Flor de Lótus Branca ,simboliza pureza
de corpo, discurso e mente e o florescimento das ações na liberação da felicidade.
Uma das civilizações mais antigas do nosso planeta, a Índia é um país de contrastes. A diversidade de línguas, hábitos e modo de vida não impedem que haja uma grande unidade na cultura do país. Ao mesmo tempo que cada estado tem seu próprio modo de expressão, como na arte, música, linguagem ou culinária, o indiano é profundamente arraigado ao sentimento de amor à sua nação e tem orgulho de sua civilização ancestral, o que mantém vivas até hoje muitas tradições.
Talvez pela profusão de deuses adorados por diferentes segmentos da sociedade, a tolerância religiosa é algo inerente aos indianos acostumados a conviver com a diversidade, como as línguas diferentes faladas muitas vezes por vizinhos. Nos dias de hoje ocorrem conflitos religiosos, mas isso não pode ser considerado característico.
São muitos símbolos, muitas deidades, muitos rituais. A maioria é relativo ao Hinduísmo, que ainda é a religião com mais seguidores na Índia, seguido pelo Islamismo e o Budismo. O Hinduísmo é tão antigo quanto a civilização da Índia, tanto que a palavra "hindu" é erroneamente usada para dizer " indiano", e toda a simbologia é vista pelos outros países como se representasse a própria Índia.
"Por quê Ganesha tem cabeça de elefante? Porque algumas pinturas mostram os deuses e deusas com tantos braços? "Não podemos entender a Índia sem entender o significado de símbolos como o Om e o lótus, que revelam fatos sobre a cultura do país, desenvolvidos por centenas de milhares de anos. Apenas aqueles que estudaram a cultura intensamente podem entender o significado intrínseco desses símbolos, mas é uma obrigação moral de todo indiano se dedicar ao conhecimento da simbologia cultural da Índia.
Símbolos
A principal mensagem dessa cultura é a aquisição de conhecimento e a remoção da ignorância. Enquanto a ignorância é como a escuridão, o conhecimento é como a luz.
A lamparina tem muita importância como símbolo pois, tradicionalmente feita de cerâmica, representa o corpo humano porque assim como o barro, também viemos da terra. O óleo é queimado nela como um símbolo do poder da vida. Uma simples lamparina quando imbuída desta simbologia chama-se deepak e nos dá a mensagem de que toda e qualquer pessoa no mundo deve remover a escuridão da ignorância fazendo o seu próprio trabalho. Nos templos, sempre se oferece uma chama, significando que tudo que fizermos é para agradar a Deus.
O Om representa o poder de Deus, é o som da criação, o princípio universal, entoado começando todos os mantras. Diz-se que os primeiros yoguis o ouviram em meditação, e esse som permeia o cosmos. É o número um do alfabeto, é o zero que dá valor aos números, é o som da meditação.
A flor de lótus, presente em muitas imagens, devido ao fato de crescer na água pantanosa e não ser afetada por ela representa que devemos ficar acima do mundo material apesar de viver nele. As centenas de pétalas do lótus representam a cultura da "unidade na diversidade".
As divindades, com seus muitos braços, cada um deles carregando objetos ou armas, símbolos em si, como o lótus, livro, indicam as direções, a maioria representa os quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste.
Religião
Outra coisa que é absolutamente importante para entendermos a cultura indiana é a crença na reencarnação, que para os hinduístas, assim como para muitas outras religiões, é um preceito básico e incontestável. Somente considerando isso é que um ocidental pode entender o sistema de castas. Na filosofia indiana a vida é um eterno retorno, que gravita em ciclos concêntricos terminando em seu centro, os iluminados atingem. Os percalços do caminho não são motivo de raiva, assim como os erros não são uma questão de pecado, mas sim uma questão de imaturidade da alma. O ciclo completo da vida deve ser percorrido e a posição da pessoa em cada vida é transitória. Essa hierarquia implica em que quanto mais alto se chega na escala maiores são as obrigações. A roda da vida cobra mais de quem é mais capaz. Um Brâmane, por exemplo, que é da casta superior, dos filósofos e educadores, tem uma vida dedicada aos estudos e tem obrigações com a sociedade. As outras castas são: Kshatriya, administradores e soldados, Vaishya, comerciantes e pastores e Sudras, artesãos e trabalhadores braçais. Antigamente esse sistema de castas era seguido como lei, porém hoje a mobilidade social já se faz presente.
Mas nem tudo é hinduísmo na Índia. O seu maior cartão postal, o Taj Mahal, é uma construção muçulmana, um monumento ao amor, foi construido pelo rei para sua amada que morreu prematuramente. É uma das maravilhas do mundo, feito com mármore branco e ricamente decorado com pedras preciosas.
O Islamismo é fundamentado sobre a crença de que a existência humana é submissão – Islãm – e devoção a Allah, Deus onipotente. Para os muçulmanos, a sociedade humana não tem valor em si, mas o valor dado por Deus. A vida não é uma ilusão, e sim uma oportunidade de bênção ou penitência. Para guiar a humanidade, Deus deu aos homens o Corão, livro revelado através do Anjo Gabriel, ao seu mensageiro, o Profeta Maomé, por volta do ano 610 DC. Um século depois, houve a grande invasão a Sind, que hoje está fora da Índia, na região do Paquistão, onde a língua Urdu, introduzida naquela época na região, permanece até hoje. Devido a fatores políticos, o Islamismo se espalhou pelo norte e hoje temos um grande crescimento dos seguidores do Islãm por toda a Índia.
O Budismo também se faz presente, já que a Índia é a terra onde nasceu Buda, e onde tudo começou. No tempo do Imperador Ashok, o grande rei unificador da nação indiana, a maior parte se converteu ao Budismo, que alguns chamam de filosofia e não religião, pois não existe adoração a Deus e o ser humano é levado a conquistar a paz interior pelo caminho do meio, ou seja, o equilíbrio. O sofrimento é causado pelo desejo e a prática da meditação é usada para aquietar a mente e procurar atingir o Nirvana, o estado de perfeita paz. As mais impressionantes representações do Budismo da época áurea se encontram nas cavernas de Ajanta e Ellora, em Aurangabad. Esta última consiste em templos e monastérios erguidos pelos monges budistas, hinduístas e jainistas e contam a história das três religiões.
A vida do indiano é dividida em quatro fases, e essa divisão se chama Ashrama: a infância, a juventude, que é absolutamente devotada aos estudos, não existe namoro nesta fase; o tempo de se constituir família, que é pela tradição arranjada pelos pais, hábito que está caindo em desuso com os tempos modernos; e a velhice, dedicada à realização espiritual. Tal modo de vida mostra a grande importância dada ao conhecimento, e um grande número de indianos, apesar do alto índice populacional do país, e da pobreza que é conseqüencia disso, tem escolaridade e fala mais de uma língua.
Atualidade
A contribuição da Inglaterra (ou descontribuição), país que colonizou a Índia, foi principalmente a introdução da língua inglesa, que permite que haja uma língua comum falada em todos os estados, cada qual com sua língua nativa. Mas, além disso, introduziram o sistema de trens, que cobre todo o país, o telégrafo e toda a modernização nas comunicações.
A independência foi conquistada em 1947 e a partir daí a auto-suficiência se tornou uma realidade, principalmente com relação a alimentos. O fato de ter uma população em grande parte vegetariana, e mesmo os não vegetarianos não comerem carne de vaca por ser considerada sagrada, faz com que os espaços não sejam ocupados com pasto, propiciando assim maior incentivo à agricultura. Mesmo que muitas pessoas na Índia não tenham teto, talvez nem sapato, sempre existe comida fácil e barata, além da disposição de ajudar uns aos outros ser uma coisa natural no indiano.
Da mesma forma, a população cuida de sua própria segurança. É muito raro assaltos à mão armada, situações de risco desta natureza, pois o povo religioso como todos sabem, tem uma atitude diferente da ocidental perante a miséria, talvez por sua cultura não baseda no "ter". Mas quando ocorre algo, os próprios cidadãos se encarregam de punir o delinqüente. Todos os templos exigem que se tirem os sapatos e estes são deixados do lado de fora. Mesmo com grande número de pessoas sem poder aquisitivo para comprar um sapato, estes não são roubados.
Outro aspecto da auto suficiência é o sistema de conselho municipal, chamado panchayati; cinco membros, geralmente mais idosos, portanto mais sábios, que cuidam dos assuntos da comunidade. Isso vem dos tempos ancestrais, decorrente dos clãs, que são chamados gotra, e foi caindo em desuso. Porém a autoridade legal desses conselhos foi restaurada oficialmente em 1989.
Cinema e Arte
A Índia moderna, como todos os outros países, absorveu a cultura ocidental, mas talvez devido ao orgulho de sua identidade própria, sem perder as características culturais. Um grande exemplo é a indústria cinematográfica, que é a maior do mundo. O número de filmes feitos na Índia é maior que em qualquer outro país. A indústria cinematográfica surgiu em Bombay em 1913. Sete anos mais tarde produziu-se em Calcutá o primeiro filme em língua bengali e em 1934 foram inaugurados em Madras os estúdios destinados à produção de filmes em tâmil e telugo. Essa é a maior paixão do indiano. Os cinemas vivem lotados, eles adoram seus astros, e seu estilo se faz presente nas ruas, com músicas que são presentes em alto e bom som em todos os lugares, o colorido que os indianos tanto gostam saindo dos saris, que ainda são uma constante, e para as roupas ocidentalizadas, pelo menos nos grandes centros. Mas tudo tem a cara da India, não se vê uma invasão cultural como ocorre em outros países, que perdem a sua identidade em nome da modernidade.
Esta diversidade colorida, esta mistura de línguas, religiões, saris e turbantes, além de arquiteturas diferentes, é o que o fazem da Índia este "Caldeirão Cultural". A princípio o ocidental acha que um sari é sempre igual ao outro, mas um olhar mais atento vai mostrar que conforme a região o modo de amarrar difere do outro, assim como dependendo da religião vemos os diferentes modos de se amarrar um turbante.
As religiões são o fator mais determinante nas expressões do povo, como podemos ver em todas as manifestações da arte. A literatura e a poesia nasceram como mais uma maneira de se conectar com o divino, assim como toda pintura ou escultura. Os poemas de Tagore e Kabir são lidos até hoje, e muitos quadros contemporâneos que podemos ver no Museu de Arte de Delhi fazem referência às tradições e mitos.
Apesar de tudo, quem imagina a Índia um país místico, com cheiro de insenso e cheio de guirlandas, deve saber que é tudo verdade, mas convivendo lado a lado com um povo extremamente progressista, que gosta da modernidade e com uma identidade cultural única no mundo.
Fonte:http://cassiafiletti.wordpress.com/
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