A ARTE E O PODER
Desde tempos muito remotos que a arte vem sendo utilizada para persuasão. Tanto na publicidade comercial como na política ela é um instrumento de enorme poder.
Este instrumento tem sido responsável pela história do mundo ao longo dos séculos. A arte com suas técnicas visuais tem garantido o poder a muitos ditadores. Os políticos utilizam-na para se perpetuarem no poder, portanto é atravez dela que os rumos da humanidade vão sendo traçados.
A arte bem planejada penetra na mente humana numa forma de persuasão subliminar. Guerras e massacres tem acontecido com o seu uso.
A arte de transmitir confiança; A arte de mostrar um futuro promissor; A arte como adorno pessoal; A arte da aparência idealizada, digna de um grande rei, que pode enganar a todos; A arte de mostrar as imagens que queremos ver; A arte usada para contar uma mentira política; A arte nos palácios como símbolo máximo de poder; A arte de transformar e realçar os feitos medíocres de certos políticos; A arte de criar uma imagem carismática de um rosto odioso; A arte de transformar um ditador sanguinário numa pomba da paz.
A mesma arte que cria a pomba da paz pode criar o símbolo da guerra.
Dario I - O Grande Rei da Pérsia (Pérsia 521 a.C. - Egito 486 a.C.) já usava a arte para persuadir. Foi ele o inventor do logotipo que usamos até hoje. Seu objetivo foi criar um símbolo que o representasse em todos os lugares para sempre ser lembrado por seus súditos.
Alexandre - O Grande - Rei da Macedônia)( Pela Macedônia 356 a.C. - Babilônia 323 a.C.) aperfeiçoou o logotipo de Dario, colocou a imagem do seu rosto nas mãos de todos atravez da moeda que mandou cunhar em sua homenagem.
Augusto - (Cáio Júlio César Otaviano)- Imperador Romano- Mandou esculpir sua estátua mostrando um imperador humilde com pés descalços com as mãos vazias. A imagem de um homem comum que só queria o bem e a paz para o seu povo. A arte o ajudou apaziguar o Império e salvar Roma. Mais tarde fundou um sistema de ditadura que duraria cerca de 400 anos.
Em nosos dias a arte ganhou asas na mídia e na internet.
Nas eleições americanas, tal como nas nossas, a arte é o instrumento para persuadir e induzir a erro os eleitores. A verdadeira imagem só se revela quando já é tarde. Ela tem sido usada para convencer o povo de que as desigualdades são naturais, que a guerra é a solução e que a paz nem sempre é possivel. Os seres humanos, ontem como hoje, são vulneráveis à persuasão da arte.
A nos artistas resta a responsabilidade e a consciência de direcionar a arte para o bem da humanidade.
Nicéas Romeo Zanchett - artista plástico http://www.artmajeur.com/niceasromeozanchett http://amulhereaarte.arteblog.com.br
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http://textolivre.com.br/artigos/7095-o-poder-da-arte-
O poder da arte
Já se disse muitas vezes que a arte ensina. Logo, se ensina, pode tanto ensinar o bem quanto o mal. Já se disse, também, que a arte tem a capacidade de criar estados de alma. Portanto, pode inclinar o homem tanto às boas quanto às más disposições. Alguns poderiam afirmar que isso é evidente, e seríamos obrigados a concordar. Todavia, lembrar-lhe-íamos que, se para bom entendedor meia palavra basta, para nosso mundo subjetivista, confuso e, por isso mesmo, péssimo entendedor, não basta meia palavra, nem mesmo palavra inteira, mas é preciso antes repetir com insistência, muitas vezes, a mesma coisa. Sendo assim, para espicaçar novamente os maus entendedores e auxiliar nossos leitores com algumas citações importantes, voltamos novamente ao assunto.
Para
os antigos gregos e romanos, o caráter educativo da arte era evidente. No
Diálogo República, ao se discutir a formação dos defensores do Estado,
Platão faz Sócrates chegar à seguinte conclusão:
“Não é então por este
motivo, Glauco, que a educação pela música é capital, porque o ritmo e a
harmonia penetram mais fundo na alma e afetam-se mais fortemente, trazendo
consigo a perfeição, e tornando aquela perfeita, se tiver sido educada? E,
quando não, o contrário? E porque aquele que foi educado nela, como devia,
sentiria mais agudamente as omissões e imperfeições no trabalho ou na
conformação natural, e, suportando-as mal, e com razão, honraria as coisas
belas, e, acolhendo-as jubilosamente na sua alma, com elas se alimentaria e
tornar-se-ia um homem perfeito; ao passo que as coisas feias, com razão as
censuraria e odiaria desde a infância, antes de ser capaz de raciocinar, e,
quando chegasse à idade da razão, haveria de saudá-la e reconhecê-la pela sua
afinidade com ela, sobretudo por ter sido assim educado.”. (Platão,
República, Livro III).
Platão refere-se aqui, sobretudo à música,
contudo, afirma que a capacidade de conduzir a alma à perfeição pertence também
aos demais tipos de arte. Ele não titubeia em enfatizar a suma importância da
arte na formação de uma sociedade, chegando mesmo a afirmar que se devem vigiar
os poetas “e forçá-los a introduzir nos seus versos, a imagem do caráter
bom,” e mesmo “vigiar também os outros artistas e impedi-los de
introduzir na sua obra o vício, a licença, a baixeza, o indecoro, quer na
pintura de seres vivos, quer nos edifícios, quer em qualquer outra obra de
arte”.
Segundo o Sócrates de Platão:
“Devemos procurar aqueles
dentre os artistas cuja boa natureza habilitou a seguir os vestígios da natureza
do belo e do perfeito, a fim de que os jovens, tal como os habitantes de um
lugar saudável, tirem proveito de tudo, de onde quer que algo lhes impressione
os olhos ou os ouvidos, procedente de obras belas, como uma brisa salutar de
regiões sadias, que logo desde a infância, insensivelmente, os tenha levado a
imitar, a apreciar e a estar de harmonia com a razão formosa?
-
Seria essa, sem dúvida, a melhor educação.”. (Platão, República, Livro
III).
Haveria muitíssimo mais a dizer sobre a
compreensão que os antigos tinham do caráter formador da arte, contudo, como
havíamos dito, pretendemos apenas “cutucar” os maus entendedores e auxiliar
nossos leitores.
Passemos adiante.
O
poder da arte de aperfeiçoar ou corromper as almas não passa despercebido aos
mais capazes, mesmo que tenham sido contaminados pelo subjetivismo ou pela
dialética, como é o caso de Eric Hobsbawm. Em sua obra A Era das
Revoluções, Hobsbawm faz uma afirmação interessantíssima sobre uma das
finalidades fundamentais da arte.
Segundo ele:
“Em sua forma mais geral, a
ideologia de 1789 era a maçônica, expressa com tão sublime inocência na Flauta
Mágica de Mozart (1791), uma das primeiras grandes obras de arte
propagandísticas de uma época em que as mais altas realizações artísticas
pertenceram tantas vezes à propaganda.”.[1]
Antes
de tudo, é interessante notarmos, ainda que de passagem, que segundo Hobsbawm a
Revolução Francesa representa o triunfo dos princípios maçônicos, ou seja, a
Revolução Francesa foi a vitória política e ideológica da maçonaria. Essa
afirmação de Hobsbawm identifica um ponto fundamental para a compreensão da
História, contudo, como estamos falando de arte, deixemos este assunto para os
bons entendedores, visto que para eles meia palavra basta...
Quanto à arte, a afirmação de Hobsbawm é
interessantíssima, já que afirma claramente, assim como Platão - desculpem-nos a
aproximação - que a arte transmite idéias e serve para divulgar ideologias.
Tendo essa capacidade de transmitir idéias, tem também a arte o poder de mudar
os costumes privados e públicos, terminando por revolucionar a sociedade. É o
que Platão afirma na República[2] e é o que assistimos na história, como bem
notou Eric Hobsbawm. Isso é um fato tão notório que para confirmá-lo convergem
as mais contraditórias - pelo menos aparentemente - personagens históricas, como
é o caso de André Breton e Leon Trotski.
Em 25
de julho de 1938, foi redigido na Cidade do México, após longas discussões, por
André Breton e Leon Trotski, o manifesto “Por uma Arte Revolucionária
Independente”. Nesse manifesto, o surrealista, irracionalista e místico
Breton une-se ao materialista comunista Trotski para afirmar e defender o
caráter revolucionário da arte. Após estabelecer o fundamento subjetivista da
arte, eles declaram:
“Não, nós temos um
conceito muito elevado da função da arte para negar sua influência sobre o
destino da sociedade. Consideramos que a tarefa suprema da arte em nossa época é
participar consciente e ativamente da preparação da revolução.”.[3]
Segundo eles, o objetivo do manifesto é
“reunir todos os defensores revolucionários da arte, para servir à revolução
pelos métodos da arte”.[4]
O
manifesto é interessantíssimo, pois deixa claro em vários momentos que no seio
do pensamento moderno, tanto místicos irracionalistas, quanto materialistas
cientificistas, possuem uma mesma origem e ambos são subjetivistas negadores da
verdade. Porém, isso já é coisa para bons entendedores... O que nos importa, por
enquanto, é enfatizar a capacidade formadora da arte, que pode aperfeiçoar os
homens, fazendo-os amar o bem, a verdade e a beleza, ou fazê-los revolucionários
subjetivistas que odeiam a Verdade e em decorrência disso o Bem e o
Belo.
Sempre, e mesmo na Modernidade, a arte foi
um meio eficaz de formar mentalidades. Nikos Stangos, em seu prefácio ao livro
Conceitos da Arte Moderna, deixa claro o objetivo de ensinar da arte
moderna:
“Os movimentos e conceitos
da arte moderna foram intencionais, deliberados, dirigidos e programados desde o
começo. Fizeram-se acompanhar de uma pletora de manifestos, documentos e
declarações programáticas. Cada movimento foi deliberadamente criado para chamar
a atenção para certos aspectos específicos; (...) Os movimentos artísticos
modernos foram essencialmente “conceituais”: as obras de arte eram consideradas
em função dos conceitos que explicam.”.[5]
É
preciso ser tolo para negar esse poder à arte, e é preciso não sê-lo para
preocupar-se e precaver-se contra as conseqüências funestas da má arte ou da
pseudo-arte moderna que infestam nosso mundo, podendo corromper nossas almas e,
sobretudo, as de nossas crianças, que praticamente não possuem defesas
intelectuais contras os ardis da pseudo-arte corruptora.
[1] Eric
Hobsbawm. A Era das Revoluções 1789 - 1848. ed. 18º. São Paulo: Ed. Paz e
Terra, 2004, pp. 90-91
[2] Platão.
República. Livro III. Seria interessante que o leitor estudasse todo o
terceiro livro da República e o artigo RockR17;n Roll: Revolução -
Droga - Satanismo.
[3] Breton -
Trotski. Por uma Arte Revolucionária Independente. São Paulo: Ed. Paz e
Terra, 1985, p. 43 - o negrito é nosso.
Ronaldo Motta
Para citar este texto:
Ronaldo Motta - "O poder da arte"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=arte&artigo=poder_arte&lang=bra
Online, 24/02/2013 às 13:23h
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