva do que a renderização tradicional para clientes e potenciais compradores.

Ainda sob a perspectiva da tecnologia como aliada nesse movimento de consolidação do metaverso, recursos como os de RA prontos podem ser o pontapé para preparar o consumidor para tal universo – além de se conectarem com o interesse crescente dos clientes por projetos de renovação, acompanhando a tendência do DIY.

Lançado em 2020, o aplicativo Primer permite que consumidores, usando a câmera de seus smartphones, consigam projetar e visualizar produtos como tintas, papéis de parede e azulejos em suas casas, entendendo como tais itens funcionam em seus lares, considerando condições reais – como uma iluminação específica ou até mesmo a decoração já existente.

Na montagem, é possível perceber como o vídeo da artista Kii Arens pode ser sobreposto à casa em Thousand Oaks, Califórnia (Foto: Divulgação)

Obra de arte em NFT da artista Kii Arens é vendida junto à casa na qual foi inspirada e pode ser sobreposta a ela (Foto: Divulgação)

Vale lembrar: o metaverso funciona como um portal para outros espaços, onde consumidores e marcas poderão testar novas ideias e estéticas e, de quebra, criar ou experienciar propostas de negócio inovadoras. O metaverso transformará o futuro do design virtual, como já estamos observando fortemente nos mercados de interiores e da moda. Além de oferecer novas oportunidades de lucro e negócios, o metaverso está se transformando em uma plataforma descentralizada que reflete os valores, princípios e ambições de nossa sociedade. Com ele, teremos mais espaço para explorar os progressos sociais que tanto almejamos enquanto sociedade.

O metaverso ganhará mais relevância nos próximos anos? Muito provavelmente. Ele já atingiu a maturidade? Ainda não. Enquanto isso, seguiremos entusiasmados por aqui e acompanhando de perto sua evolução em direção ao mercado de massa, à medida que ele começa a ser explorado mais transversalmente pela indústria tanto na perspectiva de marketing quanto na de produto e varejo.

Fonte:https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Colunistas/Tendencias-do-morar/noticia/2022/04/metaverso-entenda-o-conceito-e-saiba-o-que-esperar-para-o-futuro.html


Comentários