José Francisco Borges, mais
conhecido como J. Borges é um dos mestres do cordel, um dos artistas folclóricos
mais celebrados da América Latina e o xilogravurista brasileiro mais reconhecido
no mundo. Ele nasceu em 20 de dezembro de 1935 em Bezerros, Pernambuco. Filho de
agricultores, ele começou a trabalhar aos dez anos de idade na roça, e negociava
nas feiras da região, vendendo colheres de pau que ele mesmo fabricava.
Autodidata, o gosto pela poesia fez encontrar nos folhetos de cordel um
substituto para os livros escolares. Em 1964 começou a escrever folhetos de
cordel; foi quando fez “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”,
xilogravada por Mestre Dila, que vendeu mais de cinco mil exemplares em dois
meses. Animado com o resultado, escreveu o segundo chamado “O Verdadeiro Aviso
de Frei Damião Sobre os Castigos que Vêm”, que o conduziu pela primeira vez à
xilogravura. Como não tinha dinheiro para pagar um ilustrador, J. Borges
resolveu fazer ele mesmo: começou a entalhar na madeira a fachada da igreja de
Bezerros, que usou no seu segundo folheto de cordel. Desde então, começou a
fazer matrizes por encomenda e também para ilustrar os mais de 200 cordéis que
lançou ao longo da vida. Hoje essas xilogravuras são impressas em grande
quantidade, em diversos tamanhos, e vendidas a intelectuais, artistas e
colecionadores de arte.
J. Borges. FOTO: Francisco Moreira da
Costa
A divulgação do seu trabalho como
gravurista iniciou-se em 1972, quando os pintores cariocas, Ivan Marquetti e
José Maria de Souza, em visita a Bezerros, encomendaram gravuras em tamanhos
maiores do que os usados normalmente no cordel. Pelas mãos desses pintores,
essas gravuras chegaram ao escritor Ariano Suassuna e, com o seu incentivo,
Borges passou a ser conhecido como o “melhor gravador do Nordeste”. Em pouco
tempo, os seus trabalhos já participavam de exposições na França, Alemanha,
Suíça, Itália, Venezuela e Cuba.
J. Borges e o amigo e incentivador Ariano Suassuna.
Reproduçao fotográfica do site Cultura Brasil.
Os temas mais solicitados em seu
repertório são: o cotidiano do pobre, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os
mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos populares, a
religiosidade, a picardia, enfim todo o universo cultural do povo nordestino.
Para o artista, dentre todas as xilogravuras que já fez, a sua preferida é "A
chegada da prostituta no céu”, feita em 1976.
Capa do folheto "A chegada da prostituta no céu"
(1976)
J. Borges, A
chegada da prostituta no céu, xilogravura.
J. Borges, A
professora, xilogravura.
J. Borges, A
serpente, xilogravura.
J. Borges,
Boiadeiros, xilogravura.
Com a fama, a família de
xilogravadores cresceu, incluindo três filhos do artista, um irmão, três
sobrinhos e um primo, graças às aulas do grande mestre e artista popular J.
Borges, que soube cultivar a semente da arte de criar figuras exóticas a partir
das histórias e das lendas populares, que impregnam o espírito do mestiço
nordestino.
J. Borges, Fugindo da seca,
xilogravura.
J. Borges,
Iemanjá, xilogravura.
J. Borges,
Forró pé de serra, xilogravura.
J. Borges tem recebido vários
prêmios e distinções, entre os quais se destacam os concedidos pela Fundação
Pró-Memória (Brasília, 1984), pela Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 1990), pela
V Bienal Internacional Salvador Valero (Trujilo/Venezuela, 1995), a comenda da
Ordem do Mérito Cultural (Ministério da Cultura, 1999), recebeu o prêmio UNESCO
na categoria Ação Educativa/Cultural. Em 2002, foi um dos treze artistas
escolhidos para ilustrar o calendário anual das Nações Unidas, com a xilogravura
“A Vida na Floresta”. Em 2006, foi tema de reportagem no The New York
Times.
J. Borges, Cajueiros,
xilogravura.
J. Borges,
Umbu, xilogravura.
Suas gravuras ilustram livros
publicados no Brasil, na França, em Portugal, na Suíça e nos Estados Unidos. São
de sua autoria, entre outras, as seguintes obras: “Gravuras de J. Borges”
(Recife: Galeria Nega Fulô, 1973), “Xilogravuras de J. Borges” (Recife: Galeria
Ranulpho, 1975), “No Tempo que os Bichos Falavam” (Olinda: Casa da Criança de
Olinda e Instituto Nacional de Folclore, 1983), e “Poesia e Gravura de J.
Borges” em parceria com Silvia Coimbra (Recife: sem editora, 1993). Elas são
encontradas também em capas de discos como Quinteto Violado, Festival de
Violeiros, Nordeste Cordel, Repentes e Canção.
J. Borges, Forró dos bichos,
xilogravura.
J. Borges,
Violeiros, xilogravura.
J. Borges,
Pastor de ovelhas, xilogravura.
Hoje, J. Borges continua
trabalhando com seus filhos no seu atelier em Bezerros, a Casa da Cultura Serra
Negra, no km 106 da BR 232, onde máquinas tipográficas dividem espaço com
centenas de matrizes, gravuras e folhetos de cordel.
Desde 2006, J. Borges é considerado Patrimônio Vivo de
Pernambuco, título outorgado pelo Governo do Estado.
Contato com J.
Borges:
Av. Major Aprígio da Fonseca,
420
Rodovia BR 232
55660-000
Bezerros-PE
Tel: 3728-0364
Fonte:
- BEZERROS das xilogravuras e
das máscaras: artesanato em Pernambuco. Suplemento CulturalD.O. PE, Recife, ano
15, p. 33, set. 2000.
- MACHADO, Regina Coeli Vieira.
J. Borges. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível
em: http://www.fundaj.gov.br
- BURCKHARDT, EDUARDO. ARTE
POPULAR - O artista do sertão. Revista Época, agosto de 2006.
J. Borges,
Mudança do sertanejo, xilogravura.
J. Borges,
Moça roubada, xilogravura.
J. Borges,
Lampiao e Maria Bonita, xilogravura.
J. Borges,
Briga da onça com a serpente, matriz (esquerda) xilogravura
(direita).
Sequencia de impressao de uma xilogravura.
Reproduçao fotográfica. FOTO: Louise Chin.
Fonte:http://artepopularbrasil.blogspot.com.br/2011/01/j-borges.html
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