© Shutterstock
Covid-19. Foram acrescentados
seis novos possíveis sintomas
28/04/20 08:28 ‧ HÁ 10 HORAS
Até ao
momento, tosse seca persistente e febre são os únicos sintomas oficialmente
reconhecidos pela maioria de entidades de saúde internacionais.
A organização
governamental norte-americana Centro
de Controle e Prevenção de Doenças ou US Centers for Disease Control and
Prevention (CDC) acaba de adicionar seis novos sintomas à sua lista de
possíveis sinais de Covid-19, de modo a
ajudar os indivíduos a detetarem a doença
ainda num estágio precoce.
Segundo
a CDC: "pessoas com Covid-19 têm reportado
um vasto leque de sintomas - desde sintomas mais ligeiros a graves".
A organização atualizou agora a sua lista de sinais plausíveis de Covid-19 de modo a incluir: arrepios, tremores juntamente com
arrepios, dores musculares, dores de cabeça, garganta inflamada e perda de
paladar ou de olfato.
Falta de ar foi ainda atualizado para "falta de ar ou
dificuldade em respirar".
Resumindo,
tal significa que atualmente a lista completa
de sintomas da CDC é:
·
Febre;
·
Tosse;
·
Falta
de ar ou dificuldade em respirar;
·
Arrepios;
·
Tremores
juntamente com arrepios;
·
Dores
musculares;
·
Dores
de cabeça;
·
Garganta
inflamada;
·
Perda
de paladar ou olfato.
A CDC alerta que qualquer um destes nove
sintomas pode manifestar-se entre dois a 14 dias após exposição ao novo coronavírus ou SARS-CoV-2.
Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), os sintomas mais comuns de Covid-19 são febre, tosse seca persistente e cansaço.
"Alguns pacientes podem ainda experienciar dores, congestão nasal, garganta
inflamada ou diarreia" pode ler-se no site da Organização Mundial de Saúde
(OMS).
Diarreia, dor de cabeça e perda do olfato, os sintomas ocultos do coronavírus
Além
da febre e tosse, outros sinais da covid-19 devem ser considerados na detecção
dos casos
Pele com problemas de urticária
Quando se adverte à população que fique atenta aos sintomas do coronavírus, três deles são apontados de forma unânime: tosse, febre e problemas respiratórios. Mas não são os únicos. Profissionais da atenção primária afirmam que também devemos prestar atenção a outros sinais. Do contrário, quando chegar o momento de controlar como a pandemia evolui, faltarão dados fundamentais para decidir o ritmo e o alcance da redução do confinamento.
“Desde o início, começamos suspeitar que havia outros sintomas”, diz Ricardo González, diretor do Centro de Saúde de San Fermín (Madri). Ele cita a urticária e a diarreia como dois possíveis indicadores da doença vistos com grande frequência. “Quando chega alguém assim, mandamos para a zona dos respiratórios [área criada nos hospitais da Espanha para casos suspeitos da covid-19]”, afirma, admitindo que os profissionais de saúde trabalham sem protocolos sobre esses sinais, agindo com base no que leem e contam uns aos outros.
Na última sexta-feira, um editorial da revista The British Medical Journal apontou na mesma direção. E, além da perda de paladar e olfato (anosmia), detectada há apenas um mês, a publicação agregou transtornos neurológicos, AVC, desorientação, dor de cabeça, miocardite, trombose e problemas de visão a essas manifestações.
A lista de sinais suspeitos de infecção por coronavírus cresce segundo a experiência de cada profissional. A presidenta da Associação Espanhola de Enfermaria Pediátrica, Isabel Morales, por exemplo, diz que suas colegas de ambulatório comentam sobre a incidência de diarreia, comichão e frieira nas crianças.
“Ainda estamos aprendendo como o vírus se comporta” diz o pediatra Aser García Rada. “Há um mês, a anosmia foi relacionada com o vírus; há 15 dias, alguns colegas advertiram sobre a urticária. O problema é que a extensão e a intensidade dos sintomas são muito amplas. Agora dizemos às pessoas que fiquem em casa se tiverem tosse, febre ou dispneia [dificuldade de respiração], mas há uma semana deixamos que voltassem ao trabalho pessoas que não sabem identificar se sua dor de cabeça se deve ao coronavírus, e isso é um perigo”, afirma. A revista concorda: ignorar essas manifestações pode reativar a o ciclo de transmissões. “Agora podemos ver, em uma mesma casa, que o pai tem a gripe mais forte de sua vida; a mãe, dor de cabeça e de garganta; o filho pequeno, bronquiolite; e o mais velho, uma gastroenterite de uma semana”, diz o pediatra.
Por isso, Rada propõe tratar qualquer infecção aguda como possível Covid-19 até que ela seja descartada pelo teste. “O problema é que não temos os testes”, queixa-se o médico, que é diretor de um ambulatório. Enquanto isso, a detecção desses casos dependerá do olho clínico dos profissionais.
'Pneumonia silenciosa': Traço
misterioso da Covid-19 que intriga médicos
O médico
norte-americano Richard Levitan apercebeu-se de algo bizarro enquanto examinava
doentes com Covid-19 no Hospital de Bellevue, na cidade de Nova Iorque.
© Shutterstock
Num artigo publicado no jornal The New York Times, e
divulgado pela BBC Mundo, o médico conta que apesar de muitos dos
pacientes sofrerem de pneumonia e apresentarem uma oxigenação no sangue de
valor inferior ao considerado normal, ao mesmo tempo não apresentavam qualquer
dificuldade em respirar - tratando-se de algo bastante raro em indivíduos
nestas condições de saúde específicas.
O médico relata ainda a ocorrência de
vários casos de doentes internados por razões diferentes, tais como por
consequência de tiroteios ou acidentes de viação, em que só foi descoberto que
sofriam de Covid-19
depois de terem sido realizadas tomografias ou raios-X realizados.
"Foi isso que realmente
nos surpreendeu: esses pacientes não tinham reportado qualquer problema de
respiração, apesar de raios-X do tórax mostrarem pneumonia avançada e que o oxigénio
estava abaixo do normal. Como é que isto pode ser possível?".
E foi assim que o médico detetou que
a patologia da Covid-19
tem uma singularidade perigosa e deveras peculiar.
"Estamos a começar a reconhecer que a pneumonia da Covid-19
causa inicialmente uma privação de oxigénio à qual chamamos de 'hipóxia silenciosa'
— 'silenciosa' devido à sua natureza traiçoeira e difícil de ser
detectada", argumenta Levitan.
Segundo o médico, na emergência do hospital de Bellevue,
pacientes em estado grave são entubados por diversos
motivos. "Nos meus 30 anos de experiência, entretanto, a maioria dos
pacientes que precisam da entubação de emergência estão
em estado de choque com um estado mental alterado e os seus organismos lutam
desesperadamente para respirar. Muitos estão inconscientes ou a usar cada
músculo que têm para respirar", todavia, no caso da pneumonia de Covid-19,
"é diferente".
A maioria desses pacientes que tratou, diz Levitan,
tinham uma saturação enormemente diminuta de oxigénio, "praticamente
incompatível com vida", mas "surpreendentemente, conseguiam, por
exemplo, estar a falar ao telemóvel".
"Apesar de estarem com a
respiração rápida, não aparentavam aflição, apesar dos níveis baixos perigosos
de oxigénio e de apresentarem pneumonia avançada nos raios-X."
Mas porque é que
este fenómeno ocorre?
Levitan aponta que tanto médicos como
cientistas só estão ainda a começar a perceber como este processo se
desenrola.
Uma explicação possível pode remeter para o facto de que o novo coronavírus ataca
células pulmonares que produzem surfactantes, substâncias que
ajudam os alvéolos a permanecerem abertos entre as respirações e que são
cruciais para o pulmão funcionar adequadamente.
"Contudo, os pulmões permanecem inicialmente
'complacentes', não ficam logo rígidos ou repletos de fluídos.
Como tal, o doente é capaz de expelir dióxido de carbono — e, sem a acumulação
de dióxido de carbono, não experiencia falta de
ar", refere Levitan.
O clínico conta que os pacientes tentam compensar a baixa oxigenação
ao respirar mais rápido e profundamente, sem perceber que o estão a fazer. Isso
gera mais danos no pulmão, o que pode gerar uma insuficiência respiratória
aguda e em última instância ser
fatal.
"A rápida progressão da hipóxia silenciosa para a insuficiência
respiratória explica os casos de pacientes com Covid-19 que morrem subitamente,
sem chegarem a sentir falta de ar", afirma o médico.
A solução pode
estar nos oxímetros
Richard Levitan sugere
a utilização de oxímetros de
modo a identificar os casos de pneumonia provocados pela Covid-19,
previamente a ocorrerem problemas respiratórios.
Simplificando, o aparelho é
similar a uma mola de roupa e é colocado num dos dedos da mão para medir a
saturação de oxigénio no sangue e a frequência cardíaca.
Levitan afirma que são muito fáceis de
utilizar e que simultaneamente são "extremamente confiáveis", e podem
dar um alerta precoce para a pneumonia da Covid-19.
Para o médico nova iorquino qualquer indivíduo
que apresente sinais compatíveis com os da infeção por SARS-CoV-2
deve usar o objeto durante
um período de 15 dias, espaço temporal no qual a doença se desenvolve, com
acompanhamento médico.
Levitan crê que essa ação poderá
evitar com grande sucesso que inúmeros indivíduos deem entrada nos hospitais já
em estado crítico e que necessitem de entubação. Para este profissional
de saúde um aparelho tão simples como o oxímetro pode prevenir
mortes.
© Shutterstock
Covid-19 está a provocar outra
condição misteriosa que está a matar
Médicos
norte-americanos estão a reportar um novo padrão perturbador relativamente a
pacientes infetados com o novo coronavírus, que acabam por morrer devido ao
desenvolvimento de coágulos sanguíneos muitas vezes mesmo após já terem
recebido alta hospitalar.
Entre 20 a 40% dos doentes com Covid-19 internados no
Emory University Hospital no centro da cidade de Atlanta, nos Estados Unidos,
desenvolveram coágulos sanguíneos - mesmo após lhes terem sido administrados anticoagulantes, afirmou o médico Craig Coopersmith ao The Hour.
As declarações do clínico surgem após
outros relatos e rumores de que o vírus de cariz respiratório está a afetar não
apenas os pulmões, mas também o coração, os intestinos, o fígado, os rins e até
o cérebro.
Em entrevista ao jornal britânico DailyMail um
cirurgião cardíaco de Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, nos EUA,
disse que os coágulos são provavelmente responsáveis "por uma elevada
quantidade" de mortes por Covid-19 e afirmou que no hospital
onde trabalha também se está a registar esta tendência, acrescentando que os
coágulos podem ainda estar a causar a morte de pacientes aparentemente
recuperados e que recebem alta hospitalar.
"Uma das coisas que estamos a aprender acerca da Covid-19
é o quanto produz problemas de coagulação - ou seja tromboses (coágulos sanguíneos)
são detetadas tanto
nos grandes vasos como na microvasculatura", explicou
ao DailyMail o
médico Paul Saunders, clínico no Maimonides Medical Center,
também em Nova Iorque.
"Isso tem sido encontrado em vários lugares do corpo - por
exemplo, coágulos sanguíneos presentes nas pernas, nos pulmões, e
particularmente neste órgão registam-se
vastas embolias pulmonares".
A Covid-19
tem uma arma característica e única que lhe permite atacar o coração.
"Contrariamente a outros coronavírus, como a gripe comum,
ao microscópio o SARS-CoV-2
tem uma série de picos proeminentes, e esses picos são pequenas proteínas que
estão à procura de células recetoras às quais se possam
ligar", explicou Robert Bonow, professor de cardiologia na
Universidade de Northwestern,
também nos Estados Unidos.
"Estão especificamente à procura desses recetores nos
pulmões, mas esses mesmos recetores estão instalados
nos vasos sanguínos,
como tal o SARS-CoV-2
associa-se aos pulmões, mas também aos vasos sanguíneos".
"Assim que se alojam nesses vasos sanguíneos das células,
as partículas virais também podem causar danos no músculo cardíaco",
elucidou Bonow.
E assim podem provocar o desenvolvimento de 'estados de hipercoagulação",
fazendo com que os coágulos sanguíneos causem ataques cardíacos
fulminantes.
As primeiras evidências científicas de que o novo coronavírus poderia
ser altamente perigoso para o sistema cardiovascular surgiram na China. Num
estudo conduzido naqueles país, cerca de 20% de 416 doentes hospitalizados com Covid-19
registaram danos no coração.
Saunders acrescentou que, nos
seus pacientes em Nova Iorque, são muitas vezes os coágulos sanguíneos que são
responsáveis por ataques cardíacos.
© Shutterstock
Quem recupera da Covid-19 pode
ficar com danos permanentes nos pulmões
Foi
registada uma diminuição entre 20% a 30% na função pulmonar de indivíduos que
recuperaram da infeção do novo coronavírus.
De acordo com informações divulgadas por médicos do Hospital
de Hong Kong, na China, quem sofreu de Covid-19, pode ficar com
danos permanentes nos pulmões.
Os profissionais daquela unidade de saúde detetaram uma redução da capacidade pulmonar nos doentes que
ficaram curados após contraírem a Covid-19. Registando uma
maior dificuldade em respirar e uma perda de folêgo mais acentuada ao fazerem atividades físicas, como simples caminhadas.
Owen Tsang Tak-yin, diretor do
Hospital Princess Margaret, em Kwai Chung, disse em
declarações ao jornal South
China Morning Post, que os médicos já realizaram consultas de
acompanhamento em pelo menos uma dúzia de indivíduos que recuperaram da infeção provocada
pelo Sars-coV-2.
E que entre esses, três ex-pacientes afirmaram não serem capazes de levar a
cabo atividades físicas
que executavam facilmente antes da doença.
"Ofegam se caminham um pouco mais rapidamente", disse Tsang.
"Alguns pacientes podem ter uma queda de 20% a 30% na função
pulmonar".
Os médicos pretendem agora
submeter esses indivíduos a exames mais elaborados de modo a determinar o nível
de função pulmonar que estes ainda preservam.
Covid-19 pode provocar inflamação
perigosa e irreversível no cérebro
Foram
detetados pelos médicos quadros de encefalopatia necrosante aguda - uma
condição que surge muitas vezes como causa direta da incidência de infeções
virais, em doentes que já se encontravam neurologicamente suscetíveis.
Nos Estados Unidos uma mulher de 58 anos infetada com Covid-19 desenvolveu uma
patologia cerebral denominada encefalopatia necrosante aguda, uma condição grave que pode surgir como
consequência de infeções virais como influenza e neste caso decorrente do novo coronavírus ou Sars-coV-2.
Apesar dos médicos não terem conseguido inicialmente associar
o quadro de inflamação cerebral diretamente à infeção pelo novo coronavírus, a correlação
acabou por se tornar clara quando examinaram um artigo publicado recentemente
na revista científica The Lancet.
No dito ensaio académico, investigadores
apontaram que vários doentes com Covid-19 estão extremamente mais vulneráveis
a padecer de encefalopatia necrosante aguda.
Já num outro estudo publicado no Cureus Journal of Medical Science, médicos
relataram o caso de um homem de 74 anos com Covid-19 com o mesmo caso de inflamação
cerebral.
De acordo com cientistas e médicos, a ocorrência de infeções virais pode provocar uma chamada
"tempestade de citocinas no cérebro". Por outras
palavras, as 'tempestades' inflamatórias que normalmente ajudam o corpo a
combater doenças e vírus descontrolam-se e acabam por agredir
violentamente o tecido infetado, inflamando-o.
“A descoberta é muito importante para todos médicos, enfermeiros
e cuidadores permanecerem atentos a pacientes que apresentem um nível alterado
de consciência", afirmou num comunicado à imprensa a neurologista Elissa Fory, que tratou a paciente norte-americana
de 58 anos.
Este estudo mais recente foi divulgado no periódico científico Radiology.
Comentários
Postar um comentário