DISCRIMINAÇÃO LEVA PESSOAS TRANS A TER MAIS CHANCES DE INTERNAÇÃO EM HOSPITAIS

 Nos Estados Unidos, mais de 1,6 milhão de pessoas com idades acima de 13 anos se identificam como transgêneros ou de gênero diverso

Discriminação leva pessoas trans a ter mais chances de internação em hospitais

Estudo registra que pessoas transgênero tendem a chegar no pronto-socorro muito mais doentes do que pessoas cisgênero de perfil semelhante

Por Laura Moraes, com edição de Luiza Monteiro

24/06/2023 19h16  Atualizado há uma semana


As pessoas trans que vão ao pronto-socorro para atendimento tendem a estar mais doentes do que as pessoas cisgênero de perfil semelhante a elas e tem mais chances de serem internadas no hospital. É o que aponta um estudo apresentado no encontro anual da Endocrine Society, em Chicago, nos Estados Unidos. Segundo a pesquisadora e autora do estudo, Daphna Stroumsa, da Universidade de Michigan, essa diferença se dá por causa da discriminação social. Para ela, temendo sofrer discriminação por parte de alguns profissionais de saúde – uma experiência comum entre as pessoas transgênero – muitas delas evitam receber cuidados até ficarem bastante doentes.


“Nossas descobertas sugerem que diminuir a discriminação contra pessoas trans na sociedade e nos serviços de saúde, bem como melhorar o atendimento ambulatorial que essas pessoas acessam nas suas comunidades, pode mantê-las mais saudáveis ​​e ajudá-las a evitar visitas ao pronto-socorro”, explica Stroumsa que ainda destaca: “Melhorar o acesso a cuidados de saúde adequados para transgêneros pode melhorar a saúde dessa população e ajudar a diminuir a sobrecarga em salas de emergência e hospitais”.

Segundo comunicado publicado pela Endocrine Society sobre o estudo, nos Estados Unidos, mais de 1,6 milhão de pessoas com idades acima de 13 anos se identificam como transgêneros ou de gênero diverso. Diante deste cenário, a pesquisa se apoia em informações de um grupo de bancos de dados conhecido como Nationwide Emergency Department Sample. Nele, foram registrados um total de 66.382 visitas a pronto-socorros feitas por pessoas identificadas como transgêneros entre 2006 e 2018 e ainda é possível reparar um rápido aumento na proporção de visitas de pessoas que se identificam como transgênero, de 0,001% em 2006 para 0,016% em 2018.

De forma geral, a análise dos dados mostra que 52,4% das pessoas transgênero foram internadas em hospitais após o atendimento de emergência, enquanto a taxa entre as pessoas cisgêneros é de 17,3% - mesmo quando os dados são ajustados por recortes de pagamento, faixa etária, região, renda e condição de saúde mental.

Também foi possível verificar que a proporção de pessoas trans que buscam tratamentos de emergência associados a uma condição crônica é significativamente maior (58,2% vs. 19,2%), assim como aquelas que têm um diagnóstico de saúde mental (28,7%, em comparação com 3,9% para outros). Na mesma linha, a internação hospitalar entre transgêneros tem muito mais probabilidade de estar ligada a uma condição crônica (67,3% vs. 41,3%) ou a uma condição de saúde mental (37,2% vs. 5,3%).

Para Stroumsa, essas altas taxas de admissão hospitalar e a alta proporção de transgêneros diagnosticados com uma condição crônica ou uma condição associada à saúde mental sinalizam uma condição pior de saúde de forma geral, muito provavelmente devido à falta de cuidados primários ou um atraso na busca por atendimento de emergência.

“A discriminação e a transfobia têm consequências diretas, pioram a saúde das pessoas trans e levam ao mau uso dos recursos de saúde. Há uma necessidade de aumentar o acesso a cuidados primários e de saúde mental entre pessoas transgênero ", defende.


Fonte:https://revistagalileu.globo.com/saude/noticia/2023/06/discriminacao-leva-pessoas-trans-a-ter-mais-chances-de-internacao-em-hospitais.ghtml

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