A INVASÃO DA UCRÂNIA E O TEMOR DE UMA 3ª GUERRA MUDIAL

 Explosão de arma nuclear em área urbana ilustrando como seria a ocorrência de uma Terceira Guerra Mundial.

A eclosão de uma Terceira Guerra Mundial teria consequências devastadoras para todos os países envolvidos direta ou indiretamente.

Terceira Guerra Mundial

O temor pela ocorrência de uma Terceira Guerra Mundial aumenta à medida que os conflitos na Europa avançam, e ameaças de uso de armas nucleares deixam o mundo em alerta.

"A Terceira Guerra Mundial é um conflito que poderia ser desencadeado a qualquer momento e envolveria diversos países de dois ou mais continentes. Pensando em um contexto geopolítico atual, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e as recentes ameaças de uso de armamentos nucleares colocaram o mundo em alerta para uma potencial escalada de conflitos que poderia envolver os Estados Unidos e outros países da Otan e também da União Europeia. Analistas preveem que uma Terceira Guerra Mundial seria marcada pela utilização de ogivas nucleares, o que resultaria em uma catástrofe sem precedentes na história da humanidade."

"Resumo sobre a Terceira Guerra Mundial

A guerra entre Rússia e Ucrânia, que eclodiu em 2022, fez ressurgir o temor de uma Terceira Guerra Mundial.


Uma nova guerra em escala mundial aconteceria mediante o uso de armas nucleares, conforme alguns analistas preveem.


Estariam envolvidos países como Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e outros membros da Otan, além de nações integrantes da União Europeia. O envolvimento de países asiáticos, como a China, é incerto.


Existem 13.080 armas nucleares no mundo hoje, das quais 90% pertencem a apenas dois países, que são a Rússia e os Estados Unidos.


No caso do uso de armamentos nucleares, as consequências de uma Terceira Guerra Mundial seriam catastróficas para a humanidade, dado o potencial destrutivo desses dispositivos.


O que pode acontecer se houver uma Terceira Guerra Mundial?

A ocorrência de uma Terceira Guerra Mundial tem sido teorizada há muito tempo por diversos pesquisadores e analistas políticos que se dedicam ao estudo da conjuntura geopolítica, além de políticos e autoridades responsáveis pelas relações internacionais de seus respectivos países. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), momentos de tensão vividos no mundo colocaram todos em alerta sobre uma possível escalada de conflitos, como no caso da Guerra das Coreias (1950-1953), da Guerra do Vietnã e da crise dos mísseis em Cuba.


A recente guerra travada na Europa entre a Rússia e a Ucrânia tornou esse assunto ainda mais evidente, e a forma como o conflito se desenrola fez ressurgir o temor pela eclosão de disputas em escalas mundiais envolvendo países de diversos continentes e com consequências devastadoras."


Veja mais sobre "Terceira Guerra Mundial" em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/terceira-guerra-mundial.htm

"Antes de pensarmos em possíveis acontecimentos em um contexto de Terceira Guerra Mundial, é importante pontuar que algumas análises consideram que a Guerra Fria desempenhou o papel de uma terceira guerra envolvendo diversas nações. Os conflitos, no entanto, se restringiram mais ao campo ideológico, afetando de maneira contundente a diplomacia internacional, em vez de envolver disputas bélicas propriamente ditas.


Os conflitos que hoje se desenvolvem em escala local, mais especificamente na Ucrânia e em áreas de fronteira com o território russo, podem ganhar tração e escalar rapidamente, passando a incluir assim outros países europeus e dos demais continentes. O ataque a nações desencadearia a reação de países aliados, o que faria com que os confrontos atingissem o status de uma nova guerra mundial.


A Terceira Guerra Mundial seria marcada pelo uso de armas nucleares.

Recentemente, foram feitas diversas menções e ameaças com relação ao uso de armas nucleares por parte da Rússia, deixando nações como os Estados Unidos em seu alerta máximo. Assim, os países têm levado essas ameaças a sério, e não tomando-as apenas como blefe do presidente russo. Nota-se, além disso, os contínuos testes de mísseis que vêm sendo realizados pela Coreia do Norte.


Embora especialistas acreditem que os armamentos que possam ser utilizados inicialmente sejam aqueles de baixa potência e ação localizada (as chamadas armas táticas), nada garante que recursos mais potentes e com maior capacidade destrutiva sejam empregados. Assim, uma Terceira Guerra Mundial seria caracterizada pela ampla utilização de armamentos nucleares, como mísseis balísticos, com grande potencial destrutivo.


Leia também: Efeitos das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki


Quais países poderiam estar envolvidos em uma Terceira Guerra Mundial?

Levando em consideração o atual cenário da geopolítica internacional, a Rússia e a Ucrânia seriam os dois países que certamente estariam envolvidos na Terceira Guerra Mundial, como resultado de conflitos locais que surgiram ainda em 2014, com a anexação da Crimeia, e escalaram atualmente para a guerra entre essas duas nações.


Apesar de a Ucrânia não fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os membros dessa organização, como Estados Unidos, Reino Unido, Polônia, França, e também da União Europeia e outros países europeus, como Belarus, poderiam entrar no conflito como forma de defesa ou ainda para tentar conter a escalada das ações.


Existe ainda o apoio chinês dado aos russos, bem como tensões diplomáticas que surgiram entre a China e os Estados Unidos em função de uma visita recente de uma política norte-americana a Taiwan, o que poderia fazer com que o país asiático se envolvesse em um potencial conflito no caso de violação de sua soberania nacional. Levando em consideração a forma como a China tem atuado na geopolítica internacional desde a sua abertura econômica, entretanto, a participação em confrontos de escala mundial não parece provável.


Além de Rússia e Estados Unidos, a deflagração de uma guerra com o uso de armas nucleares poderia resultar no envolvimento de outras nações que ainda mantêm esse tipo de recurso em seu território.


Quais países têm armas nucleares?

Reunimos na tabela abaixo todos os países que têm armas nucleares e a respectiva quantidade de acordo com dados fornecidos pela Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês).


País


Número de armas nucleares que possui


Rússia


6255


Estados Unidos


5550


China


350


França


290


Reino Unido


225


Paquistão


165


Índia


156


Israel


90


Coreia do Norte


40 a 50



Ao todo, existem 13.080 armas nucleares no mundo hoje. Além dos países apresentados, no entanto, há ainda aqueles que armazenam armamentos pertencentes a outras nações. São eles:


Turquia (50 armas);


Itália (40 armas);


Bélgica (20 armas);


Alemanha (20 armas);


Países Baixos (20 armas).


Leia também: Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN)


Possíveis consequências de uma Terceira Guerra Mundial

Para termos uma ideia do poder de destruição dos armamentos nucleares, a ICAN expôs uma estimativa alarmante de que caso uma arma nuclear fosse lançada neste momento em direção à cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, o número de vidas perdidas seria de 583.160, quase 7% dos seus habitantes. Então, uma Terceira Guerra Mundial com a utilização de armas nucleares teria consequências devastadoras para a humanidade.


Analistas indicam que seria um conflito rápido, porém catastrófico, com milhões de fatalidades e um número igual ou maior de áreas completamente destruídas.


A Terceira Guerra Mundial teria ainda como consequência o aprofundamento de crises econômicas, sanitárias e de abastecimento, notadamente de alimentos, atingindo sobretudo as nações menos desenvolvidas economicamente. O rompimento diplomático entre países e a criação de disputas até então inexistentes aconteceria, levando ao isolamento de determinadas nações e à imposição de sanções políticas e econômicas contra elas, uma medida que já vem sendo adotada nesse tipo de confronto, geralmente antes ou depois de ser deflagrado.


O número de sobreviventes que seriam obrigados a deixar seu local de origem seria bastante elevado, da mesma forma como a quantidade de refugiados de guerra que buscariam asilo em outros territórios.


Por Paloma Guitarrara

Professora de Geografia"


 Fonte:https://brasilescola.uol.com.br/geografia/terceira-guerra-mundial.htm

A invasão da Ucrânia e o temor de uma 3ª guerra mundial

Rosalia Romaniec

23/03/202223 de março de 2022

Guerra de agressão da Rússia desperta medo generalizado de um conflito global, talvez nuclear. Não faltam os paralelos com Hitler. Quão concreto é o perigo? Deve-se combater Putin de frente ou ceder a suas ameaças?

 

Quando, em 13 de março, mísseis russos atingiram um centro de treinamento militar próximo à cidade ucraniana de Lviv, deixando 35 mortos, o abalo se fez sentir até na Polônia. Mais 20 quilômetros para o oeste, e a carga teria atingido território polonês e, portanto, um Estado-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Um ataque a um país da aliança é um ataque contra todos – esse é o consenso entre os parceiros. Jake Sullivan, assessor nacional de segurança do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu que o país "defenderá cada centímetro do território da Otan".

Grande parte dos especialistas se recusa no momento a considerar uma Terceira Guerra Mundial, mas há muito está presente o temor de uma escalada nesse sentido.

"A ideia de que vamos enviar equipamento ofensivo e ter aviões e tanques e trens entrando com pilotos e tripulações americanos... isso é o que se chama Terceira Guerra Mundial, OK? Vamos deixar bem claro", declarou Biden recentemente.

Proporcionalmente pequena é a disposição da Otan de intervir diretamente na guerra na Ucrânia, por exemplo declarando uma zona de exclusão aérea: o risco de uma confrontação com a Rússia seria grande demais, alega.

Nuclear ou não, eis a questão

Mas e se de fato se chegar a esse ponto? Uma consequente guerra mundial poderia ser travada de modo "convencional", ou seja, sem armas atômicas, porém seria grande o perigo de ogivas nucleares também serem empregadas.

A aliança ocidental reagiria a armas atômicas táticas – lançadas em palcos de guerra delimitados, com baixo ou médio poder explosivo, fora do território da Otan – de modo diferente que a mísseis nucleares estratégicos, que têm o potencial de reduzir o mundo a cinzas, de um dia para o outro.

Enquanto para alguns analistas as ameaças nucleares do presidente russo não passam de um blefe, outros consideram o ex-agente da KGB capaz de precipitar um apocalipse nuclear.

"Putin não deve esquecer que a Otan também é uma aliança nuclear", argumenta à DW o ex-ministro polonês do Exterior e da Defesa Radek Sikorski. "Ele sabe que não se sobrevive a uma guerra nuclear. O dia em que Putin lançar mão de uma arma atômica será o último da sua vida."

Destruição em Hiroshima por bomba atômica americana
Imagens de destruição em Hiroshima por bomba atômica dos EUA, em 1945, permanecem uma advertência à humanidadeFoto: Reinhard Schultz/imago images

O historiador teuto-americano Conrad Jarausch compara a estratégia do chefe do Kremlin à de Adolf Hitler em 1939: Putin desencadeou um conflito regional e adverte o Ocidente de que "se ele reagir de modo proporcionalmente pesado, vai eclodir a Terceira Guerra Mundial".

No entanto esse automatismo não existe, rebate Stefan Garsztecki, da Universidade Técnica de Chemnitz: "Não é preciso ocorrerem outros estágios de escalada, como em 1939 – contanto que haja oposição maciça." Os conflitos "congelados" na Geórgia e na Moldávia provariam isso.

O cientista político e historiador acredita que a Otan deveria definir "linhas vermelhas" mais claras: "Se houver o perigo de Kiev e Odessa se transformarem num Aleppo [um dos palcos sangrentos da guerra na Síria] europeu, então será preciso considerar mais seriamente uma zona de exclusão aérea.

"É preciso deter essa guerra de modo radical"

Um confronto originalmente regional que desencadeia um conflito global é algo que já ocorreu por diversas vezes na história mundial, lembra Sven Lange, comandante do Centro de História Militar das Forças Armadas Alemãs, em Potsdam. O melhor exemplo foi a Primeira Guerra Mundial.

Para uma guerra mundial, contudo, "a contribuição da Rússia não é decisiva", mas sim como "as duas potências globais, isto é, os EUA e a China", se posicionarão. Lange avalia que no momento Pequim não pode ter qualquer interesse nisso: "Creio que haverá um apoio da China à Rússia, mas não tão maciço que vá redundar num conflito imediato com os EUA."

No Leste Europeu cresce o nervosismo, pois a guerra se aproxima cada vez mais, com ofensivas aéreas russas também no oeste ucraniano. Acumulam-se os apelos para que a Otan envie aviões de combate e feche o espaço aéreo da Ucrânia; assim como para que a Alemanha suspenda o fornecimento de energia pela Rússia, cortando essa fonte de financiamento da guerra de Putin.

Quanto mais ao leste, mais uma escalada parece iminente: "Já estamos todos nessa guerra", declarou recentemente a escritora ucraniana Katja Petrowskaja na TV alemã. "Quem aprendeu alguma coisa com a história sabe que não existe mais possibilidade de deter essa guerra, se não agirmos de modo radical."

Presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin fazem um brinde
"Amizade" entre Xi Jinping e Putin: prenúncio de uma nova ordem mundial?Foto: DW

Putin é o novo Hitler?

Na Alemanha, tais sugestões são recebidas antes com frieza analítica. Para o cientista político Herfried Münkler, da Universidade Humboldt, de Berlim, o mais importante é "delimitar no espaço e no tempo o conflito, para evitar que se alastre num incêndio descontrolado".

A retórica de Petrowskaja vai no sentido contrário: "Isso pode ser compreensível diante dos horrores na Ucrânia, mas acaba resultando em se invocar uma grande guerra com palavras." Münkler, no entanto, não vê no momento uma alternativa responsável para a forma como a Otan está agindo.

Embora o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, assegure que "um por todos, todos por um", os impactos de mísseis hipersônicos não muito longe das fronteiras da Otan despertam medo na região. A visita do presidente americano à Polônia, na sexta-feira (25/03), visa também acalmar o flanco ocidental da aliança transatlântica.

Alguns historiadores já traçam analogias com a Segunda Guerra Mundial, sobretudo no que tange o procedimento de Vladimir Putin: assembleias populares com o fim de legitimar uma anexação, ou a invasão da Polônia pelo Exército Vermelho, em 17 de setembro de 1939, seriam "o mesmo padrão que Putin repetiu na Crimeia e no leste da Ucrânia", segundo o cientista político Garsztecki.

"A partir de 1938, Adolf Hitler promoveu uma revisão da ordem de paz acordada na Conferência de Paris [de 1919], e Putin tenta, de modo semelhante, revisar as consequências da queda da União Soviética", reforça Herfried Münkler.

O político polonês Sikorski chega a fazer uma comparação direta entre os dois autocratas: "Putin é como Hitler antes do Holocausto, mas depois da invasão da Polônia, em 1939." Entretanto Münkler desaconselha tal comparação, "porque ela cria uma indubitabilidade onde ainda não há nenhuma". Além disso, Hitler teria sido impelido por uma ideologia racial que no momento não se percebe em Putin, frisa o historiador.

Fonte:https://www.dw.com/pt-br/a-invas%C3%A3o-da-ucr%C3%A2nia-e-o-temor-de-uma-3%C2%AA-guerra-mundial/a-61236298


Comentários