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No fim das contas
As contas passam pelas mãos de milhões de fiéis em todo o mundo sob forma de rosários. Estes instrumentos de oração, feitos de contas de diversos materiais, pontuam rituais e fazem com que os homens tenham acesso ao plano divino.
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Usado como pulseiras ou rosário de 108 contas, o shu zhu encerra na tradução do seu nome um significado poético: pérolas de Buda. Na tradição religiosa, o rosário é gerador de força positiva, potencializada pela repetição contínua do nome de Buda. Ele remete à iluminação, a uma vida sem limites e plena de felicidade.
A capacidade de gerar concentração e energia é expressa na própria história do shu zhu. Conta-se que, entre os discípulos de Buda, havia um especialmente confuso e distraído, incapaz de absorver ensinamentos ditados pelo mestre. Para auxiliá-lo, Buda pegou algumas sementes da árvore bodhi (espécie vegetal comum na Índia) e enfileirou-as num cordão. Buda recomendou ao discípulo que se concentrasse no seu nome sempre que desfiasse o shu zhu. A mente do aluno foi tornando-se cada vez mais clara e seu coração cada vez mais alegre. Depois de algum tempo, ele recebeu a graça da grande iluminação. Por isso, até hoje, os fiéis usam o shu zhu, feito de sementes de bodhi, de sândalo, de jade e de cristal.
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Na vertente budista nascida no Tibete (país localizado ao norte da Índia), o mala também é um elemento religioso de destaque. É usado continuamente pelos fiéis, em especial durante os retiros, onde são recitados nada menos que 100.000 mantras. A repetição desses sons sagrados nos leva ao estado original da mente, libertando-a da torrente de pensamentos que nos aprisiona. Segundo a tradição, deve ser feita a repetição dos mantras, uma, três, sete ou 108 vezes.
Os rosários tibetanos são considerados mais poderosos se forem ativados por um mestre, recebendo assim sua energia pessoal. Essa ativação é feita com um sopro e com a repetição de mantras. Após a repetição dos sons sagrados, o mala é esfregado entre as mãos para ativar a energia acumulada na prática religiosa e dirigi-la a todas as criaturas vivas do universo ou a alguém em particular.
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A noção de que um instrumento de orações possa conter a energia de quem o manipula também existe numa tradição bem próxima à nossa, a católica. A antiga tradição católica recomenda que um rosário, que tem três vezes o tamanho do terço, seja feito de madeira escura, com crucifixo de madeira e de metal, com uma medalha de Nossa Senhora pendurada entre as contas. A peça deve ser benta e de uso exclusivo do sacerdote – ninguém pode tocá-la.
A madeira, tem o poder de armazenar energia, principalmente se for escura. Com a prática das orações, o rosário fica impregnado de força, daí que vem o antigo costume de padres ofertarem seus rosários aos noviços. Assim, eles transferiam seu poder espiritual aos jovens religiosos.
Na tradição cristã, existem mais de setenta tipos de rosários, com materiais e números de contas variáveis. Monges ortodoxos gregos, por exemplo, usavam rosário de lã negra com 100 bolinhas feitas do mesmo fio. Repetiam o nome de Jesus ininterruptamente, assim como fazem os budistas com o nome de Buda. A palavra Jesus – Yeshua, em aramaico – quer dizer Deus Salva e contém sons sagrados. Repetir constantemente essa frase guarda em si muito poder.
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Os adeptos da Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino, grupo religioso de umbanda de São Paulo, preferem chamar de guias os fios de contas sagrados. Segundo eles, servem para proteger e manter boas energias. As contas são feitas de pedras ou materiais naturais, e cada pessoa tem seu rosário particular, confeccionado com as cores correspondentes ao nível de desenvolvimento espiritual e à vibração energética. Por exemplo, um praticante de sexto nível, considerado estágio de grande espiritualidade, recebe rosário feito de fios e contas de aço, simbolizando os planetas sagrados. Esse metal é empregado porque contém muito carbono, elemento que passa a vibrar em sintonia com o carbono que compõe o corpo humano. Para os adeptos da Ordem, as guias coloridas de plástico e miçangas têm valor de proteção apenas psicológico e não energético, condição que só poderia ser ativada com materiais naturais.
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O tasbi, como é reconhecido o rosário muçulmano, podem ser feitos de diversos materiais como de madeira, madrepérola, metais e pedras preciosas, com ricos significados dentro das astrologia islâmica, como também existem tasbis feitos de caroço de azeitona polidos ou de plásticos fosforescente. O material não importa, o fundamental é a repetição incessante dos nomes e qualidades de Deus.
Ao escolher um nome – que pode ser traduzido, por exemplo, como Santificado, Louvado ou Deus é maior –, deve-se repeti-lo 99 vezes. Essa prática religiosa pode ocorrer em vários momentos do dia, conforme a vontade de quem reza. É como se fosse uma prece perpétua do coração. E toda oração nada mais é do que uma recordação de Deus e da nossa profunda relação com Ele.
Fonte: Bons Fluidos, Ed. 12, Editora Abril
No fim das contas somos todos iguais:
SHALOM*
(Carlinhos Brown)
O mundo indivisível
Ralé, religiões
E manifestações
Vidas comuns
Na lente do invisível
Aonde os pingos vão
É, por destino, ao chão
Quem vem retornará
Me dê a mão de sabão, de sabão, de sabão, de sabão
De violão, viola, violão, viola, violão
E de shalom, de shalom, de shalom, de shalom, de shalom
Me dê a mão de favo de feijão e deixe a missa lá
Na missa Alah de shalom
Na de Krishna de shalom
Na de Oxalá de shalom
Na de Buda de shalom
Vem Maria, vem aqui
Encher a vida de paz
Sobre a família o pão
Livra os presos da prisão
Corre estradão caminhão
Córregos pro litoral
Escorre esta lenda canção
Dá margem pro marginal
Pode colher da calma
Ao leste das manhãs
O mundo é puro e são
Igual teu rumo luz
* Shalom é uma palavra de origem hebraica que significa “paz”
Fonte:https://www.comprazen.com.br/blog/1/253/no-fim-das-contas-rosario-japamala-shu-zhu-tasbi-espiritualidade-oracao-mantra-nosso-blog
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