5 dúvidas frequentes sobre sexo respondidas por especialistas
Você nunca teve um orgasmo ou chegar "lá" é muito difícil para você? Veja a explicação para essas e outras questões comuns de bem-estar sexual
Mesmo nestes tempos cada vez mais positivos para o sexo, o assunto nem sempre é o mais fácil de falar. Talvez seja por isso que o evento Sex Talks, comandado pela escritora e apresentadora Emma-Louise Boynton, em Londres, no qual ela aborda e explica tópicos sobre sexo e corpos com a ajuda de um painel de especialistas, esgota a cada mês.
Tudo começou quando Boynton passou a fazer terapia sexual depois que dois amigos recomendaram em um jantar após ela confessar que não conseguia atingir o orgasmo durante o sexo com um parceiro. “Eu não era sexual e simplesmente não me importava”, ela me diz. “Eu meio que pensei que eu era sexualmente desligada, mas a experiência foi transformadora. Ao contrário da maioria das terapias, onde não há um resultado tangível real, além de se sentir um pouco melhor, é possível ver mudanças concretas com a terapia sexual. No momento em que cheguei ao fim da minha jornada no tratamento, pude ter um orgasmo no sexo com a parceria, o que foi ótimo.”
Tendo sofrido com um distúrbio alimentar desde jovem, a jornada de Boynton com a terapia sexual centrou-se em entender seu relacionamento com o seu corpo depois de ter travado uma guerra constante contra ele por muitos anos. “Eu não via meu corpo como algo que fosse uma fonte de prazer – eu não tinha percebido como os tentáculos dessa – infelizmente muito comum – doença se infiltraram em grande parte da minha vida”, diz ela. “Eu queria criar algo que abrisse o tipo de conversa que eu tinha na sala de terapia sexual para mais pessoas – então eu lancei o Sex Talks.”
Com o objetivo de normalizar e criar conversas honestas sobre sexo e prazer feminino – além de aliviar “preocupações e ansiedades coletivas” – o programa convida vários especialistas a compartilhar suas ideias e oferece aos participantes a oportunidade de enviar perguntas anônimas para o painel. As maiores lições de Boynton de sua própria jornada? “Duas grandes coisas mudaram o jogo para mim”, diz ela. “A primeira foi a percepção de que eu nunca iria gostar de sexo se eu absolutamente detestasse viver em meu próprio corpo”, ela diz francamente. “E então o segundo foi sobre comunicação – algo que meu terapeuta sexual dizia em todas as sessões.”
Abaixo, Boynton revela as perguntas que surgem com mais frequência em suas sessões – e as responde.
Não consigo atingir o orgasmo com sexo penetrativo – há algo de errado comigo?
Não! Isso aparece em praticamente todos os Sex Talks, e acho que destaca de forma tão aguda o quão falocêntrica nossa compreensão geral do sexo permanece. Pesquisas mostram que cerca de 80% das mulheres não podem atingir o clímax apenas com sexo com penetração e a maioria das mulheres (novamente, cerca de 80%) precisa de estimulação do clitóris para atingir o orgamos.
O problema é que, por muito tempo, o sexo heteronormativo, em parceria, foi retratado (na pornografia, no cinema e em toda a mídia), de tal forma que dá primazia ao prazer masculino. Essas representações reforçam uma visão monolítica do sexo (ou seja, que o sexo envolve a penetração vaginal por um pênis) e desconsidera todos os outros aspectos maravilhosos do sexo, como o oral, que pode ser a chave para o prazer. Se você é capaz de atingir o orgasmo de outras maneiras, como por meio do sexo oral, certifique-se de comunicar isso ao seu parceiro sexual, para que ele saiba como fazer você gozar. E se não puder, por que não tentar?
Eu nunca tive um orgasmo – tenho algum problema?
Essa dúvida também aparece muito em Sex Talks e ecoa exatamente o problema que eu tive quando fiz terapia sexual. A primeira coisa que disse ao meu terapeuta sexual foi: “Acho que estou impotente”. O que eu não percebi – e muitas pessoas também não – é que a dificuldade em atingir o orgasmo é realmente muito comum. Aproximadamente 43% das mulheres experimentam algum tipo de disfunção sexual em algum momento de suas vidas, e pode ser devido a muitos fatores totalmente solucionáveis.
Eu tive “anorgasmia situacional”, que é quando você só consegue ter um orgasmo em determinadas circunstâncias, como durante a masturbação ou com um determinado parceiro. Eu entrevistei a brilhante Dra. Karen Gurney sobre isso há algum tempo e ela me disse que a razão mais comum de vermos isso nas mulheres é que “as pessoas não sabem o suficiente sobre como dar prazer a si mesmas, ou não são capazes de comunicar os tipos de prazer que funcionam melhor com um parceiro”.
Outro fator comum que ela observou, é que as pessoas “se distraem durante o sexo, por pensamentos que passam por suas mentes sobre o quão perto estão do orgasmo ou o que a outra pessoa está pensando. Portanto, eles não estão presentes em seu corpo”. Isso realmente mexeu comigo. Depois de ter uma experiência sexual “ruim”, é fácil levar a ansiedade subsequente para futuras experiências sexuais, o que obviamente é uma grande distração.
Se você nunca teve um orgasmo antes ou está lutando por um motivo específico, o melhor lugar para começar é com o prazer próprio. Conheça seu corpo com um ótimo brinquedo sexual e descubra o que é bom e o que não é por conta própria, sem a pressão de outra pessoa. Uma vez que você sabe o que te dá prazer, você fica em uma posição melhor para poder comunicar a um parceiro sexual como ele pode fazer isso. Como meu terapeuta sexual reiterava continuamente para mim, o bom sexo depende da comunicação, comunicação e comunicação.
Sinto que não fico molhada o suficiente quando estou fazendo sexo – o que devo fazer?
Essa pergunta surgiu em uma edição recente no Sex Talks, no qual discutimos a vergonha sexual e como superá-la. Florence Bark, que co-apresenta o brilhante podcast de sexo F*cks Given, disse que seu melhor conselho sobre sexo foi usar mais lubrificante. E eu concordo. Como Florence observou, havia um estigma real ligado ao lubrificante, como se fosse algo que você só usasse se houvesse alguma coisa errada com você. A “umidade” de alguém muda constantemente – ao longo do dia, mês e ano! Lubrificante sempre melhora o sexo – então pare de se preocupar e use muito.
É errado me masturbar quando estou em um relacionamento?
Absolutamente não. Como cofundadora do aplicativo de bem-estar sexual Ferly, Billie Quinlan disse recentemente no Sex Talks: seu relacionamento com o sexo começa com você. Sua sexualidade é uma coisa viva que respira, ela observou, e algo que precisa ser cultivado e nutrido. Masturbar-se durante um relacionamento não implica que o sexo que você está fazendo com seu parceiro não seja bom o suficiente. O prazer próprio é apenas um componente realmente importante do autocuidado e algo que todos devemos tentar e ter tempo, estejamos em um relacionamento ou não.
Tenho vinte e poucos anos e ainda não perdi minha virgindade – estou preocupada que haja algo errado comigo
A noção de “virgindade” é algo da qual precisamos nos livrar completamente porque privilegia um tipo de sexo em detrimento de outros. E se você nunca fez sexo com alguém com pênis, isso significa que você nunca fez sexo? Ao contrário da opinião popular, ser virgem também não é um estado físico, já que seu hímen não se rompe da maneira que muitos de nós fomos ensinados a acreditar. Para alguns, pode se romper quando você tem relações sexuais pela primeira vez, mas essa não é uma experiência universal.
Todos nós crescemos e nos desenvolvemos em ritmos diferentes, e não deveria haver tanta pressão quando você “deveria” fazer coisas sexualmente – a terapeuta sexual Kate Moyle baniu a palavra de sua sala de terapia e a ideia de que você precisa ter relações sexuais até uma certa idade está no topo da lista de “deveria” que precisamos abandonar o mais rápido possível.
Fonte:https://vogue.globo.com/Wellness/noticia/2022/08/5-duvidas-frequentes-sobre-sexo-respondidas-por-especialistas.html
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