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Evolução da Arte e Plágio – Jackson Pollock e Heather Hansen
Artista Americana
Heather Hansen, artista visual de Nova Orleans, combina performance e desenho usando o corpo como ferramenta de impressão sobre o papel. Hansen substitui os tradicionais pincéis pelo seu próprio corpo, descendo ao chão e fazendo o trabalho sujo conforme manipula o carvão e pastéis.
A obra multi-facetada, Emptied Gestures, é documentada passo-a-passo pelo fotógrafo Bryan Tarnowski, que captura a dança da artista sobre o papel, além do seu corpo escurecido pelo material que é arrastado e borrado. A artista literalmente esvazia seus gestos, deixando uma espécie de diagrama de uma dança no papel.
Hansen visa aprofundar o desenvolvimento da técnica da action painting, fundada por Jackson Pollock e proliferada por todo o século XX; a artista busca maneiras de carregar diretamente seus movimentos para o papel, organicamente e sem usar nada mais além de si mesma para obter o resultado desejado.
Hansen e Pollock
No que diz respeito a Pollock, ao pintar a tela, ele pintava-se a si mesmo e a seus sentimentos. Deixava impressa uma marca que apenas ele poderia deixar e, em seguida, distanciava-se da tela e podia observar o homem que lá ficou impresso. Assim como acontece no trabalho de Hansen, ficamos diante do vislumbre de um gesto que contém tudo aquilo que nos é apresentado, criando um mistério sobre como o artista atingiu aquele resultado.
Assim Evolui a Arte
Tecnicamente, Emptied Gestures poderia tratar-se de um plágio conceptual da técnica inaugurada por Pollock. No entanto, a imitação, neste caso, a nível da história da arte, deve ser tratada como natural. Assim como seria estranho ouvir dizer que Rafael Sanzio, numa fase mais avançada de sua carreira, plagiou a anatomia vigorosa de Miguel Ângelo, é igualmente estranho afirmar que Heather Hansen plagiou a técnica e a atitude de Pollock diante da arte.
No entanto, ainda que casos como o de Rehberger e Bridget Riley, exposto no post anterior, sejam levados a Justiça e tenham seus desfechos decididos por um tribunal, mais tarde, a História da Arte certamente encarregar-se-ia de atribuir os devidos créditos.
Artista Universal
Na contemporaneidade, a arte tem evoluído através de revivalismos, revisões, recuperações e redescobertas, assim como a arte clássica e seus sucessores evoluíram a partir dos antigos.
No entanto, como referiu Avelina Lésper em sua crítica a arte contemporânea, o número crescente de artistas que existe atualmente gera, por vezes, abras de arte de caráter questionável. Além disso, seguindo a libertação da técnica desencadeada pelos primeiros ready-made de Marcel Duchamp, é cada vez mais comum a figura do biólogo-artista, do designer-artista e, entre tantos outros, o caso de Heather Hansen, a dançarina-escultora-artista.
Caminhos da Arte Contemporânea
Esta diversificação é muito positiva por um lado, como parece provar ser o caso de Heather Hansen. No entanto, a quantidade acaba por não refletir qualidade, ocasionando uma perda de credibilidade generalizada, talvez pelo fato de algumas obras estarem tão fechadas em seus próprios conceitos e ideias que tornam-se praticamente impenetráveis pelo espectador comum.
Antes da modernidade, a Verdade da arte estava na Natureza, e talvez nos dias de hoje ainda esteja, no entanto, algumas mensagens artísticas podem acabar por materializar-se de maneira demasiado confusa. E enquanto um olhar mais crítico possa acabar por considerar esta arte uma falsa arte, para o público em geral, a arte simplesmente perde seu valor.
Por vezes, é necessário esvazia-mo-nos, assim como Hansen esvazia seus gestos no papel e, inspirando-nos ou não naqueles que nos precederam, mas sem perder o traçado do nosso caminhar, criar com o mistério de quem deixa marcas o suficiente para que sejamos capazes de entender de onde viemos e mistério o suficiente para permanecermos genuínos e inovadores.
Posted on by Incubadora de Artistas
Fonte: High Fructose
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