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Mortes por coronavírus se aproximam de 200 mil e ONU impulsiona busca por vacina
Superar a pandemia, que
força metade da população a ficar confinada e expõe o planeta a uma recessão
sem precedentes, representará o 'maior esforço de saúde pública da história'
Por AFP
25/04/20 - 10h08
O mundo se aproxima das 200 mil mortes decorrentes do novo
coronavírus, enquanto a ONU une esforços internacionais para encontrar uma
vacina acessível a todos, a única maneira de conter a pandemia, que também
afunda as economias.
Superar a atual pandemia, que
força metade da população a ficar confinada e expõe o planeta a uma recessão
sem precedentes, representará o "maior esforço de saúde pública da
história", disse na sexta-feira o secretário-geral da ONU, Antonio
Guterres.
As vacinas devem ser
seguras, acessíveis e disponíveis para todos, enfatizou Guterres em uma reunião
virtual, na qual participaram os líderes da França e da Alemanha, mas não os da
China, berço da pandemia, nem dos Estados Unidos, que acusam a OMS de não agir
suficientemente cedo sobre a crise.
E, neste sábado,
a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que não há provas de que
pessoas que testaram positivo para a COVID-19 estejam imunizadas, considerando
que os chamados "passaportes de imunidade" podem favorecer a
propagação da pandemia.
"Não há, neste
momento, provas de que as pessoas que se curaram da Covid-19 e que têm
anticorpos estejam imunizadas para uma segunda infecção", apontou em
comunicado.
Enquanto na Europa a curva
de contágio parece entrar em uma fase descendente e na América Latina em uma
ascendente, a OMS lançou uma "colaboração histórica" para acelerar a
produção de vacinas e tratamentos contra a Covid-19, explicou seu diretor,
Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A corrida já começou nos
laboratórios, com meia dúzia de ensaios clínicos, especialmente no Reino Unido
e na Alemanha.
No entanto, uma catástrofe
esconde outra: cerca de 400.000 pessoas podem morrer neste ano de malária
devido aos problemas de distribuição de mosquiteiros e medicamentos que o
coronavírus está causando, alertou a OMS.
No Zimbábue, o número de
casos de malária aumentou quase 50% em comparação com o ano passado.
Segunda onda
A iniciativa da ONU foi
anunciada um dia após a consternação provocada pelo presidente americano,
Donald Trump, ao sugerir que a Covid-19 poderia ser tratada com desinfetante
industrial.
Diante da comoção -
especialistas e fabricantes foram rápidos em alertar contra esse experimento -
o presidente garantiu mais tarde que falou "sarcasticamente".
Os Estados Unidos, que
registraram a primeira morte relacionada ao coronavírus no início de fevereiro,
é o país mais afetado, com 905.333 casos confirmados e 51.949 mortes.
As mortes pela Covid-19 em
todo o mundo já ultrapassam 197 mil, de acordo com um balanço da AFP. E a OMS
continua insistindo que não é hora de baixar a guarda e que uma segunda onda
pandêmica pode ocorrer a qualquer momento.
A Alemanha, um dos
primeiros países da Europa a iniciar o desconfinamento, já se prepara com a
construção pelo Exército de um hospital com mil leitos adicionais em Berlim.
A pandemia também continua
devastando as economias, forçando as autoridades a tentar desenvolver planos
para incentivar a recuperação rapidamente.
O colapso do petróleo,
devido à falta de demanda causada pela desaceleração econômica ligada às
medidas de confinamento, levou o barril venezuelano a US$ 9,9, seu nível mais
baixo em duas décadas.
Mais de 26 milhões de
americanos ficaram desempregados desde meados de março e, segundo previsões do
Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o PIB da primeira economia do mundo
contrairá 12% no segundo trimestre do ano.
Trump assinou na sexta um
novo plano de ajuda de US$ 483 bilhões para pequenas e médias empresas e
hospitais.
Na Europa, os 27 são
incapazes de chegar a um acordo sobre um vasto plano para impulsionar a
economia.
E no setor do turismo,
onde até 75 milhões de empregos estão ameaçados, os países do G20 se
comprometeram na sexta-feira a "apoiar o impulso econômico".
Mesquitas vazias
Nos Estados Unidos, uma
rede de solidariedade decidiu disponibilizar aos profissionais da saúde
motorhomes para que possam ficar perto de suas famílias, mas limitando os
riscos de contágio.
Na Europa, o continente
mais atingido com mais de 120 mil mortes, segundo uma contagem da AFP, vários
países estão começando a diminuir suas restrições, incentivados por indicadores
positivos no número de doentes e falecidos.
A Espanha, que registrou
neste sábado um ligeiro aumento no número diário de mortos, com 378 novos
óbitos (22.902 no total), permitirá que as crianças saiam de casa a partir de
domingo, após seis semanas confinadas.
Na Itália (quase 26.000
falecidos), um ciclista profissional, que deveria estar se preparando para o
Giro, decidiu ser útil e pegou sua bicicleta para trabalhar como entregador em
Collegno, perto de Turim.
Já o mundo muçulmano
iniciou o mês de jejum do Ramadã com restrições às orações nas mesquitas e
refeições compartilhadas.
A maioria dos países
muçulmanos do Oriente Médio, Norte da África e Ásia fechou suas mesquitas e
proibiu as reuniões familiares.
Aumento na América Latina
A América Latina, por sua
vez, está perto das 150 mil infecções e já excede 7.300 mortes.
E o pior ainda está por
vir, de acordo com a OMS, principalmente em países como o Brasil, onde 3.670
pessoas morreram oficialmente da Covid-19, ou México, que excede mil mortes.
No Brasil, onde o
presidente Jair Bolsonaro é acusado de inação diante da pandemia, os habitantes
das favelas decidiram agir.
"A favela precisa
lutar porque, se esperar pelo governo, nunca chegará", explica Thiago
Firmino, um guia turístico de 39 anos que se ofereceu para desinfetar as ruas
da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro.
A Venezuela já anunciou
uma flexibilização da quarentena para crianças e idosos.
Na Argentina, com mais de
3.500 casos e 176 mortes, dezenas de prisioneiros se rebelaram em uma prisão de
Buenos Aires em protesto por um caso de coronavírus, antes de concordar com uma
trégua neste sábado.
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