RITA LEE, A RAINHA DO ROCK BRASILEIRO, MORRE AOS 75 ANOS EM SÃO PAULO - SUA HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA NA MÚSICA POP E ROCK BRASILEIRA
Morre Rita Lee: relembre a trajetória da rainha do rock brasileiro
Amauri Arrais- De São Paulo para a BBC News Brasil
Morreu nesta segunda-feira (8/5), aos 75 anos, Rita Lee, considerada a rainha do rock brasileiro por seu papel fundamental no gênero e uma das artistas mais versáteis da música brasileira.
A família divulgou a seguinte nota: "Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem (segunda), cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou".
O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10/5), das 10h às 17h.
Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em maio de 2021.
Em abril do ano passado, um dos filhos da cantora, o guitarrista e produtor Beto Lee, anunciou que Rita estava curada do câncer de pulmão.
"A cura da minha mãe me emocionou pra c******. Melhor notícia de todos os tempos. Manteve a cabeça erguida, com vontade de lutar e encarou tudo com seu bom humor habitual, tanto que apelidou o tumor de "Jair". That’s Rita", disse ele em uma rede social.
Cantora, compositora, multi-instrumentista, além de escritora e apresentadora, Rita construiu uma carreira de sucesso que começou com o rock, mas que flertou com diversos gêneros: da psicodelia d’Os Mutantes ao pop, passando por disco, MPB, bossa nova e eletrônica ao longo de mais de cinco décadas.
Também se tornou uma das mulheres mais influentes do país, reconhecida por gerações de artistas por seu pioneirismo empunhando uma guitarra nos palcos, a irreverência que a levou à televisão, as opiniões fortes, a defesa da liberdade e dos animais.
Paulistana da gema
Rita Lee Jones de Carvalho nasceu no último dia do ano de 1947 em São Paulo (SP). Mais nova das três filhas do dentista Charles Fenley Jones, paulista descendente de imigrantes norte-americanos confederados estabelecidos em Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo , e de Romilda Padula, também paulista e filha de imigrantes italianos.
O “Lee” incluído no nome das filhas foi uma homenagem do pai ao general Robert E. Lee, do exército confederado americano.
Ela cresceu no bairro da Vila Mariana, onde teve aulas de piano e cedo foi influenciada pelo rock de Elvis Presley, Beatles e Rolling Stones, mas também pela música brasileira que os pais escutavam em casa, com clássicos da MPB como Cauby Peixoto, Angela Maria, Maysa e João Gilberto.
Começou a compor as primeiras canções na adolescência e a integrar bandas com amigos.
Em 1963, formou com mais duas garotas as Teenage Singers, que faziam pequenos shows em festas colegiais. Com Os Seis, outra banda que integrou, gravou o primeiro compacto, com duas músicas. A saída de três componentes do sexteto acabou deixando o trio formado por Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, que rebatizam a banda como Os Bruxos. Por sugestão de Ronnie Von, o grupo passaria a se chamar Os Mutantes.
Em 1968, chegou a entrar no curso de Comunicação da USP, a Universidade de São Paulo, mas desistiu no ano seguinte. “Passei um ano bundando na USP (na mesma classe da Regina Duarte, a futura namoradinha do Brasil), na base do ‘assina a presença pra mim'”, contou em Rita Lee: Uma Autobiografia, lançado em 2016. Depois disso, resolveu abandonar o curso e se dedicar à música.
Mutantes
Com os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista, Rita gravou alguns dos álbuns fundamentais do rock brasileiro, compondo e estrelando performances memoráveis, como em 1967, quando o grupo acompanhou Gilberto Gil no III Festival de Música Popular Brasileira, na Record, com a apresentação de Domingo no Parque.
Entre 1966 e 1972, período em que fez parte do trio, Os Mutantes gravaram apenas seis álbuns, que marcaram para sempre a história da música brasileira. O disco homônimo de 1968 já trazia hits como A Minha Menina, Balada do Louco e Ando Meio Desligado. No mesmo ano, a banda participou da gravação do clássico Tropicália ou Panis et Circenses, marco do movimento tropicalista, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão e Tom Zé.
Rita foi casada com o colega Arnaldo entre 1968 e 1972, parceria que também deu origem a dois discos solo acompanhada dos companheiros da banda: “Build Up” (1970) e “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida” (1972). O fim do casamento dos dois e divergências sobre os rumos da banda provocaram a saída da cantora.
Rita logo formaria outra banda, a Tutti Frutti, com a qual gravou diversos discos de sucesso. Fruto Proibido, de 1975, consagrou a cantora com o título de rainha do rock brasileiro, com faixas como Agora Só Falta Você, Esse Tal de Roque Enrow e Ovelha Negra.
Prisão e parceria com Roberto
Mas foi com a entrada do músico Roberto de Carvalho na banda que Rita iniciou a parceria musical e amorosa que duraria a vida inteira.
Em 1976, já morando com Roberto e grávida do primeiro filho, foi detida pela ditadura militar por porte e uso de maconha, num ato do regime para “servir de exemplo à juventude” da época. Rita foi condenada a um ano de prisão domiciliar, e precisava de autorização de um juiz para sair e fazer shows.
Rita e Roberto tiveram três filhos: Beto Lee, em 1977, João, em 1979 e Antônio, em 1981.
O fim da prisão domiciliar e da Tutti Frutti, pouco depois, fizeram o casal dar início à parceria que consagrou a cantora como artista popular, emendando um sucesso após o outro, ao borrar de vez as fronteiras entre o rock e o pop.
São dessa época sucessos como Mania de Você, Chega Mais e Doce Vampiro. A dupla emplacou turnês de sucesso, temas de novelas e grandes shows, com o primeiro Rock in Rio, em 1985, e a abertura do primeiro show dos Rolling Stones no Brasil, dez anos depois.
Ao mesmo tempo, Rita nunca deixou de flertar com outros gêneros. No início dos anos 1990, a roqueira que se definia como não radical, lançou a turnê Bossa’n’roll, em que se apresentava com voz e violão.
Reabilitação
Com a carreira em ascensão, começaram a surgir episódios de internação por abuso de calmantes e álcool. Em 1986, a cantora sofreu uma queda da varanda do segundo andar de seu sítio, que a fez fraturar o maxilar e passar por uma cirurgia de reconstrução. Rita contou só ter conseguido se livrar das drogas e do álcool em 2006, após procurar ajuda numa clínica de reabilitação.
"Estou limpa há 11 anos, desde que minha neta nasceu. Canalizei minha energia e estou achando muito louco esse negócio de ser careta", contou numa entrevista ao programa Conversa com Bial durante o lançamento da sua biografia, em 2017.
Atriz, apresentadora e escritora
O humor ácido e o visual futurista fizeram Rita cair nas graças da televisão. A cantora participou de novelas da Globo como Top Model, Vamp, Celebridade e Ti Ti Ti quase sempre interpretando a si mesma. Também comandou programas como o TVLeeZão, na MTV e, ao lado de Roberto, o talk show Madame Lee, no canal pago GNT.
Entre 2002 e 2004, integrou o time de apresentadoras do Saia Justa, programa de debates do GNT, ao lado de Mônica Waldvogel, Marisa Orth e Fernanda Young.
Rita também é autora de sete histórias infantis, três delas protagonizadas pelo rato cientista Dr. Alex, que publica desde os anos 1980.
O lançamento de Rita Lee: Uma Autobiografia em 2016 revelou aos fãs passagens pouco conhecidas da trajetória da cantora e entrou na lista de mais vendidos do país. Em 2018, lançou o livro FavoRita, em que reúne registros fotográficos raros, além de lembranças e reflexões ao completar 70 anos.
Despedida dos palcos
A cantora anunciou sua aposentadoria dos palcos em 2012, devido à sua fragilidade física: "Me aposento dos shows, mas da música nunca", explicou no Twitter.
Sua última apresentação, no Festival de Verão de Sergipe, terminou em polêmica, após Rita se revoltar com uma ação policial que considerou agressiva com o público. Acusada de desacato à autoridade, foi encaminhada a uma delegacia após o show para prestar depoimento, e liberada em seguida.
Rita passou os últimos anos reclusa em um sítio na Grande São Paulo com o marido, Roberto. Em meio à pandemia de covid-19, em 2020, contou sobre a vida isolada em um texto para a revista Veja.
"Não vou morrer desse vírus vodu e peço ao Universo que minha morte seja rápida e indolor, de preferência dormindo e sonhando que estou com minha família numa praia do Caribe", escreveu.
Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/articles/cp3zrv57yylo
Rita Lee, a rainha do rock brasileiro, morre aos 75 anos em São Paulo
A cantora e rainha do rock brasileiro Rita Lee morreu aos 75 anos, em São Paulo, na noite desta segunda-feira (8).
A notícia foi confirmada, na manhã desta terça-feira (9), em publicação nas redes sociais oficiais da cantora e de seu marido, Roberto de Carvalho.
“Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no fim da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”, escreve a nota.
Morte foi confirmada em comunicado nas redes sociais da cantora e seu marido, Roberto de Carvalho; velório será aberto ao público, nesta quarta (10), no Planetário do Parque Ibirapuera
O velório acontecerá em cerimônia aberta ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h.
“De acordo com a vontade de Rita, seu corpo será cremado. A cerimônia será particular. Nesse momento de profunda tristeza, a família agradece o carinho e o amor de todos”, concluiu o comunicado.
Em 2021, Rita foi diagnosticada com um câncer no pulmão. Após tratamento, foi curada da doença, mas estava em recuperação.
Filhos lamentam a morte
Após a morte, os filhos de Rita foram às redes sociais lamentar a morte da mãe.
“Te amo para sempre. Uma grande parte de mim morreu hoje”, escreveu Beto Lee, no Instagram.
Seu caçula, Antônio Lee escreveu: “Oh Mamassita… I love you so. Esperando você me visitar nos meus sonhos para continuar as nossas longas conversas sobre o universo. Minha mamãe, obrigado.”
João Lee publicou um vídeo de quando era criança, com Rita o carregando no colo, junto de um texto emocionado.
“Minha mãe, que amo mais que tudo nessa vida, virou uma estrela no céu. Que vida intensa e espetacular você teve. Admirada e amada por tantas pessoas. Tão a frente do seu tempo”, escreveu.
Ele relembrou conversas que teve com a mãe sobre a escolha de heróis pessoais e como ela era sua heroína: “Você é minha heroína pela sua maneira de se comportar, dia após dia, mês após mês, ano após ano, com tanta dignidade e honestidade. A admiração que eu tenho por você é infinita. Sempre foi. Que honra e privilégio ser seu filho.”
“Não consigo escrever mais do que isso, no momento. Estou sem chão, arrasado, devastado. Mas, ainda tenho muito o que contar. Muitas histórias, muitos vídeos e muitas fotos. Vou colocando aos poucos”, concluiu o depoimento de João.
Biografia
Rita Lee Jones nasceu no dia 31 de dezembro de 1947, na capital paulista, filha do dentista Charles Fenley Jones, descendente de imigrantes norte-americanos, e da pianista Romilda Padula Jones, filha de imigrantes italianos.
A artista tinha duas irmãs, Virgínia e Mary Lee, e teve três filhos, Beto, João e Antônio, uma neta, Izabella, e um neto, Arthur.
Rita Lee aprendeu a tocar bateria aos 15 anos e, aos 16, integrou um trio vocal feminino, as “Teenage Singers”, participando de shows e festas em colégios.
Ela formou diversos grupos musicais, incluindo o “Six Sided Rockers” e “O Konjunto” — que depois seria “Os Bruxos” –, este último ao lado dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.
Na década de 1960, o trio Rita, Arnaldo e Sérgio se tornou a banda “Os Mutantes”, lançando cinco discos: Os Mutantes (1968), Mutantes (1969), A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970), Jardim Elétrico (1971), Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz (1972).
O primeiro álbum solo lançado por Rita Lee foi o Build Up, de 1970, quando ainda estava nos Mutantes. Eles fizeram apresentações juntos até 1972, quando a cantora decidiu lançar sua carreira solo com o álbum “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”.
A sorte de ter sido quem sou, de estar onde estou, não é nada se comparada ao meu maior gol: sim, acho que fiz um monte de gente feliz.
Dois anos depois, ela lançou “Atrás do Porto Tem uma Cidade” e, em 1975, “Fruto Proibido”, que vendeu cerca de 700 mil cópias. Em 1976, o álbum “Refestança” fez sucesso com a música “Ovelha Negra”, que ocupou a primeira posição nas paradas do país.
Também em 1974, Rita Lee começou a integrar a banda “Tutti Frutti”, que teve outros quatro álbuns.
A partir de 1979, produziu seus discos em parceria com o marido, Roberto de Carvalho, entre eles Rita Lee e Saúde. Em 1995, fez a abertura da turnê da banda britânica Rolling Stones.
No início do século XXI, a artista lançou Aqui, Ali, em Qualquer Lugar (Bossa´n´Beatles) e Balacobaco, em 2001 e 2003, respectivamente.
A despedida dos palcos aconteceu em 2012. Desde então, as aparições da rainha do rock se tornaram raras.
Atriz, apresentadora e escritora
A vasta e diversificada carreira de Rita Lee também passou por atuações e apresentações de programas na televisão brasileira.
Ela atuou no filme “Dias Melhores Virão”, no curta-metragem “Tanta Estrela por Aí…” — tendo ganhado um prêmio no Festival de Cinema em Gramado –, e em “Durval Discos”.
Além disso, Rita participou das novelas “Top Model” e “Vamp”. Ela também apresentou o programa “TVLeezão”, na MTV, e integrou o programa Saia Justa, da GNT.
Rita Lee também teve veia escritora, publicando os livros infantis “Dr. Alex – Quem Canta Conta”, “Dr. Alex e os Reis de Angra” e “Dr. Alex na Amazônia”.
Em 2016, ela publicou uma autobiografia, na qual conta detalhes desde o início na carreira musical, perrengues familiares até fotos inéditas.
Dizem que capricornianos nascem velhos e morrem crianças, que são ambiciosos e disciplinados, nessas me reconheço mais no ascendente Aquário, da visionária porra-louca
Também estava sendo produzida uma segunda autobiografia. A cantora havia compartilhado um vídeo do livro pelas redes sociais no início de maio deste ano.
Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/rita-lee-morre-aos-75-anos-em-sao-paulo/
'Outra autobiografia': leia trechos inéditos do livro em que Rita Lee conta sua luta contra o câncer
Obra será lançada em 22 de maio, Dia de Santa Rita, a pedido da cantora
Por O GLOBO — Rio de Janeiro
10/05/2023 00h30 Atualizado há 13 horas
Rita Lee é rock and roll, mas também é literatura. A ex-Mutante foi uma escritora de sucesso. Ao todo, lançou 11 livros ao longo da vida: títulos infantis, contos, fotolivro, antologia de letras e até história em quadrinhos.
Rita Lee: carreira, vida pessoal e momentos marcantes da rainha do rock brasileiro
Nos últimos anos, já longe do corre-corre dos palcos, Rita dedicou um bom tempo a escrever suas memórias. Fez questão que o livro fosse publicado em dois volumes. O primeiro, “Uma autobiografia”, saiu em 2016 (Globo Livros). A própria artista determinou que a segunda parte da obra, “Outra autobiografia”, fosse lançada somente no próximo dia 22. Dia de Santa Rita.
Leia abaixo, em primeira mão, alguns trechos de “Outra autobiografia”, em que Rita narra sua luta contra o câncer desde 2021, sem economizar na franqueza e no humor inusitado nem mesmo nos momentos mais difíceis que viveu durante o tratamento da doença.
A descoberta
Rita Lee: confira fotos do sítio em que a cantora passou seus últimos anos
Rita abre o livro contando que o tumor foi descoberto por acaso, em abril de 2021, numa consulta em que tentava dar fim ao mal-estar após tomar a segunda dose da vacina contra a Covid.
“Até então, imaginava que fosse voltar para casa naquele mesmo dia; devia ser uma bronquite e um remedinho daria conta de me deixar nos trinques. Mas fui comunicada pelo dr. Ribas de que poderia ser uma de três coisas: fungo, tuberculose ou câncer. A ‘massa’, como eles se referiam ao troço, precisava ser mais bem investigada para fecharem o diagnóstico e terem mais detalhes. Era preciso que eu fizesse naquela mesma tarde uma tomografia com contraste para buscar sinais de metástase. Foi dra. Estelita que, com toda a calma, delicadeza e seriedade do mundo, me disse que eu estava com um câncer de 20 centímetros de perímetro no pulmão esquerdo e que apenas uma biópsia em alguns pontos revelaria o tipo de células cancerígenas, que eu faria no dia seguinte. Para tanto, eu deveria ser internada e depois, quem sabe, voltaria para casa.”
A Sininho
“Vez ou outra, durante as primeiras horas do dia, entrava no meu quarto uma auxiliar de enfermagem, que devia ter menos de um metro e meio, com um rostinho sereno e bonito, um rabo de cavalo até a cintura, supermagrinha. (...) Me contou que nasceu com os órgãos internos invertidos! Coração do lado direito, fígado do lado esquerdo, canhota e assim por diante. Parecia uma fadinha se comparada às outras enfermeiras, todas altas e fortes, mas era ágil e sempre me oferecia palavras de conforto com sua voz de criança. A apelidei de Sininho.”
Comida de hospital
“Uma das nutricionistas veio me falar sobre alimentação e me disse que veganismo era sua especialidade. Pensei ter encontrado a grande solução para ganhar peso. Qual não foi minha decepção quando provei o patê de grão-de-bico congelado que tinha gosto de parede; depois provei a sopa de couve-flor que tinha gosto de cal; e, por fim, provei a sobremesa de pera assada que tinha gosto de nada. Aqui não abriria o apetite nem do João Gordo. Mas... bastava lembrar da sonda nasal que eu comia a gororoba falsamente sorrindo. (...) Ainda me alimento sem fome, mas consegui engordar mais um quilo, o que me deixou feliz porque dá uma esticadinha geral na pele do corpo e mostra uma caveira cujo sonho de consumo é engordar nove quilos.”
A bonequinha de luxo
“Em casa, a vida era um ócio, um ócio criativo, mas preguiçoso. Minha ansiedade para retornar a escrever, ler, ver TV e levar uma vida como se nada houvesse não durava muito na bonança porque logo vinha a tempestade de um pânico, o que fazia que Rob, Juca e enfermeira A viessem me socorrer. Quando passava a crise, eu morria de vergonha por ter me mostrado tão descontrolada. (...) Por outro lado, aquela paparicação com que me tratavam o dia inteiro me fazia me sentir uma bonequinha de luxo, e eu já estava me tornando uma pequena tirana: ‘Estou com sede’, e lá vinham todos trazendo suco e água... Todo aquele cuidado inédito da minha família para comigo me fez aos poucos concluir que eu realmente era querida por ela e que por isso faria de tudo para que fosse curada.”
Careca
“Voltei ao hospital para o segundo ciclo de químio, que foi praticamente igual ao primeiro. Para fugir daquela cena manjada de passar a mão na cabeça e tirar tufos inteiros de cabelo — além de entupir o ralo — , resolvi não dar esse gostinho para o previsível e passei máquina zero, encarando a feiura de parecer uma vampira. Com cabelo eu parecia mais com minha mãe, careca fiquei a cara do meu pai. (...) Dane-se o visual, entrar no banheiro e receber uma cachoeira de água quente na cabeça e cerimoniais de cura com ervas, esse prazer era impagável, e eu secava a cabeça em um minuto com a toalha”.
Contratempo
“Fui aconselhada a não fazer xixi no banho porque depois de químio e imuno o corpo vai eliminando toxinas pelo xixi, e não é legal ter contato direto com ele. E eu gostava muito de mijar em pé.”
A coisa
“Algo me diz que tenho escrito muito sobre morte. Aliás, por que há tanta gente que até se benze quando tocamos no assunto? A morte é a única verdade, e cada dia a mais vivido é um dia a menos que se vive. Pra que fazer tanta cara de enterro quando deveríamos tratar dela com humor? Desta vida não escaparemos com vida. (...) A verdade é que eu queria mesmo é ser abduzida por um disco voador e sumir sem maiores explicações”.
O turbante
“Ser careca é adotar diferentes hábitos, outros eus dentro de mim, uma pessoa dentro do nosso ego inferior que é a gente mesmo. O mais transformador foi, sem dúvida, ficar pela primeira vez, desde que nasci, sem franja, que é a mesma sensação de estar pelada no meio da Avenida Paulista e todos rirem de mim. Como estou trabalhando para me transformar numa velhinha fofa, procuro todo dia adotar uma personagem esquisita, tipo uma baronesa exótica que não abre mão de uma leve maquiagem para um up no esqueleto. Usar turbante à la Simone de Beauvoir com um broche grande na frente era imprescindível e, como não fumo mais, adotaria uma bengala para respeitarem meus cabelos brancos.”
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Idade
“Quando digo que me dei conta de estar velha, falo não apenas da aparência, mas principalmente da existência em si. Estou vivendo uma fase especial, cheia de perguntas, e tenho a sensação de estar grávida, de me autoparir feito cobra quando abandona a pele antiga e outra renasce ainda mais poderosa. (...) Vencer um câncer exige foco, coragem e fé e, se conseguir ter bom humor, melhor ainda.”
A ficha
“Ontem, 23 de setembro de 2022, caiu a ficha de que vou passar os próximos anos por conta desse tratamento, e que ele volta e meia vai me obrigar a ir ao hospital para fazer exames de acompanhamento de três em três meses. Minha Pollyanna se antena e joga o Jogo do Contente, pois sempre existe um lado bom: vou me curar, sim. Mas isso não significa que nunca mais algo vá reaparecer.”
Químio
“Dia seguinte de químio, o corpo todo fica dolorido, tipo se eu tivesse lutado com Mike Tyson. A dor em si não é lá essas coisas, mas parece que meus músculos puxaram ferro. De repente, então, bate um segundo de felicidade de estar viva e esqueço que estou doente; é um jorro de luz que me envolve por segundo. Sinto não estar só, e com rabo de olho dá para perceber a presença, mesmo que invisível, da turma da Luz. Quando isso acontece, me sinto a pessoa mais feliz do mundo.”
Conselhos aos jovens
“Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a uma sociedade doente, que o que é o normal para uma aranha é o caos para uma mosca, que uma coroa não é nada além de um chapéu que deixa entrar água, que todo dia o mundo se afoga no caos e vai ser difícil achar um lugar para observar o fim dos tempos de camarote. Meninada, sintam-se beijados pela vovó Rita.”
Livro "Rita Lee: outra autobiografia" tem data de lançamento marcada em 22 de maio de 2023 — Foto: Instagram / Reprodução
‘Outra autobiografia’. Autora: Rita Lee. Editora: Globo Livros. Páginas: 192. Preço: R$ 69,90.
Fonte:https://oglobo.globo.com/cultura/musica/noticia/2023/05/outra-autobiografia-leia-trechos-ineditos-do-livro-em-que-rita-lee-conta-sua-luta-contra-o-cancer.ghtml
Rita Lee Fonte: Wikipédia
Rita Lee | |
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Nome completo | Rita Lee Jones de Carvalho |
Pseudônimo(s) | Rainha do rock brasileiro |
Nascimento | 31 de dezembro de 1947 Vila Mariana, São Paulo, SP |
Morte | 8 de maio de 2023 (75 anos)[1] São Paulo, SP |
Nacionalidade | brasileira |
Cônjuge | Arnaldo Baptista (c. 1968–72) Roberto de Carvalho (c. 1976–2023) |
Filho(a)(s) |
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Ocupação | |
Carreira musical | |
Período musical | 1963–2023[nota 1] |
Gênero(s) | |
Instrumento(s) | |
Gravadora(s) | |
Afiliações | Lista |
Assinatura | |
Página oficial | |
ritalee |
Rita Lee Jones de Carvalho OMC (São Paulo, 31 de dezembro de 1947[4] — São Paulo, 8 de maio de 2023) foi uma cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira. É conhecida como a "Rainha do rock brasileiro".[5][6] Rita alcançou a marca de 55 milhões de discos vendidos, sendo a quarta artista mais bem-sucedida neste sentido no Brasil, atrás de Tonico & Tinoco, Roberto Carlos e Nelson Gonçalves.[7] Ela construiu uma carreira que começou com o rock mas que ao longo dos anos flertou com diversos gêneros, como a psicodelia durante a era do tropicalismo, o pop rock, disco, new wave, a MPB, bossa nova e eletrônica, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais.[8]
Rita é considerada uma das mulheres mais influentes do Brasil, sendo referência para aqueles que vieram a usar guitarra a partir de meados dos anos 1970.[9] Ex-integrante do grupo Os Mutantes (1966–1972) e do Tutti Frutti (1973–1978), participou de importantes revoluções no mundo da música e da sociedade. Suas canções, em geral regadas com uma ironia ácida ou com uma reivindicação da independência feminina,[10] tornaram-se onipresentes nas paradas de sucesso, sendo as mais populares "Ovelha Negra", "Mania de Você", "Lança Perfume", "Agora Só Falta Você", "Baila Comigo", "Banho de Espuma", "Desculpe o Auê", "Erva Venenosa", "Amor e Sexo", "Reza", "Menino Bonito", "Flagra" e "Doce Vampiro", dentre outras. O álbum Fruto Proibido (1975), lançado com a banda Tutti Frutti, é comumente visto como um marco fundamental na história do rock brasileiro, considerado por alguns como sua obra-prima.[11]
Em 1976, começou um relacionamento amoroso com o guitarrista Roberto de Carvalho, que desde então tem sido o parceiro da maioria de suas canções. Tiveram três filhos, entre eles Beto Lee, também guitarrista, que acompanhava os pais nos shows. Rita era vegana e defensora dos direitos dos animais.[12][13] Com uma carreira que alcançou os 60 anos, a artista passou da inovação e do gueto musical dos anos 1960 e 1970 para as baladas românticas de muito sucesso nos anos 1980 e uma revolução musical,[14] tendo apresentado-se com inúmeros artistas que variam de Elis Regina e João Gilberto à banda Titãs. Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a lista dos cem maiores artistas da música brasileira, onde Rita ocupa o 15° lugar.[15]
Infância e início na música
Nascida na véspera de Ano-Novo, em uma família de classe média paulistana, Rita é a filha mais nova do dentista Charles Fenley Jones (1904–1983), paulista descendente de imigrantes norte-americanos confederados do Alabama e do Tennessee estabelecidos em Santa Bárbara d'Oeste,[16] e de Romilda Padula (1904–1986), também paulista, filha de imigrantes italianos da região do Molise, no sul da Itália.[17] Seus pais tinham outras duas filhas: Mary Lee Jones e Virgínia Lee Jones. "Lee" é um nome composto com que o pai quis registrar todas as filhas, em homenagem ao general Robert E. Lee, do exército confederado norte-americano.[18] Originalmente, seu primeiro nome era planejado para ser Bárbara, em homenagem à santa, mas na hora do batizado resolveram homenagear a avó materna, que se chamava Clorinda, mas tinha o apelido de Rita.[19]
Rita nasceu e cresceu no bairro da Vila Mariana, onde viveu até o nascimento de seu primeiro filho. Em entrevistas, revelou que esse bairro lhe é especial, já que lá tem uma grande parte de todas as melhores lembranças de sua vida.[20] A artista foi educada no colégio franco-brasileiro Liceu Pasteur; é poliglota, e fala fluentemente português — sua língua materna — inglês, francês, castelhano e italiano. Chegou a ingressar no curso de Comunicação Social na Universidade de São Paulo, em 1968, na mesma turma da atriz Regina Duarte.[21] Assim como Regina, Rita abandonou o curso no ano seguinte.[22]
Durante a infância, teve aulas de piano com a musicista clássica Magdalena Tagliaferro. Não pensava em ser cantora de rock, mas em ser atriz de cinema, veterinária ou a profissão que seu pai queria, dentista.[23] Suas primeiras influências musicais foram Elvis Presley, Neil Sedaka, Paul Anka, Peter, Paul and Mary, Beatles, Rolling Stones, mas também escutava música brasileira como Cauby Peixoto, Angela Maria, Tito Madi, João Gilberto, Emilinha Borba, Carmen Miranda, Dalva de Oliveira e Maysa por influência dos pais.[24]
Na adolescência passou a se interessar por música, começando a compor suas primeiras canções. Junto de alguns amigos, começou a se apresentar em clubes da região como componente do Tulio's Trio.[25] Em 1963, formou um conjunto musical com mais duas garotas, as Teenage Singers, que faziam pequenos shows em festas colegiais. No ano seguinte, elas conheceram o trio masculino Wooden Faces. Nesse mesmo ano, faz sua primeira gravação, fazendo vocais para um álbum de Prini Lorez.[26] Teenage Singers e Wooden Faces juntaram-se, formando o Six Sided Rockers, banda que depois se chamará Os Seis,[24] e chegou a gravar um disco compacto, com duas músicas. Depois da saída de três componentes, sobraram Rita e os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista. O trio passa a se chamar Os Bruxos. Entretanto, nem Rita, nem Arnaldo, nem Sérgio estavam satisfeitos com esse nome e queriam mudá-lo, antes da apresentação do grupo, na estréia do programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von, da TV Record (1966). Segundo Carlos Calado,[27] a ideia do nome "Os Mutantes" veio de uma brincadeira irônica de Alberto Helena Júnior, produtor do programa, com Ronnie Von, que, na época, andava lendo O Império dos Mutantes, de Stefan Wul,[28] e não falava de outro assunto. "Vocês ainda estão procurando um nome para o conjunto dos meninos? Por que não Os Mutantes?" Ronnie Von gostou da ideia de Alberto Helena e levou-a ao grupo, que a aprovou imediatamente.
Biografia e carreira
Os Mutantes e primeiros álbuns solo (1966–1972)
Ver artigo principal: Os Mutantes |
Por um período de seis anos, Rita foi, com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, integrante da banda Os Mutantes, cantando, tocando flauta e percussão, além de performances bissextas no sintetizador, no banjo e manipulando bizarrices como um gravador portátil (como na música "Caminhante Noturno") e uma bomba de dedetização (em "Le Premier Bonheur du Jour") e sendo letrista. Em 1967, a banda acompanhou Gilberto Gil no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record na apresentação da canção "Domingo no Parque".
Foram gravados seis álbuns (tendo o primeiro, de 1968, como uns dos álbuns mais importantes da história da música brasileira), que deram origem a hits como "A Minha Menina", "Dom Quixote", "Balada do Louco", "2001 (Dois Mil e Um)" e "Ando Meio Desligado". Entre 1968 e 1972, Rita foi casada com o companheiro de banda Arnaldo. O divórcio seria assinado somente em 1977.
Acompanhada dos componentes dos Mutantes, Rita gravou dois discos solo. O primeiro foi Build Up (1970) — contendo algumas canções em parceria com Arnaldo — que, originalmente, era o repertório de um show feito exclusivamente para um evento empresarial (a Fenit), em São Paulo). Desse disco saiu seu primeiro single solo, "José" (uma versão de Nara Leão para a canção francesa "Joseph", de Georges Moustaki). O segundo disco, Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida (1972), foi lançado com o seu nome, pois a banda já havia lançado um álbum naquele ano e, nos termos do contrato com a gravadora, não lhe era permitido lançar um outro. Com isso, Os Mutantes gravaram, mas só Rita aparece nos créditos.
Em decorrência do fim de seu casamento com Arnaldo e de discordâncias com os rumos que a banda estava tomando, Rita foi expulsa dos Mutantes pelo próprio Arnaldo. Dentre distintas histórias e controvérsias, ela alega que seus companheiros achavam que ela não tinha o virtuosismo requerido pelo rock progressivo, novo interesse da banda. A informação de Rita acabou por se gerar uma grande discussão. Alguns diziam que ela teria saído do grupo. Entretanto, em 2007, Arnaldo admitiu, em entrevista:[29] "Mandei a Rita embora dos Mutantes".
Tutti Frutti e consagração nacional (1973–1978)
Ver artigo principal: Tutti Frutti (banda) |
Formou com a amiga Lúcia Turnbull uma dupla no estilo folk rock, Cilibrinas do Éden,[30][31] cuja única gravação, ao vivo, no festival Phono 73, foi lançada mais de 35 anos depois. Rita e Lúcia desistem da dupla e formam a banda Tutti Frutti, com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci, entre outros. Rita, além de cantar, tocou piano, sintetizador, gaita e violão. Um contrato com a gravadora Philips é assinado, mas essa exige que o grupo assine como "Rita Lee & Tutti-Frutti". O que seria o primeiro disco do grupo não é lançado pela gravadora por problemas com a censura e com os executivos, que o consideraram "alternativo demais".[32] Eles voltam ao estúdio e Atrás do Porto Tem uma Cidade é gravado e lançado em 1974.
Em 1975, é lançado Fruto Proibido pela Som Livre. O disco, que contém os sucessos "Agora Só Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow" e "Ovelha Negra", tornou-se um clássico do rock brasileiro, vendendo mais de 200 mil cópias na época, e dando a Rita o título de "Rainha do rock brasileiro".[33]
O terceiro disco, Entradas e Bandeiras, é lançado em 1976, com os singles "Coisas da Vida", "Corista de Rock" e "Com a Boca No Mundo". O disco também contava com a faixa "Bruxa Amarela", que foi composta por Raul Seixas e Paulo Coelho. Devido a uma crise de estresse, Rita fica afastada do processo de mixagem deste disco, fato que ocasiona num som mais pesado com a nítida predominância da guitarra de Carlini. No mesmo ano, conhece o músico carioca Roberto de Carvalho e inicia uma parceria musical e amorosa de sucesso, que segue até aos dias atuais.[31]
Em agosto do mesmo ano, durante sua primeira gravidez e morando com Roberto, foi presa por porte e uso de maconha.[34] Na verdade, tal episódio, considerado um dos mais truculentos da ditadura militar, foi um ato do regime com a finalidade de "servir de exemplo à juventude da época", já que a cantora alegou que tinha deixado de usar drogas por causa da gravidez e que o que foi encontrado na época seriam restos usados por amigos e frequentadores da casa.[35] Mesmo assim, ela foi condenada e ficou um ano em prisão domiciliar, precisando de permissões especiais do juiz para sair de casa e fazer shows. Abalada e sem dinheiro, compôs com Paulo Coelho a polêmica "Arrombou a Festa" — música que criticava o cenário da MPB da época — cujo compacto vendeu mais de 250 mil cópias.[36]
Com o namorado definitivamente incorporado à banda, Rita fica livre da prisão domiciliar e, mesmo grávida, sai em turnê com Gilberto Gil. O show, denominado Refestança, foi registrado em disco, mas, segundo a própria cantora, resgatou apenas 30% da atmosfera do show. Beto Lee, primeiro filho da artista, nasce em 1977, seguido por João em 1979, e Antônio em 1981.
Em 1978, a banda lança o disco Babilônia, que produziu os singles bem-sucedidos "Jardins da Babilônia", "Agora é Moda" e "Eu e Meu Gato". Outro destaque do disco foi a futurista "Miss Brasil 2000". Apesar de já conter influências da música disco e do pop, fruto da participação de Roberto de Carvalho, Babilônia tem sido considerado por muitos como o último disco verdadeiramente de rock de Rita. Depois do lançamento deste, a banda desfez-se. Carlini, insatisfeito com sua posição secundária, resolve deixar o grupo e leva consigo o nome "Tutti Frutti", o qual havia sido registrado por ele. Assim, Rita reformulou a banda e colocou na estrada o show "Rita Lee & Cães e Gatos", nome dado devido às brigas internas durante os ensaios. Esse show deu origem a um dos primeiros álbuns piratas do Brasil, hoje, artigo de colecionador.
Início da parceria com Roberto de Carvalho (1979–1990)
Em 1977, Rita já havia manifestado desgosto pelos radicais do rock e da MPB, dizendo que não se considerava uma roqueira radical.[36] A partir de 1979, Rita e Roberto começam a fazer discos e shows juntos — num formato "dupla dinâmica" — e inauguram uma fase superpop, de enorme empatia popular.[37] Acontecem então espetáculos e diversos especiais para a TV Globo. O primeiro trabalho em disco da dupla foi o álbum Rita Lee, de 1979, com os sucessos "Mania de Você", "Chega Mais" e "Doce Vampiro".[38]
O disco seguinte, Rita Lee, de 1980, é mais conhecido pelo seu hit "Lança Perfume". Do repertório, também fazem parte canções como "Baila Comigo", "Nem Luxo, Nem Lixo", "Ôrra Meu", "Shangrilá" e "Bem-Me-Quer". O então príncipe Charles da Inglaterra passa-se por excêntrico ao dizer que sua cantora favorita seria Rita Lee.[39] Em 1981, gravam o álbum Saúde, com a faixa-título, "Atlântida", "Banho de Espuma", e "Mutante".
Rita participou do especial Mulher 80 (TV Globo, 1979). O programa, dirigido por Daniel Filho, exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional.
Em 1982, lançou Rita Lee e Roberto de Carvalho, com "Flagra", "Só de Você", "Vote em Mim", "Barata Tonta" e "Cor de Rosa Choque". Bombom (1983) teve os hits "Desculpe o Auê" e "On the Rocks" e ainda como temas de novela "Raio X" e "Bobos da Corte". Rita e Roberto (1985) trouxe "Vírus do Amor", "Yê Yê Yê", "Noviças do Vício" e "Vítima". Neste mesmo ano, apresenta-se na primeira edição do Rock in Rio, apresentação que marca sua volta aos palcos após dois anos. Ainda em 1985, Rita participa como uma das juradas do Festival dos Festivais, em que foi júri ao lado de personalidades como Marcelo Tas e Malu Mader.
Flerte Fatal chega em 1987 com "Bwana", "Xuxuzinho", "Brazix Muamba" e "Pega Rapaz". O álbum precedeu uma turnê onde Rita se despediu de shows em grandes ginásios, percorreu todo o país, finalizando com shows na Europa e Estados Unidos em 1988. Zona Zen veio em 1988 com "Livre Outra Vez", "Independência e Vida", "Zona Zen" e "Nunca Fui Santa". Rita ainda passa por intervenções cirúrgicas na época: uma devido a calos nas cordas vocais e outra na face, devido a um acidente de carro.
Em 1990, lança o álbum Rita Lee e Roberto de Carvalho, que teve entre suas faixas a música "Perto do Fogo" (composição de Rita e Cazuza) e também "La Miranda" — uma ode à Carmen Miranda, que foi tema de abertura da telenovela Lua Cheia de Amor — e "Esfinge".
Carreira solo e retorno de Roberto (1991–2003)
Em 1991, Rita separou-se profissionalmente de Roberto, iniciando a bem-sucedida turnê voz e violão Bossa 'n' Roll. No mesmo ano, estreou o TVleezão, seu programa na MTV Brasil.[40] Em seguida, lança o disco Rita Lee em 1993, dedicado a um rock'n'roll mais purista. O casal só viria a dividir o palco novamente em 1995, durante a turnê do álbum A Marca da Zorra. Com essa turnê, abriu o primeiro show dos Rolling Stones no Brasil. Pouco antes de abrir o show, Rita deu entrada no hospital por ter misturado calmantes e álcool.
Ainda em 1995, a música "Vítima" foi tema de abertura da novela A Próxima Vítima. Em dezembro de 1996, Rita realizou seu casamento civil com Roberto de Carvalho, passando a assinar Rita Lee Jones de Carvalho. Em 1997, lança o álbum Santa Rita de Sampa, com "Dona Doida", que foi tema de abertura da novela Zazá. O álbum possui ainda "Homem Vinho", uma homenagem para Caetano Veloso. Em 1998, lança seu Acústico MTV, com a participação de Cássia Eller em "Luz del Fuego", Paula Toller na canção "Desculpe o Auê", Titãs em "Papai, Me Empresta o Carro" e Milton Nascimento em "Mania de Você".
Em 2000, lança o álbum 3001, que teve faixas escritas com Tom Zé e Itamar Assumpção, além dos sucessos "Erva Venenosa", "Pagu", "O Amor em Pedaços" e sua faixa-título (uma continuação da canção "2001", dos Mutantes). A turnê internacional que durou de 2000 a 2001 ganhou um especial de fim de ano na Rede Bandeirantes, contando com as participações de Caetano Veloso, Zélia Duncan, Paula Toller e Pato Fu.[41][42]
Logo após, Rita grava um CD com releituras de clássicos dos Beatles. O álbum é lançado como Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar — no exterior, Bossa'n Beatles — misturando bossa nova, rock e inspirações no forró. A roqueira então inicia a turnê internacional Yê Yê Yê de Bamba que durou de 2001 a 2002, percorrendo Brasil, Estados Unidos e alguns países da América Latina, como a capital argentina Buenos Aires, onde fez apresentações como na casa de shows Luna Park, no que foi considerada a consagração de sua carreira na Argentina.
Em 2001 e 2002, lança dois álbuns de compilação, Para Sempre e Novelas, sendo este último somente faixas suas que ficaram famosas como aberturas de telenovelas.[43] Ainda em 2002, torna-se parte do elenco principal do programa da GNT Saia Justa, ao lado de Fernanda Young e Marisa Orth. Em 2003, lança o álbum Balacobaco, com a famosa faixa "Amor e Sexo".
Reza e aposentadoria (2010–2014)
Em 2010, iniciou sua nova turnê, que estreou em Belo Horizonte, na qual cantou sucessos que estavam fora de seu repertório. O show percorreu várias cidades do Brasil como São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, além de ter passado por Buenos Aires, com apresentação no teatro Gran Rex. Em 2012, Rita anuncia sua aposentadoria dos palcos em seu show de estreia no Circo Voador no Rio de Janeiro, devido à sua fragilidade física: "Me aposento dos shows, mas da música nunca", explicou a cantora no seu Twitter.[44]
Em janeiro de 2012, durante o que seria a última apresentação, no Projeto Verão em Sergipe, Rita expressou sua indignação com a ação da polícia militar, que agiu de modo agressivo com seu público.[45] Acusada de desacato à autoridade, a cantora foi encaminhada a uma delegacia após o show para prestar depoimento, porém liberada em seguida.[46][47] A cantora alegou ter falado pelo "calor das emoções", e por ter achado a ação dos policiais "truculenta e desnecessária".[48]
No Carnaval de 2012, desfilou pela escola de samba paulista Águia de Ouro, cujo tema foi a Tropicália. Desfilaram também outros cantores do movimento, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de cantores como Wanderléa, Cauby Peixoto e Angela Maria. Rita homenageou a atriz Leila Diniz no desfile, vestindo uma réplica do vestido de noiva que pegou emprestado da atriz e nunca devolveu.
Após alguns anos sem gravar músicas inéditas, tendo seu último álbum sido Balacobaco, em 2003, Rita anuncia o lançamento de seu então novo álbum, Reza. Em fevereiro de 2012, ela lança "Reza", o primeiro single promocional do álbum. Pouco tempo após seu lançamento, a canção ultrapassou o sucesso "Ai, Se Eu Te Pego", de Michel Teló, no número de downloads do iTunes Brasil,[49] tornando-se a canção mais escutada de 2012.[50] No mês seguinte, a música entrou para a trilha sonora da telenovela Avenida Brasil, da TV Globo. Depois de vários anos sem posar para fotos em ensaios, Rita fez um ensaio para a revista Quem e brincou que "não fazia isso há séculos".[51]
Em novembro de 2012, fez um show que marcou sua volta aos palcos, com apresentação no Green Move Festival, no qual também se apresentaram as bandas Titãs e Jota Quest.[52] Na apresentação, a cantora causou nova polêmica ao abaixar a calça e virar-se para o público.[53] Em janeiro de 2013, participou do show que fez parte da comemoração dos 459 anos da cidade de São Paulo, no vale do Anhangabaú. "Daqui eu não saio", disse Rita, sobre a cidade onde nasceu.[54]
Em abril de 2013, concede uma rara e franca entrevista a revista Marie Claire, em que diz que o grande tabu da mulher atual é o envelhecimento. "Para envelhecer com dignidade, a mulher tem de ter desapego. É muito complexo!".[55] Em março de 2014, decide deixar de pintar os icônicos cabelos vermelhos e assumir os fios grisalhos. "Quero ficar anônima", disse ela.[56]
Outros projetos (2014–2023)
Em 2014, foi homenageada com o musical de teatro Rita Lee Mora ao Lado, baseado no livro homônimo de Henrique Bartsch e estrelando Mel Lisboa.[57][58] Rita assistiu ao musical e elogiou a performance de Mel, que caiu no choro ao ver a cantora na plateia.[59] A atriz ainda ganhou o prêmio Quem de melhor atriz de teatro. Emocionada, ela fez o discurso chorando ao assistir a um vídeo de Rita durante a premiação, a parabenizando pela conquista.[60]
Em 2015, chegou as lojas uma caixa com 20 álbuns de sua discografia e um CD com raridades.[61] Em 2016, foi lançada sua autobiografia Rita Lee: uma autobiografia, pela Globo Livros.[62] O lançamento foi em São Paulo.[63] Rita concedeu uma entrevista sobre o livro e sobre sua vida mais reclusa: "O maior luxo da vida é dar amor aos bichos e ter uma horta”.[64] Além de tornar-se um dos títulos mais vendidos do país, o livro colecionou críticas elogiosas. A artista foi agraciada pela APCA como melhor autora de 2016 e também pelo Grande Prêmio da Critica, por seus serviços prestados à música.[65]
Em 2021, foi lançada "Change", canção com parceria de Roberto de Carvalho e Gui Boratto, sua primeira música inédita em oito anos. A faixa integrou a trilha sonora da telenovela Um Lugar ao Sol.[66] Em 2022, na 23ª edição do Grammy Latino, Rita foi laureada com um Lifetime Achievement Award, que homenageia "artistas que fizeram contribuições significativas à indústria fonográfica". A cerimônia, ocorrida no mês de novembro, contou com a participação de nomes como Luísa Sonza, Giulia Be, Paula Lima e Manu Gavassi.[67]
Em 2023, a artista anunciou o lançamento do livro Rita Lee: outra autobiografia, também pela Globo Livros. No livro, ela narra detalhes de seu tratamento contra um câncer de pulmão, diagnosticado em 2021.[68]
Problemas de saúde e morte
Problemas de saúde
Em 1996 sofreu uma queda da varanda no segundo andar de seu sítio, esfacelando ocôndilo maxilar, o que levou a uma cirurgia para colocação de pinos de titânio.[69][70] Depois da cirurgia bem-sucedida e diante da possibilidade de retomar sua carreira, Rita ter-se-ia comprometido a largar as drogas e as bebidas alcoólicas, o que, segundo uma declaração da cantora ao programa Fantástico, da TV Globo, só o fez totalmente em janeiro de 2006, depois de procurar ajuda numa clínica de reabilitação, a que ela chama de "hospício", conseguindo frequentar palestras e fazer tratamento, obtendo êxito.[71] Em maio de 2012, Rita declarou sofrer de transtorno bipolar.[72]
Em maio de 2021, ao realizar um exame de saúde de rotina, foi diagnosticada com um tumor primário no pulmão esquerdo, aos 73 anos de idade.[73][74] Em abril de 2022, os exame feitos pela artista já não detectaram mais a presença do tumor em seu organismo.[75][76] Em fevereiro de 2023, Rita foi internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, em estado "extremamente delicado".[77] Algumas horas após a informação ser divulgada, o marido da cantora, Roberto, disse em suas redes sociais que a internação seria "para exames e avaliações", e pediu privacidade.[78] No início de março, o filho da cantora, João Lee, disse em suas redes sociais que a mãe estava bem, tranquilizando os fãs.[79] No mesmo mês, Rita obteve alta do hospital.[80]
Morte
No dia 8 de maio de 2023, seu estado de saúde piorou novamente[81] e Rita morreu cercada de sua família, em seu apartamento em São Paulo. Sua família anunciou que seu velório ocorrerá no Planetário do Ibirapuera em 10 de maio, sendo aberto ao público.[82][1][83]
Outros trabalhos
Rádio
Após o rompimento de seu contrato com a Som Livre, em 1986, Rita dedica-se — com a parceria do amigo escritor Antonio Bivar — a um programa de rádio, Rádio Amador, que escreve e apresenta, adotando o nome Lita Ree, e interpreta vários personagens.
Literatura
Ficção
Entre 1986 e 1992, escreveu quatro livros infantis, tendo como protagonista o rato cientista Dr. Alex.[84] Em 2013, publicou o livro Storynhas, ilustrado por Laerte.
- Dr. Alex (1986)
- Dr. Alex e os Reis de Angra (1988)
- Dr. Alex na Amazônia (1990)
- Dr. Alex e o Oráculo de Quartz (1992)
- Storynhas (2013)
- Dropz (2017)[85]
- Amiga Ursa: uma história triste, mas com final feliz (2019)[86]
Autobiografias
- Rita Lee: uma autobiografia (2016)
- Rita Lee: outra autobiografia (2023)
Livros de fotos
- FavoRita (2018)[87]
Fontes
- Barcinski, André (2014). Pavões Misteriosos — 1974-1983: A explosão da música pop no Brasil. São Paulo: Editora Três Estrelas. ISBN 978-85-653-3929-2
Televisão
Em Os Trapalhões (1977) interpretou uma fotógrafa num concurso de miss. Em Top Model (1989), escrita por Walther Negrão e Antônio Calmon, interpretou Maria Regina, a esotérica Belatrix, uma das ex-mulheres do surfista Gaspar, interpretado por Nuno Leal Maia. Em Vamp (1991), também escrita por Calmon, Rita era a roqueira-vampira Lita Ree, amiga da protagonista Natasha, interpretada por Cláudia Ohana. Ainda no ano de 1991, Rita ganhou um programa na MTV Brasil intitulado TVleezão.
Em 1997, participou do sitcom Sai de Baixo, no episódio "Presepada de Natal", como Scarlet Antibes, uma prima do personagem Caco Antibes, interpretado por Miguel Falabella. Em 2002, passa a co-apresentar o programa de televisão Saia Justa, no canal pago GNT (Globosat), ao lado de Mônica Waldvogel, Marisa Orth e Fernanda Young, Rita se despediu do programa em 2004. Em Celebridade (2003), fez uma participação especial como ela mesma e contracenou com Maria Clara, interpretada por Malu Mader.
Em 2005, comandou, ao lado do marido Roberto de Carvalho, o talk show Madame Lee também transmitido pela GNT. Em 2010, foi convidada pelo diretor Jorge Fernando para regravar seu sucesso de 1985, "Ti Ti Ti". A música foi usada na abertura do remake da novela Ti Ti Ti no horário das 19 horas. Rita fez uma participação no último capítulo da novela, fazendo um show, cantando a música de abertura da novela. Em 2017, participou do documentário Laerte-se, da Netflix.
Discografia
Ver artigo principal: Discografia de Rita Lee |
- Álbuns de estúdio
Ano | Álbum |
---|---|
1970 | Build Up |
1972 | Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida |
1979 | Rita Lee |
1980 | Rita Lee |
1981 | Saúde |
1982 | Rita Lee e Roberto de Carvalho |
1983 | Baila Conmigo (em espanhol) |
1983 | Bombom |
1985 | Rita e Roberto |
1987 | Flerte Fatal |
1988 | Zona Zen |
1990 | Rita Lee e Roberto de Carvalho |
1993 | Rita Lee |
1997 | Santa Rita de Sampa |
2000 | 3001 |
2001 | Aqui, Ali, em Qualquer Lugar |
2003 | Balacobaco |
2012 | Reza |
- Álbuns ao vivo
Ano | Álbum |
---|---|
1977 | Refestança (com Gilberto Gil) |
1991 | Rita Lee em Bossa 'n' Roll |
1995 | A Marca da Zorra |
1998 | Acústico MTV Rita Lee |
2004 | Rita Lee MTV Ao Vivo |
2009 | Rita Lee Multishow Ao Vivo |
- com Os Mutantes
Ano | Álbum |
---|---|
1968 | Os Mutantes |
1968 | Tropicália ou Panis et Circenses |
1969 | Mutantes |
1970 | A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado |
1971 | Jardim Elétrico |
1972 | Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets |
2000 | Tecnicolor (gravado em 1970) |
- com Lúcia Turnbull
Ano | Álbum |
---|---|
1973 | Cilibrinas do Éden (não foi lançado oficialmente) |
- com Tutti Frutti
Ano | Álbum |
---|---|
1974 | Atrás do Porto Tem uma Cidade |
1975 | Fruto Proibido |
1976 | Entradas e Bandeiras |
1978 | Babilônia |
- Álbuns de tributo
Ano | Título | Intérprete |
---|---|---|
1996 | Eles Cantam Rita Lee | Vários |
1996 | Love, Lee Rita | Ná Ozzetti |
2007 | Pirataria - Rita Lee por Crikka Amorim | Crikka Amorim |
2015 | Prisoneira do Amor | Andreia Dias |
2015 | Rock Your Babies: Rita Lee | Rock Your Babies |
2017 | Baby, Baby | Lulu Santos |
2020 | Rita Lee: Eleectronica | Jon Alkalay |
2023 | Acústico MTV: Manu Gavassi canta Fruto Proibido | Manu Gavassi |
- Álbuns de vídeo
Ano | Álbum |
---|---|
1998 | Acústico MTV Rita Lee |
2004 | Rita Lee MTV Ao Vivo |
2006 | Rita Lee Jones (Série Grandes Nomes 1980) |
2007 | Biograffiti |
2009 | Rita Lee Multishow Ao Vivo |
Filmografia
Televisão
Ano | Título | Personagem | Notas |
---|---|---|---|
1985 | Rita Lee e Roberto de Carvalho | Ela mesma | Especial de fim de ano |
1986 | Cida, a Gata Roqueira | Sunda Morgana | |
1990 | Top Model | Belatrix Kundera | Episódio: "7–10 de janeiro" |
1992 | Vamp | Lita Ree | Episódio: "17 de setembro" |
1991–92 | TVLeezão | Apresentadora | |
1995 | Rita Lee Especial | Ela mesma | Especial de fim de ano |
1997 | Sai de Baixo | Scarlet Antibes | Episódio: "Presepada de Natal" |
2002–04 | Saia Justa | Apresentadora | Temporadas 1—3 |
2004 | Celebridade | Ela mesma | Episódios: "19–22 de janeiro" |
2005 | Madame Lee | Apresentadora | |
2011 | Ti Ti Ti | Ela mesma | Episódio: "18 de março" |
2017 | Manual para se Defender de Aliens, Ninjas e Zumbis | Grão Mestre | Episódio: "13" |
Cinema
Ano | Título | Personagem | Nota |
---|---|---|---|
1968 | As Amorosas | Cantora do clube | |
1988 | Fogo e Paixão | Namorada no piquenique | |
1989 | Dias Melhores Virão | Mary Shadow | |
1994 | Tanta Estrela Por Aí... | Raul Seixas | |
2002 | Durval Discos | Julieta | |
2006 | Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll | Rê Bordosa (voz) | Dublagem |
2010 | Uma Noite em 67 | Ela mesma | Documentário |
2012 | Tropicália | ||
2013 | Minhocas | Martha (voz) | Dublagem |
2014 | A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum | Pirata[88] |
Prêmios e indicações
Lista de prêmios e indicações de Rita Lee | ||
Premiação | Vencidos | Indicações |
---|---|---|
| - | 1 |
| 2 | 7 |
| 12 | 12 |
| 1 | 5 |
| - | 3 |
| - | 2 |
| 1 | 1 |
| 1 | 1 |
| 3 | 1 |
| 1 | 1 |
| - | 1 |
| - | 1 |
Total | ||
Prêmios vencidos | 23 | |
Indicações | 40 |
Grammy Latino
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
2001 | Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa | 3001 | Venceu |
2004 | Melhor Canção em Língua Portuguesa | "Amor e Sexo" | Indicado |
Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa | Balacobaco | Indicado | |
2005 | MTV Ao Vivo | Indicado | |
2009 | Multishow Ao Vivo | Indicado | |
2012 | Reza | Indicado | |
2022 | Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação | Conjunto da Obra | Venceu |
Prêmio Sharp de Música
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
1988 | Melhor Música | "Livre Outra Vez" | Venceu |
1991 | "La Miranda" | Venceu | |
Melhor Trilha Sonora | "Dias Melhores Virão" | Venceu | |
Melhor Cantora | Ela mesma | Venceu | |
Melhor Disco | Bossa'n Roll | Venceu | |
1993 | Melhor Cantora | Ela mesma | Venceu |
1995 | Venceu | ||
Melhor Disco | A Marca da Zorra | Venceu | |
Melhor Show | Venceu | ||
Melhor Cantora | Ela mesma | Venceu | |
1996 | Melhor Cantora (Pop Rock) | Venceu | |
1998 | Melhor Cantora (Pop Rock) | Venceu |
Top 100 Brasil
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
Melhor Direção em Clipe Nacional | "Reza" (dir. Ricardo Spencer) | Indicado | |
2012 | Melhor Música Nacional | "Reza" | Indicado |
Melhor Clipe de MPB | Indicado | ||
Melhor Clipe Feminino Nacional | Indicado | ||
Melhor Álbum Nacional | Reza | Venceu |
MTV Video Music Brasil
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
2012 | Artista do Ano | Ela mesma | Indicado |
Melhor Artista Feminino | Indicado | ||
Melhor Música | "Reza" | Indicado |
Troféu Universo Musical
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
2003 | Melhor Música (MPB) | "Amor e Sexo" | Indicado |
2005 | Melhor Show (MPB) | Balacobaco | Indicado |
Revista Pop
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
1974 | Melhor Cantora | Ela mesma | Venceu |
Revista Fatos e Fotos
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
1981 | Personalidade de 1980 | Ela mesma | Venceu |
Troféu APCA
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
1991 | Melhor Show | Bossa'n Roll | Venceu |
2016 | Grande Prêmio da Crítica | Ela mesma | Venceu |
2016 | Melhor Biografia/Autobiografia/Memória Literatura | Rita Lee: Uma autobiografia | Venceu |
Prêmio Shell
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
1996 | Grande Destaque da MPB | Ela mesma | Venceu |
Prêmio Multishow de Música Brasileira
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
2009 | Melhor Show | PicNic | Indicado |
Prêmio Contigo de Música Brasileira
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
2012 | Melhor Música | "Reza" | Indicado |
Prêmio Quem
Ano | Categoria | Nomeação | Resultado |
---|---|---|---|
2012 | Melhor Cantora | Ela mesma | Indicado |
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