ELZA SOARES,A MAIOR CANTORA E DIVA POP DO BRASIL: A MULHER DO FIM DO MUNDO

 

Cantora Elza Soares morre aos 91 anos (Foto: Reprodução / Instagram)

Cantora Elza Soares morre aos 91 anos (Foto: Reprodução / Instagram)


Maior cantora da música brasileira de todos os tempos, Elza Soares morreu aos 91 anos na tarde desta quinta-feira (20) por causas naturais. Elza estava em sua casa, no bairro de Copacaba, zona sul do Rio de Janeiro, e "cantou até o fim", informou a sua equipe pelo Instagram da artista.

“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais", diz o comunicado. 

"Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, continua a nota escrita por sua equipe.

O corpo da cantora será sepultado no Jardim da Saudade Sulacap, na tarde da sexta-feira (21), depois do velório no Theatro Municipal do Rio.

A voz do milênio

Nascida na cidade do Rio de Janeiro em junho de 1930, Elza Gomes da Conceição começou a compor já na infância, quando seu pai (Avelino Gomes) tocava violão e ela, aos poucos, ia tendo contato com a música.

Filha de operário e lavadeira (Rosária Maria da Conceição), foi criada na favela de Moça Bonita, dentro do bairro de Padre Miguel, e, aos 12 anos, obrigada pelo pai a se casar com Lourdes Antonio Soares, conhecido como Alaúde, de quem pegou o sobrenome que a consagrou.

Aos 13, foi mãe pela primeira vez. Aos 15, já tinha perdido dois filhos para a fome. Nesta entrevista à jornalista Ana Luiza Guimarães, conta que nesse tempo viveu anos de extrema pobreza, em que precisava espantar os urubus no lixo para poder pegar comida. Aos 21, ficou viúva. Aos 27, mãe de cinco (quatro homens e uma mulher). No fim, teve nove filhos e experimentou luto e saudade da maior parte deles.

Reconhecida em 1999 como a "voz do milênio" pela rádio BBC de Londres, ganhou prêmios como o Grammy Latino, pelo álbum A Mulher do Fim do Mundo, de 2015. Em 2020, foi indicada novamente à premiação pelo disco Planeta Fome, seu último de estúdio, lançado em 2019. Sua trajetória ficou marcada pela por uma intensa e inventiva produção musical, o combate ao racismo e à violência de gênero e, sem dúvida, pela sua resiliência. Elza subverteu mazelas e soube se reiventar na profissão e na vida íntima, em todas as suas idades.

"Sou uma criatura que diz 'obrigada meu Deus' por tudo, até pelos momentos mais duros e pesados. E sempre digo, além de obrigada, perdão", disse também na entrevista à Ana Luiza Guimarães.

Nas palavras de Caetano Veloso, publicados pelo cantor em sua conta do Instagram, "Elza Soares foi uma concentração extraordinária de energia e talento no organismo da cultura brasileira". Caetano continua: "Morreu na glória a que fazia jus, numa idade respeitável, afirmando a grandeza possível do Brasil".

Biógrafo: Zeca Camargo narra seus encontros com Elza Soares

Em um de seus primeiros trabalhos, Elza foi encaixotadora em uma fábrica de sabão no bairro do Engenho de Dentro, depois, faxinou casas. Sua estreia na carreira artística se deu em 1953, quando fez um teste no programa Calouros em Desfile, apresentado por Ary Barroso na Rádio Tupi, e ficou em primeiro lugar. Na ocasião, deu uma famosa resposta a Ary, que acabou dando nome ao 34º álbum de sua carreira, Planeta Fome – como mencionado aqui, Elza repetiu o título no lançamento de 2019.

Ary perguntou: "O que você veio fazer aqui?". "Vim cantar", respondeu Elza. "E quem disse que você canta?", continou o apresentador. "Eu, seu Ary", ela retrucou. "Menina, de que planeta você veio?", ele continuou. "Do mesmo planeta que você, seu Ary. Eu venho do Planeta Fome", a cantora finalizou.

Gigante dos palcos: Fãs lembram grandes shows de Elza Soares: 'Como conhecer Deus'

Com estilo de canto rasgado – segundo a própria, inspirado pelo barulho dos louva-a-deus, Elza integrou a Orquestra Garam Bailes até 1954. Em 1959, despontou com a música Se Acaso Você Chegasse, composição de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins que também deu nome ao primeiro disco de Elza. Em 1960, participou do Festival Nacional da Bossa Nova. Em 1962, foi convidada para ser madrinha da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo no Chile. Nesse episódio, conheceu o jogador de futebol Garrincha, o maior atleta do time naquele mundial.

Na época, ele era casado, o que fez que os dois começassem um romance em segredo. Por conta disso, Elza foi perseguida e tachada pela imprensa e sociedade como a amante que teria colocado um fim ao então casamento do jogador, uma "destruidora de lares". A informação é da biografia Elza, de 2018, escrita pelo jornalista Zeca Camargo.

Em 1963, em meio ao incêndio moral que estava sua vida, gravou a canção "Eu Sou A Outra", em provocação às críticas investidas contra ela.

Garrincha acabou se separando e logo depois, em 1966, se casou com Elza, com quem teve um filho, Manuel Garrincha dos Santos Júnior, e manteve uma relação por dezessete anos. Manuel morreu aos 9 anos em um acidente de carro em 1986. Já Garrincha, em 1983, em decorrência de cirrose hepática e um ano depois de se separar de Elza. Inclusive, a morte da cantora neste 20 de janeiro acontece no mesmo dia do amor de sua vida – é assim que ela sempre se referiu a ele – só que exatos 39 anos depois. O craque do Botafogo e bicampeão mundial pela seleção brasileira também morreu no dia 20 de janeiro.

Sobre o casamento com Garrincha, esse foi um relacionamento de amor, mas também de tensão e dor, no qual Elza foi vítima de violência doméstica. O jogador tinha questões sérias com o alcoolismo desde antes de conhecer a cantora e as descontava na mulher. Elza nunca escondeu isso, nem se negou a falar em público sobre o tema. Na verdade, transformou sua experiência em música e ferramenta para ajudar outras que como ela sofreram com a agressão de seus parceiros.

"Eu penso nos momentos de amor. Procuro esquecer os momentos de ódio, porque a coisa pior do mundo é o ódio, né? Então penso no momento de amor, que foi lindo"

Elza Soares sobre o casamento com Garrincha

Ao longo da década de 1960, Elza se estabeleceu como uma das principais intérpretes de samba do Brasil, em discos como A Bossa Negra (1960), O Samba é Elza Soares (1961), Sambossa (1963), Na Roda do Samba (1964) e Um Show de Elza (1965), além dos duetos com o cantor Miltinho e de parcerias com o baterista Wilson das Neves. Foi nesse período que ela construiu as bases para o título de Rainha do Samba, que ostentou por muitos anos, mesmo nunca se limitando a ele.

"Esse título de rainha do samba ficou para trás. Quem tem coroa aqui? Rainha faminta? Quero não", disse ela ao jornal Folha de S.Paulo em 2019.

Em 1970, na ditadura militar, Elza teve sua casa metralhada e se exilou ao lado de Garrinhcha na Itália. Ela era mal-vista por ter gravado o jingle da campanha que levou João Goulart à vice-presidência do Brasil, em 1960.

Lidando com o luto pela morte de Garrincha, a cantora passou por uma fase de menor sucesso na década de 1980. Foi quando pediu ajuda a Caetano Veloso, que a convidou para participar de Velô (1984), na faixa Língua. No ano seguinte, cantou uma música de Cazuza em Somos Todos Iguais

Em uma entrevista à BBC News Brasil em 2018, ela contou: "Sempre gostei de cantar, desde pequenininha. Ser cantora na época era uma coisa pejorativa. Meu pai queria que eu estudasse muito, que não falasse em ser cantora".

A data de nascimento de Elza sempre foi envolta em mistério. Tanto o dia (23 de junho ou 22 de julho) quanto o ano (1930 ou 1937). Nem para seus biógrafos ela esclareceu a questão. "Não se pergunta sobre idade a mulher. Esse negócio de idade... não tem idade, cara. Sou atemporal", dizia.

A partir de 2015, a carreira de Elza teve uma nova fase com A Mulher do Fim do Mundo, seu primeiro disco só de canções inéditas, com as participações de músicos como Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Romulo Fróes e Celso Sim. O trabalho teve ampla repercussão e, nas palavras do crítico Luiz Fernando Vianna, fez Elza "renascer das cinzas" e ser apresentada a um público mais jovem. A Mulher do Fim do Mundo acabou se tornou o disco mais premiado da cantora, recebendo, além do Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB, o Troféu APCA da Associação Paulista de Críticos de Arte e o Prêmio da Música Brasileira.

A artista continuou em ritmo parecido três anos depois com Deus É Mulher, outro álbum de 11 inéditas com composições de Tulipa Ruiz, Pedro Luis, Alice Coutinho e Romulo Fróes, entre outros.

Ao todo, e em quase 70 anos de carreira, Elza Soares teve a sua voz registrada em 120 discos, entre autorias e participações. Mesmo com dificuldade de se mover por conta de um acidente no palco – nos últimos anos, usava uma cadeira de rodas em suas apresentãções – continuou fazendo shows – o último foi em Belém, em dezembro de 2021 – e os tinha agendados até o segundo semestre deste ano. Cantou até o fim.

Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2022/01/cantora-elza-soares-morre-aos-91-anos.html

Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2022/01/cantora-elza-soares-morre-aos-91-anos.html


ELZA SOARES:
a mulher que cantou até o fim

Carioca se eternizou como uma das maiores vozes do Brasil com história de luta, miséria, diversidade e reconhecimento. Carreira teve altos e baixos, mas terminou em momento de glória aos 91 anos.

 

‘Vim do Planeta Fome’

Desde o começo, a música foi uma questão de sobrevivência para Elza Soares. Ela procurou o programa de calouros de Ary Barroso, em 1953, para ganhar dinheiro para cuidar de Carlinhos, seu terceiro filho, que estava doente. Ela já tinha perdido outros dois para a fome.

Logo na primeira interação, público e apresentador constrangeram aquela menina negra, magra e pequena. Ela estava no palco com uma roupa emprestada da mãe. Um vestido muito maior do que ela.

Quando Barroso perguntou “de que planeta você veio, menina?”, Elza foi certeira, potente e não abaixou a cabeça. Essas características se mantiveram firmes em sua personalidade até os 91 anos.

Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do planeta fome

Elza saiu do palco com todos aplaudindo de pé tamanha a expressividade e potência da apresentação. “Nasce uma estrela”, bradou o apresentador.

Era o começo de uma carreira de altos e baixos, pautada pelo suingue, ousadia, revolução, ativismo e, o mais importante, pela meta de cantar até o fim.

Elza Gomes da Conceição nasceu na favela carioca Moça Bonita, hoje conhecida como Vila Vintém, em 1930. Filha de uma lavadeira e de um operário, ela foi obrigada a se casar aos 12 anos, virou mãe aos 13 e já era viúva aos 21.

O jeito rasgado de cantar é justificado pelas latas d’águas que carregou na infância no trabalho como lavadeira e, depois, em uma fábrica de sabão.

Depois do programa “Calouros em desfile”, Elza começou a procurar lugares para cantar. Em 1959, lançou o primeiro single “Se Acaso Você Chegasse”.

O samba de Lupicínio Rodrigues anunciava o gênero predominante na primeira década de carreira: o sambalanço.

Fome, agressões e morte de filhos

Mesmo fazendo sucesso na rádio, Elza Soares foi condenada pela imprensa e pela sociedade ao se relacionar com Mané Garrincha quando ele ainda era casado, em 1962.

O jogador largou a esposa e assumiu Elza após a Copa do Mundo. Mas o relacionamento foi marcado pela violência doméstica e pelo alcoolismo de Garrincha.

Ele morreu de cirrose hepática um ano após a cantora pedir o divórcio, em 1983. Por um acaso do destino, Elza morreu no mesmo dia do jogador, só que 39 anos depois.

Eu sonho muito com o Mané. O maior amor da minha vida foi ele

disse em entrevista ao programa “Conversa com Bial” em 2018.

Além dos dois filhos que morreram ainda recém-nascidos, Elza ainda sofreu pela morte de outros dois: Garrinchinha e Gilson.

Garrinchinha sofreu um acidente de carro, em 1986, aos nove anos. Gilson morreu aos 59 anos, em 2015, por complicações de uma infecção urinária.

Cada porrada que eu levo é como se fosse um beijo. Já me disseram ‘e esse sofrimento seu?’. Eu digo que não foi sofrimento, foi uma escola da vida, eu aprendi muito. É só caindo que você vai se levantar

em entrevista ao Roda Vida em 2002.

Elza deixa 4 filhos, 8 netos e 6 bisnetos.

Desejo de viver no presente

Com tanto sofrimento na vida, Elza não gostava de falar sobre o passado e preferia viver o agora. Quando completou 90 anos, parecia não se importar com a data.

Não sou de festejar muito não. Acho tudo igual, só tem diferença com o carinho de vocês. Isso é diferente

afirmou ao g1 em 2020.

Nos anos 70, a cantora foi perseguida pela ditadura militar e teve a casa em que morava com Garrincha metralhada. O motivo não é claro, mas Elza não era bem vista por ter gravado um jingle para João Goulart dez anos antes.

O casal se exilou na Itália por alguns anos, o que fez com que Elza perdesse espaço no mercado brasileiro.

Segundo Mauro Ferreira, blogueiro de música do g1, neste período Clara Nunes explodiu e se tornou a grande estrela da gravadora Odeon. Sem espaço, Elza pediu para encerrar o contrato.

Ela sai em 1973 para uma gravadora menor, e a partir disso começa uma fase de menor visibilidade, na minha opinião

explica Ferreira

A década seguinte foi muito pesada para Elza com as mortes de Garrincha e Garrinchinha, além das dificuldades na carreira. Ela pensou em desistir, mas uma conversa com Caetano Veloso a trouxe de volta ao mercado.

Elza Soares foi uma concentração extraordinária de energia e talento no organismo da cultura brasileira (...) Fui capaz de convencê-la a ficar porque entendi que aquilo era uma espécie de pedido de socorro

afirmou Caetano Veloso, em post de homenagem à cantora.

Eles gravaram juntos “Língua”, em 1984. A música causou um certo burburinho e fez com que Elza voltasse a ter seu nome falado na imprensa, mas não voltou a ser um grande sucesso.

Ela passou uns anos nos Estados Unidos, sem cantar, e só voltou a ter destaque a partir de 1997, quando lançou “Trajetória”, álbum com músicas como “O Meu Guri”, de Chico Buarque, e a faixa-título, um samba de Arlindo Cruz, José Franco Lattari e Serginho Meriti.

‘Cantora do Milênio’ ressurge nos anos 2000

Elza começou os anos 2000 consagrada como a “melhor cantora do milênio”, em homenagem feita pela rádio britânica BBC.

Na sequência, gravou o álbum “Do Cóccix até o Pescoço”, com produção de Alê Siqueira, sob a direção artística de José Miguel Wisnik, em 2002.

A música “A Carne”, de Marcelo Yuka, Seu Jorge e Wilson Cappallette, se tornou símbolo contra o racismo. O disco foi indicado ao Grammy Latino em 2003, como melhor álbum de MPB, e abriu um novo caminho na carreira de Elza.

A cantora diversificou ainda mais a produção musical ao se conectar com a eletrônica e o rap, que ressaltaram o balanço e a voz rasgada característicos.

Sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante

afirmou, em 2020, lembrando das gravações da década de 2000.

Tem que acompanhar o tempo. Eu acompanho o tempo, eu não estou quadrada, não tem essa de ficar paradinha aqui não. O negócio é caminhar. Eu caminho sempre junto com o tempo

 

 

‘Mulher do Fim do Mundo’ com novos fãs

O álbum de 2015 marcou nova fase na carreira e a colocou como diva de uma geração que não viveu os anos 70 e 80.

Muito bom, cara, essa galera jovem me ouvindo. Uma juventude linda, maravilhosa, fora do Rio de Janeiro também, que me acompanha com carinho, com amor, com respeito, uma dignidade imensa

resumiu Elza.

Produzido por Guilherme Kastrup com direção artística de Romulo Fróes e Celso Sim, “A Mulher do Fim Mundo” foi a consagração definitiva da cantora.

Ela pediu para “cantar até o fim” na faixa-título do álbum e denunciou a violência contra a mulher em “Maria da Vila Matilde”.

Cadê meu celular? / Eu vou ligar pro 180 / Vou entregar teu nome / E explicar meu endereço
Aqui você não entra mais / Eu digo que não te conheço / E jogo água fervendo / Se você se aventurar

são alguns dos versos escritos pelo sambista paulistano Douglas Germano, cantados por ela.

O álbum foi premiado como “Melhor Álbum de MPB” no Grammy Latino, de 2016. Foi também considerado um dos 10 melhores do ano pelo crítico Jon Pareles, do jornal “The New York Times”.

Na sequência, Elza lançou “Deus É Mulher”, outro álbum politizado com a mesma turma paulistana na produção. Dessa vez, mais mulheres participam do time de compositores, como Tulipa Ruiz.

Último álbum lançado em vida, “Planeta Fome” (2019) tem participações da banda Baiana System e de BNegão. Elza sempre fez questão de estar perto e trocar experiências com novos artistas.

discografia de Elza é composta por 35 álbuns, nos quais a “cantora do milênio” passeia pelo samba, jazz, eletrônica, hip hop e funk com aquele vozeirão que lhe é característico desde a primeira gravação.

Apesar dos altos e baixos ao longo das décadas, Elza viveu os últimos anos de glória, consagrada como a grande artista que sempre foi.

Antes da pandemia, ela seguia firme e forte em turnê. Quando todos foram obrigados a ficar em casa, Elza migrou para as lives. Sentia falta do calor do público, mas não pensou em parar em nenhum momento.

Mas nem de brincadeira. Parar por quê? Por que parar? Não tem por que né?

questionou a cantora que tinha a música como força motriz.

MAURO FERREIRA: Elza Soares, a voz transcendental de uma pessoa vitoriosa no planeta fome

Elza também teve uma longa relação com o carnaval, especialmente com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela foi uma das primeiras mulheres a sair como intérpretes na Sapucaí.

A vida e obra da cantora foi celebrada no desfile da escola carioca de 2020. Elza desfilou em um carro alegórico e se emocionou ao falar sobre a festa em sua homenagem.

Cantou até o fim. Mesmo

A música mantinha Elza Soares ativa. Com a idade avançada e até os movimentos reduzidos depois de um problema na coluna desde 1999 após cair em um show no Rio, ela poderia se aposentar, mas fazia questão de continuar produzindo.

Dois dias antes de morrer, Elza gravou um DVD no Theatro Municipal de São Paulo. O lançamento deve ser em março.

Ela estava trabalhando em um novo álbum, mas não há informações sobre o lançamento.

A morte de Elza foi tranquila, principalmente se comparada a todo o sofrimento que teve em vida. Ela estava em casa com familiares e o empresário Pedro Loureiro quando disse não estar se sentindo bem, após uma sessão de fisioterapia.

Um tempo depois, a cantora dirigiu-se aos familiares e disse: "Eu acho que eu vou morrer", segundo Loureiro.

Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo. Morreu de causas naturais. Esse, aliás, era um grande medo dela: ter uma morte sofrida, por doença. Hoje, ela simplesmente desligou.

conta o empresário

Voz ativa contra o racismo e do machismo, Elza pode até sair de cena fisicamente, mas suas ideias, músicas e posicionamentos jamais serão esquecidos.

Tem que gritar mesmo, tem que falar, tem que botar a boca no trombone, tem que gritar.

A carreira de Elza foi um grito. Que continuará ecoando para sempre.

CRÉDITOS

Conteúdo:

  • Gabriela Sarmento

Arte:

  • Guilherme Luiz Pinheiro

Desenvolvimento:

  • Antonio Lima

Fonte: http://especiais.g1.globo.com/pop-arte/musica/2022/elza-soares-a-mulher-que-cantou-ate-o-fim/

 

 

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