ENCHENTES, INCÊNDIOS E TERREMOTOS: RELEMBRE ALGUNS DOS MAIORES DESASTRES NATURAIS DE 2023

 Terremoto de magnitude 7,8 deixou um rastro de destruição em diversos pontos da Turquia e da Síria


Enchentes, incêndios e terremotos: relembre alguns dos maiores desastres naturais de 2023

Em meio à 'fervura global', ano foi um dos mais intensos da história em relação a desastres naturais

Por O Globo — Rio de Janeiro

30/12/2023 04h00  Atualizado há 4 meses

Este ano, a ONU alertou para uma nova fase das mudanças climáticas: fervura global. O novo termo foi cunhado em meio à quebra de vários recordes de temperatura em 2023. Setembro, por exemplo, foi o mês mais quente do mundo em toda a história, com média de 16,38ºC na superfície do planeta, 0,5°C acima do recorde anterior, de 2020. E, é claro, com clima extremo vem desastres naturais cada vez mais catastróficos.


Enchentes, tempestades, incêndios. Só os Estados Unidos tiveram 23 desastres com danos estimados em mais de US$ 1 bilhão, o maior número desde o início dos registros, e o ano ainda não acabou. Além de fenômenos climáticos, a Terra também mostrou as garras com terremotos e erupções vulcânicas devastadoras. Relembre alguns dos maiores desastres naturais de 2023:


Terremoto da Turquia e Síria

O desastre natural mais mortal de 2023 foi, de longe, o terremoto que atingiu o sul da Turquia e o norte da Síria em fevereiro. O sismo de magnitude 7,8 causou 40.689 mortes na Turquia, enquanto o número de vítimas na Síria ronda os quatro mil. O chefe da agência governamental de socorro indicou ainda que 105 mil edifícios desabaram ou foram severamente danificados e serão demolidos.

Quase dois milhões de pessoas tiveram de abandonar suas casas, mais de 11 mil tremores secundários foram registrados e estima-se que o evento tenha custado à Turquia US$ 34,2 bilhões (R$ 166 bi) em danos físicos diretos, o equivalente a 4% do PIB do país em 2021.

No total, 234 mil pessoas participam das equipes de busca e salvamento, formada por turcos e estrangeiros, incluindo 3.768 voluntários. Ao todo, 38 governadores e mais de 160 autoridades locais e 68 provinciais estiveram nas áreas atingidas pelo desastre, e 38 navios, das Forças Navais e da Guarda Costeira, foram usados para levar pessoal e material de ajuda aos locais.


Foi nessa ocasião que os resgatistas encontraram um bebê de dois meses com vida dentre os escombros, 128 horas após o terremoto. A história do "milagre" viralizou nas redes sociais.

Um porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que foi "o pior desastre natural na Europa em um século". Mais de sete milhões de crianças foram afetadas, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

'Tsunami' na Líbia

No dia 10 de setembro, cidade costeira de Derna foi atingida por um forte temporal. A chuva persistiu por horas até romper duas barragens no rio Wadi Derna, liberando uma tsunami sobre o centro urbano, que abrigava cerca de 100 mil habitantes. As autoridades líbias detalharam que a maior parte das fatalidades aconteceu em um espaço de 90 minutos após a ruptura das barragens, causando aproximadamente 3,8 mil mortes confirmadas pelo Ministério do Interior (outras fontes oficiais citam números acima de 10 mil).

A estimativa de tempo foi revelada por autoridades à CNN. Com as chuvas torrenciais que atingiram o país em setembro, o volume de água nos reservatórios subiu rapidamente e rompeu as estruturas. Uma massa de água pesada arrastou tudo pelo caminho.

Durante as buscas, dezenas de corpos eram encontrados a cada dia, alguns enterrados em valas comuns. Outros continuavam presos em casas ou foram arrastados para o mar e depois devolvidos pelas ondas, afirmaram as autoridades do Departamento de Saúde, que chegaram a temer possíveis epidemias ligadas à decomposição de cadáveres.


Terremoto no Marrocos

Em setembro, o terremoto mais forte a atingir o Marrocos em 120 anos deixou ao menos 2,9 mil mortos e 5,5 mil feridos, segundo dados do Ministério do Interior. O forte abalo sísmico, que ocorreu em setembro a 18,5 km de profundidade e com epicentro na Cordilheira do Atlas - 71 km a sudoeste de Marrakech - atingiu as medinas densamente povoadas da cidade turística e principalmente seu interior rural montanhoso e de difícil acesso, onde construções de barro tremeram, racharam e desabaram.

A força precisa do abalo sísmico ainda não é clara. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) estimou que o terremoto foi de magnitude 6,8, enquanto o Centro Nacional de Pesquisa Científica e Técnica do Marrocos (CNRST) apontou uma magnitude de 7,2.

Segundo Hossam Elsharkawi, diretor regional para o Oriente Médio e Norte de África da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFCR), o Marrocos poderá precisar de "meses e até anos" de ajuda para reconstruir as zonas afetadas pelo tremor.

Incêndio no Havaí

Os incêndios florestais que atingiram o Havaí em agosto, e que deixaram mais de 100 pessoas mortas, foram o pior desastre natural da História do estado americano. As chamas devastaram mais de 2,2 mil prédios na cidade histórica de Lahaina, na ilha de Maui, e causaram quase US$ 6 bilhões em danos, segundo o Departamento do Comércio dos Estados Unidos.


Autoridades locais acreditam que o incêndio teve início quando um poste de energia caiu e incendiou folhas secas no chão. O acidente foi agravado pelos ventos do furacão Dora e pela seca — que afetava 14% do arquipélago, segundo o Monitor de Secas dos EUA, enquanto 80% do território era classificado como anormalmente seco.

Cientistas destacaram que aproximadamente 90% do Havaí está recebendo menos chuva hoje do que há um século, segundo um estudo de 2016, publicado pela Sociedade Real de Meteorologia, do Reino Unido.

Combinadas, as condições resultaram em uma vegetação altamente inflamável, tornando o ambiente propício para incêndios de grandes proporções e que se alastram rapidamente.

Incêndios e enchentes: desastre duplo na Grécia

Em julho e agosto, a Grécia sofreu uma série de grandes incêndios florestais, o maior dos quais atingiu o Parque Nacional de Dadia, na região de Evros, fronteira com a Turquia. As chamas também forçaram a evacuação de 30 mil civis da ilha de Rodes, no Mediterrâneo. Ao todo, o fogo consumiu mais de 100 mil hectares de floresta e causou a morte de pelo menos 25 pessoas.

  • O incêndio foi descrito pela Comissão Europeia como "o maior já registrado na União Europeia", mas os problemas da Grécia estavam apenas começando. Menos de um mês depois, em setembro, a tempestade Daniel trouxe chuvas torrenciais que inundaram o país, matando 15 pessoas na região da Tessália, a cerca de 300km de Atenas, e destruindo até 30 mil hectares de terra agrária.

    À medida que o mundo aquece, a atmosfera contém mais vapor d'água, o que aumenta o risco de fortes precipitações em algumas partes do mundo, principalmente na Ásia, na Europa Ocidental e na América Latina. Combinados com outros fatores, como a urbanização, esses eventos de chuvas fortes provocam inundações.

    Enchentes no Rio Grande do Sul

    Muitas cidades do Rio Grande do Sul ficaram embaixo d'água devido às enchentes de novembro. Enquanto o país atravessava uma intensa onda de calor, fortes tempestades atingiram várias cidades do estado gaúcho. Os temporais deixaram quatro mortos, 63 feridos, 2.653 desabrigados e pelo menos 7.527 pessoas desalojadas.

    Em Porto Alegre, capital do estado, o Guaíba chegou a 3,19 metros e atingiu o maior nível desde 1941, o que levou a Prefeitura a fechar as comportas do sistema de contenção de enchentes. Cinco comportas tiveram que ser fechadas na região do Cais Mauá, de acordo com a GZH. O sistema possui, ao todo, 14 portões.

O forte temporal que atingiu várias cidades do Rio Grande do Sul foi consequência de um evento climático já esperado. Chamado de Complexo Convectivo de Mesoescala, o fenômeno é comum na primavera e caracteriza-se por um grande conjunto de nuvens muito carregadas, em formato circular e de longa duração.

Terremoto no Afeganistão

O Afeganistão também foi atingido por um terremoto. O tremor de magnitude 6,3 que abalou o país em outubro deixou mais de 2,4 mil mortos e destruiu completamente várias cidades, derrubando 1,3 mil casas na região afetada.

O epicentro foi perto da cidade de Herat, capital da província com o mesmo nome, onde vivem cerca de 1,9 milhões de pessoas, segundo dados do Banco Mundial de 2019. O Afeganistão sofre frequentes terremotos, especialmente na cordilheira Hindu Kush, perto da junção entre as placas tectônicas da Eurásia e da Índia.


Em junho de 2022, um terramoto de magnitude 5,9 matou mais de 1.000 pessoas e deixou dezenas de milhares de desalojados na empobrecida província de Paktika, no sudeste do país. E em Março passado, um terramoto de magnitude 6,5 matou 13 pessoas no Afeganistão e no Paquistão, perto da cidade de Jurm, no nordeste do país.

O Afeganistão já se encontra mergulhado numa grave crise humanitária, na sequência do regresso ao poder dos talibãs em 2021 e da consequente retirada da ajuda internacional.

Erupção do Monte Merapi

O monte Merapi, na Indonésia, entrou em erupção duas vezes em dezembro e lançou cinzas a três quilômetros de altura. O vulcão não causou danos à infraestrutura urbana da ilha, mas cerca de 75 alpinistas estavam escalando o monte de 2,8 mil metros quando ele despertou.

Socorristas correram ao local para resgatar os escaladores. No entanto, os helicópteros estavam tendo dificuldades de acessar algumas áreas devido a espessas plumas de poeira vulcânica, que podem danificar os motores. Eles conseguiram resgatar 52 pessoas, mas não chegaram a tempo de salvar as 25 remanescentes.


Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/epoca/noticia/2023/12/30/enchentes-incendios-e-terremotos-relembre-alguns-dos-maiores-desastres-naturais-de-2023.ghtml

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