Quem é o diabo?
CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
Entre nós
E hoje, qual o papel do "príncipe deste mundo" (João 12.31) e "pai da mentira" (João 8.44)? Desde o Iluminismo, ele deixou de ser uma entidade e passou a ser interpretado como o lado obscuro de cada um. Mas, para o teólogo e pastor batista Fernando Fernandes, ele continua atuante. "Em termos práticos, o Diabo é o fomentador de desordens morais, sociais e espirituais, influenciando as pessoas para a corrupção, para os vícios, para as orgias sexuais, para a exploração social e toda a sorte de atrocidade que atenta contra a integridade do ser humano e contra a espiritualidade sadia e benfazeja que o homem carece experimentar", diz o pastor.
E há também a Bíblia Satânica. Essa eclética coleção de ensaios, comentários e rituais básicos do satanismo é best seller desde que foi lançada em 1969 pelo malucão americano Anton Szandor LaVey (nascido Howard Stanton Levey). Tinha tudo a ver com a época, quando rebeldia, contestação e crenças misteriosas estavam em alta no mundo todo. As primeiras edições do livro, em capa dura, chegam a valer 1000 dólares no site de vendas eBay. Mas, apesar de inspirar centenas de hinos do metal, festas de faculdade, tatuagens e até a Igreja de Satã, com sede em San Francisco, na Califórnia, o livro não é levado a sério. Os teólogos a consideram uma brincadeira do mal (ou mau gosto).
FACES DO MAL Saiba como cada grande religião encara o Diabo |
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Judaísmo No judaísmo, Satã não é exatamente o Coisa-Ruim. A ele cabe pegar no pé da humanidade, apontando nossas falhas. No livro de Jó, ele age como promotor da divina corte, angariando provas de que o homem não merece o amor do Criador. Ele também dá uma mão na construção do bezerro de ouro que os israelitas adoram enquanto Moisés está no Monte Sinai. De qualquer forma, a Torá afirma várias vezes que foi Deus quem criou o bem e o mal.
Cristianismo
Até o início do século 18, a oração de Pai-Nosso dizia "livrai-nos do Demônio". Hoje os católicos pedem simplesmente que Deus os livre "do mal", mas isso não quer dizer que a existência do Diabo tenha sido totalmente abolida das encíclicas papais. Já a presença de Lúcifer no Inferno, torturando almas de pecadores, é uma criação da literatura cristã medieval, pois a Bíblia diz que o Diabo anda solto pelo mundo.
Islamismo
No Islã, Shaitan não tem poderes, apenas fornece más idéias para quem lhe der ouvidos - e todo o mal que fazemos é por nossa escolha. Ele foi expulso do paraíso por não louvar Adão, desobedecendo Alá. No Corão, Satã é inimigo da humanidade, já que Alá é supremo. O "jihad", banalizado pelos terroristas, é a luta contra os desmandos de Shaitan.
Budismo
No budismo não existe Diabo, mas há um sujeito diabólico: Mara. Ele tentou Gautama Buddha, oferecendo-lhe lindas mulheres (em algumas versões, suas próprias filhas). Ele tira a atenção dos homens da vida espiritual, fazendo as coisas mundanas atraentes e procurando transformar o negativo em positivo. Outra interpretação é de que Mara representa os desejos em nossa mente que nos impedem de ver a verdade, uma parte ruim nossa que deve ser derrotada.
HinduÍsmo
Em contraste com as tradições judaico-cristã e islâmica, o hinduísmo não especifica nenhuma força maléfica central, mas reconhece que as pessoas podem realizar atos de maldade quando dominadas temporariamente por entidades conhecidas como asuras. Rahu teria uma característica mais próxima do Diabo dos cristãos, se bem que Vishnu encarna para destruir o mal quando ele se torna muito forte.
Religiões Afro
Na religião iorubá original, Olodumaré é a fonte suprema de tudo, inclusive do bem e do mal. O Diabo, portanto, como força contrária a esse equivalente do Deus monoteísta, não tem lugar. Exu, mesmo identificado com atitudes classificadas de "más" pela moral cristã, é um orixá, ou seja, foi criado por Olodumaré, então nunca atuaria contra os seus princípios.
Fonte:http://revistagalileu.globo.com/Revista/
Galileu/0,,EDG80149-7942-197-5,00-QUEM+E+O+DIABO.html
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