UNIVERSOS PARALELOS OU ALTERNATIVOS SÃO POSSÍVEIS ? : ENTRE A FICCÇÃO E A REALIDADE
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Universos alternativos
Embora de difícil comprovação, teorias sobre universos paralelos continuam a prosperar na ciência moderna – e a primeira pista concreta sobre a existência deles pode ter sido descoberta em maio, segundo cientistas britânicos
Desde que começou a se questionar sobre sua origem e a do mundo que a cerca, a humanidade avançou muito no conhecimento a esse respeito. Mas a cada passo dado rumo a um entendimento maior do cosmo, foi vendo sua significância nele diminuir. Descobriu que a Terra não era o centro do universo e o Sol não girava em torno dela, mas o contrário. Depois percebeu que o próprio Sol era apenas uma entre pelo menos 100 bilhões de outras estrelas de uma galáxia que, por sua vez, é uma entre bilhões e bilhões de outras, cada uma com bilhões de astros. Em seguida, descobriu que o Sistema Solar não é o único a ter planetas – há milhares e milhares semelhantes a ele só na Via Láctea. E mais recentemente, convive com a ideia de que talvez nem o universo seja único: pode haver um número infinito de outros, um ou vários dos quais iguais ao nosso, com outro você, vivendo uma realidade igual ou diferente desta aqui.
Parece ideia de ficção científica (vários filmes e livros do gênero, aliás, especulam sobre a questão), mas há dezenas de cientistas sérios, entre cosmólogos, físicos e matemáticos, tentando encontrar, se não provas, pelo menos indícios de que existe o que eles chamam de multiverso, o nome mais científico para o popular “universos paralelos”. A mais recente novidade sobre isso vem de pesquisadores da Universidade de Durham (Inglaterra), que sugeriram em maio que a chamada Mancha Fria – uma área de 1,8 bilhão de anos-luz de diâmetro no espaço descoberta pela Nasa em 2004, com idade de 13 bilhões de anos e temperatura 0,00015 grau Celsius mais baixa do que seu entorno – seja um indício de universo paralelo.
“Não podemos excluir inteiramente que essa região seja causada por uma flutuação improvável explicada pelo modelo padrão da física de partículas”, diz Tom Shanks, um dos membros da equipe. “Mas pode haver explicação exóticas. Talvez a Mancha Fria tenha sido causada por uma colisão entre nosso cosmos e outro universo. Se isso for comprovado, pode ser a primeira evidência do multiverso.” O primeiro cientista a aventar a hipótese da existência de vários mundos foi o físico norte-americano Hugh Everett III, em 1957, como uma interpretação alternativa dos fenômenos quânticos. A mecânica quântica é a teoria que descreve o que ocorre em escala subatômica. Nesse mundo estranho e bizarro, partículas como fótons e elétrons podem ser duas coisas ao mesmo tempo, como partícula e onda.
A mecânica quântica é o território das probabilidades e não dos eventos precisos e exatos, como na física clássica, da Teoria da Relatividade Geral, elaborada por Albert Einstein. Nesse caso, pode-se determinar a velocidade e a localização da Terra em determinado momento em sua órbita ao redor do Sol. No mundo quântico vigora o Princípio da Incerteza, formulado em 1927 pelo físico teórico alemão Werner Heisenberg, segundo o qual é impossível determinar de maneira precisa e simultânea quais são a posição e a velocidade de uma partícula. Quanto mais precisa for verificada a primeira, mais imprecisa será a segunda – e vice-versa.
Coexistência
Até Everett propor sua hipótese, conhecida como Teoria dos Vários Mundos, as possibilidades quânticas não tinham realidade física. Elas só se tornariam fatos concretos por meio de uma medida realizada por um observador externo ao sistema quântico, transformando uma das possibilidades, e apenas uma, em realidade factual. “A proposta de Everett é uma tentativa de formular uma teoria para os fenômenos quânticos sem a necessidade da presença desse observador externo, visando inclusive aplicá-la à cosmologia”, explica o físico Nelson Pinto Neto, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
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