CRIANÇA QUE DORME TARDE TEM CRESCIMENTO PREJUDICADO. SONO INADEQUADO DA CRIANÇA PODE AFETAR DESENVOLVIMENTO FUTURO E AUMENTAR A CHANCE DE OBESIDADE INFANTIL, DIZ ESTUDO

 


Menina dormindo com pato de pelúcia (Foto: Sam K/Pexels)

Menina dormindo com pato de pelúcia (Foto: Sam K/Pexels)

  • DRA. ANA MARIA ESCOBAR
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Sono

“A criança que dorme tarde tem mesmo o crescimento prejudicado?”
Alana Saori, via Instagram

sono que descansa é reparador e essencial para o nosso organismo. O hormônio do crescimento, um dos responsáveis pelo desenvolvimento de crianças e adolescentes, é liberado em picos ao longo do dia e da noite. Porém, durante o período noturno, geralmente após duas horas de sono profundo, há um pico alto de liberação. Por isso, é bom que as crianças tenham um sono calmo, tranquilo e relaxante, e isso significa dormir pelo menos nove horas por noite. Dormir tarde pode prejudicar a qualidade do sono e o crescimento adequado, pois quem dorme tarde, acorda tarde. E a movimentação do dia, os barulhos da casa e da cidade podem, sim, prejudicar um sono reparador. Resultado: as crianças acordam cansadas e entram num ciclo de dormir pouco e mal.

Ana Maria Escobar é professora de pediatria da Faculdade de Medicina da USP e consultora do programa “Bem Estar”, da TV Globo (Foto: Guto Seixas/Editora Globo)

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Ter uma boa noite de sono é essencial, principalmente para os pequenos. Um novo estudo, publicado no jornal acadêmico SpringerLink, trouxe novas evidências para reforçar essa afirmação. De acordo com a pesquisa, a expressão facial das crianças após uma restrição de sono pode prever problemas sociais a longo prazo.

Os pesquisadores da Universidade de Houston, no Texas, nos Estados Unidos, descobriram que o sono inadequado em crianças pode afetar seu desenvolvimento emocional futuro. “Problemas de sono em crianças estão rotineiramente associados a menor competência social e mais problemas no relacionamento com os seus pares”, relata a professora da Universidade de Houston, Candice Alfano, que também é uma das autoras do estudo. 

Com base nas descobertas de algumas de suas pesquisas anteriores, a estudiosa levantou a hipótese de que as respostas podem estar, em parte, relacionadas como os rostos das crianças expressam emoções quando elas estão cansadas.

Sleep Talk consiste em falar com os pequeno durante o sono REM (Foto: Getty)

 (Foto: Getty)

Durante o estudo, os pesquisadores examinaram 37 crianças com idades entre 7 e 11 anos. Nesse período, foram  realizadas duas avaliações emocionais em laboratório. A primeira quando as crianças estavam bem descansadas e outra após duas noites de restrição parcial do sono. Ainda no decorrer dessas avaliações, as crianças viram imagens positivas (como gatinhos e sorvete) e negativas (como uma foto de cães ferozes) na tela do computador, enquanto uma câmera de alta definição registrava suas expressões faciais.

Os pais dos participantes forneceram relatórios sobre o comportamento social de seus filhos naquela época e aproximadamente dois anos depois. “Como suspeitamos, crianças que exibiram expressões faciais menos positivas em resposta a imagens agradáveis quando o sono foi restrito tiveram mais problemas sociais dois anos depois”, disse Alfano.

“Para as crianças mais novas, comportamentos mais explícitos, como compartilhar e revezar, podem ser mais importantes para as amizades do que expressões faciais sutis. Porém, a expressão emocional torna-se mais importante com a idade ”, explica Alfano. “As expressões faciais não apenas fornecem aos outros uma compreensão de como você está se sentindo, mas são conhecidas por ter um efeito contagioso sobre como os outros se sentem”.

De acordo com a Universidade de Houston, esses resultados apoiam um crescente corpo de pesquisas que indica que a má qualidade do sono na infância prevê problemas socioemocionais posteriores e também ressalta a importância de estudos que explorem como o sono afeta as múltiplas facetas da saúde mental e do bem-estar das crianças. É claro que precisamos ter mais estudos relacionados ao tema, no entanto, se você tem problemas para fazer o seu filho dormir, confira algumas dicas que CRESCER separou. 

Higiene do sono: 6 passos para seu filho dormir melhor

Com a pandemia, a qualidade do sono de todo mundo diminui, o que leva a ainda mais consequências, como estresse, irritabilidade e até baixa na imunidade. Para resolver a questão, é preciso ter uma boa higiene do sono, ou seja, uma organização dos hábitos da família em prol de um sono com melhor qualidade.

O primeiro passo é (re)planejar a agenda. Vai levar cerca de dez dias para que a família comece a sentir os primeiros efeitos, portanto não desista. Aqui, 6 passos para melhorar a higiene do sono do seu filho - e a sua também!

1 - Estabeleça um horário para colocar a criança para dormir. De preferência, ela deve ir acordada para aprender a “pegar” no sono.

2 - Escolha um objeto que funcione como aviso da hora de dormir, como a fralda, um paninho, o travesseiro.

3 - Crie um ritual de sono, como um banho morno e relaxante, dar de mamar, fazer a troca e vestir um pijama, escovar os dentes, colocar a criança na cama, parar por alguns minutos, em silêncio, fazer uma leitura, meditação...

4 - Não inicie o sono na sala e depois transfira para o quarto. Quando acordar, a criança pode ficar “assustada”, porque dormiu em um local e acordou em outro.

5 - Evite que o seu filho use eletrônicos na hora de dormir. Eles emitem a luz azul, que inibe a produção de melatonina.

6 - Diminua a intensidade da luz do cômodo: utilizar um abajur ajuda a mandar mensagens para o cérebro de que é hora de produzir melatonina e de adormecer.

Fonte: Danielle Negri, pediatra do Grupo Perinatal, do Rio de Janeiro (RJ)

Um estudo divulgado na última sexta-feira (22), pela revista científica Sleep, descobriu que recém-nascidos que dormem mais e acordam menos durante a noite têm menos chances de ter excesso de peso na infância.

Sono (Foto: Thinkstock)

Sono do bebê pode impactar tendência à obesidade infantil, diz estudo (Foto: Thinkstock)

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De acordo com o site de notícias médicas News Medical, os pesquisadores analisaram dados de 298 recém-nascidos do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, entre 2016 e 2018. O padrão de sono dos bebês foi monitorado com a ajuda de um relógio de actigrafia, um dispositivo que mede os padrões de atividade e descanso, colocado no tornozelo dos pequenos.

Além disso, os pais preencheram um diário de sono, registrando os períodos em que o bebê dormia ou acordava durante a noite. Os cientistas mediram o peso e a altura dos bebês, para determinar o IMC (índice de massa corporal). Os resultados mostraram que uma hora adicional de sono pode significar redução de 26% no risco de sobrepeso. Os bebês que acordaram menos durante a noite também apresentaram menor risco de ganho excessivo de peso. Os pesquisadores não sabem ao certo porque isso acontece, mas especulam que dormir mais ajuda a manter uma rotina de alimentação, diminuindo as chances de o bebê mamar em excesso. 


Outros fatores, como tempo de amamentação, podem ter impactado os resultados. Os pesquisadores pretendem, no futuro, estender o estudo para avaliar como os padrões de sono afetam o crescimento nos primeiros dois anos de vida, para identificar os principais fatores que correlacionam o sono e o ganho de peso.

"Este estudo ressalta a importância de um sono saudável em todas as idades. Os pais devem consultar seus pediatras sobre as melhores práticas para promover um sono saudável, como manter horários de sono consistentes, fornecer um espaço escuro e silencioso para dormir e evitar mamadeiras na cama”, declarou Susan Redline, co-autora do estudo e médica da Divisão de Sono e Distúrbios Circadianos do Brigham and Women's Hospital, ainda segundo o News Medical.

Fonte:https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/

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