Mandalas: poderosos elementos de cura
Mandalas Terapêuticas
“As mandalas simbolizam um refúgio seguro da reconciliação interior e da totalidade”. (Jung, 1973)
Segundo Jung, o arquétipo predominante na humanidade é o da desintegração, por isso, justificava a importância de construirmos mandalas, “como um elemento de cura específico – oferecido pela psique”.
As formas circulares são amplamente encontradas na Terra e no Cosmos, seja como signo (planetas, células, átomos, representações artísticas), assim como significado (órbita, circulação sanguínea, rituais). Segundo estudos em diversos campos da ciência, o círculo foi uma das primeiras formas a ser representada pela espécie humana. Esta familiaridade simbólica acabou sendo projetada nas diversas estruturas criadas pelo homem – forma de proteção, abrigos, moradias, templos, cúpulas, etc.
“Quando criamos uma mandala, geramos um símbolo pessoal que revela quem somos num dado momento.”(J.Kellog)
De acordo com uma revisão a partir de Green – 2005, a expressão mandala provém de uma palavra em sânscrito, que significa, círculo. Porém, de acordo com sua origem etimológica (manda = essência e la = conteúdo) também é entendida como “o que contém a essência” ou “ a esfera da essência” ou ainda “o círculo da essência”.
“Consideremos por um momento a nossa origem. Crescemos a partir de um pequenino ovo redondo, abrigado no útero de nossa mãe. Neste, somos circundados e firmemente apoiados num espaço esférico. Quando chega a hora de nascer, somos empurrados para baixo num canal tubular por uma série de músculos circulares e chegamos ao mundo através de uma abertura também circular… A experiência subliminar do movimento em círculos, como a memória do útero da mãe, está codificada em nosso corpo. Assim, estamos pré-dispostos a reagir ao círculo.” (Fincher, 1991)
Segundo Jung, ela representa o Self “a totalidade da personalidade, que, se tudo vai bem, é harmonioso” (Jung – 1965; apud Fincher, 1991).
Para Jung,
(…)“a mandala é a premonição de um centro da personalidade, uma espécie de ponto central dentro da psique com o qual tudo está relacionado, pelo qual tudo é organizado e que é em si mesmo uma fonte de energia. A energia do ponto central manifesta-se na quase irresistível compulsão e ímpeto de tornar-se aquilo que de fato se é, assim como todo organismo é levado a assumir a forma característica da sua natureza, não importam as circunstâncias. Esse centro não é sentido ou pensado como o ego, mas, se assim se pode dizer, como o Self.” (Jung – 1973; apud Fincher, 1991)
Desde os primeiros registros da humanidade, os círculos estão presentes. O contato e a observação dos ciclos da natureza eram determinantes das formas de subsistência, o que e quando coletar, as temporadas de caça e procriação destas fontes de alimento, a construção de abrigos, a disposição ao redor do fogo, as estações, reguladas pelos ciclos de maior ou menor exposição ao Sol ou Lua e toda a ritualística criada em torno destes astros.
“Esses corpos celestes circulares podem ter servido aos nossos ancestrais como símbolos naturais, modelando a consciência e ajudando os seres humanos a desenvolver seu pensamento além dos níveis puramente instintivos. Na Dinamarca existem antigas gravações que sugerem o avanço em direção à consciência individual do eu a partir da mente grupal instintiva.” (Fincher, 1991)
A presença do círculo nas civilizações neolíticas seguiram estando presentes nas civilizações da Europa, África, Pacífico Sul e Índia. Nestas civilizações, os rituais de adoração ao Sol e à Lua, distinguiam-se em gêneros feminino e masculino, estando os sacerdotes relacionados ao “Deus Sol” e os rituais femininos, à Lua, em consonância ao Yin/Yang, Expansão/Introspecção, Razão/Emoção, Futuro/Passado.
O ancião Dakota, Alce Negro, disse,
“Tudo o que o Poder do Mundo faz é feito num círculo. O céu é redondo, e eu ouvi dizer que a terra é redonda como uma bola, e as estrelas também. O vento, em seu maior poder, rodopia. Os pássaros fazem seu ninho em círculos, pois a religião deles é a mesma que a nossa. O sol se levanta e se põe novamente num círculo. A lua faz a mesma coisa, e ambos são redondos. Até as estações formam um grande círculo em suas mudanças, e sempre voltam novamente para onde estavam. A vida de um homem é um circulo da infância até a infância, o mesmo acontecendo com tudo onde o poder se movimenta.”
John Augustus Knapp 1853 – 1938 foi um famoso pintor ocultista que representou o ciclo de nascimento – morte – renascimento, representando o círculo, nas formas e movimentos de suas obras, como a apresentada a seguir,
O círculo também adquiriu importância essencial para a orientação espacial. Traçar rotas e percursos, no qual o corpo e sua lateralidade, também era empregado. Os trajetos tinham uma importância fundamental para sobrevivência de povos e civilizações. Delimitar extensões para a demarcação de fontes de água e identificação de fontes de alimentos, principalmente os sazonais, era fundamental e a linha do horizonte, visualizada de acordo com a perspectiva possível de visualização a partir de montanhas, árvores, ou outras estruturas definidas a partir de determinada altura.
“Faz um círculo ao redor do homem e da mulher e desenha fora dele um quadrado e fora do quadrado um triângulo. Faz um círculo ao redor dele e terás a pedra dos filósofos.” Tratado Alquímico – Rosarium Philosophorum
A orientação também foi definida pela posição e movimentação das estrelas (constelações). Estas, além de orientação, também eram relacionadas a representações, divindades, etc. reverenciadas em rituais. Estes astros também se movimentavam de forma circular. A partir de séculos de observação, astronomia e astrologia surgiram. A movimentação dos astros no firmamento passaram a representar a forma como nos movimentamos na Terra.
A influência das formas circulares na arquitetura, as padronizações arredondadas e quadradas, são também encontradas nas mandalas. A referência de destaque neste sentido, são as mandalas tibetanas (thangkas), que além dos círculos e quadrados, trazem elementos diversos, com destaque às divindades que são representadas sempre na região central. A forma de observação meditativa destas mandalas também é circular, principalmente com os olhos, que seguem um roteiro circular, da extremidade ao centro, representando um movimento em direção à consciência e ao progresso/desenvolvimento espiritual. Tucci (1961) relaciona o surgimento das mandalas a “uma necessidade intrínseca do espírito humano” que o leva à introspecção.
Hildegarda Von de Bingen, em seu livro, Obras Divinas, representa, através de suas visões, representações simbólicas, em formato de mandalas de 10 Visões, apresentadas em três partes,
- (Quatro visões) onde descreve e representa a estrutura do Universo – a criação dos anjos, dos homens, as forças da natureza que atuam sobre seu desenvolvimento, círculos, astros, constelações e a relação dos homens com estas.
- (Uma visão) onde descreve e representa as partes que compõem o mundo (05) divididas em aspectos de luz e sombra, a relação anjos, homens e Deus, Gênesis, Igreja, Encarnação, Evangelho, O Filho de Deus e o Espírito Santo.
- (Cinco visões) onde reúne os aspectos relacionados à presença e à ordem de Deus.
Em uma de suas frases, Hildegarda Von de Bingen descreve os movimentos circulares do Ser em ascensão e integração cósmica…
“Eu também sou a vida ardente da substância divina, ardo acima da beleza dos campos e brilho na água e vago no Sol, na Lua e nas estrelas, assim como com o vento aerado… Eu sou a vida que mantém tudo, me excita todo Ser vivente. O ar que vive realmente no verde e nas flores; no fluxo das águas que estiveram vivas, e no Sol que vive verdadeiramente em sua glória, e na Lua minguante que se inflama pela luz do Sol… as estrelas também brilham em sua luz como se estivessem vivas… e por isso sou o poder do fogo oculto em tudo, e o acendem através de mim.” (tradução própria)
Joan Kellog, estudou ao longo de décadas mandalas de diversas origens culturais e assim, deu continuidade aos estudos de mandalas de Jung. Ela percebeu que a mandala nos ajuda a recorrer a reservatórios inconscientes de forças que possibilitam uma reorientação para o mundo exterior.
Neste sentido, as mandalas são ferramentas de autoconhecimento que orientam e conduzem o Ser para uma ampliação da percepção, a partir de si mesmo, e em integração e consonância com o Cosmos. Suas aplicações são diversas. Empregada à meditação é, conhecidamente, seu uso mais tradicional, mas é também uma ferramenta de estudo, de cura e de reconhecimento de processos psicológicos e mentais.
De acordo com Kellog, quando elaboramos espontaneamente mandalas, sejam estas construções conscientes ou inconscientes, mais autenticamente facilitamos a cura de feridas, conduzindo à desintegração aspectos menos bons de nosso self, reintegrando, por fim, nossa personalidade à nossa essência.
Texto e arte por: Daniela Monteiro
International Therapist Registry 11393
Psicoterapia Transpessoal
Fonte:https://www.guialivreser.com.br/mandalas-terapeuticas/
MANDALAS PARA CRIANÇAS: A PINTURA TERAPÊUTICA!
Caracterizam-se por ser muito coloridas, geométricas com base em desenhos simples ou sagrados. A sua construção é livre e variada, podendo ter várias cores, materiais, ou até uma construção feita em areia.
São completos centros de energia com a finalidade de equilibrar, purificar e transmutar o mundo externo e interno. Perfeitas para promover o estado meditativo ou introspectivo quer dos adultos ou das crianças.
Porque não promover a concentração (que parece ser uma grande dificuldade que as crianças de hoje enfrentam) com uma atividade tão simples mas tão profunda que é a construção e pintura de Mandalas?
Se reparar, quando as crianças se distraem naturalmente começam a rabiscar nos cadernos e a maior parte desses rabiscos fazem muito lembrar estes desenhos geométricos.
Se pelo contrário o seu filho é calminho e mais quieto, a Mandala vem como uma energia extra para o espevitar e alegrar.
Para as crianças mais agressivas, mais medrosas ou problemas de motricidade, o uso de Mandalas promove o estado de relaxamento da mente que ajudam a transformar as experiências traumáticas, os medos e as tensões e com isso desenvolver uma auto estima saudável.
Como utilizar com crianças:
– Nas salas de aula antes de um exame ou teste, porque como envolve pintura e cor, aumenta a criatividade e a calma. Ou ainda em casa antes de fazerem os seus trabalhos de casa, tranquiliza e concentra as energias necessárias.
– Nas paredes de hospitais ou clínicas de pediatria. Promovem um estado mais calmo que ajuda a um maior equilibrio emocional da criança doente;
– Como terapia (construindo/pintando) ajuda a desenvolver um estado de espírito mais calmo, mas paz interior e a intuição. Além disso é um ótimo meio para o processo de crescimento pessoal e espiritual.
– Com folhas, galhos, grão ou feijão seco
– Com tintas, lápis de cor ou caneta
– Com material reciclado
– Com muita imaginação
Mandalas para colorir: (clique e imprima e divirta-se com os seus filhos!)
Muita Luz!
Fonte:https://criancasdeluz.wordpress.com/2014/02/10/mandalas-para-criancas-a-pintura-terapeutica/
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