Sàngó, Àyán e Bàbá Egún
A sinergia existente entre o Ebora Sàngó, Àyán e Bàbá Egún Na
introdução deste novo tópico vou partir de um interessante Oríkì dedicado ao
Ebora descendente Sàngó: - Sàngó Arékùjayé! [Sàngó a ru Eku j'ayé = Sàngó,
aquele que realiza o Culto Egúngún, a fim de aproveitar a vida], uma clara
demonstração de sua profunda interligação com Egúngún. Para que compreendamos
melhor a questão postada neste tópico, é vital relembrarmos que o Ebora Sàngó,
representa dinastia, neste sentido simbolizando a imagem coletiva dos Egúngún,
enquanto que Egúngún representa a Ancestralidade em si, assim sendo podemos
facilmente concluir que são duas faces da mesma moeda. Algumas pessoas afirmam
que Sàngó teme Bàbá Egún, isso é no mínimo hilário, pois este poderoso Ebora
não teme nada! O que acontece é que ele representa o elemento fogo, assim
sendo, o que ele evita é o frio, representado pelos Egúngún. Podemos observar
ainda que as vestes dos Ancestrais são na verdade, as vestes do Ebora Sángó,
como podemos notar há sim grandes ligações entre eles e diferentemente do que
pensam alguns, Sàngó é parte fundamental e integrante do Culto, tanto que os
ritmos mais apropriados são o Alujá e o Bàtá. Os Tambores
Falantes[Bàtá]instrumento de percussão yorùbá pertencente aos "Àyánbí ou
Omo Ayán"[nome dado a todos os membros de uma família Yorùbá que cultuem
os tambores Batá], marcam o ritmo da dança Bàtá que é rápido e energético,
sempre acompanhando os Rituais de Sàngó, bem como as aparições dos
Alárìnjó[Alárìnjó, é uma prática teatral[mascarada]secular e itinerante de
cunho altamente satírico realizada pelo povo yorùbá], Agbégijó, Apidán e Eégún
Alare[Alárì]. Retornando mais especificamente a Sàngó e Egúngún, percebemos
então que são dois níveis similares e opostos, mas que representam a
Ancestralidade[Dinastia e Antepassados]. Enfim, é bom abordarmos este tópico por
que a Ancestralidade é a "Raiz", e não se Cultua Òrìsà
apropriadamente sem a raiz, ou seja, sem Cultuar Egúngún. Há algum tempo venho
trazendo a luz temas quase desconhecidos da grande maioria, sei que alguns de
meus tópicos podem até causar alguma polêmica, más isso é apenas um efeito
colateral passageiro, pois acredito que somente buscando e dividindo informação
sustentada e concreta possamos de fato evoluir nossos conceitos sobre a
Ancestralidade. Quanto ao Ebora Sàngó, há duas concepções, uma histórica e
outra religiosa e algumas pessoas às vezes confundem as duas. Aqui tratarei
somente da que me é afeto, ou seja, a concepção de que este Ebora descendente é
o símbolo do elemento fogo, sendo o representante deste elemento sob o seu
aspecto mais forte Sàngó é um ícone de dinastia, e nesse aspecto em particular,
torna-se a contrapartida de Bàbá Egún [Representante da Ancestralidade por
excelência]. Então podemos observar que os dois se locupletam, nunca percamos
de vista que a Cultura Religiosa Indígena Tradicional Africana, bem como a
Afro-descendente se baseiam em binários opostos. Sàngó enquanto representante
de dinastia tem profunda ligação com Ikú, más é sempre bom lembrar que a morte
segundo o pensamento africano não é o fim, más sim o início de uma nova etapa
ou ciclo. Quanto a temores, por certo nosso pai Sàngó nada teme haja vista que
é um Ebora, e acredito que com o devido tempo, caiam por terra algumas
crendices sobre o poderoso Sàngó. O que acontece é que na realidade, ele por
ser um símbolo do quente[vermelho, fogo] evita o frio emanado por Egúngún, nada
mais. Volto a frisar que as deidades não têm fronteiras, somente os homens a
tem, se notarmos bem encontramos neste tópico uma profunda sinergia entre o
Ebora Sàngó, Àyán a deidade dos Tambores Bàtá, Egúngún e Alárìnjó[Eégún Alare].
O que nos mostra claramente que nem tudo é aquilo que a princípio parece, e que
existem explicações lógicas para tudo aquilo que praticamos dentro da nossa Fé.
Fonte:https://ocandomble.com/2017/08/09/sango-ayan-e-baba-egun/
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