O QUE SÃO,COMO FUNCIONAM E POR QUE OS ALGORITMOS DAS REDES SOCIAIS ESTÃO CADA VEZ MAIS PERIGOSOS,NA VISÃO DE PIONEIRO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

  Algoritmo de redes sociais: tudo o que você precisa saber sobre ele


Algoritmos das redes sociais: o que são e como funcionam

Os algoritmos das redes sociais são um conjunto de regras e dados matemáticos responsáveis por fazerem as suas postagens se destacarem ou não no feed dos seus clientes. Neste artigo vamos te contar como funcionam os algoritmos das redes sociais e como usá-los ao seu favor.

Você utiliza redes sociais como o InstagramFacebook e LinkedIn na estratégia de Marketing Digital da sua empresa? Se sim, provavelmente já se deparou com um problema: os posts publicados são excelentes, têm conteúdos relevantes e imagens atrativas, mas conseguem poucas curtidas.

Isso considerando que sua página ou perfil tem um bom número de seguidores. A razão para isso provavelmente está no fato de que apenas uma pequena porcentagem dos seus seguidores está de fato recebendo as suas publicações.

E isso se dá devido a algo que chamamos de Algoritmo. Os algoritmos das redes sociais são um conjunto de regras e dados matemáticos responsáveis por fazerem as suas postagens se destacarem ou não no feed dos seus clientes. Neste artigo vamos te contar como funcionam os algoritmos das redes sociais e como usá-los ao seu favor.

Como funcionam os algoritmos das redes sociais?

Apesar de terem características próprias em cada plataforma, os algoritmos das redes sociais possuem um funcionamento básico: eles ranqueiam e mostram resultados prevendo os posts cujo os usuários vão mais gostar. O que isso quer dizer?

Quer dizer que quando um usuário abre seu Facebook, Instagram ou LinkedIn, os primeiros posts que aparecerão serão aqueles cujo o algoritmo de cada uma dessas redes julgou ser mais interessante para esse usuário. A intenção é facilitar a vida das pessoas, mostrando a elas primeiramente aquilo que elas vão mais gostar.

E como os algoritmos de redes sociais sabem do que você vai mais gostar?

Bom, basicamente o que aparece no seu feed é resultado de tudo aquilo que você curte, compartilha e visita nas suas redes sociais. O engajamento também é válido para as pessoas com quem você interage. Tudo isso faz com que os algoritmos das redes sociais trabalhem para oferecer o melhor conteúdo dentro daqueles nichos mais acessados pelo usuários.

Mas como isso acontece em cada rede social? É isso que vamos falar a seguir.

1 – Instagram

Quem acompanha o Instagram desde o início sabe que a plataforma foi criada sem algoritmos. O feed era mostrado seguindo uma ordem cronológica das publicações. Porém desde 2016 isso mudou e hoje o Instagram exibe resultados relevantes para cada usuário, baseando-se no engajamento e naquilo que ele mais curte, visita e busca.

Não se sabe exatamente como o algoritmo do Instagram funciona, mas percebe-se que ele prioriza a exibição de postagens aos usuários levando-se em conta 3 fatores:

  • Temporalidade: posts mais recentes são exibidos primeiro;
  • Engajamento: a quantidade de curtidas e comentários de um post, principalmente em seus momentos iniciais, faz com que ele seja priorizado;
  • Relacionamento: o algoritmo tende a exibir primeiro posts de contas que já possuem um histórico de relacionamento com os usuários, seja por meio de curtidas, comentários, direct messages ou buscas.  

Para alcançar esses resultados é preciso criar conteúdos de qualidade, relevantes, atrativos visualmente e aproveitar todas as possibilidades do Instagram, como as hashtags, os stories e as interações com seguidores. Outro fator muito importante é identificar o melhor horário para as postagens de conteúdo. Saber em que momento o seu público está online é essencial para garantir o engajamento do seu conteúdo.

2 – Facebook

Entre os algoritmos das redes sociais, o mais famoso e debatido sem dúvida alguma é o do Facebook. Isso porque durante muito tempo ele foi a principal preocupação de todos os especialistas da área, principalmente quanto às suas mudanças e impactos de interação entre páginas e usuários.

A maior rede social do mundo mistura anúncios, pessoas, grupos, páginas pessoais, empresariais, etc, em um só lugar. Também não se sabe exatamente como funciona o algoritmo do Facebook, mas entre os milhares de fatores levados em conta para exibir primeiramente uma publicação estão:

  • Relacionamento: quanto mais você interage com aquela pessoa ou empresa que publicou aquela postagem, mais posts deles vai receber;
  • Rede de amigos: se uma postagem está atraindo muitas curtidas e comentários dos seus amigos mais próximos, ela vai aparecer para você;
  • Formato: se você curte mais vídeos, mais vídeos aparecerão no seu feed.
  • Imediatismo: notícias e pautas quentes são priorizadas;
  • Autenticidade: postagens de conteúdo próprio recebem mais atenção;
  • Imagens e Vídeos: postagens com conteúdo visual têm mais probabilidade de receberem cliques;
  • Potencial de engajamento: quanto mais reações, comentários e compartilhamentos uma postagem recebeu, mais ela é mostrada.

Ou seja, para engajar com seus clientes através do Facebook é preciso muito trabalho: autenticidade de conteúdo, cliques, likes, compartilhamentos e muito engajamento.

É importante lembrar também que o algoritmo do Facebook vem mudando constantemente e a plataforma não apresenta mais os mesmos resultados que antes, porém ainda é possível conseguir uma boa resposta.

3 – LinkedIn

Apesar de ser uma rede social profissional, o LinkedIn é uma plataforma cheia de possibilidades para marcas conversarem com outras marcas e outros profissionais. Ela permite que os usuários postem conteúdos e artigos sobre assuntos específicos, posicionando-se como especialistas naquele segmento de negócio ou mercado.

Assim com os outros algoritmos das redes sociais, no LinkedIn um conjunto de códigos seleciona aquilo que é mais relevante para cada usuário. Os fatores levados em conta são:

  • Avaliação do conteúdo: logo após um post ser publicado, o algoritmo do LinkedIn aplica um filtro que vai categorizá-lo em três categorias – spam, baixa qualidade ou bom. O bom prevalece!
  • Testes de engajamento: assim que o conteúdo é postado, ele é exibido no feed de outras pessoas, enquanto o algoritmo passa a analisar o engajamento inicial daquela postagem. Aquelas que tiverem um bom índice de engajamento passam a ser priorizadas.
  • Autenticidade: após uma postagem passar pelos dois estágios anteriores e conseguir um bom número de curtidas e comentários, o algoritmo do LinkedIn entra em ação com a finalidade de verificar se esse engajamento é de fato autêntico ou se não veio através do uso de bots.
  • Revisão manual: por fim, os funcionários do LinkedIn entram em ação fazendo uma revisão manual dos conteúdos que passaram pelos estágios anteriores. Se a qualidade daquela publicação estiver garantida ela tem seu “tempo de vida” estendido.  

Cumprindo com todos esses requisitos mencionados acima  é possível se destacar no LinkedIn e ainda se posicionar como uma autoridade em determinado assunto, tornando-se referência naquele segmento.

Fonte:https://tropicaiana.com.br/algoritmos-das-redes-sociais-o-que-sao-e-como-funcionam/

Entenda como funcionam os algoritmos das redes sociais

As redes sociais são praticamente onipresentes no cotidiano dos usuários de internet. Com milhões de usuários e uma produção de conteúdo interminável, sites como o Facebook e o Twitter tiveram que encontrar uma maneira de organizar todo esse fluxo de postagens de forma a gerar engajamento e atrair mais pessoas para a rede, e a solução encontrada foi o algoritmo das redes sociais.

Saiba o que são esses algoritmos e como eles funcionam dentro das principais redes sociais!

O que é um algoritmo das redes sociais?

Os algoritmos são, de forma resumida, fórmulas matemáticas aplicadas para selecionar e mostrar conteúdo de acordo com métricas definidas pela estratégia de marketing da empresa. Dessa forma, o usuário tem acesso facilitado a materiais que têm maior probabilidade de agradá-lo, aumentando os níveis de engajamento e o tempo gasto na rede.

Algoritmos no Facebook

Entre as grandes redes sociais, o Facebook é pioneiro na implantação de um algoritmo de conteúdo, com a introdução do botão de “curtir”, em 2007.

Essa função, que mais tarde foi melhorada com a aplicação das reações (variações positivas e negativas do botão), retornam dados preciosos, como o nível de engajamento em determinada publicação, assim como a porcentagem de aprovações e rejeições.

Para alcançar relevância no Facebook, portanto, é preciso investir em conteúdo de qualidade categorizado corretamente (para evitar as sugestões da rede ao público errado e a eventual queda de relevância), garantindo um grande número de reações positivas, cliques e comentários.

Essa estratégia pode ser potencializada com o uso de anúncios impulsionados, desde que sejam usados apenas como apoios para o crescimento do engajamento orgânico.

Algoritmo do Twitter

O Twitter também dá opção para que seus usuários escolham entre a linha do tempo cronológica ou por relevância. Na segunda alternativa, os tweets de seus contatos próximos, assim como as publicações com as quais eles mais interagiram, serão mostradas em destaque.

Outra funcionalidade é a “enquanto você esteve ausente”, que seleciona os tweets mais relevantes das contas mais lidas pelo perfil de usuário que acessa a rede poucas vezes.

Assim como no Facebook, a qualidade da publicação é vital. Adicionado a isso, existe a possibilidade de segmentação por hashtags (#): marcar uma palavra-chave relevante em seu post pode levá-lo a alcançar novos públicos, vindos da pesquisa e do ranking de tags da rede.

Algoritmo do Instagram

O Instagram tem a peculiaridade de ser uma rede exclusiva de fotos e vídeos, fazendo com que o número de exibições tenha grande importância. A linha do tempo dos usuários é definida, além disso, pelo nível de interação com o usuário originário do post, os conteúdos compartilhados por quem troca mensagens diretas com o usuário e o horário das publicações.

Esse último item, usado para manter a característica cronológica da rede, demanda atenção redobrada na estratégia de postagem: investigue os horários de uso do seu público para garantir maior número de acessos e um melhor alcance orgânico.

Neste post, vimos o que é o algoritmo das redes sociais, sua importância e como funcionam dentro das três principais redes, assim como dicas de como usá-los a seu favor na estratégia de publicação. Com essas informações, alcançar melhores níveis de engajamento e uma maior base de usuários ficará cada vez mais fácil!

Fonte:https://medium.com/@souldigitalbr/entenda-como-funcionam-os-algoritmos-das-redes-sociais-6b5b8db8c00b


Por que algoritmos das redes sociais estão cada vez mais perigosos, na visão de pioneiro da Inteligência Artificial

Stuart Russell, pesquisador da Universidade de Berkeley e defensor de 'valores humanos' para a IA, diz que algoritmos das redes sociais agem à revelia do bem-estar dos usuários.

 

Por Paula Adamo Idoeta, BBC

 


Stuart Russell, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, dedica-se há décadas ao estudo da Inteligência Artificial (IA), mas também é um de seus mais conhecidos críticos - ao menos do modelo de IA que ele ainda vê como "padrão" pelo mundo.

Russell tem advertido que o modelo predominante de Inteligência Artificial é, em sua opinião, uma ameaça à sobrevivência dos seres humanos.

Mas - à diferença dos enredos de filmes de Hollywood sobre o assunto - não porque ele ache que essas tecnologias vão se tornar conscientes e se voltar contra nós.

A preocupação principal de Russell é com a forma como essa inteligência tem sido programada por seus desenvolvedores humanos: elas são incumbidas de otimizar o máximo possível suas tarefas, basicamente a qualquer custo.

E, assim, tornam-se "cegas" e indiferentes aos problemas (ou, em última instância, à destruição) que podem causar aos humanos.

Para explicar isso à BBC News Brasil, Russell usa a metáfora de um gênio de lâmpada atendendo aos desejos de seu mestre: "você pede ao gênio que te torne a pessoa mais rica do mundo, e assim acontece - mas só porque o gênio fez o resto das pessoas desaparecerem", diz.

"(Na IA) construímos máquinas com o que chamo de modelos padrão: elas recebem objetivos que têm de conquistar ou otimizar, (ou seja), para os quais encontrar a melhor solução possível. E aí levam a cabo essa ação."

Mesmo que essa ação seja, na prática, prejudicial aos humanos, ele argumenta.

"Se construirmos a Inteligência Artificial de modo a otimizar um objetivo fixo dado por nós, elas (máquinas) serão quase como psicopatas - perseguindo esse objetivo e sendo completamente alheias a todo o restante, até mesmo se pedirmos a elas que parem."

Um exemplo cotidiano disso, opina Russell, são os algoritmos que regem as redes sociais - que ficaram tão em evidência nos últimos dias com a pane global que afetou Facebook, Instagram e WhatsApp durante cerca de seis horas na segunda-feira (4).

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A tarefa principal desses algoritmos é favorecer a experiência do usuário nas redes sociais - por exemplo, coletando o máximo de informações o possível sobre esse usuário e fornecendo a ele conteúdo que se adeque a suas preferências, fazendo com que ele permaneça mais tempo conectado.

Mesmo que isso ocorra às custas do bem-estar desse usuário ou da cidadania global, prossegue o pesquisador.

'Se construirmos a Inteligência Artificial de modo a otimizar um objetivo fixo dado por nós, elas (máquinas) serão quase como psicopatas - perseguindo esse objetivo e sendo completamente alheias a todo o restante, até mesmo se pedirmos a elas que parem.' — Foto: Getty Images/BBC

'Se construirmos a Inteligência Artificial de modo a otimizar um objetivo fixo dado por nós, elas (máquinas) serão quase como psicopatas - perseguindo esse objetivo e sendo completamente alheias a todo o restante, até mesmo se pedirmos a elas que parem.' — Foto: Getty Images/BBC

"As redes sociais criam vício, depressão, disfunção social, talvez extremismo, polarização da sociedade, talvez contribuam para espalhar desinformação. E está claro que seus algoritmos estão projetados para otimizar um objetivo: que as pessoas cliquem, que passem mais tempo engajadas com o conteúdo", pontua Russell.

"E, ao otimizar essas quantidades, podem estar causando enormes problemas para a sociedade."

No entanto, prossegue Russell, esses algoritmos não sofrem escrutínio o bastante para que possam ser verificados ou "consertados" - dessa forma, seguem trabalhando para otimizar seu objetivo, indiferentes ao dano colateral.

"(As redes sociais) não apenas estão otimizando a coisa errada, como também estão manipulando as pessoas, porque ao manipulá-las consegue-se aumentar seu engajamento. Se posso tornar você mais previsível, por exemplo transformando você em uma eco-terrorista extremista, posso te mandar conteúdo eco-terrorista e ter certeza de que você vai clicar, e assim maximizar meus cliques."

Essas críticas foram reforçadas nesta terça-feira (5/10) pela ex-funcionária do Facebook (e atual informante) Frances Haugen, que depôs em audiência no Congresso americano e afirmou que os sites e aplicativos da rede social "trazem danos às crianças, provocam divisões e enfraquecem a democracia". O Facebook reagiu dizendo que Haugen não tem conhecimento suficiente para fazer tais afirmações.

IA com 'valores humanos'

Russell, por sua vez, detalhará suas teorias a um público de pesquisadores brasileiros em 13 de outubro, durante a conferência magna do encontro da Academia Brasileira de Ciências, virtualmente.

O pesquisador, autor de Compatibilidade Humana: Inteligência Artificial e o Problema de Controle (sem versão no Brasil), é considerado pioneiro no campo que chama de "Inteligência Artificial compatível com a existência humana".

Frances Haugen — Foto: Matt McClain/Reuters

Frances Haugen — Foto: Matt McClain/Reuters

"Precisamos de um tipo completamente diferente de sistemas de IA", opina ele à BBC News Brasil.

Esse tipo de IA, prossegue, teria de "saber" que possui limitações, que não pode cumprir seus objetivos a qualquer custo e que, mesmo sendo uma máquina, pode estar errado.

"Isso faria essa inteligência se comportar de um modo completamente diferente, mais cauteloso, (...) que vai pedir permissão antes de fazer algo quando não tiver certeza de se é o que queremos. E, no caso mais extremo, que queira ser desligada para não fazer algo que vá nos prejudicar. Essa é a minha principal mensagem."

A teoria defendida por Russell não é consenso: há quem não considere ameaçador esse modelo vigente de Inteligência Artificial.

Um exemplo famoso dos dois lados desse debate ocorreu alguns anos atrás, em uma discordância pública entre os empresários de tecnologia Mark Zuckerberg e Elon Musk.

Reportagem do The New York Times aponta que, em um jantar ocorrido em 2014, os dois empresários debateram entre si: Musk apontou que "genuinamente acreditava no perigo" de a Inteligência Artificial se tornar superior e subjugar os humanos.

Zuckerberg, porém, opinou que Musk estava sendo alarmista.

Em entrevista no mesmo ano, o criador do Facebook se considerou um "otimista" quanto à Inteligência Artificial e afirmou que críticos, como Musk, "estavam pintando cenários apocalípticos e irresponsáveis".

Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook — Foto: Reuters via BBC

Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook — Foto: Reuters via BBC

"Sempre que ouço gente dizendo que a IA vai prejudicar as pessoas no futuro, penso que a tecnologia geralmente pode ser usada para o bem e para o mal, e você precisa ter cuidado a respeito de como a constrói e como ela vai ser usada. Mas acho questionável que se argumente por reduzir o ritmo do processo de IA. Não consigo entender isso."

Já Musk argumentou que a IA é "potencialmente mais perigosa do que ogivas nucleares".

Um lento e invisível 'desastre nuclear'

Stuart Russell se soma à preocupação de Musk e também traça paralelos com os perigos da corrida nuclear.

"Acho que muitos (especialistas em tecnologia) consideram esse argumento (dos perigos da IA) ameaçador porque ele basicamente diz: 'a disciplina a que nos dedicamos há diversas décadas é potencialmente um grande risco'. Algumas pessoas veem isso como ser contrário à Inteligência Artificial", sustenta Russell.

"Mark Zuckerberg acha que os comentários de Elon Musk são anti-IA, mas isso me parece ridículo. É como dizer que a advertência de que uma bomba nuclear pode explodir é um argumento anti-física. Não é anti-física, é um complemento à física, por ter-se criado uma tecnologia tão poderosa que pode destruir o mundo. E de fato tivemos (os acidentes nucleares de) Chernobyl, Fukushima, e a indústria foi dizimada porque não prestou atenção suficiente aos riscos. Então, se você quer obter os benefícios da IA, tem de prestar atenção aos riscos."

O atual descontrole sobre os algoritmos das redes sociais, argumenta Russell, pode causar "enormes problemas para a sociedade" também em escala global, mas, diferentemente de um desastre nuclear, "lentamente e de modo quase invisível".

Como, então, reverter esse curso?

Para Russell, talvez seja necessário um redesenho completo dos algoritmos das redes sociais. Mas, antes, é preciso conhecê-los a fundo, opina.

'Descobrir o que causa a polarização'

Elon Musk em foto sem data — Foto: Reuters

Elon Musk em foto sem data — Foto: Reuters

Russell aponta que no Facebook, por exemplo, nem mesmo o conselho independente encarregado de supervisionar a rede social tem acesso pleno ao algoritmo que faz a curadoria do conteúdo visto pelos usuários.

"Mas há um grupo grande de pesquisadores e um grande projeto em curso na Parceria Global em IA (GPAI, na sigla em inglês), trabalhando com uma grande rede social que não posso identificar, para obter acesso a dados e fazer experimentos", diz Russell.

"O principal é fazer experimentos com grupos de controle, ver com as pessoas o que está causando a polarização social e a depressão, e (verificar) se mudar o algoritmo melhora isso."

"Não estou dizendo para as pessoas pararem de usar as redes sociais, nem que elas são inerentemente más", prossegue Russell. "(O problema) é a forma como os algoritmos funcionam, o uso de likes, de subir conteúdos (com base em preferências) ou de jogá-los para baixo. O modo como o algoritmo escolhe o que colocar no seu feed parece ser baseado em métricas prejudiciais às pessoas. Então precisamos colocar o benefício do usuário como objetivo principal e isso vai fazer as coisas funcionarem melhor e as pessoas ficarão felizes em usar seus sistemas."

Não haverá uma resposta única sobre o que é "benéfico". Portanto, argumenta o pesquisador, os algoritmos terão de adaptar esse conceito para cada usuário, individualmente - uma tarefa que, ele próprio admite, não é nada fácil. "Na verdade, essa (área das redes sociais) seria uma das mais difíceis onde se colocar em prática esse novo modelo de IA", afirma.

"Acho que realmente teriam que começar do zero a coisa toda. É possível que acabemos entendendo a diferença entre manipulação aceitável e inaceitável. Por exemplo, no sistema educacional, manipulamos as crianças para torná-las cidadãos conhecedores, capazes, bem-sucedidos e bem integrados -, e consideramos isso aceitável. Mas se o mesmo processo tornasse as crianças terroristas, seria uma manipulação inaceitável. Como, exatamente, diferenciar entre ambos? É uma questão bem difícil. As redes sociais realmente suscitam esses questionamentos bastante difíceis, que até filósofos têm dificuldade em responder."


Fonte:https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2021/10/10/por-que-algoritmos-das-redes-sociais-estao-cada-vez-mais-perigosos-na-visao-de-pioneiro-da-inteligencia-artificial.ghtml


Algoritmo de redes sociais: tudo o que você precisa saber sobre ele

Todo mundo que usa redes sociais já deve ter reparado que alguns amigos não aparecem mais no feed de notícias, que os mesmos contatos estão sempre no topo do chat, que as fotos vistas são das mesmas pessoas ou, ainda, que nunca na sua história foi visto um stories daquele ex-colega mais distante.

E isso tudo tem um só culpado: o algoritmo de redes sociais. É ele quem capta todas as informações possíveis dos usuários e as usa a fim de mostrar apenas o que é relevante para a experiência daquela pessoa em específico.
Manuela Sanches é jornalista e empresária na área de Marketing Digital e explica um pouco melhor o que significa tudo isso: “Os algoritmos são regras de organização de informação, que são usadas em redes sociais, buscadores como o Google, Youtube e vários outros meios na internet. 
Como o fluxo de informações na internet é gigante, os algoritmos priorizam ou até filtram o que consideram mais relevante.

A ideia é a de que os usuários tenham uma experiência mais agradável e, sobretudo, que as redes sociais obtenham vantagens nisso. Jornalista especializada em redes sociais, Ana Freitas explica como o algoritmo ajuda a “prender” os usuários: “Nosso cérebro tem uma lista de padrões mentais chamados de dissonâncias cognitivas, e uma delas é o viés de confirmação, que direciona nossa atenção para aquilo que já conhecemos ou que queremos de fato ver, e nos distrai das coisas que não queremos e nas quais não acreditamos. Exibir para um usuário algo que ele quer ver aumenta as chances de que ele sinta prazer em utilizar aquela plataforma e aumenta o tempo de uso dela”.

Aumentar esse tempo de uso é, inclusive, um dos objetivos principais das redes. “O objetivo é elas [as pessoas] ficarem mais tempo na plataforma, produzirem mais conteúdo, cederem mais informações pessoais e serem expostas à mais publicidade”, diz Manuela.

Isso quer dizer que de um lado o objetivo é que o usuário tenha uma boa experiência, mas que na contramão dessa via está o benefício da própria rede. Funciona quase que como um programa fidelidade, onde o cliente ganha descontos ao oferecer, para a empresa em questão, todas as informações possíveis a respeito do seu estilo de compra. Transportando isso para as redes sociais, o internauta ganha uma experiência agradável, onde todas – ou quase todas – as informações que surgem na tela lhe interessam. Por outro lado, ele fornece informações referentes ao seu modo de navegar e seus gostos, o que será muito valioso para as redes sociais, seja para melhorar seu algoritmo, seja para oferecer produtos e serviços.

É dessa forma que são executadas as publicidades direcionadas aos clientes em potencial. Uma pessoa que se interessa por produtos de cabelo, por exemplo, tende a procurar sobre eles no buscador, seguir blogueiras do ramo e assistir a vídeos de dicas. Todas essas informações são armazenadas e combinadas para mostrar a essa pessoa uma publicidade sobre a nova máscara capilar do mercado, por exemplo.

Para Manuela, as redes realmente focam na experiência do usuário, afinal essas pessoas são seus clientes. Ela acredita, porém, que esse momento poderia ser, ainda, melhor aproveitado. “No meu ponto de vista, as redes poderiam estar se esforçando ainda mais para reduzir o barulho. É informação demais, isso drena nossas energias. Eu sonho em poder criar canais dentro das redes sociais, por exemplo: cultura, política, vida pessoal”.

Já na opinião de Ana, a discussão vai um pouco mais longe. “Um algoritmo que só me mostra aquilo que me interessa é uma experiência melhor pra mim? A rigor, sim. Eu gosto de ver mais coisas que me agradam. Todo mundo gosta. Mas eu também gosto muito de açúcar. Um produto industrializado com mais açúcar pode melhorar a experiência do usuário (ter um gosto melhor, dar mais prazer), mas nem por isso faz bem. Acho que o raciocínio é esse. Mas também não sei se o melhor caminho é vilanizar esses serviços. Eles têm sim uma responsabilidade ética, mas ao mesmo tempo, estão descobrindo junto conosco os possíveis malefícios do viés cognitivo elevado a potência máxima”.

Bolha, a culpa é do algoritmo?

Consumir só aquilo que queremos pode realmente ser nocivo. Nessa altura, a maioria dos usuários de redes sociais já percebeu que interagindo sempre com os mesmos tipos de publicações, cada vez mais esse tipo de post surge no feed, fazendo com que eles ganhem mais interações, e apareçam mais, e ganhem mais interações… é como uma bola de neve.

E isso acarreta num fenômeno que vem sendo conhecido como “bolha”. É uma metáfora fácil de visualizar: cada vez mais, os usuários vão ficando presos dentro de uma bolha, interagindo e vendo publicações sempre das mesmas pessoas. Pessoas essas que, vale ressaltar, produzem conteúdo que lhes agrada.

No que diz respeito à política, “conteúdo que lhes agrada” significa posição política similar. Ou seja, o algoritmo potencializa a falta de pluralidade nas discussões ao deixar que apenas pessoas com pensamentos ideológicos similares interajam. Luis Gustavo Costa, consultor de Marketing, explica um pouco melhor essa questão. “Discussões políticas são um prato cheio para os algoritmos: com base no que ele aprende sobre as pessoas, elas consumirão apenas conteúdos que compartilham do seu ponto de vista, fazendo com que o usuário tenha a impressão de estar sempre certo”.

As diferentes redes e suas dinâmicas
Embora o princípio geral do algoritmo seja o mesmo, diferentes redes sociais atuam com diferentes prioridades na hora de determinar o algoritmo que irá regê-la. Segundo Ana, “cada algoritmo tem características diferentes e propósitos diferentes”. O que todos têm em comum é a captação de dados da experiência de cada usuário, a fim de entregar resultados personalizados. “A similaridade dos algoritmos fica por conta de que todos pregam filtrar o conteúdo mais interessante para seus usuários”, explica Luis Gustavo.

Quando o assunto é as diferenças entre Twitter, Facebook e Instagram, Ana deixa claro que esse universo é nebuloso e que nada pode ser afirmado com certeza. “Primeiro, é importante entender que o algoritmo é uma fórmula secreta, como é secreta a fórmula da coca-cola. Está nele o segredo de sucesso de uma rede social, o biscoito da sorte que aumenta o tempo e o número de páginas de uma sessão. Nenhuma das três redes divulga abertamente as variáveis do algoritmo que seleciona o conteúdo”, explica.

Manuela, porém, destaca as diferenças em trabalhar com cada uma dessas redes sociais. Para ela, o Facebook ainda é a principal delas, por conter um maior número de usuários em âmbito mundial. Como ponto positivo, destaca a possibilidade do compartilhamento de links, que permitem levar o usuário para dentro do site, blog ou loja virtual da marca em questão. “Então o Facebook acaba sendo uma rede social que leva à ação, não só exposição de marca”, explica. “O ponto negativo é que com as mudanças do algoritmo o conteúdo das páginas tem sido mostrado para menos de 10% dos seguidores. Ou seja, ou você investe em Facebook Ads ou esqueça”.

Sobre o Instagram, Manuela explica que o maior apelo está no âmbito visual, e que isso exige criatividade de quem produz conteúdo. Ao contrário do Facebook, permite pouco tráfego para fora da rede e pouca interação com o público. Luis Gustavo acrescenta, ainda, que o Instagram é uma rede mais dinâmica, pois considera o tempo de reação em seu algoritmo. “No Instagram, quanto mais rápido sua foto recebe curtidas e comentários, mais ela subirá no ranking. Por isso, é preciso estudar os melhores horários e as melhores hashtags”, explica.

E, ao contrário do Instagram, é justamente no contato com o público que o Twitter rouba a cena: nessa rede é onde as marcas conseguem fazer bem o community management, que é nada mais do que conversar com usuários em nome de uma marca, gestão de comunidade. “Mas vale dizer que isso requer bastante atenção e tempo, por isso a maioria das empresas acaba não trabalhando tão bem nessa rede”, destaca Manuela.

Cada rede social possui suas peculiaridades, tanto no que diz respeito à produção de conteúdo quanto ao próprio algoritmo. Ainda segundo Manuela, os algoritmos dessas três redes possuem grande inteligência, mas é o Facebook que tem realizado mais mudanças rapidamente.

Em busca de aprimorar o algoritmo, a fim de que ele identifique melhor o verdadeiro interesse de cada usuário, as redes sociais estão sempre realizando mudanças. Não é raro ver o Facebook, por exemplo, anunciando novidades na forma de captar essas informações. Para quem trabalha com redes sociais, essas mudanças frequentes alteram a maneira de se pensar a produção. Na opinião de Manuela, a solução é se adaptar a isso e saber lidar com o ambiente dinâmico: “o segredo me parece ser abraçar as mudanças e até desejá-las. Isso traz motivação para continuar aprendendo e se desenvolvendo”.

Riscos do algoritmo

Explicando um pouco melhor o funcionamento do algoritmo do Facebook, Manuela diz que a rede lê todas as ações dos usuários dentro da plataforma, e não só as mais óbvias — como posts e páginas curtidas. “Se você para a barra de rolagem e lê ou dá uma olhada na foto, o Face já sabe que você demonstrou interesse naquele tema, por exemplo. E então vai dar mais relevância a conteúdos similares”, conta.

Com tantas informações a respeito dos seus usuários, uma questão que pode surgir é se isso pode ser um risco para as pessoas que fazem uso das redes socias. Para a empresária, é preciso ficarmos de olho e discutirmos o assunto. “O Facebook, por exemplo, é dono de um Big Data gigantesco. Tenho medo do que eles podem fazer com toda essa inteligência. Tenho medo vendo que a Justiça não consegue acompanhar o ritmo do desenvolvimento na internet”, confessa Manuela. “Eu acho importante analisar as coisas por todos os ângulos possíveis. Então apesar de ser empresária da área de Marketing Digital, levanto a bandeira de discutirmos o impacto das mídias nas nossas vidas”.

 

Fonte:https://ada.vc/2017/12/18/como-funciona-o-algoritmo-de-redes-sociais/



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