Mestres Mequetrefes e Gurus de Verdade
por Pedro Kupfer
Os Falsos Gurus
Os Gurus de Verdade
É
impossível negar a influência que o Yoga tem hoje em dia sobre centenas de
milhares de ocidentais. Estrelas de Hollywood, pop stars e atletas famosos
estão voltando seus interesses para esta prática que surgiu em tempos
neolíticos na Índia. A descoberta de si próprio está na moda!
24/07/2011
Falsos mestres e gurus
verdadeiros: é impossível negar a influência que o Yoga tem hoje em dia sobre
centenas de milhares de ocidentais.
Estrelas de Hollywood, pop
stars e atletas famosos estão voltando seus interesses para esta prática que
surgiu em tempos neolíticos na Índia. A descoberta de si próprio está na moda.
Esse movimento, que acarreta o
nascimento de inúmeras entidades encarregadas de divulgá-lo, responde a uma
demanda real da sociedade: estamos com sede de nos conhecer. Queremos saber
quem somos. Queremos tirar o véu.
Entretanto, em meio ao
verdadeiro labirinto configurado pelas entidades que se ocupam do
autoconhecimento existem duas vertentes: por um lado, grupos ou pessoas
realmente interessados e empenhados na busca de mokṣa,
a liberdade.
Por outro, aquilo que o
professor Hermógenes definiu como “o mercado de falcatruas do Yoga”.
A sociedade ocidental oferece
um caldo de cultivo muito propício para que isto aconteça: o ritmo de vida que
impõe a cidade acaba nos impondo a necessidade de achar um refúgio seguro
dentro de nós mesmos.
Ou perdemos a razão ou perdemos
a felicidade. Ou fazemos alguma coisa para tentar ficar com ambas.
Dentro dessa labiríntica ordem
de coisas há pessoas muito bem intencionadas, mas que nem sempre são
suficientemente visíveis.
Como esses mestres não são
movidos pela sede de enriquecimento ou promoção pessoal, acabam sendo
sepultadas pela publicidade enganosa dos impostores, oportunistas e
atravessadores de conhecimento de segunda mão.
É preciso andar com muita
atenção neste labirinto para não se perder. É preciso perseverar, mesmo que por
momentos seja difícil.
A mente fica o tempo todo
inventando desculpas para ficar pulando de galho em galho, de técnica em
técnica.
Enraizar-se firmemente no chão
é importante na hora do vendaval da moda espiritual e, principalmente, na hora
de fazer as escolhas certas.
Algumas partes do labirinto são
um pântano onde pululam crocodilos canibais, prestes devorar o buscador
desavisado. esses crocodilos são os falsos mestres com suas lavagens cerebrais,
os instrutores despreparados, os livros sem conteúdo, os ensinamentos
adulterados, o marketing vazio e a mentira institucionalizada.
Os Falsos Gurus
1. O falso mestre, sem rosear
de vergonha, apresenta-se como a única solução possível à charada da
existência. O mestre verdadeiro não precisa vociferar aos quatro ventos que é
um mestre verdadeiro.
2. O mestre verdadeiro tem como
objetivo libertar as pessoas, não criar seguidores cegos e/ou carentes.
Para não se perder no pântano,
é importante ter uma referência, um guia que nos ajude e oriente na busca.
3. Algumas pessoas, por falta
de humildade ou pelo tamanho dos músculos do ego, têm dificuldades para aceitar
a ideia de ter um mestre. Porém, se tivemos mestres durante os estudos, porque
não tê-los na busca espiritual?
Considerando a sociedade de
consumo, e sua filosofia pegue-e-pague, pode parecer fácil achar um mestre.
Porém, esta porca tem mais uma volta.
Os Gurus de Verdade
4. Um mestre verdadeiro não é
necessariamente alguém muito visível, famoso, rico ou de relevância social, mas
apenas uma pessoa que transcendeu a identificação com as coisas do ego, simples
e respeitosa em suas atitudes, que não busca a autopromoção nem cobra taxas
absurdas em troca de “iluminação”.
5. Mais um esclarecimento: é
necessário separar os mestres dos professores. Ao contrário do mestre, o
professor é uma pessoa que está ainda no processo de da maturidade emocional, e
que faz isso ajudado pelos seus próprios estudantes.
Inaceitável é a atitude do
professor que toma o lugar do mestre. Esta troca de papéis se percebe na distância,
pois as atitudes de tal pessoa acabam sendo falsas, artificiais e patéticas, e
não convencendo.
Cabe ao praticante separar
ensinamentos verdadeiros de fast
food espiritual usando o bom-senso, pesquisando e indagando
sobre com quem o professor aprendeu e a que tradição ele pertence. É importante
saber quem é o mestre e qual o sampradāya, a
linhagem tradicional.
Ao tirar o Yoga do seu contexto
tradicional para adaptá-la ao gosto ocidental, se corre o perigo de acabar
reduzindo a busca da liberdade a um artigo de consumo, um “produto”. Surgem
assim adaptações, versões diluídas, para tornar o produto mais palatável e,
conseqüentemente, mais vendável.
Assim, descarta-se a
transcendência do ego para, paradoxalmente, transformar a meditação numa
técnica de crescimento pessoal, que visa, em muitos casos, apenas o
fortalecimento da individualidade.
Que possamos manter os olhos
bem abertos para nos distanciar daquilo que é falso e que irá nos distanciar do
objetivo real do Yoga.
॥ हरिः ॐ ॥
Se você achou útil esta
leitura, sugerimos também O Teste do Guru,
bem como o artigo Estou numa Seita?
Mais sobre o perigo dos falsos
gurus aqui: Abusos Sexuais no Yoga
O excelente website GuruMag,
da jornalista Anke Richter, tem dossiers, informação verdadeira e relevante
sobre muitos desses falsos gurus.
॥ हरिः ॐ ॥
Comentários
Postar um comentário