O PERIGO DAS CURAS MILAGROSAS: CONTRA UM VÍRUS, NÃO
HÁ MILAGRE
Desde que o mundo percebeu que a Covid-19 era uma
doença perigosa e com potencial pandêmico, a oferta de remédios mágicos na
internet não parou mais de crescer. Em meio a uma pesada crise econômica, esse
mercado parece não sofrer nenhum impacto; ao contrário, segue crescendo de
vento em popa.
As curas milagrosas sempre
foram um grande problema, mas, diante do pânico que tomou as pessoas durante
a pandemia, os charlatões parecem se multiplicar como o próprio
vírus. Um elixir milagroso para curar todos os males? Sim, “tão garantido
quanto que o sol derrete o gelo”. Esta é uma das promessas de panfletos que
circulavam no século XIX e garantiam que certas poções tinham propriedades
curativas. Como vemos, não é de hoje que o temor das pessoas é um mercado
lucrativo. É no medo que aqueles mal-intencionados encontram terreno fértil
para ganhar dinheiro oferecendo curas milagrosas.
“No desespero e no perigo, as pessoas querem acreditar no milagre. De
outra forma não sobreviveriam”
Erich Remarque
É preciso estarmos alerta. A oferta
de qualquer tipo de cura por meio secreto ou infalível é crime praticado contra
a saúde pública, com pena de detenção de até um ano e também uma multa.
CONTRA UM VÍRUS, NÃO HÁ MILAGRE
Seria ótimo se pudéssemos tomar uma
garrafada mágica ou um soro imunizador para nos proteger do coronavírus. E temos inúmeras ofertas desse tipo circulando na
internet, que prometem blindagem contra o vírus e uma turbinada no sistema
imunológico. E muitas dessas ofertas são feitas por médicos e farmacêuticos, ou
seja, profissionais da saúde. Isso torna ainda mais difícil identificar o
charlatão, já que ele vem envolvido em uma aura de credibilidade em função de
sua profissão.
Os chás milagrosos também figuram
entre as substâncias mais procuradas, especialmente por aqueles que não possuem
muitos recursos. Gargarejos com vinagre e sal, consumo de bebidas quentes,
alho em grandes quantidades e suplementos vitamínicos também circulam adoidado
pelos grupos de whatsapp, criando falsas esperanças em quem quer proteger a si
mesmo ou a sua família. Nada disso tem efeito. É preciso ter em mente que, até
o momento, não há um tratamento oficial para a Covid-19 e também não temos uma
vacina. O único milagre possível é o do santo álcool e água e sabão.
O PROBLEMA DOS MILAGRES QUE CURAM
Muitas dessas receitas podem até ser
inofensivas à saúde, como é o caso dos chás e algumas vitaminas. Porém, é
recomendado que exista sempre o acompanhamento de um médico antes da ingestão
de qualquer composto medicinal. Interação medicamentosa, por exemplo, é um dos
problemas que esse tipo de automedicação pode causar. Excesso de vitaminas
também pode fazer bastante mal a saúde.
Mas esse não é o principal problema
com esse tipo de oferta. O principal dano que elas causam reside na sensação
falsa de segurança, que pode acabar gerando a contaminação e aumentar o
contágio da epidemia. Pessoas que realmente acreditam que estão protegidas por
causa de um soro imunizador, podem começar a tratar a situação de forma mais
relaxada e achar que podem “sair só um pouquinho”, ou podem não lavar tanto as
mãos como deveriam. Afinal, estão protegidas e cuidar para que um vírus não
entre em nossas casas dá um trabalhão. E muitas pessoas já estão muito cansadas
na quarentena, tendo que cuidar da casa, dos filhos e ainda trabalhar,
administrando também a tensão natural que existe em uma pandemia. Lavar as
compras que chegam do mercado, por exemplo, é uma medida de segurança muito
recomendada mas ainda pouco seguida pelos brasileiros.
Quem busca fora da ciência qualquer
tipo de auxílio neste momento está completamente enganado. Especialmente quem
aposta nisso todas as suas fichas, deixando de lado a ciência e a medicina,
pode sofrer na pele as consequências. E morrer não é a pior delas, já que fazer
a passagem para o mundo espiritual não tem nada de ruim, pelo contrário. Mas o
pior que pode acontecer é saber que contaminados alguém da nossa família, que
acaba por falecer. Conviver com a dor dessa perda e a culpa por não ter tomado
as medidas necessárias é um fardo muito difícil de carregar.
A IMPORTÂNCIA DAS VACINAS
É claro que existem inúmeros caminhos
alternativos que funcionam bem em muitos casos, como a homeopatia por
exemplo. Mas, há momento para tudo. Quando alguém tem uma pneumonia bacteriana,
por exemplo, não há na medicina homeopática algo que dê conta do caso. É
preciso um antibiótico. Não é possível combater uma infecção por bactéria sem o
uso desse tipo de medicamento.
E podemos ir ainda mais longe. Essa
cultura de distanciamento da medicina tradicional pode fortalecer movimentos
antivacina. É pela falta de informação e de cultura, além do negacionismo
científico, que esse movimento vem crescendo de forma assustadora e está
fazendo ressurgir doenças que já haviam sido erradicadas há muito tempo no
Brasil e no mundo, como o sarampo, a rubéola e a poliomielite. Esse
posicionamento de não vacinar as crianças pode parecer uma decisão individual,
mas, na verdade, é uma questão de saúde pública. Quanto menos crianças
vacinadas, vai-se criando um grupo suscetível a contrair determinadas doenças.
Como portadoras dos agentes infecciosos, elas acabam propagando enfermidades
para outros grupos, como, por exemplo, quem não pode se vacinar por algum
motivo ou aqueles que ainda não tem idade suficiente para se beneficiar dessa
imunização. Com isso, a sociedade fica ainda mais exposta a surtos.
“Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada”
Immanuel Kant
E, quando analisamos o discurso das
pessoas que alegam que as vacinas são nocivas, vemos que as curas milagrosas e
tratamentos alternativos estão sempre em alta conta. O que estamos passando
agora nos mostra uma coisa: como é o mundo sem vacinas.
A CURA PELA FÉ
Outra nuance dos milagres de cura vem
da exploração da fé. Infelizmente, os charlatões muitas vezes estão vestidos de
pastores, guias espirituais e
gurus. Há quem prometa curar a depressão em apenas 1 sessão. Isso também é
muito preocupante, pois, não só coloca em risco a vida das pessoas como ajuda a
descredibilizar os grupos espirituais que realizam trabalhos sérios.
A assistência espiritual durante uma
enfermidade é essencial. Usando a depressão como exemplo, vemos que o reiki, a meditação, a yoga e outras terapias são muito eficazes, mas
elas nunca agem sozinhas. São um complemento. É, na verdade, a junção de várias
frentes que proporciona a cura dessa doença: o remédio trata a química do
corpo, a terapia tradicional a mente e as espirituais trabalham com a alma e o
espírito. E, que somos nós, senão a junção desses três elementos? E para cada
um deles há uma abordagem específica. Tratar só o corpo, quando sabemos que
muito daquilo que nos acomete pode ter origens espirituais, não é suficiente.
Assim como tratar somente o espírito significa negar que temos um corpo e
negligenciar o tratamento adequado. Veja, quando quebramos uma perna ou
sofremos um ataque cardíaco, olhar só para o espírito não ajuda em muita coisa.
“A ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega”
Albert Einstein
Agora, estamos no meio de uma
pandemia onde um novo vírus altamente contagioso está infectando mais e mais
pessoas. Usar a espiritualidade nesse momento é muito necessário, pois nos
ajuda a enfrentar psicologicamente a situação. Conseguimos canalizar uma força
que nos ajuda inclusive a fortalecer o sistema imunológico, já que sabemos que
o stress o enfraquece. São muitos os benefícios de ter uma crença e uma prática
espiritual nesse momento. A fé move montanhas, sem dúvida. Mas ela não mata
vírus. O que mata o vírus é quarentena e desinfetantes como álcool e água
sanitária. A nossa fé tem que ser direcionada ao enfrentamento da situação do
ponto de vista do espírito e da consciência, mas não pode jamais invadir o
espaço da ciência e da medicina. Elas também são inspirações divinas e existem
para cumprir um propósito, não devendo ser ignoradas jamais.
Por isso, devemos tomar muito cuidado
para mantermos em equilíbrio os elementos fé, espiritualidade, cura, ciência e
medicina.
Fonte: https://www.wemystic.com.br/perigo-curas-milagrosas/
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