APÓS 95% DE APROVAÇÃO E MELHORIA ENORME NO EMPENHO E MOTIVAÇÃO, GOVERNO DE PORTUGAL AVALIA SEMANA DE 4 DIAS DE TRABALHO
Após 95% de
aprovação, governo de Portugal avalia semana de quatro dias de trabalho
Resultado preliminar revela que quase
todas as empresas participantes aprovaram experiência. Coordenador do
projeto-piloto antecipa que apresentará relatório em breve
Por
Gian
Amato
19/04/2024 01h13 Atualizado há 11
horas
A continuidade da semana de quatro dias em Portugal está sendo analisada pelo novo governo, comandado pela coligação de centro-direita Aliança Democrática.
Em resposta ao Portugal Giro, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social confirmou que o “projeto ainda está sendo avaliado”.
O resultado preliminar do projeto-piloto com duração de seis meses indica aprovação de 95% das 41 empresas que participaram da experiência.
Coordenador do programa contratado pelo governo, o economista Pedro Gomes se prepara para apresentar o relatório final, que tem balanço positivo.
— O projeto terminou e estamos preparando o relatório final para maio ou junho. Claro que afeta os próximos passos (a transição de governo), mas primeiro tem que ter o relatório para depois ver o posicionamento do novo governo — disse Gomes, que é professor de economia em Birkbeck, Universidade de Londres.
O balanço que antecipou ao Portugal Giro e apresentou ao antigo governo revelou que a semana de quatro dias causa “melhoria enorme no empenho e motivação”.
— O governo deve necessitar de algum tempo para avaliar e logo decidir o prosseguimento que quer dar. Estava sendo preparado um projeto-piloto no setor público, mas esse não é certo que avance — disse Gomes, autor do livro “Sexta-feira é o novo sábado”.
A redução da duração de reuniões e criação de blocos de trabalho não interferiram no cumprimento dos objetivos semanais, constataram as empresas.
Os funcionários destacaram que a semana de quatro dias aumentou o convívio familiar e diminuiu os níveis de estresse e exaustão no ambiente de trabalho.
Quase metade (46%) considerava difícil conciliar vida pessoal e profissional. O número caiu para 8% durante os seis meses do programa. E 65% dizem ter ficado mais com a família.
Segundo os resultados iniciais, a média de horas semanais caiu de 39,3 para 34 (- 13,7%). Mais da metade (58,8%) das empresas deu um dia de folga por semana e 41,5% decidiram implementar nove dias úteis de trabalho a cada 15 dias.
Os trabalhadores (85%) disseram que depois de trabalhar em empresa com uma semana de quatro dias, mudariam para uma companhia com horário tradicional. Desde que tivessem aumento de salário superior a 20%.
O antigo governo de Portugal disse que o projeto foi replicado na Bélgica. A ideia é dar base às empresas portuguesas para implementar a experiência de maneira voluntária e reversível, com apoio do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Sem contrapartida financeira do Estado.
Fonte:https://oglobo.globo.com/blogs/portugal-giro/post/2024/04/apos-95percent-de-aprovacao-governo-de-portugal-avalia-semana-de-quatro-dias-de-trabalho.ghtml
Semana de
quatro dias em Portugal causa ʽmelhoria enorme no empenho e motivaçãoʼ
Coordenador do projeto do governo diz
ao blog que as mudanças foram bem-sucedidas entre empresas e funcionários.
Parecer revela: carga horária elevada afeta produtividade
Por
Gian
Amato
20/10/2023 04h30 Atualizado há 6 meses
Hoje pode ser dia de folga em algumas empresas que participam do projeto-piloto da semana de quatro dias em Portugal.
A pouco mais de um mês para o fim do programa, o coordenador contratado pelo governo, Pedro Gomes, fez para o Portugal Giro um resumo do desempenho das empresas.
— Em cinco ou seis empresas, está a funcionar muito bem, no sentido em que as mudanças de processos (redução da duração de reuniões, criação de blocos de trabalho, introdução de novo software) foram bem-sucedidas — explicou ele, prosseguindo:
— E do lado das empresas, sentem que todos os objetivos semanais estão a ser cumpridos, aliado a uma melhoria enorme no empenho e motivação dos trabalhadores.
Economista, Pedro Gomes é autor do livro “Sexta-feira é o novo sábado”. Ele também é professor de economia em Birkbeck, Universidade de Londres.
Gomes foi escolhido há um ano para liderar o projeto com 40 empresas privadas e voluntárias na iniciativa ligada ao Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
O cronograma divulgado pelo governo prevê um período de reflexão das empresas em dezembro, quando podem decidir se prosseguem com a semana reduzida.
— Nas outras empresas, os sinais são também positivos ao nível operacional, mas o período de avaliação ainda é curto. Muitas têm picos de trabalho no último trimestre e estão à espera para ver como vão gerir com a semana reduzida. É no final do ano que se faz o balanço dos indicadores financeiros, muito importantes para a decisão final — explicou Gomes.
Até fevereiro, o governo fará uma pesquisa após o período de reflexão. A administração pública ainda não iniciou o seu período de testes. E deve depender de alguns resultados da iniciativa privada para decidir quando começa.
Em sua página sobre o tema, o governo apresenta a semana de quatro dias como uma vantagem para o bem-estar físico e mental porque reduz chances de esgotamento.
Portugal é o terceiro país com maior carga horária semanal, segundo dados informados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Porém, como informou esta semana um parecer do Conselho Econômico e Social (CES), o país é um dos que têm os níveis de produtividade mais baixos da União Europeia.
“Uma carga horária semanal elevada, para além dos efeitos negativos na conciliação da vida pessoal e familiar com a atividade profissional, pode também prejudicar o desempenho dos trabalhadores, com efeitos negativos na produtividade”, diagnosticou o parecer.
Fonte:https://oglobo.globo.com/blogs/portugal-giro/post/2023/10/semana-de-quatro-dias-em-portugal-causa-melhoria-enorme-no-empenho-e-motivacao.ghtml
Em Portugal,
sextou da semana de quatro dias melhora empresa: ʽImpossível recuarʼ
Projeto-piloto chega à metade e balanço
feito por diretora de companhia privada detecta impulso na criatividade,
ambiente e desempenho da equipe
Por Gian Amato
25/08/2023 04h50 Atualizado há 7 meses
O projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho chegou à metade em Portugal. No balanço feito para o Portugal Giro por uma das 40 empresas privadas participantes do programa do governo, o “sextou” melhorou a criatividade e o desempenho dos funcionários.
Vânia Lima, diretora-geral da Onya Health, empresa de comunicação especializada em saúde, explica que a redução da carga horária aumentou a produtividade e a felicidade da equipe.
— É impossível recuar, voltar atrás. Em nossa avaliação interna, o balanço é positivo. O desempenho é melhor na semana de quatro dias. A equipe trabalha na segunda-feira seguinte descansada e com outra energia — disse Lima.
Após uma pesquisa interna, os funcionários preferiram intercalar a semana de quatro dias, praticada a cada quinzena. Com duas sextas-feiras livres por mês, a carga horária passou de 40 para 36 horas. Assim, é possível comparar com mais precisão os dois modelos.
— Dependemos muito da parte criativa e a semana intensa, cheia, prejudica essa parte, porque as pessoas ficam cansadas, o que é normal. Na sexta-feira de folga, os funcionários desligam totalmente e estão contentes com isso — declarou Lima.
Para pôr em prática a semana de quatro dias, Lima conta que a estratégia foi eliminar o desperdício do tempo gasto com reuniões ou atividades improdutivas.
— O principal é não perder tempo com inutilidades ou burocracia. As reuniões são objetivas e usamos a tecnologia a nosso favor para sermos mais eficientes, dentro da mentalidade de fazer bem feito com o tempo que temos — afirmou Lima.
A empresa adotou o trabalho à distância e considera a prática uma alternativa moderna para evitar redundância e perda de tempo e dinheiro. Ainda mais com o trânsito e a alta do preço do aluguel de imóveis no Porto, onde estava sediada. A sede passou a ser um coworking em Braga.
— Há um escopo de trabalho e entregas feito semanalmente que está calculado mediante as 36 horas. Usamos o Teams para conversar e temos um calendário diário com períodos de foco e períodos de feedback. Os períodos de foco no trabalho são horas sem reuniões ou necessidade de responder mensagens. Os períodos de feedback são atualizações via mensagem ou chamada/reunião. Temos, também, dias estipulados para reuniões externas.
Comunicar o novo ritmo de trabalho aos clientes foi necessário. Desde o início do projeto-piloto, há três meses, nenhum deles acionou a empresa numa sexta-feira de folga:
— Nunca aconteceu, porque informamos aos clientes que estamos neste projeto e todos eles são profissionais organizados.
Além de diretora, Lima é dona da empresa e sempre fica tentada a olhar os e-mails durante a folga. Mas evita responder.
— Não respondo nestes dias, que aproveito para ficar com a família, ir à praia, assistir filmes e séries. Como é um dia útil, também posso resolver coisas práticas — disse Lima, que afirma manter ou até mesmo aumentar a redução da carga horária após o projeto-piloto.
Funcionário da empresa há 18 meses, o consultor Gabriel Ribeiro explicou que o fim de semana prolongado fez com que olhasse para a vida pessoal e profissional de outro modo.
— Permite mais tempo de lazer, oportunidades de realizar tarefas pendentes, passar mais tempo com a família e amigos e até mesmo fazer escapadinhas para outras cidades e países. É um incentivo para que haja maior equilíbrio entre as nossas responsabilidades profissionais e o nosso direito a viver a vida — disse ele.
O reflexo positivo no trabalho, segundo o consultor, é nítido em toda a equipe, formada por sete pessoas:
— A motivação no início da semana aumentou e, apesar das horas reduzidas de trabalho, conseguimos responder de igual forma ou até melhor às exigências. O ambiente da equipe também melhorou.
Por fim, ele conta como a empresa se adaptou para a chegada da nova realidade do mercado de trabalho. E revela que não foi nada dramático, pelo contrário.
— Adotamos estratégias para nos tornarmos mais incisivos na resposta às nossas responsabilidades. Isto é possível através da criação de metas de trabalho e de priorização de tarefas por importância e urgência. Definimos, em conjunto, técnicas de blocos de concentração durante períodos específicos de trabalho. Tudo é complementado com programas e ferramentas de colaboração e com estratégias para uma melhor comunicação entre todos — explicou Ribeiro.
Fonte:https://oglobo.globo.com/blogs/portugal-giro/post/2023/08/em-portugal-sextou-da-semana-de-quatro-dias-melhora-empresa-impossivel-recuar.ghtml
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