As pessoas estão mais preocupadas em saber o que realmente os processados contêm, como foram cultivados, qual a sua procedência e forma de produção — Foto: iStock Getty Images
Atenção aos rótulos dos alimentos: quanto mais ingredientes, mais
processados
Alto consumo de
produtos ultraprocessados é combatido pela onda "clean label", que
busca uma alimentação com menos aditivos
Por Cris Perroni *— Rio de Janeiro
15/07/2019 14h41 Atualizado há um dia
De um lado, o alto consumo pela população
brasileira de alimentos ultraprocessados; do outro, a onda "clean
label" ou rótulo limpo, tendência mundial de
procura por alimentos minimamente processados, com menos ingredientes e
aditivos, mais naturais.
O guia da população brasileira, na sua última
edição, alertou para importância da qualidade alimentar e para a necessidade de
reduzir a ingestão de alimentos ultraprocessados e aumentar a ingestão de
alimentos in natura e minimamente processados.
Alimentos
ultraprocessados são ricos em sal, açúcar, gordura e
aditivos. Possuem alta palatabilidade, ou seja, são mais saborosos, e têm maior
tempo de prateleira, maior validade. Seu consumo tem alta correlação com
doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e diabetes.
Estudo recente realizado por Kevin D. Hall e
colaboradores, do National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney
Diseases (Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Renais e Digestivas), dos
Estados Unidos, comparou a ingestão de dieta com alimentos ultraprocessados e
de dieta "não processada".
Vinte indivíduos (idade média de 31 anos e IMC
27kg/m², com sobrepeso) foram admitidos em um ambiente hospitalar para
participar de duas etapas do estudo, com duas semanas cada etapa. Receberam
100% da alimentação e foram orientados a comer "ad libitum", ou à
vontade, o que desejavam. Ambas as dietas foram equilibradas em energia,
macronutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas), sal, açúcar e fibras.
Observaram que a ingestão energética foi maior
durante a dieta ultraprocessada (cerca de 500 kcal/dia a mais), com aumento no
consumo de carboidratos (cerca 280 kcal) e gorduras (cerca de 230 calorias),
mas não de proteínas. Observou-se ganho de peso (cerca 900g) durante o período
da dieta ultraprocessada e redução de peso (cerca de 900g) durante a dieta
"não processada".
Quando comemos alimentos ultraprocessados, comemos
mais, é difícil controlar a quantidade.
Isso confirma a necessidade de reduzir o consumo de
alimentos ultraprocessados, que possuem alta palatabilidade e estimulam a comer
mais, e aumentar a ingestão de alimentos in natura e minimamente processados
para prevenir e tratar excesso de peso e obesidade e suas complicações, entre
elas diabetes, hipertensão arterial, cardiopatias e câncer.
No outro polo, temos a tendência "clean
label" ou rótulo limpo. As pessoas estão mais preocupadas em saber o que
realmente os alimentos processados contêm, como foram cultivados, qual a sua
procedência e forma de produção. Querem conhecer as marcas e seus propósitos.
Estão procurando por uma alimentação mais natural,
com ausência ou com menor número de aditivos artificiais; se houver corantes ou
adoçantes, que sejam naturais.
Quanto menor o número de ingredientes e mais
conhecidos e naturais, melhor para saúde. Não sabemos a longo prazo qual o
prejuízo para a saúde de tantos conservantes, corantes, realçadores de sabor,
aditivos em geral. Por enquanto, temos a certeza da sua correlação com ganho de
peso e obesidade.
Literatura:
HALL, K.D. et al.
Ultra-Processed Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain: An Inpatient
Randomized Controlled Trial of Ad Libitum Food Intake. Cell Metab. 2019, v.30, n.1, p. 67-77.
* As informações e
opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não
correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com /
EuAtleta.com.
*Nutricionista formada pela UFRJ e pós-graduada em
obesidade e emagrecimento. Tem especialização em nutrição clínica pela UFF,
especialização em nutrição esportiva pela Universidade Estácio de Sá e trabalha
com consultoria e assessoria na área de nutrição.
Fonte: https://receitas.globo.com/blog/alimentacao-e-saude/atencao-aos-rotulos-dos-alimentos-quanto-mais-ingredientes-mais-processados.ghtml
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