MICKALENE THOMAS E AS MULHERES NEGRAS

   (Foto: divulgação)

Mickalene Thomas e as mulheres negras

Artista constrói cenários ousados inspirados na avó

 22/01/2014 | POR BETA GERMANO; FOTOS FRAN PARENTE E DIVULGAÇÃO


Glitter, mix de estampas e belíssimas mulheres negras. A “origem do universo” – trocadilhos com Courbet à parte – de Mickalene Thomas está em sua mãe como principal musa inspiradora e na avó, que foi decoradora nata. De seu ateliê no Brooklyn, em Nova York, saem retratos de afro-americanas sensuais e cheias de personalidade mergulhadas em ambientes estilo anos 1970, que lembram as cenas do Blaxploitation (movimento do cinema cujo nome une as palavras “negro” e “exploração”) e dialogam com pinturas da história da arte.

Dessa forma, foi a pose provocativa de The origin of the Universe, de Gustave Courbet, o olhar desafiador para o rico colecionador de La Grande Odalisque, de Dominique Ingres, e o escândalo incitado pelo nu de Le dejeuner sur l’herbe, de Édouard Manet, que lhe inspiraram ao retratar as amigas e a mãe, carinhosamente chamada de “Mama Bush”. Sobre as modelos, ela conta: “Prefiro trabalhar com conhecidas, pois é um momento muito íntimo, e a energia no estúdio é importante no processo. E é impressionante ver como elas se comprometem com a roupa, a maquiagem e o cenário, encarnando os diferentes personagens”.

Fotografá-las ou pintá-las em fundo infinito, no entanto, parecia um tanto simplório para esta artista, que sempre recebeu elogios dos amigos pela estética de seu apartamento e chegou a estudar decoração no Pratt Institute. “Comecei a pendurar tecidos estampados no estúdio. Depois, foram as plantas ou bancos, para preencher vazios. Os espaços foram crescendo e, quando percebi, estava criando ambientes inteiros inspirados na casa de minha avó”, afirma Mickalene, que neste ano vai lançar uma coleção de poltronas, almofadas e cobertores em parceria com a nova-iorquina Artware, e ainda um tapete pela sueca Henzel.

“Estou superanimada com as possibilidades do design e da arquitetura. Quero poder criar meu próprio universo, como fez Monet ao idealizar seu jardim, por exemplo. Ele criou um mundo inteiro só para se inspirar”, divaga a artista, cujo dom especial para misturar estampas foi herdado da avó, hábil em unir tecidos de origens diferentes mas que “se arranjavam de forma inusitada e harmônica”. O interesse pelo décor cresceu tanto que ela organizou, entre o final de 2012 e o início de 2013, a mostra How to Organize a Room Around a Striking Piece of Art, na galeria Lehmann Maupin, em Nova York, com pinturas de ambientes sem as já clássicas mulheres negras e com uma sala-instalação onde posicionou móveis antigos revestidos com seus tecidos multicoloridos e suas telas. Foi nessa mesma época que apresentou, no Brooklyn Museum, Mickalene Thomas: Origin of the Universe, e ganhou os holofotes da turma artsy. De lá para cá, foram só flores (com glitter), boas críticas e incontáveis convites.

Além das exposições deste ano, em Nova York, Paris, Londres, Seattle, Boston e Dakar, vale conferir o bar-instalação Better Days, que Mickalene montou originalmente na Art Basel, na Suíça, ano passado, e vai reproduzir na Galerie Springmann, em Berlim. “A ideia era recriar as festas que minha mãe fazia em casa para os amigos nos anos 1970 e 1980. Eu queria preparar um espaço aconchegante e intimista onde pudesse cuidar de tudo, desde o papel de parede até os drinques e as performances”. Mais novidades? O objeto de desejo do verão 2014 já tem cara e endereço. Mickalene Thomas apresentará uma linha de tênis em parceria com a nova-iorquina Brother Vellies.

* Matéria publicada em Casa Vogue #341 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)
  (Foto: Fran Parente)
 
  (Foto: divulgação)
 
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Fonte:http://casavogue.globo.com/LazerCultura/Gente/noticia/2014/01/mickalene-thomas-e-mulheres-negras.html

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