Estudo sugere explicação de base molecular dos sintomas da Covid longa
Uma das hipóteses é que a infecção inicial deixa para trás restos de células mortas e fragmentos de RNA viral, causando uma inflamação prolongada nos indivíduos infectados
Atualmente, na maioria dos indivíduos, o vírus Sars-CoV-2 é eliminado pelo sistema imunológico com certa rapidez, mas alguns manifestam sintomas de longa duração, que podem causar depressão, ansiedade e perda de concentração conhecida como “nevoeiro cerebral”, entre outras manifestações. Essa é a chamada covid longa.
Apesar de suas causas exatas ainda permanecerem desconhecidas, a comunidade científica está empenhada a compreender melhor o fenômeno já há algum tempo. Um novo estudo, liderado por pesquisadores da Universidade de Nova York e publicado nesta terça-feira (7) na Science Translational Medicine, buscou compreender melhor as bases desse tipo de infecção em hamsters e amostras de tecido humano.
A pesquisa mostrou que após o término da infecção viral inicial, as mudanças biológicas mais profundas ocorrem no sistema olfativo, formado pela cavidade nasal e a região adjacente do cérebro que recebe informações sobre odores, o chamado bulbo olfativo.
Esse é o primeiro estudo a mostrar que hamsters previamente infectados com a Covid desenvolvem essa resposta inflamatória no tecido olfativo, e ainda que essa inflamação pode afetar os centros cerebrais que governam emoção e cognição.
Uma das hipóteses do estudo é que a infecção prolongada poderia vir justamente desse extenso dano ao revestimento celular olfativo, que dá às bactérias acesso a células às quais elas normalmente não seriam expostas, como as células cerebrais no bulbo, por exemplo.
O vírus Sars-CoV-2 afeta naturalmente hamsters e humanos e a infecção dura de 7 a 10 dias para ambos os hospedeiros, segundo os pesquisadores. “Ao descrever um modelo animal próximo o suficiente da biologia humana, este estudo sugere que o mecanismo molecular por trás de muitos sintomas longos da Covid-19 decorre dessa inflamação persistente”, afirmou Benjamin tenOever, professor do Departamento de Medicina e Microbiologia da NYU, em comunicado.
As descobertas também confirmaram que as reações imunológicas observadas na Covid longa estão ocorrendo em tecidos onde o vírus Sars-Cov-2 não está mais presente. Uma das teorias da equipe é que os danos da infecção inicial deixam para trás restos de células mortas e fragmentos de RNA viral, e isso causaria a inflamação prolongada.
Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Biologia/noticia/2022/06/estudo-sugere-explicacao-de-base-molecular-dos-sintomas-da-covid-longa.html
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