Condenado nos Estados Unidos por "exibição indecente", o vocalista do grupo The Doors se exilou em Paris durante a primavera de 1971. Nesse período ele estava brigado com o grupo, e se reuniu com a namorada Pamela Courson com a intenção de dedicar-se à poesia.
Mas a saúde daquele que já havia sido considerado um sex-symbol e se tornara um alcoólatra obeso estava em rápida deterioração. Na manhã de 3 de julho foi encontrado morto na banheira de sua casa parisiense. Ele tinha 27 anos e, segundo a polícia, foi vítima de um ataque cardíaco.
Apesar dos antecedentes de Morrison, a polícia não fez uma necropsia. O empresário do The Doors, Bill Siddons, pegou o primeiro avião para a capital francesa, mas quando chegou o caixão estava fechado.
A tese oficial foi a de Pamela Courson, que o cantor morreu durante a noite em casa. Mas a jovem apresentou duas versões diferentes e às vezes incoerentes até sua morte, por overdose, quatro anos mais tarde.
O cantor foi sepultado em 7 de julho no cemitério parisiense de Père-Lachaise (clique AQUI para conhecer esse cemitério de celebridades) na presença de apenas cinco pessoas. A notícia da morte, que se espalhou pelo mundo, demorou dois dias para receber confirmação oficial.
As Teorias sobre sua morte
Uma das teses mais disseminadas é a de que Morrison teria sido assassinado pelo FBI – à época comandado pelo lendário J. Edgar Hoover. Autor de vários livros, o poeta Morrison era aclamado pela juventude como um ícone libertário, um crítico do autoritarismo e do american way of life. Autoridades americanas o viam como um agitador, um militante anti-Guerra do Vietnã, alguém identificado com o ideário do movimento New Left (Nova Esquerda), combatido por Washington. A ficha do líder do The Doors era conhecida pelo FBI, que teria chegado a reunir 89 páginas de documentos sobre ele, segundo o pesquisador do rock Alex Constantino. Há quem suspeite que Jimi Hendrix e Janis Joplin também tenham sido apagados pela mesma conspiração. Numa entrevista concedida em 1991, o tecladista do The Doors, Ray Manzarek, disse acreditar que o FBI queria deter a influência de celebridades do rock, e que o alvo principal e mais “perigoso” era Jim Morrison. “Janis era só uma mulher branca cantando a respeito de encher a cara e transar bastante, enquanto Hendrix era um negro que cantava: ‘Vamos ficar loucos’. Morrison estava cantando ‘Queremos o mundo e o queremos agora’.”
O FBI teria armado um complô e infiltrado algumas pessoas no círculo pessoal de Morrison que, no final, providenciaram um cenário quase perfeito para a morte “por causas naturais”, como diria depois o empresário da banda, Bill Siddons. Alguns detalhes são suspeitos. À exceção da namorada Pamela, nenhum conhecido de Morrison viu o corpo. Quando Siddons chegou a Paris, “o que ele viu no flat de Jim e Pamela foi o caixão lacrado e o atestado de óbito com a assinatura de um médico. Não havia boletim policial ou médico no local. Não foi feita autópsia. Tudo o que ele tinha era a palavra de Pam de que Jim estava morto... Quem era o médico? Siddons não sabia; Pamela não se lembrava. Mas assinaturas podem ser forjadas ou compradas”, diz um trecho do livro No One Here Gets Out Alive (Daqui Ninguém Sai Vivo), de Jerry Hopkins e Danny Sugerman, biógrafos de Morrison. Pam morreria poucos anos depois. O médico que teria feito o exame, Max Vasille, nunca falou sobre o assunto.
Tem mais: Siddons esperou até 9 de julho – seis dias depois da morte – para anunciar publicamente o que havia ocorrido. Além disso, John Densmore, baterista dos Doors, afirmou ter achado estranho que o túmulo “era pequeno demais”. Nunca ficou claro como um pop star americano foi enterrado no cemitério de Père La Chaise, um monumento público francês onde estão os restos de notáveis como Balzac, Moliére e Oscar Wilde.
Jim Morrison, o agente secreto
Há, porém, outra história corrente que envolve a CIA no episódio. Morrison – consumidor de ácido e outras drogas, amante do álcool, habitué em orgias sexuais, acusado pela Justiça de atos obscenos, como exibir o pênis durante um show – seria também nada mais nada menos do que um agente da inteligência dos EUA. Sua morte teria sido forjada para que ele pudesse mergulhar em sua vida secreta. Um dos capítulos do livro Secret and Suppressed: Banned Ideas and Hidden History (Secretas e Suprimidas: Idéias Banidas e História Oculta, sem edição em português) diz que, logo nos primeiros anos após a “morte” do líder do The Doors, surgiram boatos de que alguém com nome de James Douglas Morrison – usando o codinome JM2 – vinha mantendo contatos com CIA, NSA e Interpol. Thomas Lyttle, autor do texto, diz que o “novo JM2 abandonou a velha identidade de estrela do rock and roll usada por JM1 para se tornar um James Bond de terno e gravata”.
Em um livro publicado em 2007, Sam Bernett afirma que Morrison não morreu em sua banheira, e sim no banheiro da discoteca parisiense "Rock'n Roll Circus".
"Lá estava Jim Morrison, com a cabeça entre os joelhos, os braços soltos (...) Rosto cinza, os olhos fechados, com sangue no nariz, uma baba esbranquiçada como espuma ao redor da boca, levemente entreaberta, e na barba", escreve em "Jim Morrison, a verdade".
Mesmo décadas depois, quem poderá afirmar com certeza se a morte de Morrison foi provocada por um infarto, possivelmente pelo excesso de álcool e drogas, se foi resultado de uma overdose de heroína, como se sugeriu, ou se alguma das teorias tem um fundo de verdade? Morrison viveu intensamente seus 27 anos. Em uma de suas canções, ele dizia: “Cancele minha inscrição para a ressurreição”. Uma vida assim basta.
Fontes:
Super Interessante e UOL Músicas
http://noitesinistra.blogspot.com.br/2014/07/a-misteriosa-morte-de-jim-morrison.html#.VQ19hI7F98E
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