Três Aspectos da Natureza
Facilmente podemos compreender de que maneira o
homem concebeu, pela primeira vez, a ciência médica. Ao sofrer fisicamente, ele
procurou um método de cura. Mas o que motivou o homem a procurar descobrir
coisas sobre Deus? Esta questão dá margem a uma profunda reflexão.
Nos Vedas da Índia,
escrituras de 100 mil parelhas de versos, encontramos o primeiro conceito
verdadeiro de Deus. Em seus textos, a Índia deu ao mundo verdades imortais que
resistiram ao teste do tempo.
Todo inventor, no plano da matéria, é movido por
uma necessidade material – “a necessidade é a mãe da invenção”. Também motivados
pela necessidade, os antigos rishis da Índia
(sábios a quem foram revelados os Vedas) tornaram-se fervorosos buscadores
espirituais. Eles descobriram que, sem satisfação interior, nenhum acúmulo de
sucesso exterior consegue trazer felicidade duradoura. Como, então, pode alguém
vir a ser realmente feliz? Este foi o problema que os sábios da Índia se
encarregarem de resolver.
O Culto a Deus em tempos pré-históricos começou
pelo medo que o homem tinha das várias forças da natureza. Quando chovia
excessivamente, as inundações matavam muita gente. Aterrorizado, o homem passou
a acreditar que a chuva, o vento e outras forças naturais fossem deuses.
Mais tarde, os seres humanos perceberam que a
natureza opera de três modos: criando, preservando e dissolvendo. A onda que levanta no oceano
exemplifica o estado de criação; pairando por um momento na crista do mar,
acha-se no estado de preservação, e, mergulhando de novo nas águas profundas,
passa para o estado de dissolução.
Assim como Jesus viu a força universal do mal
personificada em Satã, também os grandes rishis viram as forças
universais de criação, preservação e dissolução personificadas em formas
definidas. Os sábios de outrora chamaram-nas de Brahma, o Criador, Vishnu, o Preservador; e Shiva o Destruidor. Esses poderes
primários foram criados como projeções do Espírito não-manifesto, a fim de dar
sequência a Seu infinito drama universal, enquanto Ele, como Deus transcendente
à criação, permanece sempre oculto por trás da consciência desses poderes. Em
épocas de dissolução cósmica, toda a criação e suas vastas forças ativadoras
voltam a dissolver-se no Espírito. Ali repousam, até serem reconvocadas pelo
Grande Diretor para reiniciarem seus papéis.
Na Índia, há um conto popular sobre Brahma, Vishnu
e Shiva. Estavam os três jactando-se de seus tremendos poderes. De súbito, um
menino apareceu e disse a Brahma: “O que você cria?” “Tudo”, respondeu Brahma,
majestosamente. A criança perguntou aos outros dois deuses qual a função deles. “Nós
preservamos e destruímos tudo”, eles responderam.
O pequeno visitante segurava na mão um fiapo de
palha, quase do tamanho de um palito de dentes. Colocando-o diante de Brahma
ele perguntou: “Poder criar uma hastezinha de palha igual a esta?”
Após um prodigioso esforço, Brahma descobriu, para
sua surpresa, que não podia. O garoto voltou-se, então, para Vishnu e pediu-lhe
que preservasse a palha, que lentamente começava a se desfazer sob o olhar fixo
do menino. Os esforços de Vishnu para mantê-la íntegra foram infrutíferos.
Finalmente, o pequeno desconhecido reproduziu o fiapo de palha e pediu a Shiva
que o destruísse. Por mais que Shiva tentasse aniquilá-lo, porém, o fragmento
de palha permaneceu intacto.
O menino voltou-se de novo para Brahma: “Você
me criou?”, perguntou ele. Brahma pensou e pensou; não podia
recordar-se de haver criado aquele menino extraordinário. De repente, o garoto
desapareceu. Os três deuses despertaram de sua ilusão e se lembraram de que,
por trás do poder deles, havia um Poder Maior.
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