MACONHA DE ALTA POTÊNCIA, COM MAIS DE 10% DE THC, PODE DEIXAR MARCA ÚNICA NO DNA, COM RISCO DE DESENVOLVER PSICOSE DEVIDO AO USO DA DROGA, AFIRMA NOVO ESTUDO
Maconha de alta
potência, com mais de 10% de THC, pode deixar marca única no DNA, afirma novo
estudo
Estudo publicado na Molecular
Psychiatry é o primeiro a sugerir que o uso de cannabis de alta potência deixa
uma marca distinta no DNA
Por
O
GLOBO
— São Paulo
17/10/2024 10h48 Atualizado há um dia
O uso de cannabis de alta potência deixa uma marca única no DNA, afirma estudo publicado na Molecular Psychiatry. É o primeiro trabalho a sugerir isso. A cannabis de alta potência é aquela com mais de 10% de Delta-9-tetrahidrocanabinol, o THC.
A pesquisa também mostrou que o efeito do uso de cannabis no DNA é diferente em pessoas que vivenciam o primeiro episódio de psicose, em comparação com usuários que nunca passaram por isso, o que abre margem para novos exames de sangue com potencial de ajudar a caracterizar os usuários de cannabis com risco de desenvolver psicose decorrente ao uso da droga.
-- Estudo é o primeiro a mostrar que a cannabis de alta potência deixa uma assinatura única no DNA relacionada a mecanismos em torno do sistema imunológico e produção de energia. Pesquisas futuras precisam explorar se a assinatura de DNA com o uso da cannabis, em particular a de alta potência, pode ajudar a identificar os usuários com maior risco de desenvolver psicose, tanto em ambientes de uso recreativo quanto medicinal, afirma a autora sênior Marta Di Forti, professora de Drogas, Genes e Psicose no King´s College London.
Os pesquisadores exploraram os efeitos do uso de cannabis na metilação do DNA — um processo químico detectado em amostras de sangue que altera o funcionamento dos genes (sejam eles ligados ou desligados) — o que significa que altera a expressão genética sem afetar a sequência do DNA em si e é considerada um fator vital na interação entre fatores de risco e saúde mental.
A equipe de laboratório da Universidade de Exeter, no Reino Unido, conduziu análises complexas de metilação de DNA em todo o genoma humano usando amostras de sangue de pessoas que tiveram o primeiro episódio de psicose e aquelas que nunca tiveram uma experiência psicótica.
A análise mostrou que usuários frequentes de cannabis de alta potência sofreram alterações em genes relacionados à função mitocondrial e imunológica, particularmente o gene CAVIN1, que poderia afetar a energia e a resposta imunológica.
-- Nossas descobertas fornecem respostas importantes sobre como o uso de cannabis pode alterar processos biológicos. A metilação do DNA, que preenche a lacuna entre a genética e os fatores ambientais, é um mecanismo-chave que permite que influências externas, como o uso de substâncias, impactem a atividade genética. Essas mudanças epigenéticas, moldadas pelo estilo de vida e exposições, oferecem uma perspectiva valiosa sobre como o uso de cannabis pode influenciar a saúde mental por meio de vias biológicas, afirma Emma Dempster, professora sênior da Universidade de Exeter e principal autora do estudo.
Dempster fez o trabalho em dois lugares e grupos distintos: um foi com pacientes que tiveram o primeiro episódio de psicose, realizado, em Londres, e o outro utilizando o estudo EU-GEI, que consiste em pacientes com primeiro episódio de psicose e pacientes saudáveis na Inglaterra, França, Holanda, Itália, Espanha e Brasil.
Totalizando 239 participantes com primeiro episódio de psicose e 443 controles saudáveis representando a população geral de ambos os locais de estudo que tinham amostras de DNA disponíveis.
A maioria dos usuários no estudo usou cannabis de alta potência mais de uma vez por semana (definido como uso frequente) e usou a droga pela primeira vez aos 16 anos, em média.
-- Com a crescente prevalência do uso e a maior disponibilidade de cannabis de alta potência, há uma necessidade urgente de entender melhor seu impacto biológico, particularmente na saúde mental — diz Di Forti.
O teor de THC no mundo
Uma pesquisa realizada pela Addiction and Mental Health Group da Universidade de Bath, na Inglaterra, mostrou que a quantidade de THC nos cigarros de maconha aumentaram cerca de 14% nos últimos 40 anos. O trabalho analisou 80.000 amostras de cannabis coletadas nos EUA, Reino Unido, Holanda, França, Dinamarca, Itália e Nova Zelândia.
— À medida que a força da cannabis aumentou, também cresce o número de usurários em tratamentos de doenças mentais — afirmou o autor principal do estudo, Tom Freeman , Diretor do Addiction and Mental Health Group da Universidade de Bath.
Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2024/10/17/maconha-de-alta-potencia-com-mais-de-10percent-de-thc-esta-ligado-a-alteracoes-no-dna-afirma-novo-estudo.ghtml
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