Pais devem ficar alertas à febre do skincare
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Skincare infantil: cuidados por conta própria podem gerar manchas
Influenciadas pelas redes sociais e sem orientação correta, crianças e
adolescentes usam produtos que podem causar manchas, queimaduras e alergias
Thais
Szegö (Agência Einstein)
12/07/2024
15:30
As redes sociais estão repletas de
influenciadores que exibem orgulhosos sua rotina de cuidados com a pele, o famoso skincare. Os
vídeos são convidativos, as embalagens atraentes e o número de marcas que
investem em produtos voltados para o público infantojuvenil é cada vez maior.
Para algumas pessoas até pode parecer fofo ver uma menina tão jovem sendo
vaidosa e cuidando da sua aparência, mas não imaginam que, na verdade, essas
garotas estão se expondo a muitos riscos.
“Temos observado um movimento mercadológico voltado
a crianças e pré-adolescentes, especialmente a turma com idade entre nove e 14
anos, que leva a um consumo inadequado de artigos de skincare, muitas vezes
desencadeado por conteúdos online que divulgam produtos que não são adequados
para esse público, colocando em risco sua saúde e seu bem-estar”, conta a
dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
(SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Dermatológica (SBCD).
A dermatologista Barbara Miguel, do Hospital Israelita Albert Einstein, também
nota essa tendência no seu consultório. “Recebo com frequência crianças entre
oito e nove anos, acompanhadas por adultos, que têm mais informação sobre
produtos cosméticos do que suas próprias mães”, relata. Segundo Miguel, elas
querem saber o que podem usar, pois ficam perdidas com tanta informação. “Uma
coisa que sempre falo para pais e filhos é que os pequenos terão a vida inteira
para se preocupar com o uso desse tipo de produto e que essa não é a melhor
hora para pensar sobre o assunto.”
Além de ser desnecessário incluir no cotidiano uma rotina tão extensa e
complexa de cuidados com a pele nessa fase da vida, aplicar produtos
inadequados pode trazer consequências sérias para os jovens. “Fórmulas
destinadas à prevenção e ao combate de rugas, por exemplo, com ativos como
ácidos, retinoides e até mesmo antioxidantes em grandes concentrações ou
clareadores, podem machucar e fotossensibilizar o tecido, provocando manchas,
queimaduras, vermelhidão, coceiras, fissuras e acne”, alerta a dermatologista
da SBD, que tem educação médica continuada na Universidade Harvard, nos Estados
Unidos.
Isso acontece porque a pele das crianças é mais fina e sensível, pois sua
barreira de proteção ainda não está completamente formada. “O tecido só se
aproxima do de um adulto em termos de funcionamento por volta dos 12 anos.
Quanto mais nova a pessoa for, maior é o grau de absorção de qualquer produto”,
explica a médica do Einstein.
Daí
porque os pequenos são mais predispostos à sensibilização, que pode ser
desencadeada por algum ingrediente e que pode levar a reações alérgicas em
curto, médio e longo prazo. E quanto mais cedo ocorre a exposição a esses
componentes, maior é o risco de provocar uma reação ao longo dos anos.
Assim, além de todo o desconforto provocado pelo
quadro alérgico, quando realmente chegar o momento de começar a fazer uso desse
tipo de produto, a pessoa pode não conseguir. “E ainda vem sendo discutido nos
últimos anos que isso pode levar à exposição dos chamados disruptores
endócrinos, substâncias químicas que podem estar presentes em algumas fórmulas
e mimetizar ou interferir na ação dos hormônios, afetando o equilíbrio hormonal
do corpo”, alerta Barbara Miguel.
Quais cosméticos uma criança pode usar?
Os produtos que de fato devem fazer parte do nécessaire dos jovens a partir dos
10 anos, em média, é um sabonete, de preferência neutro e na forma de gel ou
loção; uma loção tônica, que equilibra o pH e repõe os nutrientes do tecido, e
um hidratante leve, que devem ser utilizados de manhã e à noite; além de
um protetor solar.
Existe uma grande variedade de produtos disponíveis
para essa faixa etária, tanto de marcas industrializadas quanto em farmácias de
manipulação. Por isso, é importante consultar um dermatologista para saber qual
é a melhor opção para cada caso e, se for necessário, receitar fórmulas
específicas para quadros como acne ou dermatite atópica.
Outro cuidado importante que os pais devem ter é fazer um monitoramento das
meninas para que elas não utilizem produtos sem orientação, passando aquele que
a amiga comprou, por exemplo. Também é essencial verificar se tanta preocupação
com a aparência e os cuidados com a pele não podem ser sinal de alguma questão
psicológica.
“É alarmante a possibilidade de
que o uso contínuo de produtos anti-idade por
crianças, adolescentes e jovens contribua para uma distorção da autoimagem e da
percepção de beleza”, observa a dermatologista Claudia Marçal. “A pressão para
prevenir sinais de envelhecimento, antes mesmo de eles surgirem, pode reforçar
ideais inalcançáveis de perfeição estética e acaba impactando negativamente na
autoestima e no desenvolvimento psicossocial.”
Fonte: https://www.em.com.br/saude/2024/07/6897070-skincare-infantil-cuidados-por-conta-propria-podem-gerar-manchas.html
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