"BRASIL É O PAÍS DO FUTURO" E TEM MUITO A ENSINAR AO MUNDO,DIZ O SOCIÓLOGO ITALIANO DOMENICO DE MASI AUTOR DO BEST-SELLER "O ÓCIO CRIATIVO"


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Brasil tem muito a ensinar ao mundo, diz sociólogo italiano


Em livro recente, autor de “Ócio Criativo” defende que Brasil tem um modelo de sociedade à parte do restante do mundo – mas com muito a ensinar a ele, seja desenvolvido ou não

Domenico De Masi, sociólogo italiano
Domenico De Masi: Brasil não pode mais cultivar "complexo de vira lata"  (Divulgação / FSB COMUNICAÇÕES/)

Já está bom de complexo de vira-latas: o Brasil tem um modelo de sociedade próprio com aspectos que poderiam ser replicados de forma positiva em todos os países do mundo. A opinião é do sociólogo italiano – e espécie de acadêmico estrela por aqui – Domenico De Masi, autor do best-seller “O Ócio Criativo”.
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A prova de que ele fala sério é que um dos capítulos do seu mais recente livro, “O Futuro Chegou – Modelos de vida para uma sociedade desorientada”, é dedicado ao Brasil.
Na obra, ele enumera 15 modelos de sociedade que existem ou existiram ao longo da história – que vão do chinês, indiano e greco-romano ao iluminista, católico e industrial – que contém vantagens que poderiam ser absorvidas na construção de um novo modelo social.
A visão extremamente positiva de De Masi em relação ao Brasil não é algo que o sociólogo carregou a vida inteira. Começou em 1998, com uma entrevista à revista Veja que fez seu nome e o número de convites explodir no Brasil.
Seu best-seller, lançado em 2000, acabou vendendo 175 mil exemplares. De Masi virou até cidadão honorário do Rio de Janeiro.
Tornou-se amigos de celebridades e políticos brasileiros, de Oscar Niemeyer a Cristovam Buarque.
Seu site oficial traz uma aba para falar exclusivamente de sua relação com o país.
O modelo nacional de sociedade de De Masi é fundamentado na leitura dos pensadores clássicos, como Sérgio Buarque de Hollanda, Gilberto Freyre, Joaquim Nabuco, Florestan Fernandes, Celso Furtado, e mais.
Sua conclusão é que o Brasil, cheio de desafios pela frente como nação, deve enfrentá-los ciente de que já é um país maduro. A prova, ele considera, é a maneira com que os brasileiros trataram a Copa do Mundo (independentemente da festa que se faz hoje).
“A fim de crescer cultural e politicamente e impedir a corrupção, os brasileiros estavam mesmo dispostos a desistir da Copa, o que para um povo tradicionalmente fanático por futebol, é a demonstração final de maturidade”, defende.
Veja a seguir trechos da entrevista concedida à EXAME.com por email dias antes do começo do mundial.
Por que em “O Futuro Chegou”, lançado no início do ano, o modelo de sociedade brasileira aparece à parte?
Domenico de Masi – O Brasil tem um PIB que o coloca como sétima economia do mundo. Ele pode gabar-se de recursos valiosos fora dos econômicos, cada vez mais escassos no resto do mundo e indispensáveis na construção de um novo modelo de vida, finalmente libertado da hipoteca cultural de Europa e Estados Unidos. Esses recursos, em conjunto, tornam o Brasil diferente de outros países.
Quais são eles e o que têm de original?
De Masi – A pesquisa realizada pelos principais antropólogos e sociólogos brasileiros concordam sobre alguns dos pontos fortes do Brasil: a miscigenação, a mistura abundante de raças com baixa taxa de racismo, o sincretismo cultural, o amor pelo corpo, a socialização, a cordialidade, a musicalidade, a capacidade de assimilar e metabolizar contribuições externas, hospitalidade, alegria, espontaneidade, tolerância, a abertura para o novo e às mudanças.
Há ainda a tendência para lidar com a realidade com sentimentos positivos, movendo-se sem esforço entre diferentes códigos de conduta para reinterpretar regras e linguagens, e considerando fluidas as fronteiras entre o sagrado e o profano, entre o formal e o informal, público e privado, emocional e o racional.
A estes devem ser adicionadas as qualidades culturais de grandes universidades, grandes empresas, grandes projetos. Em suma, o Brasil não pode mais cultivar o “complexo de vira lata”: é de fato um país de primeiro mundo, com os direitos e obrigações que isso implica.
Todos estes aspectos positivos já presentes no modelo da vida brasileiro, agora devem ser adicionados à crescente consciência dos grandes desafios que o país deve enfrentar e superar: a corrupção, a violência, as desigualdades sociais e o déficit educacional.
Os valores que o senhor defende como característicos da sociedade brasileira auxiliam o país em uma trajetória contínua de crescimento econômico e na tentativa de ganhar protagonismo mundial?
De Masi – Os valores que eu defendo como uma característica da sociedade brasileira não foram inventados por mim: são tomados a partir de pesquisas científicas realizadas em colaboração com os principais especialistas brasileiros. Estes valores – estéticos, éticos, culturais – não têm o efeito primário de crescimento econômico, mas o bem-estar social.
No plano econômico, o Brasil já é um importante player global: os países do mundo são 196 e o Brasil tem a quinta maior indústria do mundo. O Brasil deve ter a ambição de se tornar um grande herói da sociedade humana, um modelo de sociedade harmoniosa e feliz.
O Brasil foi bombardeado na imprensa nacional e estrangeira nos preparativos da Copa, principalmente pela incapacidade de realizar projetos e pelos gastos excessivos. Como isso se encaixa aos elogios do nosso modelo de sociedade? 
De Masi – Em todos os países do mundo em que foram feitas Copa, Olimpíadas ou grandes exposições, tem havido escandalosos casos de corrupção. Neste momento, Milão se prepara para a grande Expo 2015. Bem, sete homens de negócios e políticos foram presos por corrupção porque os promotores na Itália são ocupados e muito corajosos.
No Brasil, no entanto, por meses centenas de milhares de pessoas vão às ruas contra a corrupção relacionada às obras públicas da Copa. De acordo com uma pesquisa da Folha de São Paulo, 90% dos brasileiros estão convencidos de que há corrupção na organização do evento. Tudo isso indica que o Brasil é hoje um país maduro, que não pode ser manipulado pela classe dominante.
A fim de crescer cultural e politicamente e impedir a corrupção, os brasileiros estavam mesmo dispostos a desistir da Copa, o que para um povo tradicionalmente fanático por futebol, é a demonstração final de maturidade.
No livro, são defendidos 15 modelos de sociedade e há ensinamentos a serem retirados de todos eles. Que caraterísticas dos demais modelos beneficiariam o Brasil? 
De Masi – Cada um de nós, cada família, cidade, nação e grupo social tem seu próprio modo de vida, mas os grandes modelos de vida – aqueles que pretendem conquistar o mundo inteiro – são poucos e, para serem processados, são necessários séculos de pensamento, lutas e guerras.
Eu escolhi quinze: alguns do passado, como o clássico greco-romano e o soviético; outros ainda vivos, como o japonês, católico, muçulmano. Cada um deles com aspectos positivos e negativos.
Todos os aspectos positivos que eu listo são válidos para serem metabolizados pelo Brasil, dando continuidade a sua tradição antropofágica com que, ao longo dos séculos, tem assimilado e recriado o barroco, o rock, o modernismo.
“O Ócio Criativo” se tornou um best-seller no Brasil. Mas é cotidianamente citado e lembrado por muitos como uma referência à importância da preguiça. Como o senhor responde a essas pessoas?
De Masi – Eu digo a essas pessoas que se querem falar sobre o meu livro, devem primeiro lê-lo. Oponho-me a qualquer forma de preguiça, de passividade, inércia. Meu conceito de ócio criativo não significa “não fazer nada”, mas significa fazer três coisas ao mesmo tempo: trabalhar criando riqueza, estudar criando conhecimento, jogar criando bem-estar.
Cada artista, profissional, professor e aluno, se ama seu trabalho e o faz com prazer, sempre se desenvolvendo, é “ócio criativo”.
Diz uma máxima Zen: “Quem é mestre na arte de viver difere pouco entre seu trabalho e seu tempo livre, entre sua mente e seu corpo, sua educação e recreação, seu amor e sua religião”.

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"O Brasil pode ser exemplo para o mundo"

Filósofo italiano examina a crise da sociedade atual, que ele chama de “desorientada” em seu novo livro, e aponta o país como um modelo a ser seguido para superá-la
Por Maria Carolina Maia
query_builder 20 abr 2017, 18h00

O mundo, já diria um filósofo jônico há 2.500 anos, está em constante transição. Nunca, porém, se viu tão sem norte como nos dias atuais, depois de perder as suas grandes ideologias, solapadas gradualmente ao longo do século XX, e não apenas ficar sem linhas de pensamento a discutir, mas também sem eixos que o sustentem. É essa a tese central de O Futuro Chegou e Alfabeto da Sociedade Desorientada - Para Entender o Nosso Tempo (tradução de Federico Carotti e Silvana Cobucci, Objetiva, 600 páginas, 69,90 reais), livro que o filósofo italiano Domenico De Masi acaba de lançar no Brasil, um de seus lugares preferidos no mundo. Não apenas porque vende muito por aqui – só com os livros publicados pela Sextante, caso do best-seller O Ócio Criativo, soma mais de 180.000 exemplares –, mas porque identifica no país qualidades únicas. Para Domenico De Masi, famoso por sua defesa do ócio tal como os antigos gregos o entendiam e praticavam, o Brasil é, depois da Grécia clássica, o palco onde essa “arte” mais floresceu. Fã do estilo de vida brasileiro, De Masi acredita que o país possa ser uma espécie de guia para o mundo, em sua busca por um modelo de sociedade que o tire daquilo que diagnostica como depressão global.
Na introdução de Alfabeto da Sociedade Desorientada, o senhor diz que o Brasil chama sua atenção porque passou do pessimismo à euforia e agora parece deprimido. A que atribui essas mudanças de humor? Eu acompanho a situação no Brasil pela imprensa e pelos livros, e também viajo com frequência ao país, onde encontro amigos. Há dez anos, eu saía de uma Itália deprimida e desembarcava em um país alegre. Hoje, os dois estão deprimidos, assim como os Estados Unidos e a China. No livro O Futuro Chegou, tentei encontrar a causa dessa depressão. Havia então uma crise do Ocidente, mas agora todo o planeta sente um desconforto crescente. E isso quando vivemos em um mundo em que há de tudo, empresas, exércitos, baús cheios de ouro, igrejas, organismos supranacionais, universidades, tecnologias capazes de nos fazer conectar com todos em tempo real. Há leis e tribunais, liberdade de expressão e movimento. Nunca tantos países adotaram um regime democrático e republicano. Nunca tantas crianças tiveram educação e bem-estar. A humanidade vive mais, a população mundial decuplicou, abolimos a escravidão, fizemos descobertas científicas inimagináveis, escrevemos obras literárias e músicas suaves, inventamos formas de explorar tanto átomos como planetas. Mas queremos entender por que expandimos o fosso entre ricos e pobres, por que exploramos crianças, torturamos prisioneiros, marginalizamos e estupramos mulheres, discriminamos minorias, entregamos o poder a incapazes, destruímos o ambiente, lutamos guerras sangrentas, alienamos e manipulamos os pobres de espírito.
A que se pode atribuir esse paradoxo? De tempos em tempos, nós culpamos o capitalismo, comunismo, a ideologia laica ou o fanatismo religioso, a competição pelo sucesso ou a renúncia à vida tranquila. Diante da contradição, somos forçados a reconhecer que não é a realidade que está em crise, e sim nosso modo de interpretá-la, os nossos modelos explicativos. Porque as categorias mentais construídas no período industrial já não dão conta de traduzir o presente, somos levados a desconfiar do futuro. No entanto, entre todos os países, o Brasil é o menos deprimido de todos, porque, apesar da violência, da corrupção, do analfabetismo e da enorme distância entre ricos e pobres, continua a ser o país mais pacífico do mundo (uma guerra em 500 anos: contra o Paraguai) e o país em que a democracia racial é maior.
Como chegamos a tamanha desorientação atual e que saída o senhor vê para ela? No século XIX, a sociedade industrial, em que a fábrica e a produção em grande escala de bens materiais eram centrais, tomou gradualmente o lugar da sociedade rural, baseada na produção agrícola e no artesanato. Após a II Guerra Mundial, rapidamente se estabeleceu uma nova sociedade, que eu chamo pós-industrial, centrada na produção de bens imateriais (serviços, informação, símbolos). Provavelmente, o impasse em que nos encontramos se deve ao fato de a sociedade pós-industrial atual não estar fundada sobre um modelo existente, um paradigma já desenvolvido e compartilhado. Isso é inédito, não ocorreu a nenhuma sociedade anterior. No século XVIII, no auge do absolutismo e da inquisição religiosa, intelectuais iluministas ousaram e propuseram um modelo de sociedade “burguesa” baseada na razão, liberdade, secularismo e igualdade, enfrentando a perseguição, a prisão e, em muitos casos, até a morte. A social-democracia nasceu dos primeiros modelos de socialistas como Owen e Bernstein. A sociedade soviética foi fundada no modelo concebido por Marx, Engels e Lenin. Finalmente, uma grande parte da humanidade - incluindo o Brasil e a Itália - tem seguido o modelo americano, mas, agora que esse modelo está em crise, para conquistar a felicidade, ou pelo menos a serenidade, deve-se buscar uma nova forma de vida. Mas um modelo não nasce ao acaso e no improviso: ele se funda sobre o espólio de todos os modelos anteriores e requer um esforço sério de análise, imaginação e pragmatismo.
“Apesar do tamanho e da diversidade geográfica, o Brasil tem uma forte homogeneidade cultural e um notável senso de identidade nacional”

Como forjar um novo modelo de sociedade que seja sólido e confiável? Esse é um esforço que precisa ser realizado por intelectuais também, não só por políticos. Sem um novo modelo social, ousado e abrangente, nós nunca seremos capazes de distinguir o que é bom e do que é mau, verdadeiro e falso. Na confusão geral, podem surgir charlatões sem escrúpulos e capazes de manipular. O caso de Trump, nos EUA, é um exemplo perigoso dessa tendência.
O senhor dedica muitas páginas ao Brasil no novo livro. Acha mesmo que o estilo de vida brasileiro é único? Eu estudei na Itália e na França. Giro o mundo por causa do meu trabalho. Adoro o Brasil. Para mim, o estilo de vida brasileiro está entre os treze modelos mais originais e interessantes de sociedade já que a humanidade foi capaz de desenvolver e testar. Apesar do tamanho e da diversidade geográfica (28 vezes maior do que a Itália) e apesar da variedade de grupos étnicos (diz-se que mais de quarenta), o país tem uma forte homogeneidade cultural e um notável senso de identidade nacional. Aproximei-me do Brasil com a humildade que merece. Viajei bastante por ele, li com admiração diligente os melhores textos de história, sociologia e antropologia de pensadores como Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Buarque, Joaquim Nabuco, Paulo Prado e Gilberto Freyre, discuti com seus melhores intelectuais, conduzi às minhas próprias custas uma pesquisa sociológica para fazer uma projeção de como será a cultura brasileira em 2025 (Caminhos da Cultura no Brasil, Sextante, 2015). O Brasil, dizia Tom Jobim, “não é um país para iniciantes”, e estou ciente disso. Se coloco lado a lado o modelo brasileiro, o indiano, o chinês, o japonês, o greco-romano, o católico, o protestante, o muçulmano, o iluminista, o liberal, o comunista, o socialista e o pós-industrial, é porque estou convencido de que é uma cultura, material e imaterial, um tipo único brilhantemente examinado e teorizado por intelectuais brasileiros, que poderia oferecer à sociedade globalizada atual um excelente exemplo para inspirar o seu próprio caminho.
O senhor vê de fato uma cultura de tolerância étnica no Brasil? Muitos estudiosos brasileiros chamam isso de “mito da democracia racial”, que teria surgido com Gilberto Freyre. Comparamos as relações inter-raciais em dois países: o Brasil e os Estados Unidos, que se definem como portadores e guardiões planetários da democracia. Para impor essa alegada primazia, carregam seus exércitos e despejam suas bombas pelo mundo, apoiando ditaduras onde havia democracias (como aconteceu no Brasil e no Chile) e também apoiando democracias onde havia autoritarismo (caso da Alemanha, Itália e Iraque). Internamente, eles ainda têm um racismo profundo e incurável: basta pensar que em alguns estados foi proibido o casamento entre brancos e negros até o fim do século XX; ou no assassinato de Martin Luther King e de negros por policiais brancos. O Brasil nunca se propôs como campeão da democracia racial, embora o casamento entre brancos, índios e negros tenha consentimento desde sempre, o tratamento dos negros pelos brancos tenha sido sempre melhor do que o praticado nos Estados Unidos, e dezenas de grupos étnicos vivam juntos de forma mais pacífica e solidária que nos EUA. Gilberto Freyre pode ter adoçado em demasia as relações entre senhores e escravos, entre a casa grande e a senzala. Mas não há dúvida de que as relações inter-raciais no Brasil são menos conflituosas do que no resto do mundo.
No capítulo sobre o ócio, o senhor diz que o Brasil, depois da Grécia clássica, é o lugar que mais soube fazer do ócio “uma arte refinada e coletiva”. Por que diz isso? Eu respondo com um exemplo. Se compararmos o senso estético e criativo de um grande arquiteto brasileiro, como Oscar Niemeyer, com o senso estético e criativo de um grande arquiteto suíço e racionalista, caso de Le Corbusier, compreendemos a essência refinada, suave, sinuosa da arte brasileira que surge precisamente do ócio criativo. Diz Le Corbusier: "A linha reta é a diretriz ideal do tráfego; é a cura, por exemplo, de uma cidade dinâmica e vibrante. Tortuosa é a estrada do burro, reta a do homem. A estrada curva é um resultado arbitrário, o resultado do acaso, do descuido, de um fazer puramente instintivo”. Niemeyer responde: "Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura e inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, na mulher favorita, nas nuvens do céu e nas ondas do mar. De curva é feito todo o universo. O universo curvo de Einstein". Quando falo de ócio criativo, não quero dizer preguiça, inércia, mas a capacidade de conjugar trabalho (com o qual produzimos riqueza) com estudo (com que produzimos conhecimento) e diversão (com que temos bem-estar, felicidade). Da música de Villa-Lobos à de Chico Buarque, das pinturas de Portinari às de Tarsila, da arquitetura de Lucio Costa à de Paulo Mendes da Rocha, quase todos os frutos da criatividade brasileira derivam do ócio.
Foto: Adriano Vizoni/Folhapress
Brasil ainda é o país do futuro’, diz sociólogo do ‘ócio criativo’

Sociólogo italiano do ‘ócio criativo’ acredita nas potencialidades do país, para quem faltaria apenas um governo mais capaz

Por Lucas Ferraz — Para o Valor, de Roma
13/03/2020 05h01  Atualizado há 4 horas

Para De Masi, o traço indígena é a característica mais interessante do Brasil: “Eles se dedicavam à contemplação da natureza, não deveriam acumular grande riqueza, que já estava no meio ambiente” — Foto: Lucas Ferraz/Valor

Para De Masi, o traço indígena é a característica mais interessante do Brasil: “Eles se dedicavam à contemplação da natureza, não deveriam acumular grande riqueza, que já estava no meio ambiente” — Foto: Lucas Ferraz/Valor

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