Plantas têm Alma ? Texto sobre Antroposofia
Olá a todas/os,
Henrique perguntou-me se plantas também têm alma. Recordando
o que já escrevi aqui, o ser humano é composto de corpo, alma e espírito.
Infelizmente, há muita confusão entre alma e espírito, em parte por causa do
Concílio de Constantinopla, em 869, que instituiu o dogma de que não havia
espírito no ser humano, e a alma foi decretada como tendo algumas
características do espírito. As igrejas ortodoxas continuaram, e continuam,
admitindo aquela trimembração do ser humano, e isso foi uma das causas da sua separação
da Igreja Católica. Na Antroposofia, esses termos são bem caracterizados,
vejam-se por exemplo meu texto “Uma introdução antroposófica à constituição
humana” em http://www.sab.org.br/antrop/const1.htm
, o livro de R. Lanz Noções Básicas de
Antroposofia, disponível na íntegra em http://www.sab.org.br/edit/nocoes e
o livro de Rudolf Steiner Teosofia,
editados pela Editora Antroposófica.
Vou ser muito breve. Com o espírito, o ser humano atinge o
mundo espiritual, por exemplo o mundo platônico dos conceitos; estes não
existem fisicamente. Trata-se, assim, de uma atividade do interior para o exterior,
ou vice-versa, só que esse exterior não é físico. Pelo contrário, a atividade
da alma é algo puramente interior. No ser humano, há três atividades anímicas
básicas: o pensar, o sentir (ter sensações e ter sentimentos) e o querer (vontade
que leva a ações) – note-se como são todas atividades puramente interiores. Uma
sensação pode depender de, por exemplo, uma percepção sensorial, mas a sensação
em si – um das incógnitas do conhecimento científico atual – é interior, e não
é física, apesar de ser acompanhada por processos físicos nervosos. Normalmente,
o pensar está baseado nas vivências sensoriais ou na memória. No entanto, é
fundamental saber que é possível desenvolver um pensar independente dessas
vivências ou da memória – é por meio desse pensar consciente, totalmente
desligado do mundo físico, que hoje em dia deve-se fazer observações
conscientes do mundo espiritual, pois só o pensar pode nos dar certeza do que
observamos.
Pois bem, se na trimembração do ser humano tomar-se o
“corpo” como sendo nosso corpo físico, ficará faltando algo: nossas atividades
vitais, como o crescimento, a regeneração dos tecidos, o metabolismo etc. A
ciência corrente, sendo materialista, acredita (sim, para a quase totalidade
dos cientistas isso é uma crença) que todos os processos vitais são puramente
físicos, e as suas pesquisas partem sempre desse princípio limitador. Por
exemplo, um neurocientista diria: “É lógico que o pensamento é gerado pelo
cérebro, como poderia ser de outra maneira?” Note-se que, cientificamente, no
máximo se poderia dizer que o cérebro participa de certos processos mentais, e
não que os gera, pois esses processos não são conhecidos em detalhe. É interessante
notar que a ciência não consegue definir o que é “vida”. Houve uma tentativa
disso quando se descobriu o DNA e se começaram as manipulações genéticas, mas o
resultado foi nulo em relação àquela definição. A esse respeito, veja-se meu
artigo de vários anos atrás, mas ainda atual, “Desmistifiação da onda do DNA”,
em http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/DNA.html
.
Passemos à vida e aos processos vitais. Nossos processos
fisiológicos passam-se no corpo físico mas são consequências de processos não
físicos. Por isso as orelhas de uma pessoa não param de crescer durante toda a
vida, mas conservam em geral uma grande simetria. Como se poderia imaginar que
uma célula de uma orelha se subdivide e envia uma mensagem à célula
correspondente na outra orelha para ela se subdividir também senão a simetria é
quebrada? (Bem, a simetria não chega a esse ponto, e o processo de subdivisão
celular não é tão preciso, trata-se apenas de um exemplo ilustrativo.) Tudo se
passa como se um modelo mental controlasse o crescimento das orelhas; isso se
aplica a todas as formas de nosso corpo, tanto os tecidos como os órgãos aos
pares, simétricos (como as mãos), ou únicos (como o coração). Por exemplo, a
formação do coração no embrião é uma sequência de processos incrivelmente
fantásticos, com dobramentos, rolamentos, esticamentos etc. É preciso ter
pensamento muito simplista para achar que todos os maravilhosos processos de
crescimento e regeneração são controlados por algo físico como os genes – que,
obviamente, também participam dos processos. É por isso que, mudando-se alguns
genes, pode-se mudar alguma forma de um ser vivo. Ora, um modelo mental,
seguido na formação e na regeneração de um órgão ou tecido, não é físico. Portanto,
algo não físico controla esses processos. Esse controle não é exercido nem pela
alma, e nem pelo espírito, que se dedicam a outro tipo de processos. Assim,
temos que postular a existência de um outro membro do ser humano. Para
simplificar, vou fazê-lo dividindo em duas partes o “corpo” que ocorre na
trimembração do ser humano: uma parte puramente física, nosso “corpo físico” e
outra parte que não é física, que denominarei de “corpo vital”; não confundir
com o corpo vital das teorias vitalistas – estas eram materialistas. Na
Antroposofia ele foi denominado por Steiner de “corpo das forças formativas”
ou, seguindo uma antiga tradição esotérica, de “corpo etérico”; não confundir
com as velhas teorias do suposto éter da Física, que era físico, e por meio do
qual achava-se que as ondas eletromagnéticas se propagavam – aliás, não se sabe
até hoje como elas se propagam.
Portanto, nossa vida é devida a um membro não físico que
temos em nós, e que está fora da alma e do espírito. Ultimamente tenho sido bem
radical no seguinte. Parece-me que nenhum processo de um ser vivo é puramente
físico: sempre é acompanhado por uma ação do corpo etérico do ser ou produzido
por este.
Pois bem, todos os seres vivos têm esse “corpo vital” não
físico, que lhes dá a vida e as formas orgânicas características da espécie. No
entanto, plantas não têm processos puramente interiores, como sensações e
sentimentos, como nós e os animais os temos, e que são devidos à alma presente
em nós e neles. Aliás, para isso deveria haver um sistema nervoso, uma base
física para esses processos não físicos, que as plantas não têm. Portanto,
plantas não têm alma. Seria necessário entrar em detalhes sobre a distinção
entre plantas e animais para se compreender melhor o fato de o corpo vital não
fazer parte da alma; infelizmente isso alongaria ainda mais este texto. Para
essa compreensão, é recomendável aprofundar-se no estudo dos textos citados no
início.
Alguém poderia objetar o seguinte: nesse caso, como acontece
de pessoas influenciarem o crescimento de certas plantas quando as tratam , por
exemplo, com carinho? Parece-me que nesse caso existe uma atuação no plano
etérico.
Fonte:http://www.espiritbook.com.br/profiles/blogs/as-plantas-tem-alma
Comentários
Postar um comentário