13 Sintomas do Transtorno Bipolar: a bipolaridade é a nova depressão?
Os sintomas da Bipolaridade variam tanto quanto a confusão na psiquiatria acerca desse distúrbio mental, que é chamado também de Transtorno Bipolar do Humor, antigamente conhecido como transtorno maníaco-depressivo.
Você sabia que alguns psiquiatras defendem que a Bipolaridade seria o mal do século e não a Depressão? Eles dizem que mais de 50% das pessoas diagnosticadas com Depressão, na verdade são bipolares.
Enquanto outros mais conservadores dizem que isso é exagero e apenas 10% dos depressivos poderiam ser reclassificados como portadores de bipolaridade…
Entendendo a Bipolaridade
É que a coisa funciona assim:
Há basicamente duas linhas de pensamentos sobre o Transtorno Bipolar, aqui chamadas de A e B:
Linha A: 2 subtipos da Bipolaridade
A Linha A é mais conservadora, defende que há apenas dois subtipos da bipolaridade:
- O quadro clássico: onde as pessoas durante as fases de mania fecham negócios arriscados, tem atitudes impulsivas nos relacionamentos, acreditam ter poderes especiais e fazem compras que muitos dos meros mortais adorariam fazer, #sóquenão.
- O quadro com crises de hipomania – que significa crises de euforia menos intensas: a pessoa se sente muito bem, com bastante energia, mas não causa tanto prejuízo quanto no quadro clássico.
E em ambos quadros, essas crises de mania ou hipomania são alternadas com crises de depressão.
Linha B: até 4 subtipos da bipolaridade
A linha B é mais ousada, defende que há graduações da doença com 4 subtipos, existindo um “espectro bipolar” – teoria difundida a partir de um estudo publicado pelo médico americano Hagop Akiskal e pelo psiquiatra brasileiro Olavo Pinto.
Os 4 Subtipos do Transtorno Bipolar do Humor:
- Bipolaridade tipo 1: a clássica com alterações de humor que vão de picos de mania, até baixos de depressão e ainda passam por fases de hipomania.
- Bipolaridade tipo 2: claras alterações de humor oscilando entre fases de hipomania e depressão. Segundo estudos, neste subtipo o índice de suicídios é o mais elevado, superando os percentuais observados até mesmo nos deprimidos.
- Bipolaridade tipo 3: quadros de mania ou hipomania só vão acontecer com uso de antidepressivos ou psicoestimulantes. No entanto, o temperamento da pessoa tende a ser mais forte e não brando como dos depressivos.
- Bipolaridade tipo 4: aquela que aparece na crise da meia idade! Acomete pessoas com temperamento mais expansivo e empreendedor que passam a ter o humor mais turbulento e depressivo depois dos 40 anos.
Sendo assim, haveria a reclassificação dos casos de depressão como de bipolaridade, em virtude de episódios de euforia não serem relatados pelos pacientes ou não merecerem atenção dos médicos.
É que segundo o psiquiatra Dr. Olavo Pinto, as pessoas buscam tratamento quando estão na fase depressiva, onde existe o sofrimento e não nos momentos de euforia que são curtos e até valorizados socialmente em ambientes em que aparentar extroversão e energia desperta olhares de admiração.
Lembra de Eike Batista? Não tô dizendo que o homem é bipolar, só ilustrando o que o Dr. Olavo Pinto disse sobre a sociedade valorizar a personalidade extrovertida e ousada.
Eike Batista com seu carisma camuflou a fragilidade dos seus projetos e conseguiu com que investidores considerados inteligentes apostassem bilhões neles, “Eike loucura”!
Bipolaridade: 13 sintomas na fase eufórica
Essa fase pode durar de dias até meses
- Irritabilidade
- Insônia
- Tagarelice
- Mania de grandeza
- Sentimento de estar no topo do mundo com uma alegria e bem-estar inabaláveis, podendo ocorrer também explosões de raiva
- Sentimento de ser invencível
- Uso de drogas, álcool, jogos de azar
- Não consegue ficar parado, nem relaxar
- O senso de perigo fica comprometido, podendo se envolver em atividade de risco
- Atividade mental intensa, com muitas idéias ao mesmo tempo
- Excitação sexual exagerada
- Compras excessivas
- Perda da inibição social, podendo passar por situações vexatórias
Nesta fase é comum a pessoa se endividar ou PERDER MUITO DINHEIRO, comprometendo até bens de família, gastando mais do que pode, emprestando dinheiro a pessoas que mal conhece.
Psicoses
A psicose da fase maníaca pode acontecer também, e aí o bipolar se assemelha mais a um esquizofrênico, acontece que na esquizofrenia essas psicoses são primárias e aqui são secundárias à bipolaridade.
A psicose é quando se perde o contato com a realidade e ela pode ser de menor ou maior intensidade.
Na psicose pode haver:
- Delírios: quando a pessoa “viaja na maionese” e não percebe, porque para ela essa viagem é real. Tipo: “O FBI implementou um chip no meu dente pra me monitorar.” Há diversas variações de delírios como de perseguição, de influência, de grandeza, de ciúme, etc.
- Alucinações: quando a pessoa percebe um objeto que não existe, mas para ela ele existe sim. Tipo: “eu vi unicórnios dançando Gangnam Style e eles me mandaram me jogar da janela”. E a coitada pode ter alucinações auditivas, visuais, táteis, olfativas, etc.
Bipolaridade: Humor Misto
Na bipolaridade leve (dos subtipos 2, 3 e 4) há ainda sintomas que tendem a se agravar com o uso de antidepressivos.
Os 8 sintomas do Humor Misto:
- Humor turbulento
- Agitação e irritabilidade
- Ansiedade e tensão
- Picos temporários de excitação sexual
- Pensamentos acelerados, o que leva a insônia
- Excessos para aliviar a ansiedade e a tensão (comida, drogas, bebidas, sexo)
- Idéias suicidas
- Ataques de nervosismo, geralmente dramáticos
Sintomas de Depressão
Lembrando que na Bipolaridade, as fases de mania ou hipomania são intercaladas com as fases depressivas, que podem durar de algumas semanas até meses.
Os sintomas da fase depressiva são:
- Insatisfação em viver
- Muito sono ou insônia
- Perda ou excesso de apetite
- Falta de concentração
- Lentidão ou agitação intensa
- Sintomas de doenças físicas que não melhoram com tratamento
- Dores no corpo “sem motivos”
- Perda de interesse e prazer pelas coisas
- Vontade de se isolar
- Dificuldade em realizar tarefas simples (como escovar os dentes)
- Indiferença às situações
- Fixação em detalhes negativos
- Ansiedade constante
- Uso de álcool e drogas para se sentir melhor e/ou se anestesiar
- Sensação de insegurança
- Sensação de incapacidade
- Sentimento de inferioridade e baixa autoestima
- Tristeza constante ou irritabilidade persistente
- Pensamento em morte ou até mesmo suicídio
- Crises de choro sem motivo aparente
- Falta de esperança
- Sentimento de vazio
- Redução do interesse sexual
- Sentir que o mal-estar não vai passar nunca
- Pensar que isto tudo é fraqueza de caráter, o que gera culpa por não ter força de vontade para consertar esta “falha de caráter”.
Bipolaridade: super democrática
Lembrando que o Transtorno Bipolar é como o restante dos distúrbios mentais: super democrático.
Qualquer um pode ter em qualquer idade: criança, adulto, rico, pobre, homem, mulher, gay…
Fonte:http://www.anamariasaad.com.br/sintomas-do-transtorno-bipolar-a-bipolaridade-e-a-nova-depressao/
O que é a Doença Bipolar?
1 - O QUE É A DOENÇA BIPOLAR? (Doença Maníaco-Depressiva)
A Doença Bipolar, tradicionalmente designada Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e «mania». Qualquer dos dois tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa sendo a sua frequência bastante variável. As crises podem ser graves, moderadas ou leves.
As viragens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.
As viragens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.
2 - QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA DOENÇA BIPOLAR? (Definem-se os que caracterizam cada tipo de crise)
MANIA
O principal sintoma de «MANIA» é um estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável. Nas fases iniciais da crise a pessoa pode sentir-se mais alegre, sociável, activa, faladora, auto-confiante, inteligente e criativa. Com a elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica podem surgir alguns ou todos os seguintes sintomas:
- Irritabilidade extrema; a pessoa torna-se exigente e zanga-se quando os outros não acatam os seus desejos e vontades;
- Alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, os pensamentos aceleram-se, a fala é muito rápida, com mudanças frequentes de assunto;
- Reacção excessiva a estímulos, interpretação errada de acontecimentos, irritação com pequenas coisas, levando a mal comentários banais;
- Aumento de interesse em diversas actividades, despesas excessivas, dívidas e ofertas exageradas;
- Grandiosidade, aumento do amor próprio. A pessoa, pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente;
- Energia excessiva, possibilitando uma hiperactividade ininterrupta;
- Diminuição da necessidade de dormir;
- Aumento da vontade sexual, comportamento desinibido com escolhas inadequadas;
- Incapacidade em reconhecer a doença, tendência a recusar o tratamento e a culpar os outros pelo que corre mal;
- Perda da noção da realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes»;
- Abuso de álcool e de substâncias.
DEPRESSÃO
O principal sintoma é um estado de humor de tristeza e desespero.
Em função da gravidade da depressão, podem sentir-se alguns ou muitos dos seguintes sintomas:
- Preocupação com fracassos ou incapacidades e perda da auto-estima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem conseguir afastá-los;
- Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa excessiva;
- Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de concentração e em tomar decisões;
- Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;
- Preocupação excessiva com queixas físicas, como por exemplo a obstipação;
- Agitação, inquietação, sem conseguir estar sossegado ou perda de energia, cansaço, inacção total;
- Alterações do apetite e do peso;
- Alterações do sono: insónia ou sono a mais;
- Diminuição do desejo sexual;
- Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz;
- Ideias de morte e de suicídio; tentativas de suicídio;
- Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substancias;
- Perda da noção de realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes» com conteúdo negativo e depreciativo;
Por vezes o/a doente tem, durante a mesma crise, sintomas de depressão e de «mania», o que corresponde às crises MISTAS.
3 - QUANTO TEMPO DURA UMA CRISE?
Varia muito. A pessoa pode estar em fase maníaca ou depressiva durante alguns dias, ou durante vários meses. Os períodos de estabilidade entre as crises podem durar dias, meses ou anos. O tratamento adequado encurta a duração das crises e pode preveni-las.
4 - É POSSÍVEL PREVER AS CRISES?
Para algumas pessoas, sim. Umas terão uma ou duas crises durante toda a vida, outras pessoas recaem repetidas vezes em certas alturas do ano (caso não estejam tratadas!). Há doentes que têm mais do que 4 crises por ano (CICLOS RÁPIDOS).
5 - EM QUE IDADE SURGE A DOENÇA?
Pode começar em qualquer altura, durante ou depois da adolescência.
6 - QUANTAS PESSOAS SOFREM DA DOENÇA BIPOLAR (Maníaco-Depressiva)?
Aproximadamente 1% da população sofrem da doença, numa percentagem idêntica em ambos os sexos.
7 - QUAL A CAUSA DA DOENÇA?
Há vários factores que predispõem para a doença, mas o seu conhecimento ainda é incompleto.
Os factores genéticos e biológicos (na química do cérebro) têm um papel essencial entre as causas da doença, mas o tipo de personalidade e os stresses que a pessoa enfrenta desempenham também um papel relevante no desencadeamento das crises.
Os factores genéticos e biológicos (na química do cérebro) têm um papel essencial entre as causas da doença, mas o tipo de personalidade e os stresses que a pessoa enfrenta desempenham também um papel relevante no desencadeamento das crises.
8 - DEPOIS DE UMA CRISE DE DEPRESSÃO OU MANIA VOLTA-SE AO NORMAL?
Em geral, sim. No entanto, devido às consequências dramáticas que as crises podem ter, no plano social, familiar e individual, a vida da pessoa complica-se e perturba-se muito, restringindo de forma marcante a sua capacidade de adaptação e autonomia.
O tratamento adequado para a prevenção das crises (se são graves e/ou frequentes) é essencial para evitar os muitos riscos inerentes à doença.
O tratamento adequado para a prevenção das crises (se são graves e/ou frequentes) é essencial para evitar os muitos riscos inerentes à doença.
9 - HÁ TRATAMENTO PARA AS CRISES E PARA A DOENÇA BIPOLAR?
Não há nenhum tratamento que cure a doença por completo. No entanto, há grandes possibilidades de controlar a doença, através de medicamentos estabilizadores do humor, cuja acção terapêutica diminui muito a probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de «mania». Os estabilizadores do humor são a Olanzapina, a Lamotrigina, o Valproato, Carbonato de Lítio, Quetiapina, Carbamazepina, Risperidona e Ziprasidona.
As crises depressivas tratam-se com medicamentos ANTIDEPRESSIVOS ou, em casos resistentes, a elecroconvulsivoterapia. As crises de mania tratam-se com os estabilizadores do humor atrás referidos e com os medicamentos neurolépticos ANTIPSICÓTICOS.
Naturalmente, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento.
As crises graves obrigam a tratamento hospitalar em muitos casos.
As crises depressivas tratam-se com medicamentos ANTIDEPRESSIVOS ou, em casos resistentes, a elecroconvulsivoterapia. As crises de mania tratam-se com os estabilizadores do humor atrás referidos e com os medicamentos neurolépticos ANTIPSICÓTICOS.
Naturalmente, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento.
As crises graves obrigam a tratamento hospitalar em muitos casos.
10 - PORQUE É TÃO IMPORTANTE A CONSCIENCIALIZAÇÃO DOS DOENTES, DOS FAMILIARES E DE OUTRAS PESSOAS SOBRE A DOENÇA BIPOLAR?
A noção de doença mental na opinião pública é, em geral, muito confusa e pouco correcta. Verifica-se uma tendência para considerar negativamente as pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas e é frequente a ideia de que as doenças mentais são qualitativamente diferentes das outras doenças. É muito comum imaginar que há uma «doença mental» única («a doença mental»), atribuindo às pessoas que tenham sofrido crises, um prognóstico negativo de incurabilidade, aferido erradamente pelos casos de doentes mentais mais graves e crónicos. Por vezes o diagnóstico médico das diferentes doenças psiquiátricas não se faz na altura própria, por variadas razões, e isso acontece, com alguma frequência, na Doença Bipolar.
O conhecimento, mesmo que simplificado, das características da Doença Bipolar facilita a seu reconhecimento aos próprios (que a sofrem) e aos outros, possibilitando uma maior ajuda a muitas pessoas que carecem de um tratamento médico adequado e de uma solidária compreensão humana.
O conhecimento, mesmo que simplificado, das características da Doença Bipolar facilita a seu reconhecimento aos próprios (que a sofrem) e aos outros, possibilitando uma maior ajuda a muitas pessoas que carecem de um tratamento médico adequado e de uma solidária compreensão humana.
Fonte:http://www.adeb.pt/pages/o-que-e-a-doenca-bipolar
O QUE SÃO TRANSTORNOS DO HUMOR?
É uma doença que se caracteriza pela alternância de humor: ora ocorrem episódios de euforia (mania), ora de depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o passar dos anos os episódios repetem-se com intervalos menores, havendo variações e existindo até casos em que a pessoa tem apenas um episódio de mania ou depressão durante a vida. Apesar de o Transtorno Bipolar do Humor nem sempre ser facilmente identificado, existem evidências de que fatores genéticos possam influenciar o aparecimento da doença.
Muitas vezes o paciente não percebe que tem esta enfermidade, e é necessário que familiares e amigos estejam bem informados, e saibam reconhecer alguns dos seus sintomas para poderem encaminhá-lo a um tratamento adequado A pessoa com Transtorno Bipolar do Humor pode apresentar grandes oscilações no seu estado de humor, atrapalhando muito o andamento de sua vida no trabalho, nas relações afetivas e familiares.
A EUFORIA
(Ou mania) É um estado de exaltação do humor, com aumento de energia, sem qualquer relação com o momento que o indivíduo está vivendo. Nesse período do transtorno bipolar, o paciente não está deprimido nem alegre por motivo especial, mas apresenta humor eufórico ou irritável. Em geral, a mudança do comportamento na euforia é súbita, mas o indivíduo não percebe sua alteração ou a atribui a algum fator do momento. O senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações ficam prejudicados ou ausentes.
Este texto foi produzido pelos pacientes da ABRATA sob supervisão do Conselho Científico.
QUE TIPOS DE TRANSTORNOS DO HUMOR EXISTEM?
Os transtornos do humor podem ter freqüência, gravidade e duração variáveis. Portanto, a depressão pode ser única ou recorrente (repetir-se várias vezes), de intensidade leve, moderada ou grave e durar semanas, meses ou anos. Se os sintomas persistirem por anos são chamadas de crônicas. Se for leve ou moderada, a pessoa ainda consegue realizar suas atividades, com esforço, algo impossível se ela for grave. A maioria das pessoas que sofre de depressão não acha que está doente porque não está gravemente deprimida, ou seja, incapacitada, desesperada ou angustiada. A distimia é um tipo de transtorno do humor com sintomas depressivos mais leves que da depressão, porém duradouros e oscilantes, em que predominam irritabilidade e mau-humor.
Freqüentemente é confundida com a personalidade da pessoa e costuma evoluir para depressão.
Basta uma única fase de hipomania ou mania, precedida ou não de qualquer tipo de depressão acima mencionado, para diagnosticar transtorno do humor bipolar. Depois da primeira (hipo)mania geralmente alternam-se depressões e euforias de intensidade variável.
Existem 4 tipos de transtorno bipolar. Se houve pelo menos um período de mania ou estado misto é bipolar tipo I; quando só aconteceram hipomanias - crises de euforia mais leves que mania - bipolar tipo II. O estado misto caracteriza-se pela superposição ou alternância num mesmo dia de sintomas depressivos e eufóricos importantes. Na ciclotimia se alternam durante anos sintomas de depressão e de euforia ainda mais leves, que duram apenas alguns dias. Pode ser confundida com um jeito de ser "instável", "cheio de altos e baixos" e freqüentemente antecede sintomas depressivos e eufóricos mais graves.
Se a depressão, a mania ou o estado misto estiverem acompanhados de alucinações (sentir, ver ou ouvir algo que não existe) ou delírios (pensar algo irreal, como achar-se culpado de coisas que não fez, que está sendo perseguido, que possui poderes especiais, etc. ) trata-se do sub-tipo psicótico.
O transtorno do humor bipolar também pode ser chamado de transtorno afetivo bipolar ou doença maníaco-depressiva.
COMO TRATAR ALGUÉM COM TRANSTORNO BIPOLAR?
O aparecimento do transtorno bipolar se deve a uma combinação de fatores, em que aspectos biopsicosociais desempenham papel importante no desencadeamento da doença. Assim sendo, tratamentos medicamentosos, orientação sobre a doença e psicológicos estão indicados. O segredo está no encontro da combinação ideal para cada paciente.
ORIENTAÇÃO PSICOEDUCACIONAL
Se o remédio não for tomado, de nada adianta receitá-lo. Para aumentar o sucesso do tratamento é preciso esclarecer o paciente e familiares sobre os sintomas da doença, suas causas, como ela pode seguir durante a vida da pessoa, quais os riscos, que atitudes tomar durante a depressão e na mania, como se preparar para as recorrências e assim por diante. Alguns aspectos são fundamentais. Em primeiro lugar, estará sendo tratado o diagnóstico de transtorno bipolar, não apenas sintomas depressivos ou eufóricos. Levando em consideração que a doença é para a vida toda, podendo hibernar por meses ou anos, o tratamento deve ser planejado para atender as necessidades a curto, médio e longo prazos.
Na orientação acerca da doença também deve ser abordado o preconceito. Resolver dúvidas ajuda a diminuí-lo, mas só o tempo poderá eliminá-lo de vez. Infelizmente pacientes e famílias sofrem durante anos acumulando ressentimentos, queda do poder aquisitivo, atraso na formação, antes da aceitação do diagnóstico e do tratamento.
Outra questão a ser aprendida é como lidar com uma nova crise. Cuidar da decepção, da frustração, da desesperança e além disso prevenir conseqüências prejudiciais são fundamentais na recuperação.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Existem vários tipos de substâncias usadas no tratamento do transtorno bipolar, dependendo do estado em que o paciente se encontra: estabilizadores do humor, antidepressivos, antipsicóticos e tranqüilizantes. Para tratar uma crise de depressão pode ser necessário o uso de antidepressivos, se os estabilizadores do humor não forem suficientemente eficazes; numa (hipo)mania apenas estabilizadores do humor podem resolver ou se adiciona antipsicóticos e tranqüilizantes. Estes são os tratamentos de fase aguda.
Quando a pessoa já teve pelo menos 3 crises ou uma muito séria e tem o diagnóstico de transtorno bipolar do humor, é aconselhável não adiar o tratamento de manutenção, para evitar ou reduzir a gravidade de novos períodos de doença. Os estabilizadores do humor podem bastar para controlar uma (hipo)mania ou estado misto, mas são os remédios ideais para o tratamento de manutenção ou preventivo de novos episódios do transtorno bipolar.
É importante lembrar que mesmo a curto prazo, o efeito dos medicamentos na depressão, na (hipo)mania ou no estado misto leva pelo menos duas a quatro semanas para ser significativo. A melhora completa pode levar alguns meses e depois disso é necessário manter as medicações usadas na fase aguda da doença por mais algumas semanas ou meses, dependendo da gravidade. Depois de melhorar por completo, não apenas parcialmente, o paciente segue para a fase de manutenção.
Nesta fase normalmente a pessoa se sente bem e corre o risco de descuidar do rigor no tratamento medicamentoso. Da mesma maneira como acontece na hipertensão arterial ou no diabetes, a pessoa se sente bem por estar tomando remédios. Ela não pode parar sem o consentimento do médico achando que está curada.
Felizmente dispomos hoje em dia de vários remédios que podem controlar o transtorno bipolar do humor, de tal modo que se a pessoa não puder tomar algum deles ou não se beneficiar o suficiente, é possível trocá-los ou fazer combinações entre eles. Serão mencionados somente os disponíveis no Brasil.
Estabilizadores do humor são os remédios mais importantes e devem ser usados a partir do diagnóstico de transtorno bipolar. Controlam o processo de ciclagem de um episódio a outro, reduzindo a quantidade de depressões e (hipo)manias e a gravidade delas. Eles variam entre si no efeito antidepressivo e antimaníaco. Os mais estudados e bem conhecidos são o carbonato de lítio, a carbamazepina e o ácido valpróico. Com exceção do lítio, todos eles são também usados como anticonvulsivantes (remédios para tratar epilepsia).
- lítio (Carbolitium“, Litiocar, Carbolim)
- carbamazepina (Tegretol“)
- oxcarbazepina (Trileptal“)
- ácido valpróico (Depakene“)
- lamotrigina (Lamictal“)
- gabapentina (Neurontin“)
- topiramato (Topamax“)
Antidepressivos são o tratamento indicado para as depressões. No paciente com transtorno do humor bipolar o médico primeiro introduz o estabilizador do humor e se não melhorar associa um antidepressivo. Esta cautela reduz o risco de ciclagem para euforia, que os antidepressivos podem desencadear. Se isso acontecer, demorará mais para controlar a doença a longo prazo.
- tricíclicos e heterocíclicos
- por exemplo, Tofranil“, Anafranil“, Tryptanol“, Pamelor“, Ludiomil“.
- inibidores da monoaminoxidase (IMAOs):
- por exemplo, Parnate“, Stelapar“, Aurorix“.
- inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS)
- por exemplo, Prozac“, Cipramil“, Aropax“, Zoloft“, Luvox“.
- novos antidepressivos
- por exemplo, Efexor“, Remeron“, Stablon“, Prolift“, Zyban“.
Antipsicóticos são medicamentos de efeito antimaníaco e antipsicótico. Podem ser usados durante um episódio de depressão, mania ou estado misto se houver sintomas psicóticos.
- de primeira geração - por exemplo, Haldol“, Amplictil“, Stelazine“, Neuleptil“, Melleril“, Navane“.
- novos antipsicóticos - por exemplo, Risperdal“, Leponex“, Zyprexa“, Seroquel“.
Tranqüilizantes representam substâncias com ação hipnótica ou tranqüilizante, que devem ser usados temporariamente, enquanto os estabilizadores do humor não fizerem efeito.
- por exemplo, Valium“, Rivotril“, Lorax“, Lexotan“, Stilnox“.
ELETROCONVULSOTERAPIA (ECT)
A ECT é um dos tratamentos antidepressivos e antimaníacos mais eficazes, indicado nos extremos da mania e da depressão, para prevenir exaustão ou suicídio, pelo rápido tempo de ação. Inclui aplicar pequenas correntes de energia durante rápida aplicação de anestesia geral, para obter uma convulsão de alguns segundos de duração. Jamais deve ser considerado tratamento de última escolha, prolongando inutilmente o sofrimento pela falta de melhora com os medicamentos. É o mais seguro em gestantes e idosos e pode salvar a vida do paciente.
TRATAMENTOS PSICOLÓGICOS
O tratamento medicamentoso é básico, mas o transtorno bipolar não é meramente um problema bioquímico, também psicológico e social. Entrar em contato com os sintomas do transtorno bipolar causa sofrimento e pode ser traumatizante para o paciente e a família. O medo de como isso vai afetar sua vida, o preconceito, a aceitação do diagnóstico requerem atenção psicológica. Para aceitar é necessário conhecer a doença a ponto de diferenciar seus pensamentos e sentimentos e fazer decisões baseado em conhecimento e não em emoções, como medo ou raiva da doença. Tratamentos psicológicos procuram fornecer boas informações, orientação e motivação em um ambiente de apoio e confidencial.
Há vários tipos, dependendo da necessidade específica de cada paciente, como psicoterapias individual ou grupal, terapia familiar ou conjugal e orientação psicoeducacional, como mencionado anteriormente.
Durante o curso do tratamento o paciente costuma enfrentar recorrências, pois o manejo medicamentoso pode demorar até ser acertado. Tais experiências trazem desapontamento, dúvidas sobre o tratamento, sentimentos de culpa e de revolta. Na psicoterapia e na orientação sobre a doença é possível encontrar esclarecimento e apoio necessários para superar cada novo obstáculo que a doença impõe.
PROBLEMAS QUE COMPROMETEM O RESULTADO TERAPÊUTICO
A magnitude das conseqüências depende da combinação de uma série de fatores: idade de início (quanto mais cedo, mais compromete os estudos e a formação profissional), gravidade dos sintomas, quantidade de episódios, tratamento adequado, aceitação do tratamento, apoio familiar, associação com alcoolismo ou abuso de drogas (praticamente impossibilita o tratamento), associação com outras doenças, características de personalidade (fragilidade, imaturidade, dependência), problemas persistentes considerados sérios pela pessoa.
COMO A FAMÍLIA E AMIGOS PODEM AJUDAR?
Antes de mais nada é necessário conhecer a doença e o tratamento do transtorno bipolar do humor. Mesmo assim, cada novo episódio representa um desafio, porque se misturam problemas individuais, questões pendentes, características de cada família.
O apoio ao tratamento é fundamental para ajudar o paciente em momentos difíceis a manter os medicamentos na dose certa e no horário prescrito. Bastam alguns dias sem tomar a medicação ou tomando menos que necessário para que entre em nova crise. Compreender os sintomas não como seu jeito de ser, mas como doença, alivia muito e reduz o sentimento de culpa no deprimido. O doente em euforia requer firmeza e paciência, porque o relacionamento se torna mais desgastante. Ele pode recusar as orientações da família, alegando que agora toda vez que se sentir feliz e de bem com a vida logo pensam que está em mania. A intervenção junto ao médico antes que perca a autocrítica previne conseqüências piores ou eventual internação.
- se os medicamentos estiverem causando efeitos colaterais muito incômodos e o paciente mencionar que quer parar com tudo isso, o médico deve ser informado;
- detectar com o paciente os primeiros sinais de uma recaída; se ele considerar como intromissão, afirmar que é seu papel auxiliá-lo;
- falar com o médico em caso de suspeita de idéias de suicídio e desesperança;
- compartilhar com outros membros da família o cuidado com o paciente;
- estabelecer algumas regras de proteção durante fases de normalidade do humor, como retenção de cheques e cartões de crédito em fase de mania; auxiliar a manter boa higiene de sono;
- programar atividades antecipadamente.
- mesmo depois da melhora, há um período de adaptação e desapontamento; é importante não exigir demais e não superproteger; auxiliá-lo a fazer algumas coisas, quando necessário;
- evitar chamar o paciente de louco ou demonstrar outros sinais de preconceito, que favorecem o abandono do tratamento; tratá-lo normalmente e apontar sintomas com carinho;
- aproveitar períodos de equilíbrio para diferenciar depressão e euforia de sentimentos normais de tristeza e alegria.
COMO O PACIENTE PODE SE AJUDAR?
A pessoa mais interessada no próprio bem-estar é quem está doente. O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado. Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos - ou não. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros. Portanto, se você é portador do transtorno bipolar:
- comprometa-se com o tratamento - discuta dúvidas com seu médico, eficácia dos estabilizadores do humor, intolerância a efeitos colaterais, etc.;
- mantenha uma rotina de sono; mudanças no sono ou redução do tempo total de sono podem desestabilizar a doença; converse com seu médico, caso precise mudar o hábito de dormir; - evite álcool e drogas; além de interagirem com algumas medicações, também agem no cérebro, aumentando o risco de desestabilização da doença; se tiver insônia ou inquietação, não se automedique - converse com seu médico;
- evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, drinques, antigripais, antialérgicos ou analgésicos - eles podem ser o estopim de novo episódio da doença;
- enfrente os sintomas sem preconceito - discuta com seu médico sobre ele;
- se não estiver podendo trabalhar, "não queime o filme" - é mais sensato tirar uma licença, conversar com a família ou com o patrão, e se permitir convalescer;
- lembre-se: você está bem por tomar a medicação; se parar de tomá-la, mesmo após 5 ou 10 anos, os sintomas podem voltar sem prévio aviso; é preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sinais, como insônia e irritabilidade;
- há indícios de que quanto mais crises da doença a pessoa tiver, mais ela continuará tendo, por isso, procure participar ativamente do tratamento;
- descubra seus sintomas iniciais de nova crise depressiva ou maníaca - tome nota e avise imediatamente seu médico;
- aproveite períodos de bem-estar para redescobrir como você de fato é; como são os sentimentos de tristeza, alegria, disposição e como você lida com seus problemas;
- quanto mais você conhecer a doença, melhor você poderá controlar os sintomas no período inicial; proteja-se: evite estímulos de risco em potencial, como decisões importantes, relações sexuais sem preservativos, projetos ambiciosos, gastos - ponha seus planos no papel e espere para executá-los quando se reequilibrar; procure canalizar hiperatividade ou idéias negativas para atividade física ou manual; se estiver deprimido, dê-se um empurrão, pois a iniciativa está em baixa;
- procure e aceite ajuda da família e dos amigos quando perceber que não consegue se cuidar sozinho.
- é comum querer parar o tratamento, ou porque vai tudo bem, ou porque não está dando certo; procure conversar com outras pessoas com o mesmo problema, que já passaram por isso; lembre-se de como era seu sofrimento; discuta com a família se valeria a pena buscar uma segunda opinião sobre o diagnóstico e o tratamento.
Temporariamente o paciente pode ficar inapto a se tratar adequadamente. Nestas fases a intervenção amiga da família é fundamental.
MENSAGEM FINAL
Há quem considere que o transtorno bipolar do humor "é como um animal selvagem em sua mente, pronto para escapar a qualquer momento", e que precisa de grades fortes para ser contido. Às vezes a porteira se abre um pouco e ele volta a ameaçar - o importante é não deixá-lo à solta. A luta a ser travada com esse animal é longa e difícil, mas vale a pena - vale o resgate da própria vida.
Compartilhar essas lutas com outros pacientes e familiares pode servir de exemplo e motivar quem está a ponto de desistir de si mesmo. São bem-vindas iniciativas como as da ABRATA (Associação Brasileira de Transtornos Afetivos), que auxilia no amparo aos pacientes através da própria experiência com o transtorno afetivo bipolar
É uma doença que se caracteriza pela alternância de humor: ora ocorrem episódios de euforia (mania), ora de depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o passar dos anos os episódios repetem-se com intervalos menores, havendo variações e existindo até casos em que a pessoa tem apenas um episódio de mania ou depressão durante a vida. Apesar de o Transtorno Bipolar do Humor nem sempre ser facilmente identificado, existem evidências de que fatores genéticos possam influenciar o aparecimento da doença.
Muitas vezes o paciente não percebe que tem esta enfermidade, e é necessário que familiares e amigos estejam bem informados, e saibam reconhecer alguns dos seus sintomas para poderem encaminhá-lo a um tratamento adequado A pessoa com Transtorno Bipolar do Humor pode apresentar grandes oscilações no seu estado de humor, atrapalhando muito o andamento de sua vida no trabalho, nas relações afetivas e familiares.
A EUFORIA
(Ou mania) É um estado de exaltação do humor, com aumento de energia, sem qualquer relação com o momento que o indivíduo está vivendo. Nesse período do transtorno bipolar, o paciente não está deprimido nem alegre por motivo especial, mas apresenta humor eufórico ou irritável. Em geral, a mudança do comportamento na euforia é súbita, mas o indivíduo não percebe sua alteração ou a atribui a algum fator do momento. O senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações ficam prejudicados ou ausentes.
Este texto foi produzido pelos pacientes da ABRATA sob supervisão do Conselho Científico.
QUE TIPOS DE TRANSTORNOS DO HUMOR EXISTEM?
Os transtornos do humor podem ter freqüência, gravidade e duração variáveis. Portanto, a depressão pode ser única ou recorrente (repetir-se várias vezes), de intensidade leve, moderada ou grave e durar semanas, meses ou anos. Se os sintomas persistirem por anos são chamadas de crônicas. Se for leve ou moderada, a pessoa ainda consegue realizar suas atividades, com esforço, algo impossível se ela for grave. A maioria das pessoas que sofre de depressão não acha que está doente porque não está gravemente deprimida, ou seja, incapacitada, desesperada ou angustiada. A distimia é um tipo de transtorno do humor com sintomas depressivos mais leves que da depressão, porém duradouros e oscilantes, em que predominam irritabilidade e mau-humor.
Freqüentemente é confundida com a personalidade da pessoa e costuma evoluir para depressão.
Basta uma única fase de hipomania ou mania, precedida ou não de qualquer tipo de depressão acima mencionado, para diagnosticar transtorno do humor bipolar. Depois da primeira (hipo)mania geralmente alternam-se depressões e euforias de intensidade variável.
Existem 4 tipos de transtorno bipolar. Se houve pelo menos um período de mania ou estado misto é bipolar tipo I; quando só aconteceram hipomanias - crises de euforia mais leves que mania - bipolar tipo II. O estado misto caracteriza-se pela superposição ou alternância num mesmo dia de sintomas depressivos e eufóricos importantes. Na ciclotimia se alternam durante anos sintomas de depressão e de euforia ainda mais leves, que duram apenas alguns dias. Pode ser confundida com um jeito de ser "instável", "cheio de altos e baixos" e freqüentemente antecede sintomas depressivos e eufóricos mais graves.
Se a depressão, a mania ou o estado misto estiverem acompanhados de alucinações (sentir, ver ou ouvir algo que não existe) ou delírios (pensar algo irreal, como achar-se culpado de coisas que não fez, que está sendo perseguido, que possui poderes especiais, etc. ) trata-se do sub-tipo psicótico.
O transtorno do humor bipolar também pode ser chamado de transtorno afetivo bipolar ou doença maníaco-depressiva.
COMO TRATAR ALGUÉM COM TRANSTORNO BIPOLAR?
O aparecimento do transtorno bipolar se deve a uma combinação de fatores, em que aspectos biopsicosociais desempenham papel importante no desencadeamento da doença. Assim sendo, tratamentos medicamentosos, orientação sobre a doença e psicológicos estão indicados. O segredo está no encontro da combinação ideal para cada paciente.
ORIENTAÇÃO PSICOEDUCACIONAL
Se o remédio não for tomado, de nada adianta receitá-lo. Para aumentar o sucesso do tratamento é preciso esclarecer o paciente e familiares sobre os sintomas da doença, suas causas, como ela pode seguir durante a vida da pessoa, quais os riscos, que atitudes tomar durante a depressão e na mania, como se preparar para as recorrências e assim por diante. Alguns aspectos são fundamentais. Em primeiro lugar, estará sendo tratado o diagnóstico de transtorno bipolar, não apenas sintomas depressivos ou eufóricos. Levando em consideração que a doença é para a vida toda, podendo hibernar por meses ou anos, o tratamento deve ser planejado para atender as necessidades a curto, médio e longo prazos.
Na orientação acerca da doença também deve ser abordado o preconceito. Resolver dúvidas ajuda a diminuí-lo, mas só o tempo poderá eliminá-lo de vez. Infelizmente pacientes e famílias sofrem durante anos acumulando ressentimentos, queda do poder aquisitivo, atraso na formação, antes da aceitação do diagnóstico e do tratamento.
Outra questão a ser aprendida é como lidar com uma nova crise. Cuidar da decepção, da frustração, da desesperança e além disso prevenir conseqüências prejudiciais são fundamentais na recuperação.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Existem vários tipos de substâncias usadas no tratamento do transtorno bipolar, dependendo do estado em que o paciente se encontra: estabilizadores do humor, antidepressivos, antipsicóticos e tranqüilizantes. Para tratar uma crise de depressão pode ser necessário o uso de antidepressivos, se os estabilizadores do humor não forem suficientemente eficazes; numa (hipo)mania apenas estabilizadores do humor podem resolver ou se adiciona antipsicóticos e tranqüilizantes. Estes são os tratamentos de fase aguda.
Quando a pessoa já teve pelo menos 3 crises ou uma muito séria e tem o diagnóstico de transtorno bipolar do humor, é aconselhável não adiar o tratamento de manutenção, para evitar ou reduzir a gravidade de novos períodos de doença. Os estabilizadores do humor podem bastar para controlar uma (hipo)mania ou estado misto, mas são os remédios ideais para o tratamento de manutenção ou preventivo de novos episódios do transtorno bipolar.
É importante lembrar que mesmo a curto prazo, o efeito dos medicamentos na depressão, na (hipo)mania ou no estado misto leva pelo menos duas a quatro semanas para ser significativo. A melhora completa pode levar alguns meses e depois disso é necessário manter as medicações usadas na fase aguda da doença por mais algumas semanas ou meses, dependendo da gravidade. Depois de melhorar por completo, não apenas parcialmente, o paciente segue para a fase de manutenção.
Nesta fase normalmente a pessoa se sente bem e corre o risco de descuidar do rigor no tratamento medicamentoso. Da mesma maneira como acontece na hipertensão arterial ou no diabetes, a pessoa se sente bem por estar tomando remédios. Ela não pode parar sem o consentimento do médico achando que está curada.
Felizmente dispomos hoje em dia de vários remédios que podem controlar o transtorno bipolar do humor, de tal modo que se a pessoa não puder tomar algum deles ou não se beneficiar o suficiente, é possível trocá-los ou fazer combinações entre eles. Serão mencionados somente os disponíveis no Brasil.
Estabilizadores do humor são os remédios mais importantes e devem ser usados a partir do diagnóstico de transtorno bipolar. Controlam o processo de ciclagem de um episódio a outro, reduzindo a quantidade de depressões e (hipo)manias e a gravidade delas. Eles variam entre si no efeito antidepressivo e antimaníaco. Os mais estudados e bem conhecidos são o carbonato de lítio, a carbamazepina e o ácido valpróico. Com exceção do lítio, todos eles são também usados como anticonvulsivantes (remédios para tratar epilepsia).
- lítio (Carbolitium“, Litiocar, Carbolim)
- carbamazepina (Tegretol“)
- oxcarbazepina (Trileptal“)
- ácido valpróico (Depakene“)
- lamotrigina (Lamictal“)
- gabapentina (Neurontin“)
- topiramato (Topamax“)
Antidepressivos são o tratamento indicado para as depressões. No paciente com transtorno do humor bipolar o médico primeiro introduz o estabilizador do humor e se não melhorar associa um antidepressivo. Esta cautela reduz o risco de ciclagem para euforia, que os antidepressivos podem desencadear. Se isso acontecer, demorará mais para controlar a doença a longo prazo.
- tricíclicos e heterocíclicos
- por exemplo, Tofranil“, Anafranil“, Tryptanol“, Pamelor“, Ludiomil“.
- inibidores da monoaminoxidase (IMAOs):
- por exemplo, Parnate“, Stelapar“, Aurorix“.
- inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS)
- por exemplo, Prozac“, Cipramil“, Aropax“, Zoloft“, Luvox“.
- novos antidepressivos
- por exemplo, Efexor“, Remeron“, Stablon“, Prolift“, Zyban“.
Antipsicóticos são medicamentos de efeito antimaníaco e antipsicótico. Podem ser usados durante um episódio de depressão, mania ou estado misto se houver sintomas psicóticos.
- de primeira geração - por exemplo, Haldol“, Amplictil“, Stelazine“, Neuleptil“, Melleril“, Navane“.
- novos antipsicóticos - por exemplo, Risperdal“, Leponex“, Zyprexa“, Seroquel“.
Tranqüilizantes representam substâncias com ação hipnótica ou tranqüilizante, que devem ser usados temporariamente, enquanto os estabilizadores do humor não fizerem efeito.
- por exemplo, Valium“, Rivotril“, Lorax“, Lexotan“, Stilnox“.
ELETROCONVULSOTERAPIA (ECT)
A ECT é um dos tratamentos antidepressivos e antimaníacos mais eficazes, indicado nos extremos da mania e da depressão, para prevenir exaustão ou suicídio, pelo rápido tempo de ação. Inclui aplicar pequenas correntes de energia durante rápida aplicação de anestesia geral, para obter uma convulsão de alguns segundos de duração. Jamais deve ser considerado tratamento de última escolha, prolongando inutilmente o sofrimento pela falta de melhora com os medicamentos. É o mais seguro em gestantes e idosos e pode salvar a vida do paciente.
TRATAMENTOS PSICOLÓGICOS
O tratamento medicamentoso é básico, mas o transtorno bipolar não é meramente um problema bioquímico, também psicológico e social. Entrar em contato com os sintomas do transtorno bipolar causa sofrimento e pode ser traumatizante para o paciente e a família. O medo de como isso vai afetar sua vida, o preconceito, a aceitação do diagnóstico requerem atenção psicológica. Para aceitar é necessário conhecer a doença a ponto de diferenciar seus pensamentos e sentimentos e fazer decisões baseado em conhecimento e não em emoções, como medo ou raiva da doença. Tratamentos psicológicos procuram fornecer boas informações, orientação e motivação em um ambiente de apoio e confidencial.
Há vários tipos, dependendo da necessidade específica de cada paciente, como psicoterapias individual ou grupal, terapia familiar ou conjugal e orientação psicoeducacional, como mencionado anteriormente.
Durante o curso do tratamento o paciente costuma enfrentar recorrências, pois o manejo medicamentoso pode demorar até ser acertado. Tais experiências trazem desapontamento, dúvidas sobre o tratamento, sentimentos de culpa e de revolta. Na psicoterapia e na orientação sobre a doença é possível encontrar esclarecimento e apoio necessários para superar cada novo obstáculo que a doença impõe.
PROBLEMAS QUE COMPROMETEM O RESULTADO TERAPÊUTICO
A magnitude das conseqüências depende da combinação de uma série de fatores: idade de início (quanto mais cedo, mais compromete os estudos e a formação profissional), gravidade dos sintomas, quantidade de episódios, tratamento adequado, aceitação do tratamento, apoio familiar, associação com alcoolismo ou abuso de drogas (praticamente impossibilita o tratamento), associação com outras doenças, características de personalidade (fragilidade, imaturidade, dependência), problemas persistentes considerados sérios pela pessoa.
COMO A FAMÍLIA E AMIGOS PODEM AJUDAR?
Antes de mais nada é necessário conhecer a doença e o tratamento do transtorno bipolar do humor. Mesmo assim, cada novo episódio representa um desafio, porque se misturam problemas individuais, questões pendentes, características de cada família.
O apoio ao tratamento é fundamental para ajudar o paciente em momentos difíceis a manter os medicamentos na dose certa e no horário prescrito. Bastam alguns dias sem tomar a medicação ou tomando menos que necessário para que entre em nova crise. Compreender os sintomas não como seu jeito de ser, mas como doença, alivia muito e reduz o sentimento de culpa no deprimido. O doente em euforia requer firmeza e paciência, porque o relacionamento se torna mais desgastante. Ele pode recusar as orientações da família, alegando que agora toda vez que se sentir feliz e de bem com a vida logo pensam que está em mania. A intervenção junto ao médico antes que perca a autocrítica previne conseqüências piores ou eventual internação.
- se os medicamentos estiverem causando efeitos colaterais muito incômodos e o paciente mencionar que quer parar com tudo isso, o médico deve ser informado;
- detectar com o paciente os primeiros sinais de uma recaída; se ele considerar como intromissão, afirmar que é seu papel auxiliá-lo;
- falar com o médico em caso de suspeita de idéias de suicídio e desesperança;
- compartilhar com outros membros da família o cuidado com o paciente;
- estabelecer algumas regras de proteção durante fases de normalidade do humor, como retenção de cheques e cartões de crédito em fase de mania; auxiliar a manter boa higiene de sono;
- programar atividades antecipadamente.
- mesmo depois da melhora, há um período de adaptação e desapontamento; é importante não exigir demais e não superproteger; auxiliá-lo a fazer algumas coisas, quando necessário;
- evitar chamar o paciente de louco ou demonstrar outros sinais de preconceito, que favorecem o abandono do tratamento; tratá-lo normalmente e apontar sintomas com carinho;
- aproveitar períodos de equilíbrio para diferenciar depressão e euforia de sentimentos normais de tristeza e alegria.
COMO O PACIENTE PODE SE AJUDAR?
A pessoa mais interessada no próprio bem-estar é quem está doente. O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado. Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos - ou não. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros. Portanto, se você é portador do transtorno bipolar:
- comprometa-se com o tratamento - discuta dúvidas com seu médico, eficácia dos estabilizadores do humor, intolerância a efeitos colaterais, etc.;
- mantenha uma rotina de sono; mudanças no sono ou redução do tempo total de sono podem desestabilizar a doença; converse com seu médico, caso precise mudar o hábito de dormir; - evite álcool e drogas; além de interagirem com algumas medicações, também agem no cérebro, aumentando o risco de desestabilização da doença; se tiver insônia ou inquietação, não se automedique - converse com seu médico;
- evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, drinques, antigripais, antialérgicos ou analgésicos - eles podem ser o estopim de novo episódio da doença;
- enfrente os sintomas sem preconceito - discuta com seu médico sobre ele;
- se não estiver podendo trabalhar, "não queime o filme" - é mais sensato tirar uma licença, conversar com a família ou com o patrão, e se permitir convalescer;
- lembre-se: você está bem por tomar a medicação; se parar de tomá-la, mesmo após 5 ou 10 anos, os sintomas podem voltar sem prévio aviso; é preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sinais, como insônia e irritabilidade;
- há indícios de que quanto mais crises da doença a pessoa tiver, mais ela continuará tendo, por isso, procure participar ativamente do tratamento;
- descubra seus sintomas iniciais de nova crise depressiva ou maníaca - tome nota e avise imediatamente seu médico;
- aproveite períodos de bem-estar para redescobrir como você de fato é; como são os sentimentos de tristeza, alegria, disposição e como você lida com seus problemas;
- quanto mais você conhecer a doença, melhor você poderá controlar os sintomas no período inicial; proteja-se: evite estímulos de risco em potencial, como decisões importantes, relações sexuais sem preservativos, projetos ambiciosos, gastos - ponha seus planos no papel e espere para executá-los quando se reequilibrar; procure canalizar hiperatividade ou idéias negativas para atividade física ou manual; se estiver deprimido, dê-se um empurrão, pois a iniciativa está em baixa;
- procure e aceite ajuda da família e dos amigos quando perceber que não consegue se cuidar sozinho.
- é comum querer parar o tratamento, ou porque vai tudo bem, ou porque não está dando certo; procure conversar com outras pessoas com o mesmo problema, que já passaram por isso; lembre-se de como era seu sofrimento; discuta com a família se valeria a pena buscar uma segunda opinião sobre o diagnóstico e o tratamento.
Temporariamente o paciente pode ficar inapto a se tratar adequadamente. Nestas fases a intervenção amiga da família é fundamental.
MENSAGEM FINAL
Há quem considere que o transtorno bipolar do humor "é como um animal selvagem em sua mente, pronto para escapar a qualquer momento", e que precisa de grades fortes para ser contido. Às vezes a porteira se abre um pouco e ele volta a ameaçar - o importante é não deixá-lo à solta. A luta a ser travada com esse animal é longa e difícil, mas vale a pena - vale o resgate da própria vida.
Compartilhar essas lutas com outros pacientes e familiares pode servir de exemplo e motivar quem está a ponto de desistir de si mesmo. São bem-vindas iniciativas como as da ABRATA (Associação Brasileira de Transtornos Afetivos), que auxilia no amparo aos pacientes através da própria experiência com o transtorno afetivo bipolar
Fonte:http://www.abrata.org.br/new/oqueE/transtornoBipolar.aspx
Três sintomas de transtorno bipolar sobre os quais ninguém quer falar
Os três sintomas abaixo representam o lado do transtorno bipolar que todos sabemos estar lá, mas raramente queremos deixar os outros saberem que existe.
Eu sei como é importante proteger a reputação do transtorno bipolar para o público em geral. Não queremos que as pessoas pensem que somos perigosos, assustadores e malucos em quem não se pode confiar. Mas acho que precisamos encarar o fato de que algumas flutuações de humor realmente causam estes comportamentos que queremos esconder embaixo do tapete. Os três sintomas abaixo representam o lado do transtorno bipolar que todos sabemos estar lá, mas raramente queremos deixar os outros saberem que existe. Isso é apenas uma opinião, claro, mas estou realmente interessada em saber se todos sentem o mesmo.
Trabalho com pais e parceiros de pessoas com transtorno bipolar. Na maioria das situações, as pessoas que estão em um episódio forte de mania ansiosa podem ser perigosas, agressivas e violentas. Agressão física e uso de armas não são incomuns. Muitos homens vão presos por este tipo de comportamento quando eles, na verdade, precisam de ajuda psiquiátrica. As pessoas, tanto homens quanto mulheres, que são educadas e gentis quando estão bem, ficam com uma força sobre-humana e agressivas – arrancam uma pia da parede, socam janelas – jogar cadeiras e outros comportamentos perigosos não são incomuns.
Famílias e parceiros sofrem em silêncio pois ficam muito assustados de contar a qualquer pessoa sobre o que realmente acontece em casa.
Eu tenho pensamentos violentos e homicidas quando a mania ansiosa está em cena. Eu costumava perseguir carros se o motorista me fechasse ou fizesse uma cara estranha. Não é o meu objetivo assustar ninguém que está lendo este texto. Meu objetivo é que sejamos honestos sobre estes sintomas do transtorno bipolar que ficam escondidos embaixo do tapete.
Uma solução é se cuidar. Pessoas com transtorno bipolar não têm esses sintomas a não ser que tenham flutuações de humor. Prevenir estas flutuações de humor ajudará a prevenir este tipo de comportamento.
Eu tenho transtorno bipolar de ciclo rápido tipo II, com características psicóticas. Eu tive sintomas de psicose não diagnosticados dos 19 aos 31 anos, quando finalmente fui diagnosticada. Tive alucinações durante toda a minha vida adulta. O que me assusta é que ninguém, ninguém mesmo, me ensinou sobre a psicose quanto fui diagnosticada. Era como se os sintomas não existissem. Quando entendi o nível da minha psicose, fiquei horrorizada de ter vivido tanto tempo com isso. Meus sintomas eram, em sua maioria, alucinações visuais e delírios paranóicos. Eu não sabia que os outros não as tinham também! Se você tem transtorno bipolar tipo I, tem 70% de chance de ter psicose quando estiver em um episódio intenso de mania. Essa psicose pode ser bizarra e imitar a esquizofrenia. A diferença? Pessoas com transtorno bipolar só têm psicose durante a mania ou a depressão. Não há psicose fora destes dois estados de humor. Se uma pessoa tem psicose entre estes episódios, isso é chamado de transtorno esquizoafetivo. Você ou alguma pessoa próxima tem psicose? Se o transtorno bipolar estiver envolvido, a psicose pode estar envolvida também.
Muitas pessoas acham assustador. Já temos transtorno bipolar, isso quer dizer que temos problemas de memória também? Talvez. Disfunção cognitiva de perda de memória, esquecimento de compromissos, não lembrar informações e “nevoeiro cerebral” durante certos episódios é muito comum! Se você tem transtorno bipolar, você provavelmente já sentiu o cérebro lento, que é comum na depressão. Se você tem mania, você provavelmente tropeçou nas palavras, disse coisas que não queria dizer e teve problemas em organizar seu pensamento.
Meus sintomas cognitivos me visitam diariamente. Não sou capaz de me lembrar datas e números e preciso de ajuda com calendários e horários marcados. Os meus sintomas pioraram depois de terapia intensiva que tive para depressão severa. É algo que acho estressante, mas fácil de lidar. Quero que sejamos sinceros em relação a problemas cognitivos. Essa é a única maneira com a qual podemos conseguir ajuda! O meu tende a estar presente o tempo todo, mas piora com flutuações de humor. Um exemplo perfeito disso – eu tenho que colocar este post no ar a meia noite do dia em que eu posto no blog. Eu fiquei me lembrando disso o dia todo ontem, mas mesmo assim, fui dormir sem postar a tempo. Tenho que viver com esses sintomas e mesmo que algumas coisas sejam esquecidas, eu consigo controlar a maioria dos problemas menores de memória com um bom sistema de suporte.
Aqui está a boa notícia – sim, há uma boa notícia!
Transtorno bipolar é uma doença de episódios. Todos temos todos os sintomas durante as mudanças de humor. Isso quer dizer que somos ESTÁVEIS quando não estamos nestas mudanças. Os sintomas listados acima vão embora quando a doença é controlada com sucesso. Isso pode exigir um monitoramento diário para os que tem sintomas diários. Outros, que têm longos períodos de tempo entre as mudanças de humor, podem até esquecer que estes sintomas já existiram. Este é o motivo de termos um método de controle que reconheça os comportamentos perigosos, agressivos e violentos, psicose e disfunção cognitiva assim que isso começar.
Eu sei que queremos proteger nossas reputações em relação a essa doença, e não queremos ser vistos como diferentes ou malucos, mas eu peço que entre a nossa comunidade, sejamos brutalmente honestos sobre o que realmente acontece com aqueles de nós que têm esta doença. É o único jeito de evitar estes sintomas e mantê-los longe para sempre.
Eu sei que queremos proteger nossas reputações em relação a essa doença, e não queremos ser vistos como diferentes ou malucos, mas eu peço que entre a nossa comunidade, sejamos brutalmente honestos sobre o que realmente acontece com aqueles de nós que têm esta doença. É o único jeito de evitar estes sintomas e mantê-los longe para sempre.
Sobre a autora: Julie A. Fast - É a autora dos best-sellers Loving Someone with Bipolar, Take Charge of Bipolar Disorder and Get it Done When You’re Depressed. Ela é uma premiada colunista da revista BP (Revista Transtorno Bipolar) e tem um dos principais blogs sobre transtorno bipolar na internet. Julie é especialista em manejo de transtorno bipolar no site da Oprah e Dr. Oz www.ShareCare.com. Julie é não somente uma perita em ajudar aqueles que são afetados pelo transtorno bipolar e pela depressão, foi diagnosticada em 1995 e com sucesso controla a doença com medicamentos e estratégias descritas em seus livros. Julie sabe mais que ninguém sobre viver e amar alguém com transtorno bipolar dentro de sua própria vida e ajuda os membros das famílias, parceiros e profissionais de saúde a compreender e apoiar aqueles que têm o transtorno. Ela é uma grande palestrante e educadora, apaixonada por mudar a maneira como o mundo vê e maneja os transtornos de humor.
Tradução livre: Equipe ABRATA
http://abrata.org.br/blogabrata/?p=2237
Transtorno bipolar é dividido em quatro subtipos
O transtorno bipolar não é mais considerado uma única doença. Os profissionais de saúde mental agora classificam quatro principais subtipos da doença, referidos como “espectro do transtorno bipolar”: bipolar I, bipolar II, transtorno bipolar não especificado e ciclotimia.
Fatores que diferenciam os tipos de transtorno bipolar incluem a duração e a intensidade das variações de humor. A classificação é importante, pois saber que tipo um paciente tem pode ajudar os médicos a escolher o melhor tratamento.
O transtorno bipolar I é considerado o “clássico”. Os pacientes sofrem um ou mais episódios maníacos com duração de pelo menos uma semana, e quase sempre um ou mais episódios depressivos.
Também pode causar psicose, que podem incluir alucinações (ver coisas que não existem) ou delírios (fortes crenças não baseadas na realidade e não influenciadas pelo pensamento racional).
Episódios maníacos trazem um humor anormalmente elevado; a pessoa se agita, tem ideias grandiosas, precisa de menos sono, fica facilmente distraída e age impulsivamente.
Episódios depressivos trazem sentimentos de tristeza, desesperança, culpa, inutilidade e pessimismo. Os pacientes podem ter dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades diárias e mudanças nos hábitos alimentares e de sono. É considerado um episódio depressivo se a pessoa experimenta vários desses sintomas por mais de duas semanas.
Homens e mulheres são igualmente propensos a ter transtorno bipolar, mas os homens são mais propensos a ter seu primeiro episódio maníaco mais jovem. A doença também ocorre igualmente entre as etnias.
No transtorno bipolar I, os períodos de depressão duram mais do que os episódios maníacos. A depressão pode durar um ano ou mais, enquanto episódios maníacos raramente duram mais do que alguns meses.
Se o tratamento for bem sucedido, os pacientes bipolares podem passar meses ou anos com humor estável entre episódios, embora um terço deles mantenha sintomas residuais.
A depressão também é a principal característica do transtorno bipolar II. Os pacientes têm períodos de humor elevado, mas menos acentuados. Em vez de mania, as pessoas com bipolar II experimentam hipomania, uma forma mais leve de mania.
Estudos mostram que as mulheres são ligeiramente mais propensas a ter bipolar II. Embora uma pessoa com bipolar tipo II possa negar que algo está errado, seus parentes podem perceber que ela está agitada demais ou estranhamente otimista.
O transtorno bipolar II é por vezes confundido com depressão porque os períodos hipomaníacos são mais difíceis de detectar. Com o tempo, sem tratamento, a hipomania pode evoluir para a mania ou se transformar em um estado depressivo.
Já o transtorno bipolar não especificado é uma categoria abrangente para aqueles que parecem ter transtorno bipolar, mas que não se encaixam em nenhuma categoria. Por exemplo, para uma doença ser considerada bipolar I, um episódio maníaco tem que durar pelo menos uma semana. Se o episódio maníaco dura apenas três dias, os médicos afirmam que o paciente tem transtorno bipolar não especificado.
As pessoas com ciclotimia são muitas vezes consideradas por seus parentes como “extremamente temperamentais”. Elas têm “altos e baixos” (em ciclos, explicados abaixo), nenhum tão grave ou durando o tempo suficiente para se qualificar como mania ou depressão.
Pessoas com ciclotimia pode ter explosões de energia e precisam de menos sono, seguido de depressão leve. Poucas procuram médico para tratar a doença. Alguns profissionais de saúde mental consideram a ciclotimia uma condição distinta do transtorno bipolar. Outros dizem que é um traço de personalidade, ainda que relacionado com o transtorno bipolar.
Pesquisas mostram que pessoas que têm um familiar próximo com ciclotimia são mais propensas a ter transtorno bipolar. Além disso, pessoas com transtorno bipolar têm mais tendência a experimentar ciclotimia entre os episódios de depressão ou mania.
Diagnóstico de transtorno bipolar
O transtorno bipolar é uma condição complexa de diagnosticar. Os sintomas podem variar não só entre categorias, mas entre pessoas. Os pacientes também podem experimentar episódios mistos, com sintomas de depressão e mania simultaneamente.
Na doença, as emoções ficam completamente desreguladas. Você nunca sabe como um bipolar vai responder a uma crítica; chorando absurdamente ou agredindo seu crítico, por exemplo.
Além disso, mesmo que você tenha sido diagnosticado com um tipo particular de bipolar, isso não significa que seus sintomas permanecerão os mesmos ao longo do tempo, ou que você permanecerá no mesmo subtipo.
Sem tratamento, o transtorno bipolar tende a piorar com o tempo. Os episódios podem ser mais graves ou podem começar a ocorrer rapidamente. Cerca de 20 a 25% das pessoas têm quatro ou mais episódios distintos de mania ou depressão em um ano.
Isso é chamado de ciclo rápido, e pode ocorrer em pessoas com transtorno bipolar I, II ou não especificado. A ciclagem rápida tende a acontecer com a doença avançada e é mais comum em mulheres do que homens.
Mesmo dentro da ciclagem rápida do transtorno bipolar há muitas variáveis. Enquanto alguns têm períodos de normalidade entre os episódios, outros vão de alto a baixo sem qualquer quebra – ciclo contínuo. Outros podem ainda ter uma ciclagem ultra-rápida, com múltiplas mudanças de humor em um único dia.
A ciclagem apresenta desafios para os médicos; o tratamento correto é difícil de ser diagnosticado, porque os antidepressivos podem piorar episódios maníacos, etc.
A melhor coisa nessa situação é que o paciente ou seus parentes anotem os detalhes de seus episódios maníacos, incluindo sintomas, sentimentos, e quanto tempo dura cada episódio, para que o médico seja capaz de ajudar. [CNN]
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