Por
que exercitar a arte da escuta atenta?
Vá a um templo JAINA e você verá vinte e quatro estátuas dos TIRTÂNKARAS
JAINAS — as pessoas que são como Jesus, Buda, Zarathustra — e você se
surpreenderá: eles parecem ser exatamente o mesmo. Não é possível: você não
pode encontrar vinte e quatro pessoas exatamente iguais. Nem JAINAS podem fazer
a distinção de quem é quem. Eles não podem dizer quem é Mahavira e quem é
Neminath e quem é Parshwanath e quem é o primeiro e quem é o último, porque
eles parecem absolutamente iguais — os mesmos rostos, os mesmos narizes, os
mesmos olhos, os mesmos corpos, a mesma posição. Para distinguir que eles são
pessoas diferentes, os JAINAS descobriram os símbolos: o símbolo mostra um leão
ou algo assim, que mostra de quem é a estátua.
Por que eles a fizeram iguais? Certamente elas não são históricas. Elas
são iguais porque os escultores jainas não estavam interessados na História,
eles estavam interessados no FENÔMENO INTERIOR. Aqueles homens tinham atingido
à MESMA EXPERIÊNCIA... — como representar isso? E como representá-lo em
mármore? Eles atingiram à mesma IMOBILIDADE, ao mesmo CENTRAMENTO, ao mesmo
FUNDAMENTO, à mesma CRISTALIZAÇÃO. Daí, as estátuas iguais — a mesma posição, o
mesmo corpo representando algo do MUNDO INTERIOR — o mesmo estado espiritual, o
mesmo SAMADHI.
Você se surpreenderá sobre muitas coisas, ao olhar aquelas vinte e
quatro tirtânkaras e suas estátuas. Você verá que suas orelhas são muito
grandes, seus lóbulos encostam-se nos ombros. Você não encontrará orelhas assim.
Isso representa algo: diz que aquelas pessoas atingiram seu supremo estado de
consciência PELO OUVIR ABSOLUTO — ouvir as canções dos pássaros, ouvir o vento
passando entre os pinheiros, ouvir o som das águas, ouvir silenciosamente TUDO
QUE VAI ACONTECENDO AO SEU REDOR.
Ouvir era o método deles. Assim como o método budista é o de observar a
respiração, o método JAINA é o de ouvir os sons. Ouvir corretamente é o
suficiente. Se a pessoa puder ouvir SEM O TAGARELAR INTERIOR DA MENTE, se a
mente tornar-se completamente calma... este cão latindo lá longe, ou o pássaro
piando. Se você puder apenas ouvir SEM PENSAR, sem pensar nem que "o cão
está latindo", "os passarinhos estão piando", APENAS OUVIR SEM
NENHUM PENSAMENTO, SEM QUALQUER INTERPRETAÇÃO, você atingirá cada vez mais e
mais profundos reinos de silêncio: atingirá à suprema consciência.
Qualquer espécie de consciência alerta conduz ao Supremo. Ora, a
consciência alerta pode vir dos sentidos, de qualquer um dos cinco. Você poderá
ouvir música e funcionará... pode ouvir qualquer coisa e funcionará. Pode olhar
as nuvens e o pôr-do-sol e os pássaros voando no espaço e, ao ver, funcionará.
O único ponto a ser lembrado é este: SUA MENTE NÃO PODE FUNCIONAR — seus
sentidos não podem ficar anuviados pela mente.
Para representar isso, as longas orelhas. Ora, como representar em
mármore o método de ouvir? Esta é uma bela representação. Mas há tolos eruditos
jainas, tão tolos quanto os cristãos, que pensam que todo tirtânkara tem
aquelas longas orelhas — sem as tais longas orelhas, não pode ser um
tirtânkara. Tirtânkara quer dizer exatamente o mesmo que Buda, ou Cristo — essa
é a terminologia jaina. Isso é estupidez, falta de compreensão, abordagem nada
compreensiva. E depois, isso pode ser cristalizado muito facilmente.
OSHO
Fonte:http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br/2017/03/por-que-exercitar-arte-da-escuta-atenta.html
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