TAOISMO NA CHINA

                              Taoismo


Taoismo (ou daoísmo) é uma palavra empregada para traduzir dois termos chineses distintos, "Daojiao" (道教) (pinyin: Dàojiào; Wade-Giles: Tao-Chiao), que se refere aos "ensinamentos ou à religião do Dao", e "Daojia", que se refere à (道家) "escola do Tao (ou Dao)", a uma linha de pensamento da filosofia chinesa.

Assim, o termo taoismo pode referir-se a:
- uma escola de pensamento filosófico chinês que se baseia nos textos do Tao Te Ching, atribuídos a Lao Tse, e nos escritos de Chuang Tse;
- um movimento religioso chinês com origem em Zhang Daoling, no final da Dinastia Han, que se estrutura em seitas como a Zhengyi ("ortodoxa") e Quanzhen ("realidade completa");
- manifestações da tradição religiosa chinesa, de caráter popular, que integram elementos da religião taoista, do confucionismo e do budismo.


O Tao do Taoismo

O ideograma Tao (ou Dao) (道) pode ser traduzido como "caminho", mas assume um significado mais abstrato para a religião e para a filosofia chinesa. Traduzido literalmente, significa "o ensinamento do Tao". No contexto taoista, Tao pode ser entendido como um caminho no espaço-tempo - a ordem na qual as coisas acontecem. Como termo descritivo, pode se referir ao mundo real na história - algumas vezes nomeado como o "grande Tao" - ou, antecipadamente, como uma ordem que deve se manifestar - a ordem moral de Confúcio ou Lao Tsé ou Cristo etc.

Um tema no pensamento chinês primitivo é Tian-Dao ou caminho da natureza (também traduzido como "céu" e às vezes "Deus"). Corresponde aproximadamente à ordem das coisas de acordo com a lei natural. Tanto o "caminho da natureza" quanto o "grande caminho" inspiram o afastamento estereotípico taoista das doutrinas morais e normativas. Assim, pensado como o processo pelo qual cada coisa se torna o que ela é (a "Mãe de todas as coisas"), parece difícil imaginar que temos que escolher entre quaisquer valores de seu conteúdo normativo - portanto pode ser visto como um príncípio eficiente de "vazio" que sustenta confiavelmente o funcionamento do universo.


Taoismo e confucionismo 

O taoismo é uma tradição que, dialogando com seu tradicional contraste, o confucionismo, modelou a vida chinesa por mais de 2.000 anos. O taoismo enfatiza a espontaneidade ou liberdade da manipulação sócio-cultural pelas instituições, linguagem e práticas culturais. Manifesta o anarquismo - defendendo essencialmente a ideia de que não precisamos de nenhuma orientação centralizada. Espécies naturais seguem caminhos apropriados a elas e os seres humanos são uma espécie natural. Seguimos todos por processos de aquisição de diferentes normas e orientações da sociedade e no entanto podemos viver em paz se não procuramos unificar todas estas formas naturais de ser.

Como o conceito confucionista de governo consiste em fazer todos seguirem o mesmo moral Tao, o taoismo representa de muitas maneiras a antítese do conceito confucionista referente a deveres morais, coesão social e responsabilidades governamentais, mesmo que o pensamento de Confúcio inclua valores taoistas e o inverso também ocorra, como se pode observar lendo os Anacletos.

Origens

Tradicionalmente, o taoismo é atribuído a três fontes principais:
a mais antiga , o mítico "Imperador Amarelo";
a mais famosa , o livro de aforismos místicos, o Dao De Jing (Tao Te Ching), supostamente escrito por Lao Zi (Lao Tse), que, segundo a tradição, foi um contemporâneo mais velho de Confúcio;
e a terceira , os trabalhos do filósofo Zhuang Zi (Chuang Tse).
Outros livros ampliaram o taoismo, como o True Classic of Perfect Emptiness, de Lie Zi; e a compilação Huainanzi. Além destes, o antigo I Ching, O Livro Das Mutações, é tido como uma fonte extra do taoismo, assim como práticas de adivinhação da China antiga.

Filosofia

Do Caminho, surge um (aquele que está consciente), de cuja consciência por sua vez surge o conceito de dois (Yin e Yang), dos quais o número três está implícito (céu, terra e humanidade); produzindo finalmente por extensão a totalidade do mundo como o conhecemos, as dez mil coisas, através da harmonia das Wuxing. O Caminho, enquanto passa pelos cinco elementos do Wuxing, é também visto como circular, agindo sobre si mesmo através da mudança para simular um ciclo de vida e morte nas dez mil coisas do universo fenomênico.
Aja de acordo com a natureza e com sutileza, em lugar de força.
A perspectiva correta será encontrada pela atividade mental da pessoa, até chegar a uma fonte mais profunda que guie sua interação pessoal com o Universo (veja wu wei abaixo). O desejo obstrui a habilidade pessoal de entender O Caminho (veja também karma), moderar o desejo gera contentamento. Os taoistas acreditam que, quando um desejo é satisfeito, outro, mais ambicioso, brota para substitui-lo. Em essência, a maioria dos taoistas sente que a vida deve ser apreciada como ela é, em lugar de forçá-la a ser o que não é. Idealmente, não se deve desejar nada, "nem mesmo não desejar".
Unidade: ao perceber que todas as coisas (inclusive nós mesmos) são interdependentes e constantemente redefinidas pela mudança das circunstâncias, passamos a ver todas as coisas como elas são e a nós mesmos como apenas uma parte do momento presente. Essa compreensão da unidade nos leva a uma apreciação dos fatos da vida e do nosso lugar neles como simples momentos miraculosos que "apenas são".

Dualismo, a oposição e combinação dos dois princípios básicos - Yin e Yang - do Universo, é uma grande parte da filosofia básica. Algumas das associações comuns com Yang e Yin, respectivamente, são: masculino e feminino, luz e sombra, ativo e passivo, movimento e quietude. Os taoistas acreditam que nenhum dos dois é mais importante ou melhor que o outro, na verdade, nenhum pode existir sem o outro, porque eles são aspectos equiparados do todo. São em última análise uma distinção artificial baseada em nossa percepção das dez mil coisas, portanto é só nossa percepção delas que realmente muda. Ver taiji.

Wu Wei 

Muito da essência do Tao está na arte do wu wei (agir pelo não-agir). No entanto, isso não significa "espere sentado que o mundo caia no seu colo". Essa filosofia descreve uma prática de se realizarem coisas através da ação mínima. Pelo estudo da natureza da vida, você pode influenciar o mundo do modo mais fácil e menos disruptivo (usando a sutileza em vez da força). A prática de seguir a corrente em vez de ir contra ela é uma ilustração: uma pessoa progride muito mais não por lutar e se debater contra a água, mas permanecendo quieta e deixando o trabalho nas mãos da correnteza.
O Wu Wei funciona a partir do momento em que confiamos no design humano, perfeitamente ajustado para nosso lugar na natureza. Em outras palavras, confiando na nossa natureza em vez da nossa racionalidade, nós podemos encontrar contentamento sem uma vida de luta constante contra forças reais e imaginárias.
Uma pessoa pode aplicar essa técnica no ativismo social. Em vez de apelar para que outros tomem atitudes relacionadas a uma causa, seja qual for a sua importância ou validade, ela pratica uma vida de acordo com o que acredita, "não remando contra a maré". Ao deixar sua crença se manifestar em suas ações, está assumindo sua responsabilidade pelo movimento social em que acredita.

Religião

Embora Lao Zi nunca tenha pregado nenhuma religião no Tao Te King e se tenha sempre mantido no terreno filosófico e moral, cerca de mil anos depois da sua morte formou-se um corpo de doutrinas e de práticas religiosas e culturais que constituíram a religião taoista. A religião taoista conserva apenas uns traços da filosofia de Lao Zi, com empréstimos de ideias e práticas culturais do budismo, com a introdução de vários deuses, deusas e génios, e uma mistura com algumas crenças preexistentes, como a teoria dos cinco elementos, a alquimia e o culto aos ancestrais.
Tentativas de alcançar maior longevidade eram um tema frequente na magia e alquimia taoistas, com vários feitiços e poções, ainda existentes, com esse propósito. Muitas versões antigas da medicina tradicional chinesa foram enraizadas no pensamento taoista e a medicina chinesa moderna, bem como as artes marciais chinesas, são ainda de várias formas baseadas em conceitos taoistas, como o Tao, o Qi e o balanço entre o Yin e o Yang (Ver yin yang).
Com o tempo, a absoluta liberdade dos seguidores do taoismo pareceu ameaçadora à autoridade de alguns governantes, que incentivaram o crescimento de seitas mais comprometidas com as tradições confucionistas. Uma escola taoista foi formada ao fim da dinastia Han, por Zhang Daoling. Muitas seitas evoluíram através dos anos, mas a maioria traça suas origens a Zhan Daoling, e grande parte dos templos taoistas modernos pertence a uma ou outra dessas seitas. As escolas taoistas incorporam panteões inteiros de divindades, incluindo Lao Zi, Zhang Daoling, o Imperador Amarelo, o Imperador Jade, Lei Gong (O Deus do Trovão) e outros.
Influências no zen-budismo 
O budismo Chan, que se desenvolveu como um escola distinta na China medieval, refletiu fortes influências da filosofia chinesa e, em particular, do taoismo. Com o tempo, o Chan acabou se estabelecendo na Coreia, onde recebeu o nome Seon. Havia monges que chegavam de outros países da Ásia para estudar o Chan e a escola foi se espalhando pelos países vizinhos. No Vietname, recebeu o nome Thien e, no Japão, ficou conhecida como Zen. Através da história, essas escolas cresceram de maneira independente, tendo desenvolvido identidades próprias e características bastante diferentes umas das outras.

Na China, elementos do taoismo se combinaram com elementos do budismo e do confucionismo na forma do neoconfucionismo.


Fonte : http://www.wikipedia.org

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