SOCIEDADE 5.0 E MOVIMENTO "WORK IN NATURE": REFLEXOS POSITIVOS DA PANDEMIA DE COVID-19

 

Trabalho remoto; home office; anywhere office (Foto:  Pakorn Khantiyaporn/EyeEm/Getty Images)

Trabalhar em meio à natureza é uma das tendências abraçadas pelo movimento Sociedade 5.0 (Foto: Pakorn Khantiyaporn/EyeEm/Getty Images)

Sociedade 5.0 e movimento "Work in Nature": reflexos positivos da pandemia de Covid-19

O principal foco da Sociedade 5.0 é criar um capitalismo sustentável no qual a transformação digital seja uma ferramenta para aumentar a qualidade de vida das pessoas, deixando-as mais felizes e confortáveis

A pandemia proporcionou avanços tecnológicos e de comportamento que, em tempos normais, levariam décadas para serem atingidos. Até mesmo o Japão, berço da inovação mundial, se deparou com falta de equipamentos em sala de aula e deficiência na profissionalização dos professores para poder proporcionar um mundo 100% digital de alfabetização. Quando o desastre global da covid-19 se alastrou, ficou claro que o país não estava em dia com as novas tecnologias. A partir dos desafios impostos pela pandemia, a Terra do Sol Nascente criou um novo conceito: a Sociedade 5.0.

Definida como um novo modelo social na era pós-covid 19, a Sociedade 5.0 é uma iniciativa público-privada do Japão que chega como uma evolução de iniciativas lançadas em outros países - como a “Indústria 4.0”, originada na Alemanha. O principal foco da Sociedade 5.0 é criar um capitalismo sustentável no qual a transformação digital seja uma ferramenta para aumentar a qualidade de vida das pessoas, deixando-as mais felizes e confortáveis.

Assim como os impactos causados pela pandemia, um movimento global pela busca de melhor qualidade de vida - também originado como reflexo dos novos desafios impostos pela covid-19 – está se alastrando por diversos países, inclusive no Brasil. Trata-se do “Work in Nature” (na tradução, "Trabalhe na Natureza").

O movimento tomou força com o advento do home office. Na pandemia, ter um espaço agradável e com boa infraestrutura para trabalhar em casa se tornou essencial. Para se ter uma ideia, em 2020, cerca de 8,2 milhões de pessoas trabalharam remotamente, de acordo com estudo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além do espaço adequado, outra busca crescente dos profissionais que aderiram ao home office é a possibilidade de trabalhar próximo à natureza, no quintal de casa ou na praia. Foi assim que o movimento “Work in Nature” começou a provocar um êxodo de grandes cidades e influenciar até mesmo o mercado imobiliário.

Atualmente, esse movimento é mais observado no topo da pirâmide, em condomínios de luxo no campo ou ainda em imóveis de alto luxo à beira-mar. Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), as vendas de imóveis de médio e alto padrão em 2020 tiveram os melhores resultados desde 2014. No litoral norte de Santa Catarina, conhecido pelos altos índices de valorização imobiliária - especialmente em municípios com grande concentração de pessoas, como é o caso de Balneário Camboriú-, esse movimento vem se tornando tendência.

De acordo com Filipe Pitz, CEO da construtora PZ Empreendimentos, reconhecida pelo design biofílico de sua arquitetura, os clientes têm buscado lugares mais distantes dos ruídos e do estresse de grandes centros urbanos, e apostado em construções sustentáveis. “Esse é um movimento internacional, que podemos observar em outras grandes cidades, como Nova York ou São Paulo. Há uma valorização do subúrbio e da experiência em jardins, quintais ou ambientes em meio à natureza”, explica Pitz.

Em breve, os adeptos deste “life style” deverão ter opções estruturadas ao seu dispor. O Parque Camboriú, na cidade de Camboriú (SC), é um exemplo de região que deverá utilizar opções sustentáveis de materiais, como tijolos ecológicos, e também de processos. O projeto terá um design biofílico - corrente da arquitetura que prega uma ligação dos seres humanos com a natureza.

Exemplos como este mostram que é possível oferecer um luxo mais acessível, alinhado com uma concepção de experiências que planejam o futuro e questionam valores da sociedade. Vem aí um novo jeito de morar, com experiências completas em termos de contato com a natureza e conexão com a arte, mediadas pela tecnologia. Dessa maneira, a transformação digital será um meio para aumentar a qualidade de vida das pessoas, deixando-as mais felizes e confortáveis.

*Juan Pablo D. Boeira, PhD e Mestre em Inovação pela UNISINOS, Certificação em Inovação por Harvard e Business pelo MIT e CEO da AAA Inovação

Fonte:https://epocanegocios.globo.com/colunas/Changemaker/noticia/2021/10/sociedade-50-e-movimento-work-nature-reflexos-positivos-da-pandemia-de-covid-19.html


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