Regras de Vida de Gurdjieff
O sistema de Gurdjieff parte do pressuposto de que os homens estão dormindo, são máquinas ambulantes que não sabem o que fazem. Isto porque o que geralmente achamos que é o "eu" é, na realidade, um conjunto de "eus" que povoam nossa mente, por isso temos que controlá-los através dos "eus-de-trabalho" e assim evitar cair na imaginação que, segundo Gurdjieff, nos afasta da presença.
O homem "desperto", aquele que tem consciência de si, é raro. Muitos pensam que têm consciência, porém sequer imaginam do que isso se trata. Sempre que indagado sobre a reencarnação, Gurdjieff desviava a conversa para outro foco. Um aforisma que sempre repetia era de que a "alma é um luxo". Em outras palavras, temos que conquistar níveis superiores do ser através de uma profunda busca pelo auto-conhecimento e de uma contínua busca pelo equilíbrio das energias positiva e negativa da própria natureza. O homem dotado de consciência ou vontade é muito raro.
Gurdjieff costumava lançar mão nestas ocasiões de uma alegoria oriental: a alegoria da carruagem. Nesta representação simbólica a carruagem é o corpo físico, os cavalos são os sentimentos, o cocheiro é a mente, e dentro da carruagem está o verdadeiro habitante, que é o EU Interior. No indivíduo comum estas partes estão dissociadas e muitas vezes o cocheiro não consegue empregar muito bem os arreios, conduzindo os cavalos. Além disto, o passageiro dentro da carruagem não consegue dar ordens ao cocheiro da direção a ser tomada, e deste modo a carruagem segue parcialmente descontrolada para um rumo que ninguém previu, terminando sempre, é claro, na morte.
Regras de Vida por Gurdjieff:
O homem "desperto", aquele que tem consciência de si, é raro. Muitos pensam que têm consciência, porém sequer imaginam do que isso se trata. Sempre que indagado sobre a reencarnação, Gurdjieff desviava a conversa para outro foco. Um aforisma que sempre repetia era de que a "alma é um luxo". Em outras palavras, temos que conquistar níveis superiores do ser através de uma profunda busca pelo auto-conhecimento e de uma contínua busca pelo equilíbrio das energias positiva e negativa da própria natureza. O homem dotado de consciência ou vontade é muito raro.
Gurdjieff costumava lançar mão nestas ocasiões de uma alegoria oriental: a alegoria da carruagem. Nesta representação simbólica a carruagem é o corpo físico, os cavalos são os sentimentos, o cocheiro é a mente, e dentro da carruagem está o verdadeiro habitante, que é o EU Interior. No indivíduo comum estas partes estão dissociadas e muitas vezes o cocheiro não consegue empregar muito bem os arreios, conduzindo os cavalos. Além disto, o passageiro dentro da carruagem não consegue dar ordens ao cocheiro da direção a ser tomada, e deste modo a carruagem segue parcialmente descontrolada para um rumo que ninguém previu, terminando sempre, é claro, na morte.
Regras de Vida por Gurdjieff:
1. Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho, no máximo.Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atividades.
2. Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é uma desgaste enorme.
3. Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.
4. Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.
5. Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual, por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser você mesmo.
6. Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos.
7. Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.
8. Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
9. Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.
10. Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.
11. Familia não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.
12. Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso a trava do movimento e da busca.
13. É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros. Não adianta estar mais longe.
14. Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.
15. Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.
16. Competir no fazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo... para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.
17. A rigidez é boa na pedra, não no ser humano. A ele cabe firmeza.
18. Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.
19. Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.
20. Entenda, de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: você é o que fizer de si mesmo.
2. Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é uma desgaste enorme.
3. Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.
4. Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.
5. Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual, por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser você mesmo.
6. Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos.
7. Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.
8. Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
9. Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.
10. Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.
11. Familia não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.
12. Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso a trava do movimento e da busca.
13. É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros. Não adianta estar mais longe.
14. Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.
15. Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.
16. Competir no fazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo... para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.
17. A rigidez é boa na pedra, não no ser humano. A ele cabe firmeza.
18. Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.
19. Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.
20. Entenda, de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: você é o que fizer de si mesmo.
A alma é um luxo
Seu nome era George S. Georgiades ─ antes de ser George Ivanovitch Gurdjieff. Natural de Alexandropol, [atual Leninakan ou Gyumri] na Armênia, que na época pertencia ao antigo Império Russo Czarista.
O ano de seu nascimento é incerto, algo em torno de 1860, 1880 ou, ainda 1866 ou 1872, como defendem alguns de seus discípulos [mas a data do passaporte é 1877]. Seu nome, Gurdjieff, possivelmente refere-se ao termo gurdjis, denominação dada pelos muçulmanos que viviam na região da Georgia próxima à fronteira com a Armênia.
Os primeiros passos de sua formação intelectual foram cursos de preparação para o sacerdócio, no seminário de Alexandropol. Mas não foi adiante com a idéia de ser padre e decidiu estudar medicina, profissão que exerceu por dois anos antes de deixar o Cáucaso para empreender sua mística jornada em busca do Conhecimento.
Viveu algum tempo em em Kars, cidade do nordeste da Turquia, capital da província homônima. Considerando a si mesmo como grego-armênio, empreendeu numerosas viagens em busca de conhecimento místico-esotérico. Durante 20 anos, transitou entre o norte da África [Egito, Marrocos, Etiópia], Ásia Central, Oriente Médio, Índia e muitos outros lugares tão fascinantes quanto exóticos.
Falava várias línguas do leste europeu: russo, turco, grego, armênio. Pouco se sabe de sua juventude exceto o que ele mesmo conta em Meetings With Remarkeable Men [Encontros Com Homens Notáveis], como a formação do Grupo Buscadores da Verdade e a pesquisa das tradições místicas de vários povos. Nessa época obscura de sua vida, formulou a Doutrina do Quarto Caminho [expressão popularizada pelo discípulo Ouspensky], reunindo ensinamentos budistas, sufistas, hinduístas, e cristãos-ortodoxos
Gurdjieff chamava a atenção por sua energia intensa e estranha.
Era como um dínamo humano; um vulcão vivo em erupção constante. Destemido, versátil e sobretudo, foi alguém que soube lidar admiravelmente com as situações adversas: pobreza, revolução, exílio, hostilidade dos midia e escárnios de seus inimigos.
No Egito, teria entrado em contato Sarmoung Brotherhood. Esta irmandade, de existência mítica, senão duvidosa, é adepta da tradição Sufi ou tradição dos Dervixes ─ considerada como espécie de misticismo islâmico [ou, melhor dizendo, dos povos e cultura árabes]. Os Dervixes são praticantes de rituais fechados aos não-adeptos, muito reservados. Gurdjieff é um dos poucos ocidentais conhecidos que, segundo o próprio Gurdjieff, teve acesso à cultura destes místicos.
Em 1912, saindo de Tashkent [Tasquente, capital e maior cidade do Usbequistão, país da Ásia Central, ex-república soviética, fronteira sul com o Afeganistão] chegou a Moscou, onde casou com a condessa Julia Osipovna Ostrowska e logo formou um grupo de discípulos, entre eles, Peter Ouspensky [1878-1947, filósofo e psicólogo russo] ─ que se tornou o maior difusor da Doutrina do Quarto caminho no Ocidente. Em Moscou, Gurdjieff ensinava o tinha aprendido em suas peregrinações e nos muitos anos de profunda meditação espiritual. [Podia ter entre 35 e 42 anos, segundo sua duvidosa data de nascimento. Este pesquisador acredita que Gurdjieff escondia idade de propósito]
Música
Ainda na Rússia, em 1914, trabalhava em The Struggle of The Magicians [A Guerra dos Magos], uma peça de balé. Neste período, começou a se envolver mais seriamente com a música e a dança. Mas foi somente em 1916 que o compositor russo Thomas Alexandrovich de Hartmann [1885-1956, de Kiev, Ucrânia] e sua mulher Olga [que tornou-se secretária pessoal do Mestre por vários anos] tornaram-se seus discípulos. Foi um tempo que agregavam-se em torno dele cerca de 30 pupilos. Porém, a revolução [russa] interrompeu sua trajetória na Rússia.
Em 1917, Gurdjieff partiu de Petrogrado de volta para o lar de sua família em Alexandropol. Não ficou por lá muito tempo. Durante a Revolução Bolchevique Gurdjieff, temporariamente, estabeleceu comunidades de estudo em Essentuki, na região da Cordilheira do Cáucaso, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio; havia comunidades ─ e discípulos, em Tuapse, Maikop, Sochi e Poti, todas cidades no litoral do Mar Negro, sul da Rússia. Em Essentuki ele conheceu o artista Alexandre Salzmann e sua mulher, Jeanne; também estes tornaram-se seus pupilos.
1918 ─ Essentuki também se tornou inóspita, sob forte ameaça de um conflito civil. Para sair dali Gurdjieff fez uma ampla publicidade apresentando-se como cientista de passagem que brevemente estaria partindo em uma expedição rumo Monte Induc. Foi embora da cidade acompanhado de 14 pessoas. Viajou de trem para Maikop onde mais contratempos atrasaram sua jornada em três semanas.
Thomas de Hartmann teve um papel fundamental no desenvolvimento do trabalho musical de Gurdjieff. Embora não fosse um músico, Gurdjieff tocava teclado, gaita e violão. Foi corista na catedral de Kars e, em suas muitas viagens, estudou os estilos e formas musicais da Ásia e do Oriente Médio. Tinha especial interesse em cantos mantricos. Voltar-se para a dança foi um movimento natural. Na vida Gurdjieff, junto com as músicas rituais das diferentes culturas que conheceu, vieram as danças transcendentais, danças religiosas, das quais ele se tornou um Mestre. Chamava-as Danças do Templo.
Danças Sagradas
Em 1919, mudou-se para Tbilisi [capital e maior cidade da República da Georgia] seguido por seus discípulos mais próximos. Ali, com a supervisão de Jeanne Salzmann, Gurdjieff fez a primeira demonstração pública de sua Dança Sagrada ─ Movements, no Tbilisi Opera House. Foi em Tbilisi que Gurdjieff criou seu Institut For The Harmonious Developed of Man.
1920 ─ novamente a situação política era inquietante. Lá se foi Gudjieff com sua trupe, em peregrinação ─ a pé, para Batumi [capital de Adjara uma República autônoma da Georgia], na costa do Mar Negro e, dali, para Istambul [antiga Bizâncio e Constantinopla, maior cidade da Turquia]. Em Istambul, alugou um apartamento próximo a um monastério [tekke] da Mevlevi Order of Sufis [fundada por Jalal al-Din Muhammad Rumi ─ 1207-1273, persa do território que hoje pertence ao atual Afeganistão, poeta, jurista islâmico, teólogo e místico]].
Neste monastério, Gurdjieff, Ouspensky e Thomas de Hartmann experimentaram a sema [transmissão da tradição ─ que envolve orações, música, dança e outras atividades rituais] na cerimônia dos The Whirling Dervishes [Dervixes Rodopiantes, referindo-se à dança cerimonial dos Sufis]. Foi com ajuda de Hartmann que ele compôs cerca de 300 peças musicais. Muitas dessas músicas foram feitas em consonância com seus endinamentos e ideologias, fortes e ritmadas.
França-EUA
Entre 1921 Gudjieff deslocou-se para a Europa Ocidental onde ministrou palestras e mostrou seu trabalho em várias cidades, como Berlim e Londres. Em 1922, re-estabeleceu o Institute For The Harmonious Developement of Man, no Prieuré des Basses Loges em Fontainebleau [pequena cidade localizada na área metropolitana ao sul de Paris]. O Instituto foi fechado em 1933 mas Gurdjieff continuou com seus discípulos em Paris até sua morte.
A partir de 1924, o guru visitou a América do Norte várias vezes. Ali apresentou a Dança Sagrada em Nova Iorque e Chicago. Ainda em 1924, sofreu um acidente de carro enquanto dirigia sozinho de Paris a Fontainebleau. Seu estado era grave, com risco de morte. Sob os cuidados da mulher e da mãe, contrariando a expectativa dos médicos, teve uma recuperação lenta e dolorosa. Ainda convalescente e começou a escrever All and Everything. Em 1925, sua mulher contraiu câncer e apesar da radioterapia e dos tratamentos heterodoxos de Gurdjieff, ela morreu em 1926.
Em 1935, de volta à Paris, morando no nº6 da Rue des Colonels-Rénard, continuou ministrando seus ensinamentos durante toda a Segunda Guerra Mundial. Morreu em 1949, no American Hospital, em Neuilly-sur-Seine [6,8 km a oeste de Paris], França. Foi sepultado no cemitério de Fontainebleau-Avon.
Pensamento
Para alguns, ele foi um gênio, um ser quase sobrenatural. Outros porém, consideram-no pouco mais que um charlatão carismático e, em certa medida, talentoso e sua doutrina, as idéias que propagava eram meras filosofias populares envoltas no estilo entre nebuloso e lacônico de uma linguagem mística.
As linhas gerais, que poderiam definir os ensinamentos de Gurdjieff, precisariam de metade de uma vida ou mais para ser assimiladas. Eis algumas idéias: Preguiça e hábito são os piores inimigos da Humanidade. Devemos estar sempre, o tempo todo, alertas contra o automático, o robótico. Precisamos buscar, procurar, perseguir o Novo, o diferente, a dificuldade e os desafios.
Porque para a maioria de nós, o Tempo parece tão longo e lento na infância e tão curto e rápido quando ficamos adultos? Responde Gurdjieff que isso acontece porque na infância todas as coisas são uma novidade. Observamos tudo com olhos interessados, ouvimos com ouvidos interessados. Ainda não formamos muitos hábitos. Nada é automático para uma criança pequena.
Segurar um lápis requer um pensamento deliberado e cuidadoso. Esboçar um desenho requer atenção, concentração. Quando crescemos, habilidades como escrever à mão ou à máquina tornam-se automáticas... depois de um tempo, tudo! [o que é cotidiano, freqüente] se torna automático! Pense em andar de bicicleta, dirigir um carro, voar em aeroplano, começar um novo trabalho, saltar de pára-quedas, pela primeira vez. Estamos realmente vivos nessas ocasiões. Concentrados em cada detalhe [FANTHORPE].
Consciência ─ O pensamento de Gurdjieff detêm-se em buscar ou descobrir o lugar da Humanidade no Universo; a importância do desenvolvimento das potencialidades, poderes latentes no homem. Gurdjieff segue a tradição ocultista e, quando fala em faculdades adormecidas, potencialidades, algo existente porém não manifestado, refere-se a estados de consciência desconhecidos do homem mediano contemporâneo. São os chamados estados elevados de consciência que despertam a percepção dos corpos superiores que coexistem no Ser humano.
A escola de Gurdjieff adota uma ação holística para que o discípulo possa alcançar tal estado superior de consciência-percepção; ou seja, ele acredita que a evolução depende de atos, ações de cada indivíduo e que essas ações devem contemplar o exercício do controle de todos os aspectos e corpos do Ser humano o físico, o emocional e o mental
O Homem Trino ─ A chamada concepção Trina do Homem. [Existe uma que Séptupla ou Setenária].
Mas segundo a concepção Trina, o Homem é:
1. um animal com suas necessidades instintivas;
2. uma alma, uma personalidade, um corpo astral, com suas necessidades culturais, seus aprendizados, hábitos, vícios;
3. Um Eu Superior, Ego Superior, o Mental, a Inteligência, o Espírito em sua condição plena: livre! Ou na lamentável condição que, neste mundo, é a experimentada pela maioria das pessoas: condição de escravo que caminha adormecido em meio à ilusão [embriagado por maya...]
O fato é que não há novidade no ensinamento de Gurdjieff. Como ocultista, ele é mais um valoroso mestre do auto-conhecimento. Seu mérito tem uma natureza perfeitamente coerente com suas lições: movimento, ação. Em sua época, Gurdjieff desenvolveu um método próprio de Iniciação do pupilo nos saberes das ciências humanas no ocultismo, muito dinâmico, ele se apóia em tradições seculares, milenares até, usando o corpo em movimento e a música para conduzir seus discípulos ao despertar para das três dimensões do
Ser: mental, astral-emocional, física.
Adormecidos
Conforme informa Peter Ouspensky, foi o próprio Gurdjieff quem descreveu seu sistema teórico-prático de auto-conhecimento-desenvolvimento como O Quarto Caminho. É o quarto em relação a outros três caminhos ou métodos místico-metafísicos que têm o mesmo objetivo, o auto-conhecimento. A ênfase no auto-conhecimento é um clássico da formação de um verdadeiro ocultista, especialmente para aqueles que desejam descobrir, possuir e controlar os poderes ou faculdades metafísicas latentes em todo projeto de ser humano tem. [Quando tais faculdades são dominadas, aí o sujeito pode, enfim, talvez, se considerar um Ser Humano]. Ninguém torna-se Mago sem disciplina, esforço e conhecimento pleno de Si-mesmo.
Pela necessidade de Esforço Consciente na busca pela auto-evolução o ensinamento de Gurdjieff é entendido como O Trabalho. Gurdjieff preferia este termo à expressão Quarto Caminho. Exceto se for um Avatar [uma divindade manifestada em matéria inferior, encarnada voluntariamente], as pessoas deste planeta não possuem alma ao nascer! O que têm é uma consciência gerada por um processo de socialização.
É um tema complexo, especialmente porque a palavra alma é usada com grande amplidão de significados, tanto na linguagem comum quanto no meio ocultista. No caso de Gurdjieff, tudo indica que ele usa a palavra alma como sinônimo de Espírito. Seria, então, mais correto dizer que os homens encarnados, limitados por corpos inferiores, possuem, ou melhor, SÃO Espíritos precariamente desenvolvidos.
Ao longo de sua vida em estado de encarnação [aprisionamento] a pessoa [a individualidade, indivíduo] pode e deve buscar o auto-desenvolvimento do seu verdadeiro Ser, que é Espiritual [e livre]. Se nada faz para se desenvolver, o Homem-Espírito, ao morrer, continuará sua Existência em um estado letárgico, não desperto. Estes homens morrem como cães!
Os homens nascem em um estado de consciência enevoado, confuso. Não estão despertos ao nascer; ao contrário, estão adormecidos. Ao longo do desenvolvimento ordinário do corpo, desde muito cedo submetida às técnicas de socialização, a consciência tende a se acomodar e a se manifestar pelos automatismos aprendidos. A percepção é superficial; os sentidos restringem-se à recepção dos estímulos mais grosseiros. O mundo é experimentado apenas em sua realidade aparente, superficial, mayavica [ilusória].
O estado de vigília que a Humanidade conhece é, meramente, outra forma de sono. O ensinamento de Gurdjieff propõe, justamente, o Despertar por meio do movimento; movimento que é uma vibração, pela percepção sensorial da música; movimento que é deslocamento no espaço, pela dança ritual.
Os Três Caminhos
A busca do Conhecimento e de Auto-Conhecimento são tão antigos quanto o primeiro cintilar de consciência do Eu Sou; portanto, ninguém sabe há quantas Eras os homens buscam o saber de si mesmos e do seu em torno. Ao longo dessa jornada os povos, as nações, culturas, desenvolveram ao menos Três Caminhos para alcançar a meta dourada, a pedra filosofal dos Alquimistas, o Poder! sobre o Si Mesmo e um decorrente controle do meio. Como se o objetivo do Ser Humano fosse realizar o projeto mágico: Reinar sobre si mesmo para reinar sobre a Natureza ou como poder-se-ia entender na entrelinhas do ensinamento de Jesus: Buscar primeiro o Reino de Deus; o resto vem por acréscimo. O enigma e definir Reino de Deus...
Os Três Caminhos são o resultado do conhecimento acumulado durante milênios por três tradições milenares. São os Três Caminhos:
1. O Caminho do Faquir ─ É duro. É o caminho do Corpo. O faquir obtém o auto-controle ou pretende obtê-lo submetendo o corpo ao Espírito por meio da imposição de dor. Submetendo o Instinto à Vontade pela negação completa da satisfação do instinto. Eles podem ser vistos na Índia, hoje, com seus braços atrofiados, suspensos Voluntariamente a 30 anos! Porque o faquir é um tirano para o corpo e deles vem a tradição de alcançar a Iluminação por meio da mortificação. Buda Sakyamuni ao ver esse faquires de braços atrofiados e outros, mutilados de todo o tipo, refletiu, meditou, e achou uma péssima idéia.
2. Caminho do Monge ─ Ou a monja. É o caminho do Coração para os que buscam a santidade porque somente obterão santidade por meio do controle de si mesmos; porque neste caminho a prática é submeter as afeições; negar, evitar até transformar em alguma outra coisa o desejo por tudo aquilo que é mundano: seja a comida, seja a riqueza, seja o sexo, seja o amor romântico ou mesmo o amor fraternal. Transubstanciar-se em Eu Divino e Eterno pela negação desse mesquinho Eu Humano, tão efêmero.
Então os monges e monjas se afastam do mundo, especialmente das diversões do mundo, das coisas que dispersam os sentidos, envenenam o pensamento e abalam a esfera emocional. Recolhem-se em orações, que são sempre mantras, sejam hindus ou cristãs-católicas; e quando estão nas ruas, entre as gentes, estão como Servos, à Serviço do Criador; serviço que consiste em prestar assistência às Suas Criaturas.
3. Caminho do Iogue ─ É o caminho da mente. O iogue combate os hábitos mentais. Porque a realidade é maia, é ilusão; porque tal ilusão é criada pelo torvelinho de pensamentos, o iogue se concentra em dominar os próprios pensamentos, deter o fluxo aleatório de idéias. Para o iogue a capacidade de pensar é como um belo e poderoso cavalo selvagem perdido a galopar sem destino em todas as direções do plano mental.
O cavalo tem de ser domado. Uma vez que iogue consiga controlar o corcel dos seus pensamentos, poderá transformar sua realidade a partir de transformações no plano mental, das idéias. Porque o invisível e impalpável, a idéia, é o modelo e matriz do visível e palpável. E assim tudo é maia, é ilusão porque tudo pode ser modelado através da força do pensamento dirigido. Em termos populares, o Caminho do Iogue é a conhecida doutrina do pensamento positivo, tão travestida e maquiada mas sempre a mesma nas prateleiras dos livros de auto-ajuda.
Quarto Caminho ─ Caminho do Trabalho
O Quarto Caminho pretende reunir por combinação as virtudes dos Três Caminhos da Tradição. Significa que o Quarto Caminho é trabalho simultâneo do corpo, do ser astral [emoções] e da mente [idéias, pensamentos]. É um caminho que pode ser trilhado por pessoas comuns no transcorrer de uma vida comum; o Quarto Caminho não exige retiros no deserto nem habilidades acrobáticas. Gurdjieff define o quarto caminho como um aprendizado que demanda uma forte responsabilidade individual sobre o resultado:
O Quarto Caminho difere dos outros porque sua principal exigência ou pré-requisito é o que o discípulo entenda o que está fazendo. Um homem não deve fazer nada que não entenda, que não faça sentido para ele. Poucas exceções pode abrir quando está sob a supervisão de seu mestre. Quanto mais um homem entende o que está fazendo melhores resultados vai obter de seus esforços. Esse é um princípio fundamental do Quarto Caminho. Os resultados de um Trabalho são proporcionais à consciência [entendimento] que se tem desse Trabalho [WIKIPEDIA English].
Como toda educação holística metafísica séria, o Quarto Caminho não é fácil e, por isso, não é para qualquer um ─ embora pudesse ser, teoricamente, trilhado por qualquer um. Mas não é qualquer um que está interessado em auto-conhecimento, especialmente se isso custa esforço e disciplina de muitos anos [ninguém se iluda com fórmulas rápidas].
Gurdjieff dizia que o conhecimento sagrado de seu sistema transformacional não é secreto mas a maioria das pessoas, simplesmente, não está interessada. Os capazes de se empenhar no Trabalho são cinco de vinte de vinte [Gurdjieff apreciava matemática] ou seja, somente 20% das pessoas pensam regularmente e seriamente sobre a realidade [essência]. Destes 20 % ─ apenas 20% decidem fazer alguma coisa sobre o assunto [buscar conhecer a realidade]; e desses 20%, minguados 5% chegaram ou chegarão, de fato, a alguma ação concreta ─ ou uma pessoa entre 500! [WIKIPEDIA English].
Reunindo a Caminho do Faquir [Tradição Sufi], o Caminho do Iogue [Tradições Hindu e Sikh ─com adeptos na região do Punjab, entre o Paquistão e a Índia] e o Caminho do Monge [Tradições budista e cristã entre outras], o Quarto caminho torna-se um ponto de encontro e interação destas diferentes técnicas e práticas de auto-conhecimento e auto-desenvolvimento.
Essa aproximação das Escolas ocultistas, religiosas, metafísicas e de auto-conhecimento vem acontecendo ao longo dos séculos. Porém, todas se mantém limitadas a uma estrutura didática baseada na relação Mestre-discípulo que seguem um caminho bem definido e classificado. Gurdjieff reivindica para o Quarto Caminho a originalidade:
1. de não ser um Caminho permanente;
2. romper com a rigidez da relação Mestre discípulo.
O Trabalho
Quando o corpo se revolta contra o trabalho, a fadiga imediatamente se instala. Não é o momento de descansar, pois isso seria dar a vitória ao corpo.
Não descansem quando o corpo tem vontade de descansar; não lhe dêem ouvidos. Mas se o mental sabe que o corpo deve descansar, faça-o.
Para isso se deve aprender a distinguir a linguagem do corpo da linguagem da mente...
Gurdjieff, 1922
Os ensinamentos de Gurdjieff referem-se às numerosas esferas do Ser: Consciente, Subconsciente, Consciência e Remorso, Funções do Corpo Físico, Corpos Superiores, Auto-atenção [monitoramento de si mesmo], Conhecimento e Entendimento, Essência Livre do Ser e Personalidade Condicionada, Leis Universais, História do Homem, linguagem, Hipnotismo, Músicas e Danças Sagradas, as Fraquezas Humanas e outros aspectos ─ além de duas concepções sempre destacadas por seu comentadores: o Eneagrama e o Raio da Criação.
Na prática, o Trabalho do discípulo inclui numerosas atividades que parecem simples ao serem enunciadas porém são de difícil execução sobretudo porque, exigem algo cada vez mais raro na têmpera dos homem pós-modernos: a capacidade de cumprir rituais disciplinares ─ capacidade de disciplina. As técnicas de Gurdjieff são muito próximas daquilo que os Mestres da Alta Magia ocidental chamam de Adestramento do Mago:
Auto-observação ─ Trata-se de prestar atenção, desapaixonadamente, friamente, em si mesmo; tomar consciência dos porquês do si mesmo: comportamentos, hábitos mas, sobretudo, prestar atenção [meditar e entender!] nos próprios pensamentos, sentimentos, sensações que, a cada momento desencadeiam justamente aqueles comportamentos e hábitos [inclusive hábitos mentais] que transformam pessoas em autômatos, sonâmbulos assustadiços, algo inferior ao que se entende como Ser Humano.
Esse exercício, [que no teatro os mestres da Cena chamam policar-se] é precioso primeiro passo rumo ao auto-conhecimento e decorrente auto-controle; e aqui vale lembrar que, apesar da juventude nebulosa, não é difícil perceber uma estreita relação de Gurdjieff com as artes cênicas e, ainda, pode-se assinalar a estreita earcana relação entre artes cênicas e rituais místicos-metafísicos-religiosos. Meditemos...
Exercício da Divisão da Atenção ─ Capacidade de atentar para mais de um objeto simultaneamente e eficientemente. Divisão da Atenção É a habilidade de manter a atenção dividida porém igualmente concentrada/alerta para mais de um objeto: por exemplo, um objeto externo X e um pensamento determinado ou seja, em um objeto visível e outro ideal, um concreto outro abstrato.
Exercício da Lembrança de Si Mesmo ─ É a capacidade de jamais perder a plena, viva, forte consciência do Eu. É a auto-consciência em grau ideal constante e permanente. Nos períodos de vigília, durante o ia, é muito freqüente que as pessoas percam ou fiquem anestesiadas da consciência de Eu. Na auto-consciência permanente a pessoa vê o quê é visto sem se distrair do fato de que se Si mesmo está atuando em ver.
[É curiosa essa prática gurdjieffiana na contra-mão dos exercícios ou objetivos recomendados por outros Mestres que ensinam o distanciamento do Eu, o esquecimento do si mesmo ao ponto de um observador tornar-se uno com a coisa observada. Como pesquisadora de ocultismo e an old monkey nessas dialéticas tão rasas, acredito que ambos os exercícios são proveitosos na busca do auto-controle. Meditemos...]
Exercício do Esforço ─ Gurdjieff defende que o resultado depende do esforço consistente; e define o consistente como o exaustivo, até a pessoa sentir que não poder mais; então, aí mesmo é o esforço a mais se torna a superação e a libertação que fortalece o Eu Superior.
Exercício do Reconhecimento do Múltiplos Eus ─ O homem livre é UM Ego Superior. O homem condicionado é um corpo e uma mente que abriga muitos Eus. E cada um deles pede a palavra: eu quero aquilo, eu acho melhor de tal modo; ou, pior, eu estou com fome, eu estou cansado, eu estou feliz, etc.. Todas essas percepções de eu, de Si Mesmo se sucedem rapidamente ao longo do dia, ao longo da vida, muitas vezes incompatíveis entre si, causando grande confusão interior porque perdeu-se a Unidade de-e-em Si Mesmo.
Exercício do Relaxamento ─ Muito popular, hoje, no ocidente. Todo mundo já ouviu falar em relaxamento, na necessidade de relaxar porque as tensões psicológicas, numerosas nesta pós-modernidade, refletem-se no corpo e no todo do Ser. As tensões recorrentes enrijecem os músculos como se as pessoas estivessem congeladas em uma postura sempre pronta para ataque ou fuga!
O Raio da Criação
Os ensinamentos de Gurdjieff não se restringiram ao Trabalho do auto-conhecimento, mesmo porque, o auto-conhecimento não exclui, ao contrário, solicitado o conhecimento do em torno. E em, torno, o meio é o Cosmos. Fiel ao principio ocultista que identifica o homem como microcosmo, o sistema [de auto-conhecimento] de Gurdjieff para, necessariamente pelo entendimento do macrocosmo.
Por isso, Gurdjieff se detém no ensinamento de sua cosmologia esotérica, cujos fundamentos, obviamente, foram extraídos de tradições arcaicas ─ como é característico da proposta deste mestre e de tantos outros mestres ocultistas do período e mais além até os nossos dias.
Sim! Note-se que mesmo as novidades pós-modernas da auto-ajuda e do auto-conhecimento, do relaxamento, dos trabalhos com corpo, todos exercícios psicológicos-terapeuticos reivindicam credibilidade argumentando que seus métodos resgatam e atualizam tradições muito antigas, muitos exóticas e atrativas com seu cheiro de incenso e seus ambientes decorados com peças legítimas! do oriente.
Em sua cosmologia esotérica Gurdjieff explica a formação do Universo com a teoria do Raio da Criação. Esse Raio não é novo na História das Idéias e a reapresentação da idéia por Gurdjieff não é nem a melhor nem a mais original; porque o Raio é a conhecida Emanação do Uno que abriga em Si o mistério ontológico de também ser Três; emanação desta Trindade [Santíssima Trindade] que multiplica em Todas as Coisas ou, como se expressa Gurdjieff, em todos os Mundos.
O próprio Gurdjieff, apesar de incorporar aos seus ensinamentos tradições espirituais do extremo oriente, da Ásia Central etc., referia-se ao seu sistema místico-religioso como um cristianismo esotérico. [Lembre-se, porém, que o próprio cristianismo não foi, em essência, original; Jesus, o portador da mensagem, esse sim, foi original no modo pelo qual apresentou e defendeu, até o fim, a doutrina que, chamada cristã, poderia ser definida como doutrina do amor incondicional. Meditemos...]. Eis algumas idéias da cosmologia gurdjieffiana:
Toda religião parte da mesma afirmação: Deus é o Verbo e o Verbo é Deus. ...Quando o mundo [aqui referindo-se a este planeta] ainda não existia, havia emanações, havia Deus Verbo. Deus Verbo é o mundo [mundo=criatura cujo Criador é Deus e o meio divino, Verbo].
Tomemos o Raio da Criação. Em cima, o Absoluto, Deus Verbo. Ele é um em Três: Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo. ...A Três forças ou princípios, oriundos do Absoluto criaram toda a multidão de Sóis, um dos quais é o nosso Sol. Tudo tem emanações. ...Isso é verdadeiro para o homem, para a Terra e para o micróbio. [Pai=Idéia=criador, Filho=Criação, Espírito=sustentação da criação e da relação Criador-Criação]
...As emanações dos Sóis... dão origem a novas formações. O resultado de uma dessas combinações é a nossa Terra e a combinação mais recente é a nossa Lua. [Eis aqui a polêmica questão da Lua: um fragmento que se desprendeu da Terra em colisão cósmica remotíssima; um corpo celeste aprisionado pelo campo gravitacional Terrestre; para os teósofos, um cadáver, um planeta morto, do que um dia foi a matriz [por emanações, claro!] desta mesma Terra e ambas relacionam-se trocando fluidos astrais e interagindo com suas respectivas forças gravitacionais].
Nesta cosmologia no Princípio, era o Absoluto Detentor do Raio! E e o Verbo foi a manifestação do Raio. Deste Verbo potente emanaram todos seres de todos os Mundos do Universo. O Raio, nesta cosmologia, é uma palavra que poderia ser proveitosamente ser substituída por energia.
Porque o Raio é matéria sutil em seu primeiro momento e em sua posição mais próxima de sua fonte: o Absoluto, [pode chamar de Deus se quiser]. Quanto mais distante da fonte primária, mais grosseira ou densa se torna a matéria. Na escala da Criação do Raio Gurdjieff simplesmente situa nosso lugar no Universo no plano mais baixo ou grosseiro da existência material.
Segundo a física einsteniana, também não há surpresa nesta revelação! Até um cientista da física percebe isso. Afinal, E=mc² ─ a massa [substância em suposto repouso] multiplicada pela velocidade da luz ─ elevada ao quadrado ─ é igual a Energia! [Ou seja, a matéria densa comum, submetida a um movimento em velocidade igual ou superior à velocidade da luz, tal matéria, sutiliza-se, perde densidade, diminui, e pode chegar a uma inimaginável desmaterialização].
No fim das contas, é velocidade do movimento [que tudo indica, em ultima instância, é sempre giratório-vibratório] que determina o grau de sutileza da matéria. Perto da fonte, a velocidade é alta por conta do impulso inicial, a matéria é sutil etérica, intangível; na medida em que se afasta da fonte, a massa de matéria-energia perde velocidade, tornando-se mais densa: A matéria é a mesma em toda parte, mas em cada nível sua densidade é diferente [e sua velocidade de vibração também]. Em conseqüência, cada matéria tem seu lugar próprio na escala geral das matérias... [GURDJIEFF, ...]
O Eneagrama
O Eneagrama é uma figura geométrica que possui nove pontas. O Eneagrama que Gurdjieff utiliza em seus ensinamentos, seja na cosmologia, seja na matemática marcação das Danças Sagradas e, geometricamente, pode ser visto e descrito de muitas formas. Dentro de um círculo, um triângulo eqüilátero. Sobre ele, uma estrela de seis pontas irregular; mas, também, dois triângulos isósceles, e dois triângulos retângulos. Na verdade existem, na figura, inúmeros triângulos. É uma questão de ângulo. Observe e veja suas múltiplas faces...
Gurdjieff apresenta o Eneagrama como um símbolo universal por meio do qual todos os processos do Universo podem ser explicados. Outros ocultista escolheriam e escolheram outras figuras para representar as mesmas coisas: a manifestação do Um no Todo, do Universo Um no Universo-Diverso, de multiplicidades, a escala hierárquica da energia em sua descida do sutil ao espesso e seu retorno do espesso ao sutil; o Homem-Todo e Todo no homem entre outros desenvolvimentos das interpretações filosóficas.
tradição tem reconhecido como símbolos universais, por exemplo: o exagrama somente, ou seja, a estrela de seis pontas, chamada selo de Salomão; o leminiscato, que é o oito deitado ∞ ─ alegoricamente, a serpente que morde a própria cauda; o círculo somente; o círculo com O Ponto no meio; a cruz cristã; a cruz gamada, suástica etc., etc.
Sobre este Eneagrama, escreve Gurdjieff: Este símbolo não será encontrado no estudo do ocultismo, nem nos livros ou mesmo na tradição oral. Este significado, [segredo extraordinário] deve-se ao fato de que aqueles que o conhecem jamais, em tempo algum ou em qualquer lugar divulgou ou comunicou este segredo inteiramente. Somente alusões, menções vagas são encontradas na literatura ocultista [IN MacFARLANE, 2005].
E sempre destacando que: Vocês não encontrarão a explicação dessa figura ou fórmula, Gurdjieff não resiste e arrisca uma explicação! Duplo binário de ternários, tomados aos pares, realizando o quartenário neutralizado dentro de um pentagrama alongado pelo ternário onipotente [que pode se estender ao infinito]. E esclarece [!?] que este é o símbolo da oitava... Refere-se a oitava no sentido musical: as sete notas, começando do dó e a evolução da escala de um dó até outro dó.
O sentido da escala é cíclico: circular e em espiral. O destino desse movimento, supõe-se, é evolutivo-cumulativo: do tom mais baixo ao mais alto e retornando do mais alto ao mais baixo; de agudos a graves e vive-versa. Onde isso vai parar, quando isso vai parar ou se isso um dia pára definitivamente, nenhum Mestre soube ou pôde dizer.
Gurdjieff utiliza um discurso complexo que remete às idéias de Pitágoras [570/571-496/497 a.C. ─ Tudo é número!] para falar da Criação através da Energia manifestada em Verbo, que é Som, que por sua vez, é vibração, e portanto é movimento do Todo, de Deus! que, ao que parece, manifesta-se e desmanifesta-se ad infinitum. Dorme a Acorda. São os tradicionais ─ velhos mesmo ─ e bem conhecidos Dias e Noites de Brahma, Maha-Avatara [Manvatara, Grande Manifestação, movimento] e Pralaya [Repouso, latência]. O fato é que se alguém quer entender o Universo, Deus e Todas as Coisas através dos ensinamentos de Gurdjieff é bom ler Pitágoras primeiro que, aliás, era mais grego que Gurdjieff.
Apesar de tantos mistérios o Eneagrama tem referência de origem histórica fornecida pelo próprio Gurdjieff. Entre outras aparições nos anais do esoterismo e da religiosidade, a figura é emblema da Sarmoun Brotherhood também chamada Inner Circle of Humanity [Circulo Interno - Secreto da Humanidade, linha esotérica sufista], antiga ordem ocultista ativa no Oriente Médio. A existência dessa sociedade é negada pelos estudiosos da religiões orientais e alguns afirmam que aSarmoun Brotherhood é uma ficção de Gurdjieff. Sarmoun ou Sarmoung, palavra armênia, pronúncia persa Sarman, significando aquele que preserva a doutrina de Zoroastro. Gurdjieff explica:
A palavra [Sarman] pode ser interpretada de três modos. è abelha, símbolo tradicional daqueles que coletam o precioso mel da sabedoria e o preservam ao longo de gerações. Uma coleção de lendas, bem conhecida nos círculos da Armênia e na Síria, chamada As Abelhas, refere-se a um misterioso poder transmitido desde o tempo de Zoroastro e que tornou-se manifestado no advento de Cristo. Em persa, Man é qualidade transmitida por hereditariedade, distintivo de família ou raça. Essa qualidade é uma tradição. A palavra Sar significa cabeça, no sentido de chefe, líder, mestre. Sarman é o mestre guardião da tradição.
Eneagrama e Personalidades
Claudio Naranjo [1932... ─ psiquiatra e músico chileno], desenvolveu um estudo da personalidade com base no Eneagrama. Naranjo interpeta o Eneagrama como um mapa de personalidades cujas diferentes características estão representadas nos pontos extremos da figura. Abaixo, o eneagrama usado na marcação da Dança Sagrada.
Palavras de Gurdjieff
Ame o que você não ama.
Lembre-se de você mesmo, sempre e em toda parte.
A rigidez é boa na pedra, não no ser humano. A ele cabe firmeza.
[In Pistis Sophiah]
Quando se vive entre lobos é preciso uivar com os lobos. [Apud HARTMANN, ...]
O próprio Cristo era também um mago, um homem de Conhecimento. Não era Deus, ou melhor, era Deus sim, mas num certo nível. [GURDJIEFF, ...p 211]
Lembre-se de você veio aqui [ao mundo, a Ser] porque compreendeu a necessidade de lutar contra si mesmo unicamente contra si mesmo. Agradeça, portanto, a quem lhe proporcione a ocasião para isso.
Uma coisa é certa, que a escravização do homem cresce e recrudesce
Na verdade, o Homem tornou-se escravo voluntário
Faz tempo que nem precisa de correntes
Porque ele aprendeu a gostar de sua escravidão, orgulha-se dela!
E isso é a coisa mais terrível que pode acontecer a um Homem
Não existe evolução automática, compulsória. A evolução é resultado de esforço consciente. ...A evolução do Homem é a evolução de sua consciência e consciência não evolui inconscientemente. A evolução do Homem é a evolução de sua Vontade; e Vontade não pode evoluir involuntariamente. A evolução do Homem é a evolução de seu Poder de Ação e o Agir não é uma coisa que acontece.
Nossa personalidade é formada por muitos Eus
que se alternam no comando de nossas ações.
Na maioria das vezes não se conhecem uns aos outros
e geralmente têm desejos e intenções conflitantes
Se você sabe que isto é mal [algo, uma ação] e, apesar disso, o faz, comete um pecado [erro] difícil de redimir [explicar e consertar].
Linha do Tempo
Data de nascimento incerta: 1860, 1880 ou, ainda 1866 ou 1872; a data do passaporte é 1877
1912 ─ dia primeiro de janeiro, G. chegou a Moscou. No mesmo ano casou-se com Julia Ostrowska, em St. Petersburg
......... Moscou, publica Meetings With Remarkeable Man [Encontros com Um Homem Extraordinário], autobiográfico, segundo volume da triologia All and Everything [Tudo e Todas as Coisas]
1914 ─ Anuncia no jornal a estréia de seu balé, The Struggle of The Magicians [A Guerra dos Magos]
1915 ─ Aceitou Peter Ouspensky como discípulo
1916 ─ Conhece Thomas de Hartmann, o músico, e sua mulher Olga.
1917 ─ Sai da Rússia: fugindo da Revolução Bolchevique e se estabelece no Cáucaso, às margens do Mar Negro.
1918 ─ Os turcos matam o pai de Gurdjieff na Ucrânia.
1919 ─ Mudou-se para Tblisi, Georgia, onde apresentou sua Dança Sagrada em Movements no ─ Tbilisi Opera House e criou seu primeiro Institut For The Harmonious Developed of Man.
1920 ─ Em Istambul faz contato com Mevlevi Order of Sufis
1922, re-estabeleceu o Institute For The Harmonious Developement of Man, no Prieuré des Basses Loges em Fontainebleau, França.
1924 ─ Sua primeira visita a América do Norte, que se repetiu muitas vezes
1926 ─ Morre sua mulher, Julia Ostrowska.
1935 ─ De volta à Paris.
1949 ─ Morre no American Hospital, em Neuilly-sur-Seine, França.
Fontes:
FANTHORPE, Lionel e Patricia. The World's Most Mysterious People. In Google Books.
GURDJIEFF, I.G.. Gurdjieff Fala a Seus Alunos. Pensamento, 2003. In Google Books.
...................... Encontros Com Homens Notáveis. são Paulo: Pensamento, 1899. In Google Books.
MacFARLANE, Ian C. The Enneagram : A Lecture by G.I. Gurdjieff. In The Endless Search, 2005. [www.endlesssearch.co.uk/philo_enneagramtalk.htm]
OSHO, Bhagwan Shree Rajneesh. Osho on Gurdjieff’s Strange Methods. In [www.messagefrommasters.com/Life_of_Masters/Gurdjieff/gurdjieff's_strange_methods.htm]
PREMANANDA. Gurdjieff, A Brief Introfuction. Prahlad [http://www.prahlad.org/gallery/a_brief_introduction_gurdjieff.htm]
Sayings by Georges Ivanovitch Gurdjieff. Deeshan In [www.deeshan.com/gurdjieff.htm]
SIGNIER, Jean-Françoise e THOMAZO, Renaud. Os Dervixes Dançarinos IN Sociedades Secretas. [Trad. Ciro Mioranza]. São Paulo: Larrouse, 2008.
WASHINGTON, Peter. O Babuíno de Madame Blavatsky. [Trad. Antonio Machado]. Rio de Janeiro: Record, 2000.
WIKIPEDIA English ─ G.I
Extraído de: http://www.sofadasala.com/pesquisa/gurdjieff01.htm
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