A Igreja da Inglaterra (em inglês: Church of England), também denominada Igreja Anglicana, é a igreja nacional e de denominação cristã estabelecida oficialmente na Inglaterra, a matriz principal da atual Comunhão Anglicana ligada à Sé da Cantuária, Inglaterra, bem como é membro-fundador da Comunhão de Porvoo. Fora da Inglaterra, a Igreja Anglicana é geralmente denominada de Igreja Episcopal, principalmente nos Estados Unidos e países da América Latina. O termo Anglicano tem origem em ecclesia anglicana, e que significa Igreja Inglesa ou igreja do povo inglês.
A Igreja define sua origem entre os antigos celtas, e que no século VI teve sua igreja incorporada à Igreja Católica Romana pelas missões gregorianas do século VI, lideradas por Agostinho da Cantuária. A igreja inglesa renunciou a autoridade papal e voltou a ser independente de Roma por um ato do Parlamento no Ato de Supremacia em 1534, iniciando uma série de eventos conhecidos como a Reforma Inglesa, o que iniciou uma grande disputa entre os líderes e polarizando o cristianismo inglês. A Reforma Inglesa subsequente foi fortalecida pelos regentes de Eduardo VI, precedendo uma breve restauração católica promovida por Maria I. Contudo, o Ato de Supremacia de 1559 renovou-a e permitiu que adotasse uma posição ambiguamente Católica e Reformada.
Nos primórdios da Reforma Inglesa, inspirada na Reforma Protestante de Martinho Lutero, havia uma grande quantidade de mártires católicos, porém protestantes radicais foram igualmente perseguidos em determinados períodos. Em fases posteriores, desenvolveram-se leis penais voltadas tanto aos católicos, quanto aos protestantes não conformistas. Em meados do século XVII, as disputas político-religiosas acentuaram-se entre os puritanos e presbiterianos, culminando na Restauração de 1660. As disputas e perseguições permaneceriam até meados do século XVIII. Somente o reconhecimento papal da coroação do Rei Jorge III, em 1766, acarretou uma maior tolerância religiosa na Inglaterra.
Igreja Anglicana | |
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Anglicanos | 25 milhões (no Reino Unido)[1] [2] Mais de 86 milhões na Comunhão Anglicana [3] |
Origem | século II Separado de Roma em 1534 |
Tradição | Católica-Protestante (Via média) |
clérigos | 6 560 [4] |
Paróquias | 12 500 (na Inglaterra) |
Catedrais | 42[5] |
Líder espiritual | Rev.Justin Welby |
Website | Church of England |
Logo |
Desde a Reforma Inglesa, a Igreja de Inglaterra têm desenvolvido sua liturgia em língua inglesa. A igreja alberga distintos ramos doutrinários, sendo os três principais os seguintes: Anglocatolicismo, Evangelicalismo e Igreja geral. As tensões entre tais grupos teológicos dentro da mesma denominação religiosa, giram em torno de temas controversos como, especialmente, ordenação feminina ao ministério e homossexualidade.
A estrutura de governo eclesiástico anglicano têm como unidade básica a diocese, cada uma presidida por um bispo; sendo que cada diocese abriga algumas paróquias locais. O Arcebispo da Cantuária é o Primaz de toda a Comunhão Anglicana, liderando a Igreja de Inglaterra e atuando com foco na unidade da mesma e para com a Comunhão Anglicana. O Monarca britânico, por sua vez, é o Governador Supremo da Igreja de Inglaterra. Em sua estrutura legislativa, a Igreja é regida pelo Sínodo Geral da Igreja de Inglaterra, sendo este composto por bispos, clérigos e leigos, e regularizado pelo Parlamento do Reino Unido.
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Igreja Anglicana |
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História
Cristianismo na Grã-Bretanha
Não se sabe exatamente quando o cristianismo se estabeleceu nas Ilhas Britânicas, mas é certo que já existia antes do século III, possivelmente a partir de missionários fugidos das perseguições às quais os primeiros cristãos estavam sujeitos. Os primeiros registros da presença cristã naquela região foram feitos pelo historiador e escritor Tertuliano, no ano de 208 d.C.. Mais tarde, no Concílio de Arles, realizado em 314 d.C. na França, compareceram três bispos de uma Igreja que existia na Inglaterra sem o conhecimento da Igreja Romana.
A primeira Igreja Cristã organizada nas Ilhas Britânicas é a Igreja Celta. O povo celta já habitava esta região antes mesmo da invasão anglo-saxônica. Esta Igreja, resistindo ao paganismo destes invasores, conseguiu manter uma Igreja Cristã independente, com organização monástica e tribal, sem nenhuma relação com a Igreja de Roma ou qualquer outra, embora mostrasse alguns hábitos e costumes orientais.
No ano de 595 d.C., o papa Gregório I, também conhecido como Gregório Magno, mandou um grupo de monges beneditinos, chefiado pelo monge Agostinho, prior do Convento de Santo André, na Sicília, para converter a Inglaterra ao catolicismo. Agostinho foi o primeiro arcebispo da Cantuária (em inglês, Canterbury), que é a Sé Primaz de referência para a atual Comunhão Anglicana, e passou a ser conhecido como Agostinho de Cantuária. Com o tempo, boa parte dos costumes da Igreja celta cedeu à forma latina do cristianismo implantada por Agostinho nas terras inglesas.
Separação de Roma
Em 1534, a Igreja Anglicana se separou em definitivo da Igreja Católica Romana por um ato do Parlamento no Ato de Supremacia em 1534, Após o papa excomungar o rei Henrique VIII, da Casa de Tudor. A princípio havia se mostrado um leal defensor do catolicismo, que fez queimar publicamente os escritos de Lutero. Mas por conta do conflito havido com o papa Clemente VII, relacionado com o pedido de anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, para se casar com Ana Bolena e ter descendentes homens, resolveu romper com Roma. A cisão se deu através do Ato de Supremacia, confiscando todas as terras que a Igreja Católica possuía na Inglaterra.
Após a morte de Henrique VIII, a Inglaterra se separou momentaneamente do cisma. Henrique VIII deixou um herdeiro homem, Edward VI, que era protestante. Este teve um reinado curto pela sua morte precoce com apenas 15 anos. Seguindo a linha de sucessão, sua irmã Maria I, filha do primeiro casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão, assume o reinado após a morte de Edward VI. Católica, ratificou o Ato de reconciliação da Inglaterra com Roma. Mas o seu reinado foi curto.
A emancipação da Igreja da Inglaterra da autoridade papal, através da iniciativa do rei Henrique VIII, não transformou a Inglaterra num país verdadeiramente protestante, pois a Igreja permaneceu católica quanto à doutrina. Somente no reinado de sua filha, Elizabeth I, a Igreja se firmara no caminho da via média entre catolicismo e protestantismo, característica que mantém até a presente época. Assim, não se pode, historicamente, atribuir a Henrique VIII o título de fundador da Igreja Anglicana, uma vez que a igreja separada por Henrique foi destituída no reinado de sua filha Maria I.
Henrique manteve uma forte preferência pelas práticas católicas tradicionais e, durante seu reinado, os reformadores protestantes não puderam fazer muitas mudanças nas práticas da Igreja Anglicana. De fato, essa parte do reinado de Henrique passou por provações por heresia de protestantes, assim como por católicos romanos.
A Rainha Elizabeth I não queria uma reforma radical que desagradasse muito os seus súditos católicos. Por isso criou a via media, que conservava todas as doutrinas protestantes tradicionais, mas que mantinha as vestimentas e liturgias católicas de antes, o que “permitia à pessoa tradicional, iletrada, vivenciar o culto anglicano quase do mesmo modo como vivenciara o culto católico”.[6]
Ao mesmo tempo, “o uso de inglês ao invés de latim permitia ao protestante letrado ouvir uma mensagem reformatória nos sermões e orações situados dentro de uma teologia reformada estruturada pelos Trinta e Nove Artigos”[6] Nichols discorre que a rainha “procurou manter uma situação intermediária entre os extremos'', a fim de agradar o maior número de pessoas. A Reforma inglesa foi, desse modo, conservadora, guardando o velho sistema de governo da Igreja e muitas das antigas formas de culto”[7]. O próprio Livro de Oração de 1552 ainda mantinha imagens e crucifixos na Igreja[8].
Período Stuart
Para o próximo século, através dos reinados de Jaime I , que ordenou a tradução da Bíblia conhecida como a Versão King James (autorizada a ser usada nas paróquias, o que não significa que fosse a versão oficial), e Charles I, culminando na Guerra Civil Inglesa e no Protetorado de Oliver Cromwell , houve mudanças significativas entre duas facções: os Puritanos(e outros radicais) que buscaram reformas protestantes mais abrangentes, e os clérigos mais conservadores que pretendiam se aproximar das crenças tradicionais e das práticas católicas. O fracasso das autoridades políticas e eclesiásticas em submeter-se às exigências puritanas de reformas mais amplas foi uma das causas da guerra aberta. Pelos padrões continentais, o nível de violência em relação à religião não era alto, pois a Guerra Civil era principalmente sobre política, mas as baixas incluíam o rei Carlos I e o arcebispo de Canterbury, William Laud e dezenas de milhares de civis que morreram devido às condições instáveis. Sob a Commonwealth e o Protetorado da Inglaterra de 1649 a 1660, os bispos foram destronados e as antigas práticas foram proibidas, e os presbiterianos a eclesiologia foi introduzida no lugar do episcopado. Os 39 artigos foram substituídos pela Confissão de Westminster , o Livro de Oração Comum pelo Diretório do Culto Público. Apesar disso, cerca de um quarto do clero inglês se recusou a se conformar a essa forma de presbiterianismo estatal.
Grandes reparos foram feitos na Catedral de Canterbury após a Restauração em 1660. Com a Restauração de Carlos II, o Parlamento restaurou a Igreja da Inglaterra para uma forma não muito distante da versão elisabetana. Uma diferença era que o ideal de englobar todo o povo da Inglaterra em uma organização religiosa, tida como certa pelos Tudors, tinha que ser abandonada. A paisagem religiosa da Inglaterra assumiu sua forma atual, com a igreja estabelecida anglicana ocupando o meio termo, e os puritanos e protestantes que discordavam do estabelecimento anglicano tendo que continuar sua existência fora da igreja nacional ao invés de tentar influenciar ou tentar ganhar controle sobre ela. Um resultado da Restauração foi a destituição de 2 mil ministros paroquiais que não haviam sido ordenados por bispos na Sucessão Apostólica ou que haviam sido ordenados por ministros em ordens de presbíteros. Suspeita oficial e restrições legais continuaram até o século XIX. Os católicos romanos, talvez 5% da população inglesa (menos de 20% em 1600) eram relutantemente tolerados, tendo tido pouca ou nenhuma representação oficial após a excomunhão do papa da rainha Elizabeth I em 1570, embora os Stuarts fossem simpáticos a eles.
Doutrina
Ver artigo principal: Anglicanismo |
A lei canônica da Igreja de Inglaterra identifica as Sagradas Escrituras como sua fonte doutrinária. Além disto, a doutrina também deriva dos ensinamentos dos Pais da Igreja e dos concílios ecumênicos (assim como de seus subsequentes credos ecumênicos), uma vez que em concordância plena com as Escrituras. Esta doutrina é expressa mais especificamente através dos Trinta e Nove Artigos de Religião, do Livro de Oração Comum e do Ordinal - este último que contém os ritos de ordenação de diáconos e padres e da consagração episcopal.[9] Ao contrário de outras tradições religiosas, a Igreja de Inglaterra não possui uma linha teológica única considerada como a fundadora ou original. Contudo, a perspectiva de Richard Hooker das Escrituras e da tradição eclesiástica, são tida ainda hoje como base da identidade Anglicana.[10]
O perfil doutrinário anglicano tal como se encontra nos dias atuais resulta em muito da Era Elisabetana, durante a qual perdurou o estabelecimento de uma certa forma de "via média" entre o Catolicismo e o Protestantismo. A Igreja de Inglaterra afirma o princípio advindo da Reforma Protestante de que as Escrituras contém todas as ideias e concepções concernentes à Salvação e constituem o árbitro definitivo para questões doutrinárias. Os Trinta e Nove Artigos são a única confissão de fé da Igreja. Apesar de não configurar um sistema doutrinário completo e fechado, os artigos lançam luz sobre temas de concordância com o Luteranismo e outras linhas Reformadas, ao mesmo tempo em que distinguindo-o do Catolicismo romano e do Anabatismo.[10]
A Igreja Anglicana não só abarca crenças oriundas da Reforma Protestante, como também manteve tradições católicas da Igreja Primitiva e pensamentos desenvolvidos e defendidos ao longo da Era Patrística, uma vez que em concordância plena com as Escrituras. O Anglicanismo aceita as estipulações dos quatro primeiros concílios ecumênicos, incluindo a crença na Trindade e na Encarnação. A Igreja de Inglaterra também preserva a ordenação e a forma de governo episcopal, conforme desenvolvidos pela Igreja Romana. Alguns estudiosos consideram isto essencial, enquanto outros consideram necessária uma reformulação em conseguinte à identidade da Igreja.[10]
A Igreja de Inglaterra possui, como uma de suas marcas distintivas, uma "mentalidade ampla e aberta". Este postura tolerante têm permitido a coexistência das tradições católica e reformada. O Anglicanismo, como um todo, costuma ser entendido como constituído de três cisões: Alta igreja (ou Anglo-Católica), Baixa igreja (ou Evangélica) e Igreja geral (ou liberal). A alta igreja enfatiza a significância da continuidade com o Catolicismo pré-Reforma, a adesão aos costumes litúrgicos e à natureza sacerdotal do ministério. Como a nomenclatura sugere, os Anglo-católicos mantém inúmeras práticas e formas litúrgicas católicas.[11] A baixa igreja enfatiza a herança protestante, tanto litúrgica como teologicamente. Historicamente, a igreja geral têm sido descrita como uma mediação entre ambas as linhas teológicas, embora voltada a um Protestantismo mais liberal.
Liturgia
Conforme estabelecido pela Lei Inglesa, a fonte litúrgica oficial da Igreja de Inglaterra é o Livro de Oração Comum.[12] Além deste documento, o Sínodo Geral também legisla para um livro litúrgico moderno, o Liturgia Comum, publicada desde 2000 e utilizada alternativamente. Assim como seu antecessor, o Livro Alternativo de Serviço de 1980, este diverge do Livro de Oração Comum por prover uma gama de serviços alternativos, muitos em linguagem moderna, apesar de não incluir algumas bases, como por exemplo, a Ordem Dois para Santa Comunhão.
As liturgias são organizadas de acordo com ano e calendário litúrgicos. Os sacramentos do Batismo e da Eucaristia são considerados necessários para a Salvação, sendo o pedobatismo amplamente defendido e praticado. Já mais avançados em idade, os indivíduos previamente batizados recebem a Confirmação por um bispo, reafirmando seu compromisso com a fé cristã e anglicana. A Eucaristia, consagrada por oração de ação de graças incluindo as palavras da instituição proferidas por Jesus Cristo, é considerada um ato "memorial dos atos redentores de Cristo, no qual o Cristo se faz efetiva e objetivamente presente pela fé".[13]
A utilização de hinos e música na Igreja de Inglaterra têm sido fortemente modificada ao longo dos séculos. O tradicional canto vespertino é um marco distintivo da maioria das catedrais. A entoação de salmos, ainda presente no Anglicanismo, por sua vez, é uma marca que data de volta aos primórdios da fé cristã inglesa. Durante o século XVIII, clérigos como Charles Wesley[14] introduziram novos estilos de adoração e hinos poéticos.
Segmentos
Ver artigos principais: Reforma Inglesa e Movimento de Oxford |
A Igreja da Inglaterra compreende-se como "católica" e "reformada":
- Católica (Alta Igreja) na medida em que se define como uma parte da Igreja Católica[15] de Jesus Cristo, em perfeita e válida continuidade com a Igreja apostólica. Também se assemelha de Igreja Católica Romana em seus dogmas e ritos. Surgiu no século XIX, no Movimento de Oxford, já que a Igreja Anglicana era totalmente protestante.
- Protestante (Baixa Igreja), na medida em que ela foi moldada por alguns dos princípios doutrinários e institucionais da Reforma Protestante do século XVI, nos princípios presbiterianos (ou calvinistas). O seu caráter mais reformado encontra-se na expressão dos Trinta e Nove Artigos de Religião, elaborado em 1563[16] como parte do estabelecimento da via média de religião sob a rainha Isabel I de Inglaterra. Os costumes e a liturgia da Igreja da Inglaterra, expresso no Livro de Oração Comum (em inglês, The Book of Common Prayer - BCP), são baseados em tradições da pré-Reforma, com influência dos princípios da Reforma litúrgica e doutrinária de inspiração protestante.
P.[17] Surgiu originalmente com a Igreja, sendo o segmento anglicano mais antigo.
Membresia
Dados oficiais do ano de 2005 indicam o número de 25 milhões de Anglicanos batizados na Inglaterra e no País de Gales.[18] Devido à sua condição como denominação cristã estabelecida, em geral, todo cidadão destes países pode contrair matrimônio, batizar seus filhos ou realizar cerimônias fúnebres em uma paróquia anglicana, independentemente de serem membros regulares de algumas destas.[19]
Entre 1890 e 2001, a frequência nas igrejas do Reino Unido sofreu um forte declínio. Entre 1968 e 1999, a frequência aos serviços dominicais em paróquias anglicanas praticamente desapareceu, caindo de uma média de 3,5% para 1,9%. Uma pesquisa publicada em 2008 sugeriu que as taxas de frequências aos serviços dominicais sofreriam uma queda ainda maior nas próximas décadas.
Em 2011, a Igreja de Inglaterra publicou estatísticas demonstrando que 1,7 milhão de pessoas frequentam, pelo menos, um serviço religioso mensalmente, um padrão que vem sendo mantido desde o ano 2000; aproximadamente um milhão participa dos serviços dominicais e três milhões dirigem-se às paróquias para serviços específicos de Natal. A Igreja também afirma que 30% frequentam os serviços dominicais pelo menos uma vez ao ano; sendo mais de 40% participantes de casamentos e funerais em suas paróquias locais. Nacionalmente, a Igreja de Inglaterra batiza uma a cada oito crianças nascidas anualmente.[20]
A Igreja de Inglaterra possui 18 mil clérigos ordenados em atividade e outros 10 mil licenciados. Em 2009, 491 indivíduos foram indicados ao treinamento para ordenação, mesma média desde o ano 2000, e 564 novos clérigos (266 do sexo feminino e 298 do sexo masculino) foram ordenados. Mais da metade destes ordenados (193 do sexo masculino e 116 do sexo feminino) foram indicados ao ministério remunerado.[21] Em 2011, 504 novos clérigos foram ordenados, sendo 264 para ministério remunerado, e 349 leitores.
Comunhão Anglicana
Ver artigo principal: Comunhão Anglicana |
A Comunhão Anglicana é a terceira maior comunhão cristã do mundo . Fundada em 1867 em Londres, Inglaterra , a comunhão atualmente tem 85 milhões de membros dentro da Igreja da Inglaterra e outras igrejas nacionais e regionais em plena comunhão, fazendo delas uma só igreja no mundo todo. As origens tradicionais das doutrinas anglicanas estão resumidas nos Trinta e Nove Artigos (1571). O arcebispo de Canterbury (atualmente Justin Welby ) na Inglaterra atua como um símbolo de unidade, reconhecido como primus inter pares ("primeiro entre iguais").
Anglicanos independentes
Na segunda metade do século XIX, por divergências teológicas e pastorais no seio do anglicanismo, surgiram várias denominações anglicanas independentes, ou continuantes, principalmente na América do Norte, Austrália e em vários países em desenvolvimento. Concomitante a este fenômeno, houve em sentido contrário o aparecimento de "movimentos de convergência", nos quais protestantes ou católicos (ex: Velha Igreja Católica) aproximaram-se do anglicanismo e do catolicismo e buscaram estabelecer igrejas com doutrinas e práticas anglicanas. Exemplos disso são a Igreja Católica Apostólica Carismática[22] da International Communion of the Charismatic Episcopal Church e a Comunhão Internacional das Igrejas Episcopais Evangélicas.
Estrutura
O Artigo XIX dos Trinta e Nove Artigos de Religião define a igreja como:[23][24]
“ | A igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis, onde se prega a pura Palavra de Deus e se administram devidamente os sacramentos, segundo a instituição de Cristo, em todas as coisas que necessariamente se requerem neles. | ” |
O Monarca britânico detém o título constitucional de Governador Supremo da Igreja de Inglaterra. A lei canônica da Igreja da Inglaterra afirma: "Reconhecemos que a mais excelente Majestade do Monarca, atuando de acordo com as leis do Reino, é o mais alto poder sob Deus neste reino, e possui suprema autoridade sobre todos os cidadãos em todas as instâncias, civis e eclesiásticas."[25] Na prática, contudo, este poder é exercido através do Parlamento e do Primeiro-ministro.
A Igreja da Irlanda e a Igreja em Gales separaram-se da Igreja de Inglaterra em 1869[26] e 1920,[27] respectivamente, constituindo igrejas autônomas dentro da Comunhão Anglicana; Na Escócia, a igreja nacional, Igreja da Escócia, é de orientação presbiteriana, sendo assim, o Anglicanismo no país é representado pela Igreja Episcopal Escocesa, que também integra a Comunhão Anglicana.[28]
Para além da Inglaterra, a jurisdição da Igreja de Inglaterra estende-se até a Ilha de Man, as Ilhas do Canal e algumas paróquias nos condados galeses de Flintshire, Monmouthshire, Powys e Radnorshire, que optaram por não unir-se à Igreja de Gales, permanecendo ligados à Cantuária. As congregações de expatriados no continente compõem a Diocese de Gibraltar.
A Igreja de Inglaterra é estrutura da seguinte forma:
- Paróquia é o nível mais básico de organização eclesiástica, consistindo de um templo ou uma comunidade anglicana, apesar de muitas estarem unindo-se por questões financeiras. A paróquia é regida por um padre que, por questões históricas e/ou legais, pode ser chamado de vigário ou reitor. O pároco divide os encargos da condução da paróquia com o Conselho Paroquial, que consiste em clérigos e representantes leigos eleitos pela congregação. A Diocese de Gibraltar, conforme citado anteriormente, não é formalmente dividida em paróquias; assim como há paróquias que não integram nenhuma diocese. Nas áreas urbanas, há ainda um grande número de capelas particulares (privadas), construídas sobretudo no século XIX por questões de expansão populacional.
- Forania é uma área conduzida pelo Deão Rural. Consiste em um grupo de paróquias de um particular distrito. O deão rural é geralmente o incumbente de uma das paróquias constituintes, que elegem seus representantes ao sínodo local. Os membros do sínodo da forania elegem membros ao sínodo diocesano.
- Arcediagado é uma área sob autoridade do arcediago, sendo em número de sete na Diocese de Gibraltar na Europa.
- Diocese é a área sob jurisdição de um bispo diocesano. Pode haver somente um ou mais bispos a ele subordinados, geralmente chamados de bispos sufragâneos, que auxiliam o bispo titular na condução dos assuntos diocesanos. Nas dioceses mais extensas, é comum a criação de "áreas episcopais", às quais o bispo diocesano nomeia seus sufragâneos para conduzi-las. Os bispos trabalham com um corpo eleito de representantes ordenados, conhecido como Sínodo Diocesano, para condução da diocese. A diocese é subdividida em um número de arcediagados.
- Província é uma área sob jurisdição de um arcebispo. Na Igreja de Inglaterra, há somente dois deles: o Arcebispo da Cantuária e o Arcebispo de Iorque. A província é subdividida em várias dioceses.
- Primazia é a condição de cada Arcebispo da Igreja de Inglaterra, intitulados também de "Primaz de Toda a Inglaterra" (no caso do Arcebispo da Cantuária) e de "Primaz da Inglaterra" (no caso do Arcebispo de Iorque) e tem poderes que se estendem sobre todo o país - como, por exemplo, autoridade para celebrar matrimônios sem habilitação.
- Royal Peculiar, um pequeno número de templos historicamente associados à Coroa, estando além da hierarquia usual da Igreja de Inglaterra. São administrados como jurisdições episcopais especiais.
Primaz
O mais tradicional bispo da Igreja de Inglaterra é o Arcebispo da Cantuária, sendo este também o metropolita da província do sul da Inglaterra, a Província da Cantuária. Além disto, detém também o título de Primaz de Toda Inglaterra. Seu foco é trabalhar para promover a unidade da Igreja Anglicana e a integração de toda a Comunhão Anglicana.[29] O atual Arcebispo da Cantuária é Justin Welby, confirmado por eleição em 4 de fevereiro de 2013.[30][31]
O segundo mais tradicional bispado é o Arcebispo de Iorque, o metropolita da província do norte da Inglaterra, a Província de Iorque. Por razões históricas (relativas ao controle danês sobre a região), o Arcebispo de Iorque é referido como Primaz da Inglaterra. O Bispo John Sentamu foi entronizado Arcebispo de Iorque em 2005. Abaixo destes dois primazes, o Bispo de Londres, Bispo de Durham e o Bispo de Winchester são também considerados os principais ordenados da Igreja de Inglaterra.
Bispos diocesanos
O processo de nomeação de bispos diocesanos é complexo, devido a razões históricas que equilibram a hierarquia contra a democracia, e é tratado pelo Comitê de Nomeações da Coroa que submete nomes ao Primeiro Ministro (agindo em nome da Coroa) para consideração.
Organismos representativos
A Igreja da Inglaterra tem um corpo legislativo, o Sínodo Geral . O Sínodo pode criar dois tipos de legislação, medidas e cânones . As medidas devem ser aprovadas, mas não podem ser alteradas pelo parlamento britânico antes de receber o Royal Assent e tornar-se parte da lei da Inglaterra. Embora seja a igreja estabelecida apenas na Inglaterra, suas medidas devem ser aprovadas por ambas as Casas do Parlamento, incluindo os membros não ingleses. Os Cânones requerem a Licença Real e o Royal Assent, mas formam a lei da igreja, ao invés da lei da terra.
Outra assembleia é a convocação do clero inglês , que é mais antigo que o Sínodo Geral e seu antecessor, a Assembleia da Igreja. Na Medida do Governo Sínodo de 1969, quase todas as funções das Convocações foram transferidas para o Sínodo Geral. Além disso, há sínodos diocesanos e sínodos de decano , que são os órgãos de governo das divisões da Igreja.
Câmara dos Lordes
Os 42 arcebispos e bispos diocesanos da Igreja da Inglaterra, 26 são autorizados a sentar-se na Câmara dos Lordes . Os arcebispos de Canterbury e York têm automaticamente assentos, assim como os bispos de Londres , Durham e Winchester . Os restantes 21 lugares são preenchidos em ordem de antiguidade por consagração . Pode levar um bispo diocesano vários anos para chegar à Câmara dos Lordes, ponto em que ele se torna um lorde espiritual. O Bispo de Sodor e o Homem e o Bispo de Gibraltar na Europa não são elegíveis para se sentar na Câmara dos Lordes, pois as suas dioceses situam-se fora do Reino Unido. [32]
Dependências da Coroa
Embora não façam parte da Inglaterra ou do Reino Unido , a Igreja da Inglaterra é também a Igreja estabelecida nas dependências da Coroa da Ilha de Man , o Bailiado de Jersey e o Bailiado de Guernsey . A Ilha de Man tem sua própria diocese de Sodor e Man , e o bispo de Sodor e Man é um membro ex officio do Conselho Legislativo do Tynwald na ilha. As Ilhas Anglo-Normandas fazem parte da Diocese de Winchester , e em Jersey, o decano de Jersey é um membro não votante dos Estados de Jersey . Em Guernsey, a Igreja da Inglaterra é a Igreja estabelecida , embora o decano de Guernsey não seja membro dos Estados de Guernsey .[33]
Diretório on-line da Igreja
A Igreja da Inglaterra apóia A Church Near You , um diretório on - line de igrejas. Um recurso editado pelo usuário, atualmente lista 16,4 mil igrejas e tem 7 mil editores em 42 dioceses.[34] O diretório permite que as paróquias mantenham informações precisas de localização, contato e eventos, que são compartilhadas com outros sites e aplicativos móveis. Em 2012, o diretório formou o backbone de dados do ''Christmas Near You''[35] e em 2014 foi usado para promover a iniciativa da igreja Harvest Near You.[36]
Anglicanismo no Brasil
Ver artigos principais: Anglicanismo no Brasil e Igreja Episcopal Anglicana do Brasil |
A história do anglicanismo no Brasil inicia-se no século XIX, no contexto da transferência da corte portuguesa para o Brasil. Em 1810 Portugal e Inglaterra assinaram o Tratado de Comércio e Navegação, que permitiu a construção de capelas anglicanas em terras brasileiras, contanto que elas não tivessem a aparência de templos religiosos – não poderiam ter torres ou sinos – e não buscassem a conversão de cristãos católicos brasileiros.[37][38]
Em meados daquele século, as três principais cidades brasileiras, que haviam ganhado ainda na década de 1810 cemitérios para a colônia inglesa, já abrigavam templos anglicanos: em maio de 1822, a primeira capela anglicana do país, a Christ Church, foi aberta no Rio de Janeiro; em maio de 1838, houve a fundação do primeiro templo anglicano no Recife, a Holy Trinity Church; e em outubro de 1853, foi inaugurada a capela de Saint George's Church em Salvador.[37][39][40] Surgiram ainda capelas anglicanas em Nova Lima e Mariana, em Minas Gerais, cidades estas que desenvolveram numerosas colônias britânicas devido à exploração das minas de Morro Velho e da Passagem por empresas inglesas.[41]
A província anglicana do Brasil é a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
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