Charles Darwin:10 fatos estranhos sobre o gênio
No próximo 12 de fevereiro, Charles Darwin comemoraria seu 205º
aniversário. O brilhante naturalista praticamente fundou a biologia moderna com
suas obras sobre a teoria da evolução, se tornando um dos maiores cientistas
que já viveu. Reverenciado por muitos e desprezado por alguns, é possível ver
uma enorme influência de seus pensamentos em muitos aspectos de nossas vidas.
Nada mais justo, então, que saibamos um pouco sobre mais ele. Confira:
10. Charles Darwin era religioso
O cientista é talvez o mascote mais popular do movimento ateu –
sua teoria da evolução é contrária ao criacionismo, a crença religiosa de que a
humanidade e tudo no universo são a criação de um agente sobrenatural (Deus).
No entanto, Charles Darwin não era ateu. E, apesar ter se declarado agnóstico
durante os últimos anos de sua vida (alguém que não acredita nem nega a
possibilidade da existência de um Deus), ele mal falava sobre suas crenças
pessoais e não gostava de discutir sobre as implicações de suas teorias em
doutrinas teológicas, admitindo que sabia muito pouco sobre religião. Quando
jovem, Charles Darwin era conhecido por ser bastante religioso. Em sua
autobiografia, ele lembrou que foi ridicularizado em uma viagem de exploração
científica por oficiais do navio da Marinha Britânica HMS Beagle por acreditar
que a Bíblia era uma autoridade final sobre a moralidade. Embora não fosse
muito ativo nos círculos religiosos, o moço Charles Darwin tinha uma firme
convicção de que Deus existia e de que a alma era imortal. Enquanto no Brasil,
ele estava tão absorto pela beleza da natureza que a proclamou como a
manifestação de um ser superior. Darwin teve dificuldade em fazer uma transição
para o agnosticismo. Quando começou a questionar a existência de Deus, ele
disse que não podia apreciar a beleza da natureza com o mesmo vigor religioso
que tinha quando era jovem, comparando a sensação como a de ser daltônico.
9. Charles Darwin tinha gosto por comida
exótica
Charles Darwin gostava
de experimentar comidas estranhas. Durante seu tempo na Universidade de
Cambridge, ele pertencia a um grupo de culinária chamado Glutton Club (Clube
dos Glutões), cujos membros se encontravam uma vez por semana para experimentar
vários pratos “exóticos” anteriormente desconhecidos para o paladar humano, por
exemplo a carne de vários pássaros selvagens, como gaviões.
Quando embarcou em sua missão no HMS Beagle, ele reacendeu seu
gosto por iguarias exóticas. Durante a viagem, Darwin foi capaz de experimentar
tatus, que disse ter gosto de pato, além de um roedor sem nome que ele
descreveu como a melhor carne que já provou. O naturalista até mesmo descobriu
uma nova espécie de ave em seu prato do jantar, que mais tarde foi nomeada em
sua homenagem – Rhea
darwinii. Em Galápagos, Darwin comeu tartarugas e bebeu fluido de suas
bexigas, que ele descreveu como “bastante límpidos e com um gosto só
ligeiramente amargo”. Suas façanhas gastronômicas foram ainda mais extremas na
América do Sul, onde Darwin conta que comeu uma carne muito branca que o fez se
sentir enjoado no começo, pensando que ele estava comendo a carne de um
bezerro. Logo, o cientista ficou aliviado ao saber que estava comendo a carne
de uma suçuarana, comparando o seu gosto ao de carne de vitela.
8. As teorias de Darwin foram usadas para
defender tanto o capitalismo quanto o socialismo
Algumas pessoas culpam as teorias de Charles Darwin pelos males do
capitalismo. Isso porque economistas logo aplicaram a ideia de seleção natural
à economia e à sociedade, dando assim origem ao darwinismo social. Os adeptos
do darwinismo social acreditam que o sucesso ou o fracasso econômico de uma
pessoa é semelhante a luta de um animal para sobreviver. Assim, eles
desencorajam o apoio do governo e atividades de caridade que ajudam os pobres,
porque creem que a espécie humana se tornará mais forte se a sociedade permitir
que os “inaptos” morram. Entre darwinistas sociais notórios estão dois dos
homens mais ricos de seu tempo, Andrew Carnegie e John Rockefeller. Embora o
próprio Darwin tenha admitido não ter uma compreensão adequada de política e
economia, suas teorias sem dúvida afetaram o crescimento do capitalismo no
início do século 20. Devido a isso, a maioria das pessoas assume que a seleção
natural não é bem recebida por aqueles que se opõem a esse sistema econômico.
Não é bem assim. Charles Darwin, na verdade, teve uma enorme influência
positiva também no extremo oposto do espectro. Enquanto os darwinistas sociais
viam as teorias de Darwin como uma forma de justificar a ganância e a opressão,
Karl Marx a viu como uma alegoria para as lutas de classes. O filósofo alemão
usou a Origem das Espécies de Darwin como a base biológica do socialismo.
Conforme um organismo luta para sobreviver em um ambiente hostil, a classe toda
também deve lutar contra aqueles que a estão explorando – uma luta de classes
que Marx disse ter observado na sociedade. A influência do naturalista em Marx
foi tão grande que o famoso socialista planejava dedicar seu livro, “Das
Kapital”, a ele, um gesto que Darwin respeitosamente recusou.
7. Darwin também estudou psicologia
Durante seu tempo no
Beagle, Charles Darwin teve o privilégio de se deparar com várias culturas ao
redor do mundo. Havia barreiras linguísticas óbvias que o impediam de se
comunicar com moradores locais, mas ele observou que as emoções que as pessoas
manifestavam – felicidade, tristeza, medo e raiva – não pareciam diferir muito
de cultura para cultura. Este seria o início da menos conhecida carreira de
Charles Darwin em psicologia, e do eventual desenvolvimento do conceito de
emoções universais.
Ele se correspondeu
com muitos cientistas para estudar esse fenômeno, incluindo um médico francês
chamado Guillaume Duchenne. Duchenne estudou os músculos faciais humanos e
propôs que todos os rostos humanos manifestavam até 60 tipos diferentes de
emoções. Ele é mais famoso pelas fotos que capturou de rostos de pessoas estimuladas com choques elétricos para produzir esses 60 tipos de emoções. No entanto,
Charles Darwin discordava que todas as 60 emoções eram universais. Ele
acreditava que apenas algumas delas eram comuns a todos os seres humanos. Para
testar sua hipótese, o cientista realizou um experimento utilizando 11 das
imagens de Duchenne. Em ordem aleatória, ele as mostrou uma de cada vez para 20
participantes, perguntando-lhes o que achavam. Quase todos concordaram que
algumas mostravam certas emoções como raiva, felicidade e medo. O restante das
fotos, no entanto, pareceu mais ambígua e os participantes não concordaram em
uma única emoção. Isto confirmou a teoria de Darwin de que existiam apenas
algumas emoções universais. Ele também se envolveu com a psicologia social. O
naturalista tinha interesse no conceito humano de compaixão. Ele acreditava que
o nosso senso de compaixão moral decorria de nosso desejo natural de aliviar o
sofrimento dos outros. Coincidentemente, suas ideias sobre a compaixão eram
muito semelhantes aos ensinamentos do budismo tibetano. Recentemente, ao saber
sobre os escritos de Darwin sobre o assunto, o 14º Dalai Lama declarou: “Agora
estou chamando-me de darwinista”.
6. Darwin tinha ideias loucas sobre casamento
Charles Darwin
casou-se com sua própria prima, Emma Wedgewood. Esse fato de sua vida é bem
conhecido. O que ele pensava sobre casamento, entretanto, não é. Antes de
juntar os trapos, o cientista escreveu uma lista divertida de prós e contras
sobre as facetas do casamento. Uma parte de Darwin pensava que casar era sobre
ter filhos: “Crianças – (Se for do agrado de Deus) – objeto a ser amado e com
quem brincar – Melhor do que um cão de qualquer modo”. Charles Darwin também
gostava da ideia de uma companheira: “Meu Deus, é intolerável pensar em gastar
toda a vida como uma abelha, trabalhando, trabalhando e nada depois. – Não,
não, não vou fazer isso. – Imagine viver todos os dias solitariamente em uma
casa suja e nebulosa em Londres. – Só imagine a si mesmo com uma boa esposa em
um sofá macio, com uma boa fogueira, e livros e música, talvez – Compare esta
visão com a realidade suja da rua Great Marlborough”. Por outro lado, Darwin
sentia que tomar o caminho do celibato também tinha seus benefícios: “A
liberdade de ir onde se gosta – Conversa de homens inteligentes em clubes – Não
ser forçado a visitar parentes, e se curvar em cada discussão – Não ter a
despesa e ansiedade das crianças – Perda de tempo. – Não poder ler à noite –
gordura e ociosidade. – Talvez minha esposa não goste de Londres, então a
solução seria o exílio e eu pareceria um tolo.” Estes são apenas alguns dos
itens que Darwin incluiu em sua lista, que prova que ele era como qualquer
outro cara. Eventualmente, ele decidiu se casar com sua prima de primeiro grau
Wedgewood, com quem teve 10 filhos e viveu feliz por 43 anos até sua morte, em
1882.
5. Darwin fez tratamentos de saúde nada
científicos
Embora tenha havido muitas especulações sobre o que deixou Darwin
muito doente durante o curso de sua vida, ele não recebeu um diagnóstico
preciso de sua condição até mais de 100 anos após sua morte (ele morreu de
insuficiência cardíaca, e pesquisadores especulam que tinha doença de Chagas que teria contraído
aqui no Brasil). Por causa das limitações da medicina durante sua época, não
havia nenhum tratamento satisfatório para ajudá-lo a lidar com seus variados
sintomas, mas o cientista encontrou conforto em uma terapia com água muito
questionável. Em uma carta que enviou a seu amigo íntimo, o botânico Joseph
Dalton Hooker, Darwin reclamou que vinha sofrendo de vômitos contínuos. Ele
também relatou tremores nas mãos e tontura, que presumiu ser resultantes do
impacto do vômito incessante em seu sistema nervoso. Ao ler um livro de um
certo Dr. Gully sobre uma terapia da água, o naturalista interessou-se pelo
tratamento, e mudou-se com sua família para um apartamento alugado perto da
clínica do especialista, para receber cuidados. O Dr. Gully submeteu Darwin a
vários procedimentos estranhos, como aquecê-lo com uma lâmpada até que ele
transpirasse apenas para esfregá-lo violentamente com toalhas embebidas em água
fria. Darwin também recebeu banhos frios nos pés e teve que usar uma compressa
úmida em seu estômago durante o dia todo. Surpreendentemente, o naturalista
achou o tratamento bizarro e não científico bastante eficaz, dizendo ter visto
grandes melhorias em sua saúde após o oitavo dia de consulta com o Dr. Gully.
Na mesma carta endereçada a Hooker, ele declarou que tinha certeza de que a
cura da água não era charlatanismo. Acho que ninguém havia ouvido falar em
efeito-placebo na época.
4. Darwin, o detetive de terremotos
Pelo menos 25 grandes terremotos foram registrados no Chile desde
1730, sendo que todos mataram milhares de pessoas. Darwin teve a oportunidade
desagradável de presenciar a consequência de um deles – o terremoto de
Concepción de 1835. Foi um tremor muito forte, com magnitude de 8,8 na escala
de Richter. O terremoto, que ocorreu por dois minutos, demoliu toda a cidade em
meros 6 segundos. Durante o tempo do terremoto, Darwin estava viajando com o
Beagle. Quando chegou a costa de Concepción, imediatamente começou a investigar
a natureza e a origem do tremor. Ele descreveu a devastação como “o espetáculo
mais terrível e interessante que já viu”. O cientista fez observações sobre as
sequelas do terremoto, notando que o litoral do Chile havia se tornado
permanentemente elevado, particularmente na ilha de Santa Maria, que havia
crescido 3 metros a partir da sua altitude de origem. Ele reuniu suas próprias
observações e combinou-as com testemunhos da população local para reconstruir
os acontecimentos antes e durante o terremoto. Depois de semanas de trabalho,
Darwin descobriu que o terremoto podia ter sido causado por uma cadeia de
vulcões ao longo da costa do Chile, que entrou em erupção pouco antes de sua
ocorrência.
3. Se convertendo em cristão novamente
Durante a segunda
metade do século 19, Darwin já era bastante popular nos círculos científicos.
No começo dos anos 1880, quando estava se aproximando de sua morte, uma mulher
chamada Elizabeth Hope estava apenas começando a se tornar conhecida no
movimento evangelístico. Darwin e Hope pertenciam, obviamente, a dois mundos
diferentes. Um encontro de ambos parece muito improvável, mas um artigo de 1915
do jornal batista “Boston Watchman Examiner” alegou exatamente isso. O texto
detalhava como Darwin convidou a jovem Elizabeth para visitá-lo, e supostamente
confessou seu arrependimento em ter desenvolvido a teoria da evolução. Ele
teria pedido a evangelista que compartilhasse com seus vizinhos a mensagem de
Jesus Cristo e da salvação que ele traz para a humanidade. A história era muito
atraente para os evangélicos, é claro. Saber que a mente por trás da teoria da
evolução retratou suas próprias ideias e se converteu ao cristianismo não só
lhes dava uma forma de responder aos chamados “evolucionistas”, como também
reafirmava sua fé na história bíblica da criação. No entanto, a lenda desse
encontro bizarro foi desmascarada tão rapidamente e facilmente quanto se
espalhou. Na autobiografia de Darwin, ele repetidamente menciona sua
dissociação com o cristianismo e conclui que o agnosticismo seria a descrição
mais correta para seu estado de espírito. Seu filho, Francis Darwin, proclamou que seu pai manteve uma visão agnóstica no fim da sua vida, até
a sua morte. A esposa de Darwin, que era muito religiosa e teria gostado de
vê-lo voltar ao cristianismo, nunca mencionou qualquer conversa do tipo antes
da morte do marido. Ela lembrou que suas últimas palavras foram “lembre-se como
você tem sido uma boa esposa para mim” e que ele não tinha “o menor medo de
morrer”.
2. As neuroses de Darwin
Enquanto Darwin sofria de muitos males físicos, alguns biógrafos
se mostraram mais intrigados com o seu estado de espírito. Em suas cartas a
seus amigos, o cientista revela que sofria de pensamentos obsessivos que, em
suas próprias palavras, eram “horríveis”. Esses pensamentos, que ocorriam
principalmente durante a noite, causavam-lhe grande angústia. Em uma carta a
seu grande confidente Dr. Hooker, Darwin escreveu: “Eu não conseguia dormir e
tudo o que eu havia feito no dia me assombrava vivamente à noite com uma
repetição desgastante”. Ele era paranoico com o fato de que passaria sua
enfermidade para seus filhos. Ele também era infinitamente crítico de sua
aparência física, acreditando-se ser bastante feio. O cientista precisava de
constante reafirmação de outras pessoas, além de proferir um mantra centenas de
vezes para aliviar os seus pensamentos obsessivos. O psiquiatra e biógrafo de
Darwin John Bowlby observou que o gênio não foi capaz de lamentar corretamente
a morte de sua mãe quando era jovem, o que pode ter levado a sua neurose. Foi
em face destas dificuldades mentais que Darwin se tornou um dos pensadores mais
influentes da história.
1. O projeto mais ambicioso de Darwin
Há 200 anos, havia uma
pequena e isolada ilha vulcânica no sul do Atlântico, a 1.600 quilômetros ao largo
da costa da África, chamada Ilha de Ascensão. Seca e sem vida, ela ficou
desabitada desde a sua descoberta em 1501 até 1815, quando a Marinha Real
Britânica a usou como uma estação militar para manter um olho sobre Napoleão
durante seu exílio na vizinha Ilha Santa Helena. Hoje, Ascensão não é mais
triste e desolada. A ilha agora possui uma paisagem exuberante e uma população
de cerca de 1.100, graças a Darwin. Sua viagem de cinco anos com o Beagle
estava prestes a terminar quando o navio passou por lá. A vista da ilha
apocalíptica de cones vulcânicos vermelhos brilhantes e lava negra inspirou o
curioso cientista. Pouco depois de Darwin voltar para a Inglaterra, ele e seu
amigo John Hooker criaram um plano simples para convertê-la em uma “pequena
Inglaterra”. Com a ajuda da Marinha, os dois colheram diferentes espécies de
plantas de todo o mundo para levar para a ilha, de 1850 em diante. Na década de
1870, o pico mais alto de Ascensão tornou-se significativamente mais verde, com
eucaliptos, pinheiros, bambus e bananeiras. Plantas que geralmente não são
vistas lado a lado em outros lugares do mundo foram vistas juntas pela primeira
vez na ilha – e resolveram o problema da falta de água no local. Enquanto
ecossistemas geralmente se desenvolvem ao longo de milhões de anos, o
artificial criado por Darwin e Hooker floresceu apenas em uma questão de
décadas. De acordo com o ecologista britânico David Wilkinson, a NASA poderia
aprender muito com o método dos cientistas quando começar a fazer o mesmo com
Marte. [Listverse]
Fonte: https://hypescience.com/10-fatos-estranhos-charles-darwin/
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