Destilado ou fermentado: qual bebida dá mais ressaca? — Foto: Racool_studio no Freepik
Destilado ou fermentado: qual bebida dá mais ressaca?
Cerveja, gin ou vinho? Você escolhe a bebida pensando na ressaca do dia seguinte? Especialistas explicam que o mais importante é controlar a quantidade ingerida de álcool.
Por Mariana Garcia, g1
Você quer beber, mas quer evitar a terrível ressaca no dia seguinte. E aí, o que você escolhe: destilado ou fermentado? Talvez sua resposta seja: vou na cerveja, tem menos álcool, ou seja, menos mal-estar no dia seguinte. Mas será que é isso mesmo? Existe uma bebida alcoólica que dê mais (ou menos) ressaca?
👉 A resposta é não. No final, tudo é álcool. O problema, na verdade, está na quantidade de bebida ingerida.
"De um modo geral, não tem uma bebida que dê menos ressaca. O importante é consumir o álcool com moderação, já que a quantidade de álcool e a velocidade de ingestão influenciam muito na questão da embriaguez. Também é importante se hidratar, porque o álcool estimula a diurese, a perda de líquido pela urina", alerta Álvaro Pulchinelli, toxicologista do Fleury Medicina e Saúde.
O que é a ressaca e por que ela provoca mal-estar?
A ressaca é o resultado de uma intoxicação pelo álcool.
Ela está ligada à metabolização do álcool, que passa primeiro pelo estômago, por uma enzima chamada álcool desidrogenase. No fígado, o álcool se transforma em acetaldeído – um composto que causa desidratação celular, pode agredir as células e dá a sensação de mal-estar.
Segundo o hepatologista, a velocidade com que o acetaldeído é formado depende da quantidade de álcool que chega ao fígado e da rapidez com que o fígado maneja e metaboliza esse álcool.
📉 O álcool também provoca uma perda das reservas de glicogênio no fígado, uma espécie de estoque de energia.
"Por isso que o indivíduo acorda com fome e tem vontade de comer doce pela manhã", complementa Raymundo Paraná.
Só resta esperar
Infelizmente, não existe um remédio para curar ressaca. E ela pode durar mais do que esperado – até 24 horas após a bebedeira.
"Não existe um tratamento específico. A pessoa precisa esperar o organismo eliminar todo o álcool", orienta Álvaro Pulchinelli.
Veja o que mais você pode fazer:
- Manter repouso;
- Tentar manter uma boa hidratação;
- Evitar o jejum e fazer refeições leves (comida gordurosa pode piorar os efeitos da ressaca);
- Utilizar analgésicos simples (em casos de dor de cabeça ou dor);
- Tomar medicamentos antieméticos (contra o enjoo);
- Tomar antiácidos (para gastrite).
E tem como prevenir a ressaca?
A pessoa pode optar por dois caminhos: não beber ou beber moderadamente, sem excessos. Além disso, os especialistas dão algumas dicas que podem ajudar a amenizar os sintomas:
🥂 Evite beber de estômago vazio (o que acelera a absorção do álcool);
🥂 Evite beber quando o sono não está regular;
🥂 Hidrate-se durante o consumo de álcool – o ideal é um copo de água para cada dose de bebida. A água ajuda a diluir o álcool no estômago e a chance de ficar muito intoxicado é menor;
🥂Coma durante o consumo de álcool – isso pode reduzir a absorção do álcool.
Mito ou verdade?
- Misturar vários tipos de bebidas alcoólicas piora a ressaca? Não piora nem melhora. O que vai importar é a quantidade de álcool que você consumiu e a sua suscetibilidade.
- As mulheres são menos resistentes ao álcool? É verdade. As mulheres têm menos quantidade de álcool desidrogenase – enzima que modula a quantidade de álcool que vai chegar ao fígado.
- Depois dos 30 anos, a ressaca é pior? Não. É uma verdade relativa. O álcool desidrogenase vai diminuindo com a idade, mas isso costuma ocorrer entre 40 e 50 anos.
- Vomitar ajuda a passar a ressaca? Não. O vômito pode aliviar o desconforto pela distensão do estômago, mas pode induzir à perda de sais minerais e desidratação. Em geral, os sintomas da ressaca só aparecem depois que todo o álcool ingerido já foi absorvido e metabolizado.
- Existe bebida boa e bebida ruim? Existem bebidas que são mais impuras, que trazem não só o álcool, mas outras substâncias que podem gerar mais intolerância e sintomas. Bebidas mais "qualificadas" têm menos impurezas e reduzem riscos de agentes adicionais à intoxicação, além do álcool. Mas vale lembrar: o mais importante é sempre a quantidade de álcool que você bebeu.
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