Entenda a
origem da tensão histórica entre China e Taiwan
Oposição global entre EUA e China é
pano de fundo da rivalidade que se mantém há mais de 70 anos
Por O Globo com AFP
08/04/2023 13h44 Atualizado há 9 meses
A ilha de Taiwan está localizada a pouco mais de 160 km do sudeste da China, em uma posição estratégica para os interesses dos Estados Unidos na região. O presidente chinês, Xi Jinping, já declarou que a “reunificação” com Taiwan “deve ser completada”, mas a ilha tem governo autônomo eleito democraticamente e Constituição própria. A tensão entra China e Taiwan aumentou de forma expressiva nos últimos meses, ao mesmo tempo em que a rivalidade entre chineses e americanos se tornou mais explícita e mais ampla, atingindo aspectos econômicos, estratégicos e de inteligência militar.
Entenda os principais acontecimentos da história recente entre China e Taiwan:
Separação na Guerra Civil
A China tomou a ilha de Taiwan do Japão, em 1945, após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial. Pouco depois, eclodiu a guerra civil chinesa entre nacionalistas liderados Chiang Kai-shek e o Partido Comunista de Mao Tsé-Tung. Em 1949, Mao fundou a República Popular da China e as tropas derrotadas do Kuomintang [Partido Nacionalista] recuaram para Taiwan e formaram um governo. Essa origem é apontada pelos chineses como justificativa de unidade do mesmo modo que é entendida por Taiwan como prova de que a ilha nunca fez parte do que entendem como “China moderna”.
Aliado dos EUA
Em 1950, Taiwan se tornou aliado dos Estados Unidos, então em guerra contra a China na Coreia. Em 1971, a China substituiu Taiwan na ONU e, oito anos depois, o governo americano rompeu relações diplomáticas com Taiwan e reconheceu Pequim. No entanto, o movimento diplomático não impediu que Washington continuasse a ser o principal aliado e fornecedor de equipamentos militares a Taiwan. Quase toda comunidade internacional adota a política de "uma só China", que exclui as relações diplomáticas simultâneas com Pequim e Taipei. Em 1987, Taiwan autorizou viagens à China continental, para reuniões familiares, abrindo caminho para uma retomada de negócios. Hoje, os chineses são os principais parceiros comerciais de Taiwan, seguidos pelos Estados Unidos. Para o China, as relações comerciais com Taiwan são estratégicas, principalmente pela alta especialização da indústria de semicondutores e pelas exportações de microchips.
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'Estado de Guerra'
Apesar das relações comerciais relevantes, a história diplomática entre China e Taiwan é marcada por pequenos avanços e recuos sistemáticos. Em 1991, Taiwan retirou dispositivos que mantinham o "estado de guerra" com a China. Quatro anos depois, os chineses cancelaram as negociações de normalização de relações, em protesto contra a viagem do então presidente taiwanês Lee Teng-hui aos Estados Unidos. No ano seguinte, os chineses lançaram mísseis perto da costa de Taiwan, pouco antes da primeira eleição presidencial por voto universal em Taiwan. Em 2005, a China adotou uma lei que prevê meios "não pacíficos" caso Taiwan declare independência. Um movimento de aproximação se deu, a partir de 2008, quando houve uma retomada do diálogo. Dois anos depois, foi assinado um acordo de cooperação econômica e, quatro anos mais tarde, houve a retomada de negociações entre os governos. Esses avanços levaram ao primeiro encontro entre presidentes da China e de Taiwan, desde a separação em 1949. A reunião histórica ocorreu, em Singapura, em 2015. Mas, no ano seguinte, Tsai Ing-wen, vindo de um partido pró-independência, assumiu a presidência de Taiwan. Ao mesmo tempo, um ano depois, o então presidente americano Donald Trump autorizou uma grande venda de armas a Taiwan. Em 2019, o presidente da China, Xi Jinping, afirmou que não desistirá de recuperar Taiwan e alertou Washington para o risco de "brincar com fogo" após uma nova venda de armas à ilha.
Escalada da Tensão
A visita da então presidente da Câmara dos Deputados americana, Nancy Pelosi, a Taiwan, no ano passado, provocou uma escalada rápida das tensões na região, após os chineses organizarem os maiores exercícios militares na região até aquele momento. O treinamento incluiu mobilização de caças e navios de guerra, assim como o lançamento de mísseis balísticos. Taipei também respondeu com exercícios militares e, nas semanas seguintes, Washington enviou navios de guerra ao Estreito de Taiwan e anunciou novas medidas de ajuda militar à ilha. No anos passado, o presidente americano, Joe Biden, já havia usado uma retórica incomum ao responder que o país estava pronto para defender Taiwan militarmente no caso de um ataque chinês.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/04/entenda-a-origem-da-tensao-historica-entre-china-e-taiwan.ghtml
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