POMBAGIRA, QUEM É ELA?
Cada Orixá africano é, originalmente, de divindade andrógina, que ao desembarcar na América foi perdendo pouco a pouco essa característica e se fragmentando, na mistura sincrética com os santos católicos. Cada orixá masculino tem seu equivalente feminino, a própria Iabá. Não faz exceção a essa regra o temido e incompreendido Exu, que se reflete na carnal Pombagira.
'Pombagira' é o feminino de 'Bombojira'. Na África não existe nenhum Orixá com esse nome, Pombagira é uma entidade nascida no Brasil, uma deformação do nome Bombojira.
'Pombagira' é o feminino de 'Bombojira'. Na África não existe nenhum Orixá com esse nome, Pombagira é uma entidade nascida no Brasil, uma deformação do nome Bombojira.
Pombagira é uma energia muito material, é o pensamento de uma Iabá que se torna fenômeno; mas há Pombagiras que trabalham sob ordens de orixás masculinos.
Pombagira é uma "prostituta cósmica": a sua matriz é um enorme buraco negro que nunca será sexualmente saciado. Ela é a sedução de Oxum, a belicosidade de Iansã, e, às vezes, a castidade de Nanã; tem uma energia tão poderosa e diversificada, que pode ser dividida em partes tão variadas e diferentes que parecem claramente opostas.
A personalidade Pombagira se identifica na "senhora" da sexualidade, do prazer e do orgasmo; espírito que se invoca de modo que cada menor perversão, cada vontade mais secreta, se torne realidade.
Pombagira é tudo isto e muito mais, ela realiza os desejos e não só os sexuais. Há manifestações dela que, girando na vibração de Omulu, são especializadas na resolução de doenças graves, outras são capazes de resolver fracassos financeiros.
É a parte mais material e instintiva presente em todas as Iabás, seu braço direito, sua carnalidade:
a mulher de sete Exus, porque um homem apenas não pode satisfazê-la, e sete assume um valor que transcende o matemático. Pombagira é Lilith, aquela que não se submete ao homem; é uma falange.
Cada sete Exus tem uma Pombagira. Ma se cada Exu é infinito, quantas são as Pombagiras? Muitas.
Pombagira influencia mulheres e homens em seu aspecto sexual e mental: a paixão e a excitação.
Pombagira é a mulher que luta pela emancipação e reconhecimento de seus direitos; é a empregada astuta que se faz casar com o patrão e ser mantida para sempre, sem precisar trabalhar.
Pombagira é a mulher cansada de estar sob o marido e toma as rédeas do jogo, muda as regras, desfazendo um equilíbrio que perdeu o significado. É a mulher que sabe seu caminho de volta nesse mundo, que parece estar sempre mais forte; é a filha, a amante, a esposa que quer conquistar uma melhor posição social. Pombagira é o “poder gay”, a luta daqueles que sempre viveram nas sombras e querem sair, conquistar espaço e, finalmente, respirar.
“Você quer... Paixão, dinheiro, sexo? É comigo mesma!”, parecem dizer as imagens que a representam; “Não tenha medo, se jogue!”.
Pombagira não é Oxum, nem Iemanjá: não pede explicações nos pedidos feitos a ela, não faz julgamentos, não diz "não é certo" ou "é imoral".
Pomba Gira concede e espera ser recompensada. Não aceita desculpas a esse respeito.
“Seja sincero consigo mesma(o)” - parece sussurrar – “Quer aquele 'perna de calça' mesmo sendo casado?
Quer eliminar um rival? Quer trepar com alguém do mesmo sexo?
Diga, grite a tua vontade! Eu sou a tua vontade! “
A energia da Pombagira é a do sexo pelo prazer, sem procriação; é a Kundalini, a luz vermelha que pode, ora aquecer, ora queimar.
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